Com a pandemia da Covid-19, escolas, professores e gestores de todo o mundo se viram às voltas com um desafio até então desconhecido: o da continuidade da oferta do processo ensino-aprendizagem fora do ambiente escolar (tradicionalmente organizado em turmas e na modalidade presencial), com aulas em casa e apoio em meios digitais ainda frágeis e pouco dominados em suas capacidades para aulas remotas. A resposta a esse desafio gerou dois efeitos importantes para a educação.
✅ Um mundo novo
O primeiro, positivo, foi o da percepção de que os meios digitais podem ser componentes de peso no processo educacional; tanto que, após a pandemia, ganharam força ideias e práticas associadas ao ensino híbrido e ao ensino remoto. Dados da edição mais recente do Censo da Educação Superior (MEC/INEP), por exemplo, mostram que 81% dos alunos ingressantes em cursos de licenciatura em 2022 estudam na modalidade de EAD. Sem contar a criação de políticas públicas como a das Escolas Conectadas, do Governo Federal, que disseminam fortemente a implementação e utilização das tecnologias como aliados à educação.
✅ Muitos desafios
O segundo efeito, negativo, diz respeito a uma queda generalizada nos níveis de aprendizagem, que teve como causas o contexto psicossocial da pandemia, as dificuldades decorrentes do processo acelerado de reorganização da educação, as dúvidas resultantes do ingresso super-rápido das tecnologias digitais e os próprios limites da 100% educação digital, que ainda estão sendo percebidos.
Apenas para se ter uma ideia desse impacto – que se faz sentir até hoje -, pode-se citar os últimos números do PISA (Programme for International Student Assessment, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE), que avalia estudantes de 15 anos de 81 países, dentre eles o Brasil. A edição de 2022 da avaliação mostrou uma queda dramática na pontuação média (de 10 pontos em Leitura e 15 pontos em Matemática) dos participantes. Quedas que se fizeram sentir mesmo em sistemas educacionais avançados, como os da Alemanha, Islândia e Noruega.
✅ A chegada da recomposição da aprendizagem
Esses números acenderam uma luz vermelha entre os gestores da educação. E acabaram colocando em evidência uma ideia que há muito tempo faz parte do ideário educacional: a da recomposição da aprendizagem.
O objetivo da recomposição é restaurar, reorganizar, reconstruir e acelerar a aprendizagem, com o foco mais específico no desenvolvimento das habilidades previstas e não totalmente alcançadas pelos estudantes. Por seu caráter processual, ele não se confunde com a recuperação tradicional, que é pontual.
Em um cenário ideal – que é o buscado pela recomposição –, a aprendizagem deve: (1) corresponder ao período letivo dos estudantes, (2) ter qualidade e (3) ser resiliente e sustentável – ou seja, deve assegurar que as aprendizagens futuras sejam construídas dentro do previsto na educação regular, sem a necessidade de novas recomposições.
A recomposição de aprendizagem visa diminuir o déficit educacional do estudante relacionado às habilidades. Ela vem com uma proposta da melhoria da distorção ano/série, fenômeno que foi um dos destaques negativos do último Censo Escolar.
✅ E as escolas privadas?
As escolas privadas, evidentemente, não estiveram imunes aos efeitos educacionais da pandemia. Como mostrou o Ideb de 2022, os níveis de proficiência de seus estudantes em Português e Matemática dessas instituições foram seriamente impactados. A variação, nas etapas, foi de:
. Anos Iniciais do Ensino Fundamental: relativa estabilidade em Português (-0,6) e queda de 3 pontos em Matemática;
. Anos Finais do Ensino Fundamental: queda de quase 5 pontos em Português e de 10 pontos em Matemática;
. Ensino Médio: queda de 7 pontos em Língua Portuguesa e 11 pontos em Matemática. (Fonte: Ideb/Revista Exame)
E, ainda que a pandemia tenha acabado, seus efeitos, como já sinalizamos, permanecem, em especial porque a educação é um processo no qual as habilidades e a aprendizagem se articulam ao longo da formação; algumas lacunas são supridas, outras permanecem ocultas até que apareçam em um contexto de novas aprendizagens e outras, ainda, abrem “fendas” que são percebidas a partir do ponto deficitário. Vale lembrar ainda que os estudantes que iniciaram a escolarização em meio a pandemia concluirão a Educação Básica em 2031.
✅ Finalidades estratégicas
A recomposição da aprendizagem deve ser observada com respeito por todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas, por um motivo essencial: é dever das instituições – ético e legal – oferecer todas as condições, a todos os estudantes, para a aquisição das habilidades previstas para a etapa de ensino.
O Brasil está levando a questão tão a sério que, recentemente, lançou o Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens. Trata-se de uma política pública construída de forma colaborativa pelo Ministério da Educação (MEC) com os entes nacionais representados pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
No caso específico das escolas privadas, o compromisso com a recomposição da aprendizagem é acompanhado de outros efeitos. O primeiro deles diz respeito à reputação da instituição, uma vez que os resultados da aprendizagem serão sentidos e repercutirão adiante, nos próprios estudantes (e nas famílias), e também em processos avaliativos como o Enem e os vestibulares. As escolas cujos alunos alcançam as maiores notas nessas avaliações possuem, por certo, padrões de aprendizagem mais sólidos, construídos desde a Educação Infantil e consolidados na Educação Básica.
Um segundo efeito é de caráter econômico, e diz respeito ao investimento feito pelos familiares. Sendo o objetivo e a finalidade da escola oferecer aprendizagem de alta qualidade a partir de um serviço prestado à família – e que tem como personagem central o estudante –, ela deve se esforçar ao máximo para garantir esta prestação. A recomposição da aprendizagem entra, então, como um elemento crucial para o sucesso dessa relação.
Um terceiro efeito diz respeito à sustentabilidade do processo educacional: ao suprir lacunas de aprendizagem por meio da recomposição e elevar o nível geral de aprendizagem – estudante a estudante -, a instituição projeta um futuro em que a própria recomposição seja menos necessária. Com menor necessidade de processos de recuperação, menos reprovações e a possibilidade de expansão e fortalecimento da própria aprendizagem.
✅ Como começa a recomposição?
A Recomposição se conecta diretamente ao Plano de Intervenção. É ele que dá materialidade à recomposição por meio de ações e práticas estabelecidas em um Planejamento. E esse Planejamento é construído a partir de indicadores de qualidade da educação obtidos a partir da Avaliação Diagnóstica. Ou seja: tudo começa pela obtenção de dados e pelo diagnóstico preciso das lacunas de aprendizagem.
O Programa inDICA – Gestão da Educação, do Ígnea, oferece todos os recursos para a melhor avaliação diagnóstica da aprendizagem. Um programa que soma conhecimento, experiência, recursos digitais, formação pedagógica e resultados detalhados e precisos, com foco na evolução da aprendizagem nas escolas privadas. Deixamos o convite: CONHEÇA!
🎯 InDICA: para recompor a aprendizagem – e fazer brilhar a educação!