#FuturoPresente – Desextinção de espécies: uma conquista… ou um perigo?

Em 1916, Charles Knight pintou o que seria uma manada de mamutes-lanosos. Cientistas querem transformar essa representação em realidade por meio da desextinção. Fonte: Wikipedia.

Você já ouviu falar em “desextinção”? A palavra ainda não chegou ao dicionário, mas já faz parte das conversas e estudos de um grupo de cientistas ligados à área biológica. E, nos próximos anos, ela pode fazer parte da realidade – com consequências que ainda estão sendo avaliadas. Vamos explorar mais o assunto? Siga conosco!

Desextinção

Como o próprio nome indica, a palavra desextinção se refere ao processo artificial de produzir organismos que se assemelham a espécies extintas naturalmente ou pela ação humana, por meio de técnicas como clonagem, edição genética (CRISPR) ou seleção genética.  

De dinossauros a mamutes, de aves como o pássaro dodô a mamíferos como o tigre dente-de-sabre, todas essas espécies, EM TESE, poderiam ser “revividas” e até mesmo reintroduzidas na natureza. E essa possibilidade só passou a ser considerada porque, nas últimas décadas, houve avanços muito importantes nas áreas da genética, da paleontologia e das biotecnologias. Mas, será que é uma boa ideia?

O Velociraptor e o sonho da desextinção

Fonte: Wikipedia.

Em 1993, pessoas em todo o mundo passaram a conhecer um novo tipo de dinossauro, que, de certa forma, substituiu o Tiranossauro Rex (Tyrannosaurus rex) no imaginário dos monstros do passado: o Velociraptor (Velociraptor antirrhopus), fera do período Cretáceo que literalmente “apavorou” as plateias do filme “Jurassic Park”, dirigido por Steven Spielberg (pôster ao lado).

Muito mais do que apresentar um novo dinossauro (e outros mais), porém, o filme fez chegar ao grande público uma ideia que já rondava os cérebros de um grupo de cientistas: ressuscitar espécies extintas usando elementos biológicos e alta tecnologia.

A película, é claro, exagerava bastante as possibilidades e as conquistas científicas (a clonagem de dinossauros ainda é praticamente impossível por motivos que veremos à frente), mas, em certa medida, deixou antever um futuro razoavelmente possível. Com a melhoria das técnicas, novas tecnologias e até com mudanças legais, é válido pensar que, em algumas décadas, teremos, de fato, animais e até mesmo espécies inteiras “renascidas”. Para algumas delas, as possibilidades são maiores; para outras, menores. Vamos saber mais.

Quando tudo começou

Falar sobre as possibilidades de desextinção de espécies só é possível graças à descoberta da chamada estrutura de dupla hélice do DNA, em 1953 pelos cientistas Francis Crick (Inglaterra) e James Watson (Estados Unidos). Eles, aliás, receberam o Prêmio Nobel de 1962, em Medicina e Fisiologia, graças a este estudo – um reconhecimento 100% merecido! Outra cientista essencial nessa descoberta foi a química inglesa Rosalind Elsie Franklin, cujos estudos sobre estruturas moleculares ajudaram muito na compreensão da “molécula da vida”.

Rosalind Franklin, Francis Crick e James Watson: os “pais da matéria” no campo dos estudos genéticos. Fonte: Wikipedia.

Conhecer o DNA ou ácido desoxirribonucleico – molécula que contém as informações genéticas de todos os seres vivos e é responsável por determinar as características individuais de cada espécie – abriu um campo de pesquisas gigantesco, das doenças genéticas e sua cura à criminologia. Hoje, graças à genética, as pessoas podem conhecer suas origens mais remotas e também algumas doenças de que poderão vir a sofrer no futuro. As aplicações desse novo campo da ciência, porém, vão muito mais longe!

O “segredo” da desextinção reside na manipulação genética com técnicas de “editam”, “costuram” ou “somam” genes ao DNA. Fonte: Getty Images.

Trabalhando com o DNA

Depois de conhecer o DNA – e o DNA da nossa própria espécie, que foi inteiramente sequenciado no ano de 2003, pelo Projeto Genoma Humano –, os cientistas passaram a buscar formas de chegar até ele para corrigir eventuais configurações responsáveis pelas doenças genéticas. Entre essas doenças estão a anemia falciforme, a fibrose cística, a fenilcetonúria e a hemofilia tipo A, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

Nesse processo surgiram as duas principais técnicas utilizadas atualmente: a terapia genética e a edição de genes.

Representação artística da edição genômica. Fonte: Programa de Educação Genômica, Departamento de Saúde do Reino Unido.

Em termos simples, a terapia genética envolve a inserção de genes funcionais em um organismo para substituir ou complementar genes defeituosos – isto pode ser feito por meio de vírus modificados, que funcionam como vetores para “entregar” o DNA.

E a edição de genes envolve a modificação direta do DNA existente, que é seccionado e tem sequências específicas corrigidas. O chamado CRISPR-Cas9 é a técnica mais conhecida e precisa.

Embora essas técnicas sejam amplamente utilizadas na medicina, elas também estão sendo estudadas como ferramentas para um objetivo ainda mais ousado: trazer de volta espécies extintas.

Desafio de Costura”

“Operar” genes adicionando peças ao quebra-cabeça ou editando sequências não é uma tarefa fácil, simples ou barata. No caso dos projetos de desextinção, há, ainda, um complicador: o fato de que, com o passar do tempo, as estruturas genéticas – o DNA – também se alteram e decaem.

Em termos figurativos, seria algo como recortar ou remendar uma peça de tecido. Se ela está inteira e forte, é possível costurar sem grandes problemas; se, porém, está fragilizada – rasgada ou apodrecida –, é muito mais difícil! Como incorporar remendos, por exemplo? Como costurar um tecido que está se quase desmanchando?

Agora, imagine um “tecido” – uma sequência de DNA – que tenha 80 milhões de anos (como a de um velociraptor) ou “apenas” seis mil anos (como a de um mamute-lanoso). Ambos um dia estiveram intactos, mas, ao longo do tempo, sofreram um lento e contínuo processo de degradação que envolve fatores ambientais. Será que, com as tecnologias e as metodologias disponíveis atualmente, é possível “costurá-las” para recuperar o “tecido” original – o ser vivo extinto? Essa é a grande questão que intriga os cientistas da desextinção até hoje!

Projetos em andamento

Como vimos, a integridade do DNA – do “tecido da vida” a que nos referimos – é fundamental para o eventual sucesso dos projetos de desextinção. O que implica afirmar que, quanto mais antiga a amostra, ou quanto menos disponível ela estiver, mais difícil será ter sucesso no processo. O que, pensando nos dinossauros ferozes de “Jurassic Park”, talvez seja uma boa notícia…

Observado esse ponto, chegamos aos projetos que estão em andamento. Vamos focar em um deles que é emblemático porque se liga tanto à pré-história quanto ao papel humano na extinção.

Antes, porém…

Vamos responder a uma pergunta-central: algum animal já foi desextinto? Sim. Em 2003, utilizando técnicas semelhantes às usadas para a clonagem da ovelha Dolly, cientistas espanhóis e franceses conseguiram reproduzir um íbex-dos-pirineus ou bucardo (Capra pyrenaica pyrenaica), espécie extinta havia muito pouco tempo. Em virtude de problemas pulmonares, porém, o filhote sobreviveu por apenas algumas horas.

Íbex-dos-pirineus, primeiro animal a ser desextinto. O sucesso do projeto, porém, foi relativo. Fonte: Wikipedia.

A volta do mamute-lanoso

Voltemos ao projeto em andamento: ele é desenvolvido por cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e quer reviver o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), extinto há cerca de 4 mil anos pela ação dos nossos antepassados.

A técnica utilizada, nesse caso, se baseia na edição genética de células do elefante asiático, que é muito semelhante aos ancestrais peludos. Na medida em que existem muitos restos de mamutes-lanosos – descobertos na tundra, inclusive em virtude do aquecimento global –, as chances de se encontrar de DNA preservado são grandes. Esse DNA, ao ser sequenciado, oferecerá um “mapa” para a edição genética do DNA dos elefantes asiáticos.

“Rato-lanoso”, criado em laboratório pela manipulação de genes para torná-lo semelhante, em pelagem, aos mamutes-lanosos. Fonte: Wikipedia/Nature.

A pesquisa está caminhando bem. O maior desafio está na produção de um útero artificial que possa receber os embriões da “nova-velha” espécie.

Mas, por que clonar o mamute-lanoso? Os cientistas apontam dois motivos: 1) – ao ser reintroduzidos na natureza, os animais poderiam ajudar a proteger um bioma, a tundra, muito fragilizado atualmente; e 2) – a pesquisa também ajuda a fornecer dados sobre o elefante asiático, espécie que intriga os cientistas por apresentar uma baixíssima incidência de câncer – ao conhecer os fatores por trás desta resistência, seria possível descobrir caminhos para prevenir e tratar o câncer entre os seres humanos.

