História e consciência: os livros mais recentes sobre a Independência do Brasil!

Autodeterminação, soberania, nação, relações com outros países. Nos últimos meses, essas palavras vêm aparecendo diariamente nos noticiários do Brasil e do mundo. É necessário compreendê-las e ir além do lugar comum, refletir criticamente e, principalmente, buscar perceber de fato quem somos, como nos colocamos no mundo e o que queremos.

Neste domingo, 07, celebramos 203 anos de independência de Portugal; são 203 anos de país – um dos maiores do mundo, vibrante e democrático! –, com todos os desafios que esta notável condição implica.

Pensando bem, não há data melhor para pensar em quem somos, como chegamos até aqui e quais nossas perspectivas de futuro como sociedade e como nação.

Mas, por onde começar? Nossa sugestão, totalmente no espírito da ocasião, é voltar os olhos aos livros que examinam a Independência. Obras que mostram, em primeiro lugar, o quão rica e instigante é a História do nosso país, e como ela se comunica com quem somos atualmente. Neste breve artigo, vamos abordar algumas dessas obras, que se destacam pela qualidade da pesquisa e do texto. Com um diferencial que foge às resenhas habituais: vamos tratar de produções recentes, de até 3 anos, que se somam à já vasta e rica biblioteca da Independência.

Assim sendo, aos livros!

2022

“Independência do Brasil”, de João Paulo Pimenta (160 p.). Editora Contexto.

Você certamente já ouviu muitas histórias – pelo menos, algumas – a respeito da Independência. Como a do famoso “Grito da Independência”, de D. Pedro I, que nos transformou de colônia em Estado. Mas, será que todas essas histórias aconteceram assim mesmo? Será que aconteceram de verdade? Quem as contou primeiro? E quem ficou fora do discurso? Em “Independência do Brasil”, Pimenta (professor da USP) traz uma história do Brasil nos idos de 1822 com um olhar mais amplo, voltado às pessoas – célebres e anônimas – e aos lugares – centrais e periféricos – que estavam ali. Você já pensou, por exemplo, em como era a sua cidade naquele momento e como a população ficou sabendo da Independência? É disso que trata o livro – instigante!

2023

“Memórias da Independência”, de Maria Borrego e Paulo César Garcez Marins (Editores). Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), 200 páginas.

Lançada pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), a obra de 200 páginas traz textos de 16 pesquisadores do Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo, com foco nos ciclos temporais e nas comemorações que se sucederam à Independência e à criação do Estado Brasileiro: 1822, 1872 (50 anos), 1922 (centenário), 1972 (150 anos) e 2022 (bicentenário). Como foram as comemorações em cada um desses anos? Quais foram as produções? Como elas representaram a própria Independência e como refletiram o país do momento da comemoração? Tomemos um exemplo: qual a sua lembrança dos 200 anos da Independência, em 2022? Como estava o país naquele momento? E quais foram as produções dessa celebração? Uma abordagem interessantíssima, que traz o leitor mais perto do momento da “Independência ou Morte!”.

2024

“Bahia, 2 de julho: uma guerra pela Independência do Brasil”, Maria das Graças de Andrade Leal, Virgínia Queiroz Barreto e Avanete Pereira Sousa (Orgs.). EduneB/Mwana, 558 p.

Este e-book, publicado em 2024 pela Editora da Universidade do Estado da Bahia (EDUNEB) em parceria com a Mwana Produções, traz 14 textos de pesquisadores brasileiros e canadenses focados não no 7 de setembro de 1822 em São Paulo, mas no 2 de julho de 1823 na Bahia – data que marca a expulsão das últimas tropas portuguesas do território brasileiro. Um tema instigante e ainda desconhecido de muitos brasileiros, que se desdobra em aspectos como os da economia, cultura, celebrações locais, escravização, religiosidade e o papel de mulheres-chave na Independência, como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa.

2025

“Visões pernambucanas sobre a independência e o Império: Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Gilberto Freyre e Evaldo Cabral de Mello”, de André Heráclio do Rêgo (Organizador). Senado Federal, 195 p.

Neste volume digital recém-lançado pelo Conselho Editorial do Senado Federal, o organizador André Heráclio do Rêgo traz as vozes de quatro pensadores da maior importância para a compreensão do país e de sua história, com um diferencial: todos são pernambucanos, naturais de uma região fundamental para a Independência, e trazem argumentos extremamente válidos para a construção de uma visão ampla sobre o nosso país.

Boa leitura – e feliz Dia da Independência!

Fronteiras da IA: por dentro do Aeneas, o “leitor de textos invisíveis” do Google

Panteão, edifício romano do século I encomendado por Marco Agripa durante o reinado do imperador Augusto. Foto: Getty Images.

