Autodeterminação, soberania, nação, relações com outros países. Nos últimos meses, essas palavras vêm aparecendo diariamente nos noticiários do Brasil e do mundo. É necessário compreendê-las e ir além do lugar comum, refletir criticamente e, principalmente, buscar perceber de fato quem somos, como nos colocamos no mundo e o que queremos.
Neste domingo, 07, celebramos 203 anos de independência de Portugal; são 203 anos de país – um dos maiores do mundo, vibrante e democrático! –, com todos os desafios que esta notável condição implica.
Pensando bem, não há data melhor para pensar em quem somos, como chegamos até aqui e quais nossas perspectivas de futuro como sociedade e como nação.
Mas, por onde começar? Nossa sugestão, totalmente no espírito da ocasião, é voltar os olhos aos livros que examinam a Independência. Obras que mostram, em primeiro lugar, o quão rica e instigante é a História do nosso país, e como ela se comunica com quem somos atualmente. Neste breve artigo, vamos abordar algumas dessas obras, que se destacam pela qualidade da pesquisa e do texto. Com um diferencial que foge às resenhas habituais: vamos tratar de produções recentes, de até 3 anos, que se somam à já vasta e rica biblioteca da Independência.
Assim sendo, aos livros!
2022
“Independência do Brasil”, de João Paulo Pimenta (160 p.). Editora Contexto.

Você certamente já ouviu muitas histórias – pelo menos, algumas – a respeito da Independência. Como a do famoso “Grito da Independência”, de D. Pedro I, que nos transformou de colônia em Estado. Mas, será que todas essas histórias aconteceram assim mesmo? Será que aconteceram de verdade? Quem as contou primeiro? E quem ficou fora do discurso? Em “Independência do Brasil”, Pimenta (professor da USP) traz uma história do Brasil nos idos de 1822 com um olhar mais amplo, voltado às pessoas – célebres e anônimas – e aos lugares – centrais e periféricos – que estavam ali. Você já pensou, por exemplo, em como era a sua cidade naquele momento e como a população ficou sabendo da Independência? É disso que trata o livro – instigante!
2023
“Memórias da Independência”, de Maria Borrego e Paulo César Garcez Marins (Editores). Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), 200 páginas.

Lançada pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), a obra de 200 páginas traz textos de 16 pesquisadores do Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo, com foco nos ciclos temporais e nas comemorações que se sucederam à Independência e à criação do Estado Brasileiro: 1822, 1872 (50 anos), 1922 (centenário), 1972 (150 anos) e 2022 (bicentenário). Como foram as comemorações em cada um desses anos? Quais foram as produções? Como elas representaram a própria Independência e como refletiram o país do momento da comemoração? Tomemos um exemplo: qual a sua lembrança dos 200 anos da Independência, em 2022? Como estava o país naquele momento? E quais foram as produções dessa celebração? Uma abordagem interessantíssima, que traz o leitor mais perto do momento da “Independência ou Morte!”.
2024
“Bahia, 2 de julho: uma guerra pela Independência do Brasil”, Maria das Graças de Andrade Leal, Virgínia Queiroz Barreto e Avanete Pereira Sousa (Orgs.). EduneB/Mwana, 558 p.

Este e-book, publicado em 2024 pela Editora da Universidade do Estado da Bahia (EDUNEB) em parceria com a Mwana Produções, traz 14 textos de pesquisadores brasileiros e canadenses focados não no 7 de setembro de 1822 em São Paulo, mas no 2 de julho de 1823 na Bahia – data que marca a expulsão das últimas tropas portuguesas do território brasileiro. Um tema instigante e ainda desconhecido de muitos brasileiros, que se desdobra em aspectos como os da economia, cultura, celebrações locais, escravização, religiosidade e o papel de mulheres-chave na Independência, como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa.
2025
“Visões pernambucanas sobre a independência e o Império: Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Gilberto Freyre e Evaldo Cabral de Mello”, de André Heráclio do Rêgo (Organizador). Senado Federal, 195 p.

Neste volume digital recém-lançado pelo Conselho Editorial do Senado Federal, o organizador André Heráclio do Rêgo traz as vozes de quatro pensadores da maior importância para a compreensão do país e de sua história, com um diferencial: todos são pernambucanos, naturais de uma região fundamental para a Independência, e trazem argumentos extremamente válidos para a construção de uma visão ampla sobre o nosso país.
Boa leitura – e feliz Dia da Independência!