Possibilidades e desafios éticos

Não há dúvida de que a desextinção é um tema científico fascinante. Ao mesmo tempo, porém, ele gera dúvidas, apreensões e questões éticas. Isso porque, em certa medida, a possibilidade de fazer espécies voltarem à vida coloca a nossa própria espécie na condição de criadora, de “divindade”, algo que foi explorado magistralmente em obras literárias como “Frankenstein”, de Mary Sheeley, e “A Ilha do Dr. Moreau”, de H. G. Wells. Uma condição de enorme poder – e enorme responsabilidade também!

Cuidando do mundo que existe

Se, por um lado, o sucesso em processos de desextinção pode levar ao repovoamento de biomas onde as espécies foram extintas pela ação humana, mais recentemente – o que é positivo, inclusive pela recomposição das cadeias que formam a “teia da vida” nestes ambientes –, por outro ele pode levar, também, a um desleixo da nossa espécie em relação às espécies existentes. Se elas podem ser recriadas a qualquer momento, por que se preocupar em mantê-las?

O mundo possui milhões de espécies, muitas das quais em risco de extinção pela ação humana. Fonte: Getty Images.

É preciso considerar, também, os custos envolvidos nos processos de desextinção, que se mostram muito altos nos projetos em andamento atualmente. Não seria mais inteligente utilizar esses recursos para preservar e promover espécies em risco de extinção pela ação humana?

E as extinções naturais?

É preciso pensar, ainda, no fato de que a extinção de espécies também é um processo natural, estabelecido ao longo de milhões de anos sem a interferência humana. Em outras palavras: o ser humano é um agente importante de extinção, mas não é o único. Apenas para se ter uma ideia, os cientistas estimam que, das 4 bilhões de espécies que passaram pelo nosso planeta ao longo dos últimos 500 milhões de anos, 99% (3,96 bilhões) foram naturalmente extintas!

Fóssil de um arqueoptérix (Archaeopteryx lithographica), dinossauro voador que viveu há 150 milhões de anos. Fonte: Getty Images.

Na medida em que esse processo também implica modificações nos biomas e nas próprias relações entre espécies, pode ser muito arriscado reintroduzir espécies desaparecidas, em especial as que viviam em outras eras geológicas. O melhor aviso a esse respeito, vindo do campo da arte, é dado pelos dinossauros de “Jurassic Park”, que fogem ao controle de seus criadores e geram um caos total. Bem observado!

Responsabilidade pelas espécies

Por fim, mas não menos importante, é a percepção da nossa responsabilidade. Na medida em que a espécie humana consiga ressuscitar espécies, ela se tornará automaticamente responsável por elas, por sua presença no mundo e por seu bem-estar. Criar espécies por mero desejo de conhecimento, por exemplo, seria um erro extraordinário.

Conclusão: desextinção, sim ou não?

Ao olhar para as ideias e para os projetos que focam no “renascimento” de espécies, podemos pensar em um tema que é muito importante para a educação: o letramento, que é a capacidade de “ler o mundo”, criticamente, a partir de um conhecimento prévio – da alfabetização. O domínio das técnicas de modificação genética, como vimos, é cada vez maior e pode levar a grandes conquistas, das desextinção de espécies à cura de muitas doenças. Isso, aliás, já está acontecendo. Com um grande conhecimento, porém, nasce um grande poder – e uma responsabilidade equivalente! E é aí que entram em cena o letramento, a ética e uma percepção mais profunda da realidade e das consequências do que se está produzindo.

Na sua opinião, as pesquisas focadas na desextinção de espécies são mais benéficas ou mais prejudiciais ao mundo? Pense nisso!

Para ir mais longe – links e notícias interessantes

Programa de Educação Genômica, Departamento de Saúde do Reino Unido – “O que são edição genômica e terapia genética? (em inglês)

Portal G1, Ciência“Cientistas querem trazer espécies extintas de volta ainda nesta década; veja as promessas e entenda críticas”

Portal G1, Ciência – “‘Camundongo-lanoso’: empresa diz ter criado animal peludo com genes dos mamutes que quer ‘ressuscitar'”

CNN Brasil“‘Ciência da ressurreição’ ganha força: será que vamos reviver espécies?”

Veja“Mamute e Dodô: Empresa que pretende reviver animais extintos recebe aporte milionário”

Site oficial da Colossal Laboratories e Biosciences, empresa responsável pelo processo de desextinção do mamute-lanoso (em inglês)

Yale Environment 360, revista da Universidade de Yale (EUA) – “Apesar dos esforços para reviver espécies, a extinção ainda é para sempre” (em inglês)

Revista Nature “Desextinção: tecnologia de laboratório digital dá suporte a um ‘projeto mamute’” (em inglês)

Uma pequena história da tecnologia dos livros

Em argila, papiro, pergaminho, papel ou, mais recentemente, em formato digital, os livros estão entre as maiores conquistas – e, certamente, as maiores expressões – da humanidade. Eles guardam as leis civis e os princípios religiosos, as ideias, a ciência e muitas histórias. São tão importantes e estão tão presentes que, muitas vezes, a gente nem imagina quando começaram. Afinal, quem escreveu os primeiros livros? E quando os livros impressos ganharam a “cara” que têm hoje, de um conjunto de folhas impressas e reunidas em um volume encadernado? É o que vamos saber neste artigo especial – boa leitura!

Escrita, acesso e mobilidade

Quando falamos em livros, a imagem que naturalmente vem à mente é a dos livros que conhecemos hoje: produzidos em papel, com capa, páginas internas e o formato de caderno. Um modelo perfeito para armazenar, transportar e acessar informações, que se tornou cada vez mais popular graças à descoberta e ao domínio das tecnologias de produção do papel (séc. II, China) e da impressão em tipos móveis (séc. XI, China e séc. XVI, Europa). E experimentou um salto a partir do século XIX, com avanços na indústria gráfica que culminaram, em nossa época, em tecnologias como a da impressão digital e a produção em larga escala.

Os primeiros livros da humanidade, porém, não reuniam toda essa praticidade! Ou melhor, reuniam, mas à sua maneira! E davam conta totalmente do recado – tanto, que muitos sobreviveram por mais de cinco mil anos! Estamos falando das tábuas de escrita cuneiforme, produzidas em argila cozida pelos sumérios, civilização que existiu na Mesopotâmia, em áreas dos territórios do atual Iraque e Síria, por volta de 3.200 a.C.; nelas, a escrita era feita usando-se espátulas com ponta em forma de cunha – daí o nome “cuneiforme”.

Tábua de argila com registro de escrita cuneiforme.

As tabuinhas, aliás, prenunciam o uso que damos hoje ao papel: no caso daqueles documentos que precisavam ser guardados, como leis, tratados e textos sagrados, elas eram queimadas e, assim, adquiriam grande resistência, sendo então guardadas nas primeiras bibliotecas; no caso de escritas do dia a dia – contas, recibos, recados, exercícios –, elas eram registradas em argila e postas a secar no sol. Quando necessário, a escrita podia ser apagada com água, permitindo que a placa fosse reutilizada para novos registros.

Outros suportes geniais para a produção de livros, ainda que um pouco mais recentes – mas, mesmo assim, muito antigas – vêm da China e, é claro, do nosso conhecido Egito Antigo. Na China, há cerca de quatro mil anos, os primeiros textos eram literalmente riscados em ossos e cascos de tartaruga. Pelo século VI a. C., porém, os redatores já usavam tiras de bambu costuradas em formato de esteira, onde escreviam usando pincel e tinta. Curiosamente, o bambu seria a base para uma das maiores invenções da história: o papel – sobre o qual falaremos daqui a pouco.

Quanto ao Egito, é impossível separar esta incrível civilização de uma palavra: papiro. O papiro, uma planta aquática (Cyperus papyrus), tornou-se essencial porque, por séculos, foi o principal suporte para a escrita. Não apenas no próprio Egito, onde era utilizado desde o século XXV a.C., mas também em Roma, que conquistou a civilização dos faraós (no séc. I a.C.) e disseminou seu uso por todo o império.

Rolos de papiro. Invenção egípcia se tornou muito popular no Império Romano.

Outras civilizações importantes da Antiguidade, como a indiana, usavam suportes vegetais para a escrita. Muitos textos clássicos do hinduísmo, como o “Mahabharata”, eram registrados em folhas de palmeira tratadas. As folhas, aliás, apresentam uma vantagem e uma desvantagem em comparação às tábuas sumérias de argila: são mais leves e fáceis de armazenar, mas, ao mesmo tempo, mais frágeis, podendo ser facilmente destruídas, rasgadas ou queimadas.

Códice: livro “com cara” de livro

Como vimos, os livros estão entre nós há muito tempo e são quase tão antigos quanto a própria escrita, que, aliás, foi inventada pelos sumérios. A escrita, vale observar, foi criada diversas vezes, por civilizações distintas e em épocas diferentes: mesopotâmicos, chineses, fenícios, maias… criações originais, que demonstram a inteligência humana!

Mas, quando foi que esses documentos ganharam “cara de livro”? Ou melhor: quando foi que eles ficaram mais parecidos com os livros impressos que conhecemos hoje?

A resposta está em Roma. Foi lá que nasceu o “Codex” ou códice – do latim, “casca de árvore” –, um caderno produzido a partir de folhas costuradas, muito usado por comerciantes. No início, os códices eram considerados menos nobres que os rolos de papiro, porém, pela praticidade de armazenamento e até de uso, acabaram prevalecendo.

Códice grego do século X, com trecho do Evangelho.

Duas curiosidades aqui: 1) – os primeiros textos cristãos, escritos no século I, foram assentados em códices e não em rolos de papiro; 2) – outra civilização, totalmente separada de Roma, também inventou o códice: os maias, que, por volta do século XII, começaram a publicar livros em folha de figueira chamados por eles de “huun”. Infelizmente, a maioria desses documentos acabou destruída quando da chegada dos espanhóis à península mexicana.

Lâminas 8 e 9 do Códice Maia de Dresden.

E o pergaminho?

Antes de avançar para um momento muito especial da história do livro, é interessante falar sobre um outro material importante para sua confecção: o pergaminho, cujo nome deriva do nome da cidade grega de Pérgamo, onde teria surgido por volta do século II a.C (na verdade, seu uso é mais antigo, mas o nome “pegou”). O pergaminho nada mais é do que uma pele animal – normalmente, de cabra, carneiro, cordeiro ou ovelha – especialmente tratada para receber a escrita. Documentos mais luxuosos, produzidos em pele de bezerros, eram chamados “velinos”.

Os pergaminhos competiam com os papiros e até os substituíam. Como na Idade Média europeia, quando os monastérios cristãos produziram e reproduziram milhares de textos usando pergaminhos – isto porque o couro estava muito mais à mão que os papiros do agora distante Egito. Se bem conservado, o pergaminho é um material durável, o que também justifica a preferência.

Documento oficial de 1329 redigido sobre um velino.

Papel e impressão

É curioso: nossos livros atuais são, ao mesmo tempo, muito diferentes e muito semelhantes aos livros de 500 anos atrás. São diferentes porque, hoje, as tecnologias de impressão e montagem são muito mais avançadas – elas, aliás, passaram por várias revoluções ao longo do tempo, com a indústria e os computadores –, e também porque em nossa época a variedade de papéis de impressão é muito grande. E são iguais por conta, justamente, do papel e da impressão!

Ambas as tecnologias vêm da China, com a observação de que, no caso da impressão de tipos móveis, ela também foi criada no Ocidente, em um processo semelhante ao que já observamos em relação à escrita – a mesma invenção, em tempos diferentes.

Da China para o mundo

No caso do papel, ele foi criado na China por volta do século II a.C., quando seus inventores começaram a usar fibras vegetais trituradas (de bambu, cânhamo, amoreira, restos de tecido e redes). Essas fibras eram mergulhadas em tanques e filtradas em telas bem finas, em que ficavam depositadas e formavam camadas; depois de secas, estas camadas se transformavam em folhas de papel que eram, então, recortadas. Por volta do século I d.C., usando fibras de bambu, um inventor chinês chamado C’ai Lun aprimorou a técnica de produção do papel. A partir de então, ele ganhou o mundo, chegando a outras regiões da Ásia, à África e à Europa, pela Rota da Seda. E, com a difusão da tecnologia pelo mundo, gradativamente tornou-se mais barato e popular. E, como funcionava muito melhor que o papiro e o pergaminho – pela regularidade, cor e oferta –, acabou prevalecendo. Em tempo: a produção do papel, atualmente, segue a mesma lógica da técnica inicial; a matéria-prima, porém, é a celulose (principal componente da parede celular das plantas), extraída de árvores de reflorestamento.

Impressão lá e cá

Chegamos, então, à impressão, que possui vários antecedentes, a começar pelo carimbo e o decalque, que já eram conhecidos e utilizados por várias civilizações em todo o mundo. No entanto, foi apenas por volta do século XI, na China, que se pensou em imprimir textos usando tipos – no caso chinês, com ideogramas – para compor as frases. São os chamados “tipos móveis”, ou seja, tipos que podem ser reaproveitados.

De forma simples, na impressão tradicional, podemos dizer que cada tipo é como um pequeno carimbo, que é alinhado com outros tipos dentro de uma estrutura para formar as frases. Depois de ser devidamente “enquadrada”, cada página recebe uma camada de tinta e, então, é aplicada sobre uma folha de papel com uma certa pressão. Nesse sistema, para que os ideogramas (ou letras) fossem impressos corretamente, era preciso produzir os tipos invertidos.

E foi exatamente essa a técnica desenvolvida na Europa, no século XV, por Johannes Gutenberg, um relojoeiro alemão que se dedicou à produção de livros e, neste processo, acabou “virando a chave” para a popularização dos livros – e, de quebra, ajudou a impulsionar grandes transformações como o Renascimento e a Reforma. Pense, por exemplo, na popularização das Bíblias (que passaram a ser traduzidas para vários idiomas), nos manuais técnicos, nas obras filosóficas e científicas. Bingo!

Ateliê europeu de impressão. Observe-se a composição da chapa tipos móveis, à direita, e a chamada “entintagem” dos tipos à esquerda.

Em termos gerais, ambas as técnicas, a chinesa e a de Gutenberg, partiam da mesma premissa. Contudo, o alfabeto latino, por seu número limitado de letras, facilitava a composição de textos (naquela época, a escrita chinesa possuía dezenas de milhares de ideogramas!). Além disso, a tecnologia de Gutemberg utilizava tipos metálicos, mais duráveis, enquanto a chinesa se baseava em tipos de madeira ou cerâmica, mais frágeis.

Livro coreano (escrito em chinês) impresso em tipos móveis. Século XIII.

Revolução e livros

No século XVIII, a Inglaterra liderou um movimento de profunda transformação da produção – a Revolução Industrial. Os artesãos, pessoas altamente especializadas, deram lugar a operários e máquinas, que produziam mais em menos tempo. Esse processo, que está muito relacionado com a própria Revolução Científica, promoveu grandes mudanças na sociedade, com reflexos sobre os livros e a leitura.

As técnicas de impressão melhoraram sensivelmente em qualidade e escala (como, por exemplo, com a impressora movida a vapor), ao mesmo tempo em que as pessoas, que passaram a se concentrar nas cidades, foram tendo mais acesso à educação e à alfabetização. E vieram os jornais populares, as novelas de detetives e os romances, os tratados filosóficos e de política, os panfletos, os livros técnicos, os livros didáticos… livros à mancheia, como diria Castro Alves em “O Livro e a América”!

No século XIX, os jornais populares impulsionaram o interesse pela leitura.

No final do século XX houve um novo salto no segmento editorial. Tecnologias de impressão consagradas, como a offset com fotolito, deram lugar à impressão digital. Os livros passaram a ser escritos e diagramados com uso de softwares e apoio de recursos avançados de fotografia digital e envio de dados. A escala também cresceu muito, e o preço das impressões caiu. Além disso, a logística envolvida na compra e envio dos livros também melhorou muito.

Apenas para se ter uma ideia, o Brasil imprime, em média, 300 milhões de livros por ano – muitos, destinados diretamente ao setor educacional (livros didáticos); nos Estados Unidos, este número chega perto de um bilhão de exemplares. Uma enormidade!

O futuro nas páginas

A apresentação de livros em formato digital, em suportes eletrônicos como os computadores pessoais e o Kindle, abriu uma nova frente para os leitores. E, antecipamos o futuro aqui, vai facilitar a vida das futuras gerações em suas andanças pelo universo com suas “bibliotecas de bolso”!

O mais importante é que os livros – estes velhos e queridos companheiros, tão humanos, tão nossos – vão continuar revolucionando o mundo. Com conhecimento, sentimento, sabedoria e informação.

Tecnologias como a do E-book ampliaram ainda mais o acesso aos livros. Mas, elas representam o futuro?

Para redescobrir a Matemática na Educação: desafios e caminhos

Inteligência artificial, viagens espaciais, Física, Química, Engenharias, Biotecnologia… todas estas áreas estão “bombando” em 2025 e seguirão assim. E todas elas compartilham um elemento: o uso extensivo da Matemática, em cálculos, algoritmos, medidas, projeções e mais. O que significa que o domínio desse componente curricular é, mais do que nunca, estratégico. Para os países, ele representa desenvolvimento e poder; para as pessoas, possibilidades de crescimento profissional e pessoal.

✔️ DESAFIO EM TEMPO DE DECLÍNIO DA APRENDIZAGEM

E aqui está o paradoxo: embora a Matemática tenha sido essencial ao longo de toda a História, seu domínio se torna cada vez mais crucial no mundo moderno. No entanto, observa-se um declínio global na aprendizagem do conteúdo curricular, inclusive em países que por muito tempo se destacaram como líderes globais em educação, como a Finlândia. Isso indica que os estudantes de hoje dominam menos conceitos matemáticos do que as gerações anteriores.

Avaliações internacionais como o PISA (Programme for International Student Assessment), promovido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e o TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study), da IEA (International Association for the Evaluation of Educational Achievement), mostraram que, salvo no caso de alguns países da Ásia, houve uma queda significativa no nível de acerto dos estudantes, o que indica uma aprendizagem deficiente.

✔️ E O BRASIL NESSA HISTÓRIA?

No caso específico dos estudantes brasileiros que participaram da última edição do PISA, em 2022 (a próxima edição acontece neste ano), apenas 27% (pouco mais de um a cada quatro) alcançaram o nível 2 de proficiência, considerado adequado – nele, a pessoa tem capacidade de usar conceitos de Matemática no dia a dia. A média dos países da OCDE, nesse nível, chegou a 69%.

No caso dos níveis 5 e 6 de proficiência – considerados os mais altos de domínio do conhecimento –, apenas 1% dos estudantes brasileiros chegou lá; a média dos países da OCDE foi de 9%.

✔️O QUE ESTARIA PROVOCANDO ESSA RETRAÇÃO NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA?

Não há uma resposta fechada. Há, sim, a percepção de elementos que podem ajudar professores e gestores em relação aos objetivos que pretendem alcançar e, também, às habilidades e competências que devem ser desenvolvidas, nos estudantes e nos docentes, para a melhoria da aprendizagem da Matemática na prática.

✔️ VAMOS DESTACAR ALGUNS DELES

📌 A pandemia da Covid-19 provocou um impacto duradouro na Educação Básica, enfraquecendo a aprendizagem de muitos estudantes, prejudicando o ensino presencial e reforçando as desigualdades educacionais em todos os países. Esse impacto pode e deve ser percebido por meio de avaliações diagnósticas da aprendizagem e revertido a partir da aplicação de planos de intervenção que foquem as lacunas de aprendizagem e atuem individualmente, estudante a estudante.

📌 Em muitos países – entre eles, o Brasil – há falhas na formação dos docentes de Matemática. O “remédio” essencial para essa situação é investir de forma permanente em formação continuada, com recursos que valorizem o entendimento do componente curricular dentro da realidade vivida, invistam no interesse e na criatividade dos professores e lhes forneçam meios para planejar e desenvolver aulas que animem, aproximem, engajem e atraiam os estudantes – e que tenham como resultado a aprendizagem verdadeira.

📌 No caso brasileiro, o fortalecimento da formação docente passa, também, por buscar caminhos para estimular os estudantes das licenciaturas em Matemática. Apenas para se ter uma ideia, a licenciatura em Matemática é a segunda com maior percentual de desistências no país – 68% dos estudantes abandonam a graduação –, ficando atrás, apenas, da graduação/licenciatura em Física (72%). Isso implica uma carência crítica de professores graduados em Matemática nas redes de ensino. Ainda que esses docentes não sejam os únicos autorizados a dar aulas de Matemática na Educação Básica, eles podem colaborar muito, também em relação ao aporte de recursos de ensino nos próprios contextos formativos.

📌 O ensino da Matemática deve ser modernizado, com metodologias e recursos que caminhem no sentido do protagonismo do estudante e da aplicabilidade. Alguns exemplos interessantes: metodologias ativas, aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem por projetos e gamificação. Isso não significa enfraquecer os currículos (muito pelo contrário!), mas fortalecer o ensino – começando pela Matemática básica, que é essencial – a partir de exemplos práticos e aplicações.

📌 As recentes limitações ao uso de tecnologias digitais em sala de aula no Brasil, estabelecidas pela Lei 15.100/2025, trouxeram desafios aos professores e aos gestores; desafios que também se relacionam ao ensino e aprendizagem da Matemática. Afinal, elas gerariam uma oportunidade para a promoção de outros recursos que estimulem o raciocínio matemático básico?

Aqui, é interessante fazer uma análise mais crítica do momento e da lei. Ela não veio para “banir” a tecnologia – algo que seria improdutivo e impossível –, mas para regular seu uso a partir de critérios de intencionalidade pedagógica e papel na aprendizagem. Isso, aliás, está na letra da lei:

“Art. 2º – Fica proibido o uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica.

§ 1º – Em sala de aula, o uso de aparelhos eletrônicos é permitido para fins estritamente pedagógicos ou didáticos, conforme orientação dos profissionais de educação”.

Ou seja: o poder pedagógico das tecnologias digitais está mantido e é até realçado, inclusive em relação à Matemática. Falando sobre esse componente curricular, autores como Ferreira, Campos e Wodewotzki (2013, p. 162) observam que a tecnologia deve ser vista “como parte de uma estratégia colaboradora na medida em que, graças à implementação de algoritmos, viabiliza o trabalho com problemas diversos que envolvem diferentes níveis de complexidade algébrica e grande quantidade de dados”.

Eles também destacam o papel da tecnologia na facilitação do contato com os elementos que compõem a Matemática, uma vez que ela permite a visualização de imagens e pode converter conceitos e ideias abstratas em tarefas, desafios e jogos que engajam e geram sentido. O lúdico, aqui, cumpre um papel muito importante. Além de ser um objeto sociocultural em que a Matemática está presente, o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um “fazer sem obrigação externa e imposta”, embora demande exigências, normas e controle (Brasil, 1998, p. 47).

O que significa que propostas tecnológicas – e também analógicas, com o resgate de formas tradicionais (desde que não “engessadas” ou desprovidas de sentido para quem aprende) – são primordiais para o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático.

Portanto, não é o “limitar” do uso da tecnologia que contribui para esse desenvolvimento, mas a intencionalidade em cada proposta diversificada, que é desenhada a partir de uma avaliação diagnóstica clara e precisa e de um planejamento que (re)dimensione as práticas pedagógicas.

📌 O olhar dos professores e dos gestores para eventos que promovem o interesse e o engajamento em relação à Matemática – como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a Olímpiada Brasileira de Matemática (OBM) – também é algo muito interessante. Eventos como esses possuem a capacidade de, ao mesmo tempo, valorizar a área do conhecimento, promover os estudantes individualmente, fortalecer os laços do grupo e elevar o nome da instituição ou rede de ensino.

📌 E os sistemas de ensino? O papel dos sistemas de ensino – como o da Editora Opet – é fundamental para fortalecer o aprendizado da Matemática. Começando pela oferta de materiais didáticos – as coleções e suas expansões em objetos digitais educacionais (ODEs) –, passando pela metodologia de ensino moderna, pelo apoio à formação continuada dos professores (com recursos que os estimulam e inspiram) e pela avaliação diagnóstica precisa e de alta qualidade na Educação Básica.

No caso das coleções da Editora Opet, elas oferecem – por exemplo – jogos matemáticos que trazem o lúdico à aprendizagem, situando os estudantes no centro deste processo, como protagonistas.

✔️ PARA IR MAIS LONGE

Conheça as coleções da Editora Opet para a Educação Básica

Conheça o Programa inDICA de Gestão da Educação

REFERÊNCIAS:

BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares NacionaisMatemática. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAMPOS, C. R.; JACOBINI, O. R.; WODEWOTZKI, M. L. L.; FERREIRA, D. H. L. Educação estatística no contexto da Educação crítica. Revista Bolema, v. 24, nº 39, p. 473- 494, ago. 2011.

FuturoPresente #03: nosso próximo passo… no espaço sideral!

Terra e Lua vistas da órbita lunar, em imagem tomada do módulo da Missão Artemis I, da NASA. Foto: NASA.

A relação entre a humanidade e o céu é muito antiga. Desde o início da civilização, olhamos para o alto e ficamos encantados! Essa relação com o céu gerou mitos, poesias e divindades! A uma certa altura, criamos obras literárias que nos levavam até lá! Se você pensou em Júlio Verne (foto) e em “Viagem à Lua”, é isso mesmo! E o autor francês é apenas um entre milhares de escritores da ficção científica “espacial”, de Isaac Asimov a Ray Bradbury.

Julio Verne (1828-1905)

Daí, no século XX, veio a ciência e, com base em tecnologias desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial (foguetes, materiais, combustíveis, radar, técnicas de gestão de projetos), levou mesmo pessoas ao espaço. Primeiro, chegamos à nossa própria órbita, com o cosmonauta russo/soviético Iuri Gagarin, em 1961, a bordo da espaçonave Vostok (ele subiu a uma altura de cerca de 300 km); depois, em 1968, à Lua, com Buzz Aldrin e Neil Armstrong, tendo como piloto do módulo orbital Michael Collins, na Missão Apollo 11 (distância total percorrida: aproximadamente 800 mil km!).

A última “pisada fora da Terra” aconteceu em 1972, na Missão Apollo 17, com os astronautas Eugene Cernan, Ronald Evans (piloto do módulo orbital) e Harrison Schmitt. Depois disso, muitas missões foram enviadas ao espaço e muita coisa aconteceu (dos ônibus espaciais à estação espacial internacional, para ficar em dois exemplos), mas nunca mais “saímos em pessoa” dos limites da órbita terrestre. Nesse período, as tecnologias avançaram enormemente, o que aumenta as possibilidades de “colocar o pé no universo” com sucesso. Dito isso, a expectativa é gigantesca!

🚀🌝 Mas, qual será o próximo corpo celeste a ser alcançado por pés humanos?

Será a Lua, para onde, em princípio, devemos retornar com a Missão Artemis, da NASA. Em 2025, ela deve enviar astronautas para um voo tripulado ao redor da Lua; e, em 2026, eles devem pisar no Polo Sul do satélite.

A volta à Lua faz parte de um plano ainda mais ambicioso: levar astronautas até Marte, o que pode acontecer em 2040 – este ano é uma estimativa, mas é bem possível que o voo aconteça, mesmo por esta época. Já pensou? Com todos os recursos comunicacionais que então teremos, será sensacional!

A tripulação da Missão Artemis 2, que deve marcar a volta dos astronautas à Lua. Da esquerda para a direita, os astronautas Christina Koch, Victor Glover e Reid Wiseman (NASA), e Jeremy Hansen (da Agência Espacial Canadense). Foto: Josh Valcarcel/NASA.

#ESPECIAL: Do espaço sideral ao quarto de dormir: como a Corrida Espacial transformou nossas vidas!”

🌌Uma nova Corrida Espacial

A agência espacial dos Estados Unidos não é a única a sonhar com essas missões. Elas estão nos radares de outras agências espaciais nacionais, da China, Rússia, Japão, Índia e da Comunidade Europeia. Sem contar os planos de empresas privadas, como a SpaceX e a Blue Origin, que já estão realizando façanhas incríveis no espaço, com voos que envolvem, por exemplo, naves que podem voar várias missões e até “pousar de ré” – fantástico!

E há, também, projetos desenvolvidos de forma colaborativa entre países, entre os quais o Brasil, que também possui um programa espacial bastante avançado.

Centro Espacial Satish Dhawan, em Andra Pradesh, Índia. No destaque, o lançador de satélites geossíncronos. Foto: Agência Espacial Indiana.

📡👩🏿‍🚀Mas, por que explorar o espaço?

Starship, nave espacial “retornável” desenvolvida pela empresa Space-X.

Como observamos no início deste artigo, explorar o espaço faz parte de um sonho muito antigo da humanidade. Faz parte da eterna curiosidade humana! Mas, também envolve fatores políticos (a “Corrida Espacial” travada por Estados Unidos e URSS é um bom exemplo destes fatores), interesses econômicos (como o de explorar matérias-primas e processos industriais no espaço) e científicos (a busca pelo conhecimento puro, pela origem do universo, por formas de vida, por novos materiais e medicamentos, entre outros). E, sem dúvida, a possibilidade de colonização de outros corpos celestes, como planetas e satélites.

Há, evidentemente, enormes desafios, começando pela obtenção de recursos financeiros para bancar as missões. E também os de produzir tecnologias que permitam a saída das naves da Terra com maior eficiência e menor custo, o desenvolvimento de formas mais avançadas de sustentação da vida humana em outros ambientes, a criação de materiais mais resistentes às longas jornadas etc.

Em uma outra vertente, a da Física, busca-se formas de superar as brutais distâncias espaciais, que, hoje, tornam viagens mais longas simplesmente impossíveis (um exemplo: viajando à velocidade da luz, que é de 300 mil km/s, levaríamos 105,7 mil anos para cruzar apenas a extensão da nossa galáxia, a Via Láctea). As tecnologias de propulsão baseadas na física newtoniana (como foguetes químicos), atualmente disponíveis, são muito lentas para alcançar planetas distantes em prazos razoáveis. Viagens para além de Marte já enfrentam desafios de tempo considerável, e alcançar sistemas estelares próximos levaria milhares de anos com os meios atuais.

E há que considerar, também, as muitas questões legais e éticas associadas à exploração de outros mundos: novos mundos pertenceriam a quem? E se encontramos formas de vida extraterrestre, como proceder? 👾

Sonhos e realizações que só são possíveis graças à ciência, que nasce na educação! E essa é a “vibe” da série #FuturoPresente, da Editora Opet!

Referências para você ir mais longe:

1. Projeto Artemis (NASA)

2. Agência Espacial Europeia (ESA)

3. Agência Espacial Brasileira (AEB)

4. Agência Espacial Indiana (ISRO)

5. Agência Espacial Chinesa (CNSA)

6. Agência Espacial Japonesa (JAXA)

7. SpaceX

8. Blue Origin

9. Missão Apollo (NASA)

Educação Pública: desafios e estratégias no novo ciclo de gestão

Para todos os 5.570 municípios brasileiros, 2025 marca o início de um novo ciclo de governança. Um tempo marcado pela renovação ou, então, pela continuidade administrativa, com reflexos sobre todas as áreas, especialmente a da Educação. Neste momento de arrancada, porém, o caso das escolas é especial: como o calendário letivo começa em menos de um mês – de modo geral, nas primeiras semanas de fevereiro – prefeitos, secretários e equipes de gestão devem estar prontos para garantir uma transição segura, de olho na evolução dos estudantes pelos próximos quatro anos e além.

Planejamento, formações pedagógicas, recursos didático-pedagógicos, mobilização da comunidade escolar e conexão com os grandes temas da atualidade são alguns dos componentes dessa missão.

Os sistemas de ensino são grandes aliados das escolas públicas

Neste momento, aliás, ter um sistema de ensino como apoiador do trabalho pode representar um diferencial estratégico. Saiba por quê!

Quem responde é a gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Augusto, que acompanha o trabalho pedagógico desenvolvido pelo selo educacional Sefe em parcerias com redes municipais de todas as regiões país.

“Neste momento, os gestores municipais – prefeitos e seus secretários de Educação – têm um enorme desafio, de transformar a educação em prioridade real. E isso é algo que concretiza e vai além das propostas apresentadas em campanha. É ação prática, que precisa de organização, apoio e parcerias”, observa.

A principal preocupação dos gestores deve ser a garantia de uma transição segura, acompanhada de uma série de ações: o planejamento do ano letivo, a organização de metas e o domínio das estratégias para garantir educação de fato, que garanta o acesso e a aprendizagem dos estudantes.

“Isso tudo começa com um diagnóstico inicial da rede, que permite aos prefeitos – em especial, aos que assumiram agora – entender a infraestrutura, identificar os resultados da aprendizagem e os desafios mais críticos”, avalia Cliciane. Um conjunto de ações que está diretamente conectado à formação continuada dos professores – “lembrando que são eles que fazem com que as propostas e os projetos pedagógicos aconteçam, na formação dos estudantes”.

O apoio dos sistemas de ensino

Diante dessa soma entre demandas fundamentais e urgência para atendê-las, os sistemas de ensino cumprem um papel estratégico. “Sistemas de ensino bem estruturados, como é o caso do oferecido pela Editora Opet, representam um diferencial prático e podem ser colocados em prática imediatamente.” Mas, com quê?

  • Com um planejamento pedagógico estruturado padrão, alinhado à Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, e à legislação educacional para organizar o ano letivo dos municípios.
  • Com materiais didáticos – coleções estruturadas para todas as etapas da Educação Básica – e recursos educacionais digitais (REDs) associados.
  • Com formações pedagógicas continuadas que oferecem soluções práticas aos professores: contato, conhecimento e ampliação do uso dos recursos didático-pedagógicos, orientações, discussões sobre os grandes temas da atualidade, práticas efetivas de alfabetização, letramento e avaliação formativa.
  • Com avaliações diagnósticas da aprendizagem, que permitem o desenvolvimento de planos de intervenção e a recomposição da aprendizagem. No caso da Editora Opet, elas são oferecidas por meio do Programa inDICA de Gestão da Educação.

A grande missão dos gestores

Para Cliciane, neste início de mandato, os gestores municipais que assumem a sua carga em 2025 enfrentam desafios estratégicos e inadiáveis ​​para garantir uma educação pública de qualidade e equitativa. Entre as prioridades, é preciso garantir o acesso e a permanência de todas as crianças e jovens na escola, especialmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, etapas cruciais para o desenvolvimento das futuras gerações.

Também é essencial promover a alfabetização na idade certa e desenvolver as competências da BNCC, reforçando o aprendizado como foco central das políticas educacionais. Trata-se de uma alfabetização que potencializa o verdadeiro letramento para a vida, possibilitando o desenvolvimento de cidadãos críticos, participativos e capazes de tomar decisões conscientes.

Nós, da Editora Opet, estamos prontos para participar dessa grande missão! Conheça nosso trabalho e conte conosco!

23°26′: a inclinação que transformou o mundo – verão, solstício e festas de fim de ano

“Eu sou o sol, sou eu que brilho, pra você, meu amor”… quando pensamos em verão, é difícil não lembrar do refrão do clássico “O Dia Que o Sol Declarou o Seu Amor Pela Terra”, de Jorge Benjor. Muito mais hoje, no primeiro dia do verão de 2024-2025 no Hemisfério Sul! A nova estação chegou às 06h20 (no horário de Brasília), e vai até 20 de março do ano que vem.

Estação de calor, praia, campo… estação de curtir!

Mas, você sabe por que o verão é o verão? E por que esta época do ano – Verão, Natal, Ano Novo – tem tanta importância para o imaginário ocidental? Vamos descobrir!

Um fenômeno astronômico

O ano terrestre, como você sabe, é dividido em quatro estações – Primavera, Verão, Outono e Inverno. São duas estações de maior calor e maior frio ou, então, mais secas ou úmidas, e duas estações em que a temperatura normalmente é mais suave ou mista, alternando calor e frio. Dependendo da região do planeta – especialmente, por conta da latitude, e, também, por efeitos de altitude ou até influência de correntes marítimas – essas quatro estações são mais ou menos marcadas.

Há milhares de anos, as pessoas, com base na observação e na necessidade de sobreviver, perceberam um padrão cíclico na relação entre o movimento dos astros e o andamento do clima. Começava, então, o registro das quatro estações, inicialmente feito de forma empírica – isto é, baseado na experiência vivida. Mais tarde, a partir desses dados, filósofos e cientistas buscaram explicar o porquê de tudo isso.

Zigurate – templo utilizado para observação astronômica – na antiga cidade de Ur, no atual Iraque. A estrutura, restaurada em tempos recentes, foi construída no século 21 a.C.

O “porquê” de tudo isso

As estações acontecem graças a um fenômeno astronômico ligado à Terra e ao Sistema Solar: a translação, que é o movimento do nosso planeta ao redor do Sol (que dura, aproximadamente, 365 dias e seis horas). Outro fenômeno astronômico importante é a rotação, o movimento do nosso planeta ao redor de seu próprio eixo. Ele leva 24 horas (um dia!) e estabelece os dias e as noites.

Agora, imagine um eixo cortando o planeta no sentido norte-sul. Esse eixo tem nome: é o eixo terrestre! Acontece que ele não está em uma posição perpendicular (ou seja, a 90 graus) em relação à linha descrita pela órbita do planeta ao redor do sol (a chamada órbita elíptica), mas em uma inclinação de aproximadamente 23°26‘. É justamente essa inclinação, com o planeta girando ao redor do sol ao longo do ano, que estabelece as estações!

No período de início de verão-inverno (ao redor de 22 de dezembro/21 de junho), um dos hemisférios está mais “iluminado” (ou seja, mais irradiado de luz solar), enquanto o outro está mais “sombreado” (menos irradiado de luz solar); neste momento, enquanto um hemisfério experimenta o dia mais longo, o outro experimenta o dia mais curto do ano. Quando aqui, no Hemisfério Sul, está começando o verão, lá, no Hemisfério Norte, está começando o inverno, e vice-versa.

No período de início de primavera-outono (ao redor de 23 de setembro/21 de março), os raios solares incidem perpendicularmente sobre a Linha do Equador, resultando em dias e noites de igual duração em todo o planeta. O fenômeno ocorre de forma aproximada, mas não é uniforme em todas as regiões devido a efeitos atmosféricos e à refração da luz solar.

E por que essas épocas são tão importantes?

Nascer do sol no monumento megalítico de Stonehenge, na Inglaterra, no solstício de verão (do Hemisfério Norte) de 2018.

As estações são tremendamente importantes em relação ao desenvolvimento da vida na Terra. E isso se explica, especialmente, por conta da luz solar, que é um elemento essencial para o desenvolvimento dos vegetais (e, por consequência, dos animais que deles se alimentam) e para toda a vida.

Isso justifica, ainda, toda a mitologia relacionada ao solstício de inverno do Hemisfério Norte – que tem uma conexão com o Natal e com deuses como o romano Mitras. Lá, o solstício (a que corresponde e se opõe, entre nós, o solstício de verão) marca o dia mais curto do ano e, por conseguinte, o início de dias mais longos. Segundo as antigas crenças religiosas, a “vitória da luz sobre a escuridão” e o renascimento da vida. Legal, né?

E nós, em muitas regiões do Hemisfério Sul, acabamos recepcionando (e até adaptando) essas celebrações de fim de ano por conta da História. A partir do século XV, com as chamadas Grandes Navegações, elas chegaram com as potências coloniais europeias, em especial no contexto religioso do cristianismo. O que, é claro, não significa que os povos que já viviam nesta região do globo não tivessem suas próprias tradições relativas às estações do ano.

Um exemplo? A “Inti Raymi” ou “Festa do Sol”, celebrada pelos incas em por volta de 21 de junho, na época do solstício de inverno do Hemisfério Sul; ela servia para chamar o Sol (o deus Inti) – que andava muito longe – para perto da Terra e, assim, dar início a um novo ciclo de vida e cultivo. Combatida e proibida pelos espanhóis ainda no século XVI, ela voltou a ser comemorada em tempos mais recentes e, hoje, é uma grande celebração entre os povos andinos!

Mulheres bolivianas dançam durante a celebração do Inti Raymi.

“Ho, ho, ho!” – Educação Financeira e as festas de fim de ano!

Árvore de Natal montada, aquela vontade de reunir todo mundo… para muitos brasileiros, esta é a hora de sair a campo em busca dos melhores preços nos presentes e nos ingredientes para a ceia. Então: que tal envolver os jovens nesse processo? Eles podem aprender dicas e conceitos importantes de economia enquanto ajudam a escolher os melhores preços… e sem perder a magia do Natal! Isso tem nome: educação financeira!

Vamos dar algumas dicas:

1. Planejar é muito mais sábio do que comprar por impulso. Assim, converse antes sobre os presentes tão desejados… e vamos pesquisar!

2. Natal é tempo de encantamento… o que não significa jogar dinheiro fora! Envolva os jovens nas pesquisas de preços. Peça a ajuda deles para pesquisas de internet em sites confiáveis de compras. Esse é um bom momento, também, para aprender sobre golpes na internet envolvendo ofertas “mirabolantes” e outros truques. A SERASA produziu um material muito interessante a respeito – Confira!

3. Eles vão auxiliar você nas compras gerais (até mesmo nas dos presentes que vão ganhar!) e, provavelmente, também vão comprar seus próprios presentes para amigos e família; estas compras feitas com “dinheiro próprio” são especialmente interessantes para torná-los conscientes do valor de pesquisar preços.

4. Presentes são ótimos, dívidas nem tanto… sensibilize-os para a importância da sustentabilidade financeira das compras feitas neste momento. Elas comprometem o orçamento do ano que vem?  

5. Peça ajuda deles, também, para o planejamento da ceia de Natal. Quanta gente vem, o que comprar, onde comprar e em que quantidades para a festa não acabar em desperdício! Em todo o país, nesta época do ano os Procons lançam pesquisas com o comparativo dos preços nos mercados locais.

6. Uma compra online é uma oportunidade de saber “para onde vai o dinheiro”: conhecer as ofertas, pesquisar preços e condições de pagamento, verificar o peso do frete no valor total da compra etc. De repente, uma compra que parece mais barata fica mais cara por causa do frete – eis aí uma boa lição, que pode ser aprendida sem perder dinheiro!

7. Estamos vivendo em uma época de emergência climática. Examinar a sustentabilidade dos produtos que se quer comprar – sejam eles um presente ou um ingrediente para a festa – demonstra inteligência e consciência. Um exemplo é o da preferência por embalagens retornáveis, que são mais econômicas no médio prazo e muito menos impactantes em termos ambientais.

8. Mostre aos jovens a importância da educação financeira em termos práticos. O dinheiro economizado em compras feitas de forma inteligente pode ser aplicado em outras coisas: uma doação para uma instituição filantrópica, uma viagem breve, uma atividade extra, um investimento…

9. É sempre legal reforçar o valor do dinheiro, que não “vem fácil”. E a importância de uma boa gestão financeira, que pode permitir até a compra de presentes mais caros… mas, sempre, com inteligência!

10. Por fim, mas não menos importante: nunca é demais frisar aos mais jovens que, na origem, as festas de fim de ano não são festas de consumo, mas festas de encontro, de congraçamento. Os presentes, é claro, são muito legais, mas não devem ser o mais importante. Importantes, mesmo, são as pessoas!

Novembro Azul: pela saúde do Homem!

Há anos, novembro ganhou a fama de ser o mês em que se fala da saúde do homem e, mais especificamente, da prevenção e tratamento do câncer de próstata. Uma fama justificada e bem-vinda, que veio com o “Novembro Azul”, campanha nascida em Melbourne, Austrália, em 2003.

A cada ano, o Novembro Azul ganha mais adesões. A causa é das mais nobres e seus efeitos valem para todo o ano. Pela saúde e contra um preconceito que, muitas vezes, é auto-imposto pelos próprios homens. Nesta reportagem especial, vamos falar sobre o Novembro Azul e os cuidados da saúde do homem. Leia e compartilhe!

🩵 No início, era o bigode

O Novembro Azul nasceu da iniciativa de dois australianos, Travis Garone e Luke Slattery, de Melbourne, ao perceberem o quanto, para muitos homens, a própria saúde era um tabu. O câncer de próstata e seu principal exame preventivo, o famoso “exame de toque”, então, estavam no topo dos temas “banidos” da mente masculina!

Inspirados pelo Outubro Rosa, eles resolveram agir. E, no dia 17 de novembro de 2003 – no Dia Mundial da Prevenção ao Câncer de Próstata, iniciaram os primeiros movimentos do que viria a ser o Novembro Azul.

Tudo, na verdade, começou como um desafio, coisa típica do universo masculino. Eles se propuseram a cultivar os próprios bigodes e a convencer outros homens, um grupo de 30 amigos seus, a cultivá-los também – e não é que eles toparam participar? Na época, vale observar, os bigodes andavam um tanto fora de moda.

A proposta passava, ainda, pela oferta, da parte de cada um dos participantes, de uma pequena quantia em dinheiro para uma iniciativa pró-sociedade. Mas, qual iniciativa seria? Apoiar e promover a saúde masculina! Foi quando a campanha ganhou seu primeiro símbolo, o bigode (é claro!) e seu primeiro nome: “Movember” (de “moustache” + “november”), que hoje dá nome a uma fundação internacional que coordena ações de prevenção.

Garone, Slattery e os amigos foram se envolvendo mais e mais com a saúde masculina, apoiando iniciativas, grupos da sociedade civil e instituições de saúde. Com o tempo, a campanha chegou a outras cidades da Austrália e, logo depois, ganhou o mundo! O resto… é Novembro Azul!

🚹 Os homens morrem mais do que as mulheres?

As estatísticas não mentem: em todo o mundo, as mulheres vivem mais do que os homens. Em termos médios globais, essa diferença é de cerca de 7 anos; no Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida média das mulheres é de 79 anos e, a dos homens, de 72 anos. Mas, por que isso acontece?

Segundo os cientistas, haveria razões biológicas, cerebrais e culturais para isso. Em tese – estamos falando de hipóteses bem construídas –, os homens tenderiam a se arriscar mais e a ingressar em profissões de maior risco; por questões hormonais, tenderiam a morrer mais por doenças cardiovasculares; sofreriam mais com dificuldades de inserção social; seriam mais afetados pelo suicídio; e, por fim, mas não menos importante, seriam menos propensos a fazer exames médicos regularmente e a buscar auxílio em caso de problemas – a famosa “teimosia” masculina!

Em nossa época tão agitada, muitas dessas desvantagens também começam a aparecer com força entre as mulheres – ou seja, já não há tantas diferenças entre os gêneros. Mesmo assim, as estatísticas mostram que os homens se cuidam menos e vivem menos – e este é um dado relevante.

🧫 Que doença é essa?

Imagine uma doença que mata, em média, 44 homens por dia no Brasil (16 mil por ano), número que vem se mantendo constante nos últimos anos. Que é silenciosa, cercada de receios e de questões culturais, e potencialmente letal. Mas que, quando detectada a tempo – isto é, nos exames preventivos – tem 90% de chance de cura.

Essa doença é o câncer de próstata, que, segundo estimativas internacionais (do World Cancer Research Fund International e da American Cancer Society), deve registrar 1,5 milhão de casos no mundo e cerca de 100 mil no Brasil.

Mas, se a chance de cura é tão grande quando a detecção é precoce, onde está o “nó” da questão? O problema é cultural.

. Em primeiro lugar, por ser um “câncer”, nome que apavora muitas pessoas.

. Em segundo lugar, por afetar uma região do corpo masculino – a próstata – que se conecta ao sistema reprodutor, o que tem um peso simbólico e psicológico importante para muitos homens.

. E, em terceiro lugar, porque um dos principais meios de detecção de anomalias na próstata é o chamado “exame de toque”, visto com restrições por muitos homens.

Todos esses fatores, evidentemente, devem ser examinados e tratados com respeito, até para que se possa desconstruir os preconceitos um a um.

🩲 Vamos falar da próstata

A próstata é uma glândula do sistema genital masculino, localizada na frente do reto e embaixo da bexiga urinária. Ela envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. A próstata tem como função produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido.

O tamanho da próstata varia com a idade. Em homens mais jovens, tem aproximadamente o tamanho de uma noz, mas pode ser muito maior em homens mais velhos.

🩺 O câncer de próstata

O câncer de próstata, que é detectado a partir de exames médicos, se caracteriza pelo surgimento de um tumor na própria glândula. Ele é o segundo mais frequente entre os homens, ficando atrás, apenas, do câncer de pele.

Esse tipo de câncer, na maioria dos casos, cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Em outros casos, porém, pode crescer rapidamente, espalhar-se para outros órgãos e causar a morte – e é justamente por isto que ele merece atenção!

🔎 Quando falamos em câncer…

…estamos falando de um termo genérico que engloba mais de cem tipos de doenças associadas ao crescimento desordenado – e, muitas vezes, acelerado – de células. Nesse processo reprodutivo, essas células podem formar tumores (massas celulares anômalas, ou seja, que não seguem as regras normais) que, por sua vez, podem invadir tecidos adjacentes ou mesmo outros órgãos do corpo.

Quando os tumores têm uma taxa de crescimento persistente e que ultrapassa a taxa de crescimento dos tecidos normais, eles são chamados de “neoplasias”.

🛡️ Neoplasias: benignas e malignas

As neoplasias benignas tendem a se desenvolver como massas teciduais de crescimento lento e expansivo; elas normalmente comprimem os tecidos adjacentes, sem infiltrá-los. São “fechadas”, isto é, circunscritas e com limites bem definidos.

Já as neoplasias malignas se caracterizam pelo crescimento rápido e invasivo; elas também por se disseminar para outras regiões do corpo por meio de vasos sanguíneos ou linfáticos, surgindo como novas lesões em outras partes do corpo – um processo conhecido como metástase.

🧊 Esse tipo de neoplasia é chamado de câncer

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos tipos de células que podem ser afetados pela doença – carcinomas, por exemplo, estão associados aos tecidos epiteliais, como a pele e as mucosas; se surgem em tecidos conjuntivos (como ossos, músculos e cartilagens), são chamados sarcomas.

⚕️Quais as causas do câncer?

Os mecanismos que “disparam” a reprodução desordenada de células no organismo de mulheres e homens são estudados há décadas por cientistas em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Hoje, sabe-se que há uma série de fatores envolvidos, como os genéticos, os ambientais e os associados aos hábitos. Esses fatores podem interagir, determinando o aparecimento da doença. Os cientistas perceberam, porém, que entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas – mudanças ambientais, poluição, hábitos e comportamentos. Esses fatores modificam a estrutura genética (DNA) das células, “redesenhando” seu metabolismo.

🥶 Fatores de Risco

O câncer de próstata pode atingir qualquer homem. No entanto, há alguns fatores de risco que devem ser conhecidos. O primeiro  é a idade: o risco de se ter a doença aumenta com o passar do tempo. Em nosso país, de cada dez casos, nove são registrados em homens com mais de 55 anos. Um segundo fator de risco é a presença de casos de câncer de próstata na família: homens cujo pai, avô ou irmãos desenvolveram a doença antes dos 60 anos fazem parte do grupo de risco. Um terceiro fator de risco é o sobrepeso ou a obesidade – o peso corporal extra aumenta o risco de aparecimento do câncer e, também, de outras doenças graves, como as cardiovasculares.

💉Formas de Prevenção

A primeira forma de prevenção é o autocuidado, que começa com um olhar mais cuidadoso e até mais carinhoso dos homens para a própria saúde. É preciso se cuidar! Fazer exercícios físicos regularmente e manter uma alimentação saudável, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, buscar formas de cultivar a saúde mental e buscar apoio médico sempre que necessário são medidas mais do que adequadas.

E, é claro, fazer exames médicos preventivos regularmente, em especial a partir dos 50 anos. No caso da próstata, esses exames incluem o chamado “PSA”, que é um exame obtido pela coleta de sangue (para verificação de uma proteína, o Antígeno Prostático Específico), e o “exame de toque” ou “exame de toque retal”, que é feito pelo médico urologista.

O exame de toque – que “apavora” muitos homens – é feito para perceber o tamanho, a forma e a textura da próstata. Para isso, o médico introduz um dedo protegido por uma luva lubrificada no reto do paciente. É um exame muito rápido (dura alguns segundos, na verdade) e permite palpar as partes posterior e lateral da próstata.

O principal, aqui, nem é o exame, mas a importância de se superar o preconceito em relação a ele. Em primeiro lugar, porque o “toque” não desafia a sexualidade do homem – isso é algo que está na sua cabeça!; em segundo lugar, porque ele pode ser decisivo para a detecção de uma doença que, se for descoberta tardiamente, muitas vezes é letal. Enfim: não vale a pena arriscar a vida por uma bobagem como essa!

Lembrando que nem sempre alterações do tamanho da próstata, que são comuns com o aumento da idade, significam câncer. Há, por exemplo, muitos casos de hiperplasia benigna da próstata, que afeta mais da metade dos homens com mais de 50 anos; e há, também, muitos casos de prostatite, inflamação na próstata geralmente causada por bactérias.

Para que o câncer seja detectado ou não, após os exames é necessário fazer uma biopsia, que é a retirada de células da próstata para análise pelo especialista.

🔵 Sinais e sintomas

Em sua fase inicial, o câncer de próstata possui alguns sintomas que devem ser observados. Os mais comuns são dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Esses sintomas não são uma confirmação da doença, mas, se aparecerem, devem acender o “alerta médico” imediatamente. Sem protelação!

🩹 O câncer de próstata tem cura?

Sim. Nos casos de detecção precoce, ou seja, quando a doença está em estágio inicial, as possibilidades de cura são de mais de 90%.

📘 Onde encontrar mais informações?

Indicamos alguns sites com informações de qualidade sobre o câncer de próstata e a campanha do Novembro Azul. Assim, vai lá!

Fundação Movember – Portal oficial, internacional, da Fundação Movember, que deu início ao Novembro Azul.

Instituto Lado a Lado pela Vida – Portal do Instituto Lado a Lado pela Vida, que lançou a campanha do Novembro Azul no Brasil em 2011.

Instituto Nacional do Câncer (INCA) – Site oficial da principal instituição brasileira de pesquisas do câncer.

Instituto Vencer o Câncer – Portal informativo mantido pelos médicos Antonio Buzaid, Fernando Maluf e Drauzio Varella.

Halloween: uma oportunidade intercultural!

A cada ano, as celebrações de Halloween são mais comuns no Brasil. Com fantasias, histórias, brincadeiras, doces, travessuras… e possibilidades de conhecimento!

O Halloween é uma festa intercultural – ou seja, ela nasce da articulação de conhecimentos de diferentes culturas. No passado e nos dias de hoje!

Com o passar do tempo, especialmente nas últimas décadas, muitos países passaram a celebrá-la, o que faz com que, em cada lugar, o Halloween seja um pouco diferente. Do México ao Japão, da China ao Brasil, com muitas coisas em comum – e com coisas muito diferentes, próprias, também! Essa, aliás, é a grande “sacada” da festa, que pode ser trabalhada no contexto educacional.

🎃 Os componentes do Halloween

No Brasil, como aconteceu com outros países, nós conhecemos o Halloween a partir da cultura dos Estados Unidos. Pelo cinema, séries, quadrinhos, animações e redes sociais.

Os principais componentes da festa, porém, são bem mais antigos. Eles chegaram à América do Norte com os imigrantes irlandeses, que no século 19 trouxeram elementos da tradição celta (o Samhain, festival que marcava o fim do verão) e do cristianismo medieval (a vigília que antecedia o Dia de Todos os Santos).

A eles foram se somando outros conhecimentos, como a das lanternas de abóbora e as piñatas (indígenas), e, também, as histórias de fantasmas da tradição alemã.

👻 Possibilidades em Educação

O Halloween é aberto a muitas possibilidades na educação, em temas que vão da Arte à Língua Inglesa, da História ao Folclore. É possível trabalhar, por exemplo, com investigações, rodas de leitura, contação de histórias, debates, desfiles, peças, construção de fantasias, podcasts, etc.

A intenção é conhecer as origens de uma rica tradição, analisando seus componentes e verificando o caráter intercultural da festa. Vale observar que o Halloween permite a incorporação de elementos do nosso próprio folclore, que tornam a festa ainda mais colorida e cheia de significado. Por falar nisso, no Brasil, o 31 de outubro também marca o Dia do Saci, que pode ser comemorado junto (com direito a Cuca, Curupira, Iara e muito mais!).

O Halloween também permite exercitar a sociabilidade dos estudantes, assim como sua capacidade de planejamento e organização para a realização de um evento.

🪅 No mais, é festejar! E que o seu Halloween seja muito animado!

Outubro Rosa: Autocuidado e Inteligência

Nesta terça-feira, 1º de outubro, inicia-se mais uma edição do Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre a prevenção e o tratamento do câncer de mama. Um período repleto de ações (de palestras a corridas e à iluminação especial de monumentos públicos) e de muitas informações sobre essa doença e sobre a saúde geral das mulheres.

📍 Por que o Outubro Rosa é tão importante?

O principal impacto do Outubro Rosa está na disseminação do conhecimento, que tem o poder de salvar vidas. A informação afasta o medo e o preconceito, promovendo o autocuidado e incentivando a prevenção e o tratamento. Esse movimento vai além de um único mês, inspirando hábitos saudáveis e engajamento na luta contra o câncer durante todo o ano.

📍 O que é o câncer?

O termo “câncer” abrange mais de 100 tipos de doenças causadas pelo crescimento desordenado de células. Esse processo pode gerar tumores, que são massas celulares anormais. Esses tumores podem invadir tecidos vizinhos e até mesmo se espalhar para outras partes do corpo, um fenômeno chamado metástase.

📍 Neoplasias: Qual a diferença entre benignas e malignas?

As neoplasias podem ser benignas ou malignas. Neoplasias benignas crescem lentamente e não invadem outros tecidos. As malignas, por outro lado, são agressivas, invadindo tecidos e se espalhando pelo corpo através dos vasos sanguíneos ou linfáticos.

📍 Quais são as causas do câncer?

A reprodução desordenada de células pode ser desencadeada por fatores genéticos, ambientais ou hábitos de vida. Estima-se que entre 80% e 90% dos casos de câncer estejam relacionados a causas externas, como poluição e comportamento, que alteram o DNA das células.

📍 O câncer de mama

O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no mundo, com cerca de 2,3 milhões de novos casos anuais. No Brasil, são aproximadamente 70 mil diagnósticos por ano, representando quase um quarto de todos os cânceres femininos. Além disso, é o tipo de câncer que mais causa mortes entre mulheres no país, com uma taxa de mortalidade de 17,5 por cem mil pessoas, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS) de 2022.

📍 Fatores de risco e prevenção

Os fatores de risco para o câncer de mama incluem questões genéticas, ambientais e hábitos de vida. Algumas medidas preventivas incluem:

  • Alimentação saudável: Aumentar o consumo de vegetais, frutas e alimentos orgânicos, e reduzir a ingestão de alimentos ultraprocessados, carne vermelha e álcool.
  • Evitar o cigarro: O tabagismo é um fator de risco significativo para vários tipos de câncer.
  • Prática de exercícios físicos: A atividade física regular é essencial para a saúde geral e pode ajudar na prevenção do câncer.
  • Gerenciamento do estresse: Práticas como meditação, caminhadas e hobbies ajudam a reduzir o estresse.
  • Autoexame das mamas: O INCA recomenda que as mulheres observem suas mamas regularmente, valorizando a descoberta casual de alterações suspeitas.

📍 A origem do Outubro Rosa

O Outubro Rosa surgiu nos Estados Unidos na década de 1990, através da Fundação Susan G. Komen for the Cure. A primeira “Corrida pela Cura”, realizada em Nova Iorque, distribuiu laços rosa para os participantes, como símbolo da conscientização sobre o câncer de mama. Em 1997, o movimento ganhou força com ações nas cidades de Yuba e Lodi, na Califórnia, e se espalhou pelo mundo.

📍 O Outubro Rosa no Brasil

No Brasil, o movimento chegou em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado em rosa. Desde então, outros monumentos pelo país também se tornaram parte da campanha, que conta com o apoio de entidades públicas e privadas.

📍 Informação de qualidade

Indicamos algumas fontes confiáveis de informação sobre o câncer de mama, sua prevenção e tratamento. Confira!