Feche os olhos e viaje conosco para Roma, Londres, Paris, Zurique, Lyon ou Mérida – uma cidade de origem romana, repleta de edifícios, antigas ruínas e muita história. Você está andando por uma rua estreita quando, de repente, dá de cara com uma placa de mármore coberta de texto.

Em nosso exercício de imaginação, somos capazes de ler aquela inscrição em latim de centenas de anos – que maravilha! Só que há um pequeno problema: a placa está quebrada e mostra apenas umas poucas letras, o que impede sua compreensão. Sem a mensagem, seria o fim da viagem?

No que depender das tecnologias mais recentes, não! Nesta edição de #FuturoPresente, vamos falar do Aeneas (Eneias): o primeiro modelo de Inteligência Artificial (IA), desenvolvido pelo Google em parceria com universidades europeias, capaz de “ler” as partes desaparecidas de antigas inscrições.

“Mas, como isso é possível? É leitura mesmo ou é ‘chute’?”, você pode perguntar. Então, venha conosco para descobrir como funciona o Aeneas e conhecer os limites desta tecnologia que promete revelar literalmente o “invisível” com o uso de matemática, estatística e acesso a documentos antigos e bancos de informações. A viagem de verdade começa agora!

Um antigo sonho prestes a ser realizado?

O primeiro sistema de escrita nasceu há cerca de 5.300 anos na Mesopotâmia, entre os sumérios. Nos séculos seguintes surgiram outros sistemas no Egito, China, Grécia e entre as antigas culturas mesoamericanas. Com o uso de um código que podia ser ensinado e replicado, essas civilizações conseguiam estruturar a economia, a administração pública, a justiça, a religião e até uma ciência empírica; também contavam histórias e registravam sua visão de mundo, sonhos, receios e esperanças.

Um processo que seguiu pelos milênios e chegou até nós trazendo consigo a filosofia, o direito, a ciência e a tecnologia. Nessa larga jornada, muitos documentos se perderam totalmente, consumidos pelo próprio tempo ou, então, intencionalmente destruídos, como nos incêndios e autos de fé que, ao longo da História, marcaram momentos ruins da humanidade.

Muitos escritos, porém, sobreviveram, e outros tantos permaneceram entre nós, mas com lacunas – uma página faltando aqui, um buraco no papiro ali, uma parte da lousa de pedra ou cerâmica que sumiu. E são justamente esses documentos – que podem enriquecer muito a nossa compreensão do passado –, o objeto de interesse do Aeneas.

Fragmento de um diploma militar em bronze emitido pelo imperador Trajano (séc. I) para um marinheiro de uma nave de guerra romana. A peça é originária da Sardenha. O texto faltante foi reconstituído por epigrafistas. Fonte: The Metropolitan Museum of Art.

Antes de seguir em frente…

Vale observar que, ao menos neste momento, o Aeneas trabalha exclusivamente com inscrições latinas. Seu nome, aliás, sinaliza isso: Aeneas é Eneias, herói troiano derrotado por Aquiles na Guerra de Troia que é apresentado na “Eneida”, de Virgílio, como ancestral de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Além disso, o Google oferece um segundo modelo, batizado como “Ithaca” (Ítaca, terra natal de Ulisses, herói grego da “Ilíada” e da “Odisseia”), para a leitura de textos em grego.

Por que esses dois idiomas e não o chinês, por exemplo? A escolha se justifica porque ambos os sistemas de escrita deixaram uma quantidade impressionante de documentos em papiro, pergaminho e pedra – apenas para se ter uma ideia, a cada ano, em média, são descobertas cerca de 1.500 inscrições latinas nos antigos territórios do Império Romano!

Mapa com a localização das epigrafias latinas registrada pela base de dados Clauss/Slaby, incorporada ao Aeneas. Fonte: Universidad Católica de Eichstätt-Ingolstadt (Alemanha).

Esses textos, especialmente nos últimos trezentos anos, vêm sendo cuidadosamente estudados e catalogados, gerando dados de pesquisa muito sólidos. Esses dados, por sua vez, funcionam como “norteadores” da IA, uma vez que é a partir deles que ela vai construir suas próprias conclusões.

No futuro, nada impede que outras civilizações que também deixaram vastos acervos escritos, como a chinesa, a egípcia e a babilônica, sejam incorporadas ao Aeneas ou, então, virem objeto de modelos de IA específicos. Seria algo espetacular!

Buscando “match” nos bancos de dados

A “magia” do processo pode ser resumida em um termo que aparece logo na abertura do texto de apresentação do Google para o Aeneas: contextualização. A palavra contextualizar vem do verbo latino “contexere”, que significa entrançar, tecer junto ou conectar.

No caso da ferramenta de IA, ela se associa a aproximar e buscar pontos de conexão entre a peça examinada – a imagem de um fragmento de lousa tumular, por exemplo – e milhares de documentos associados à civilização romana.

Entre os pontos de conexão estão as palavras escolhidas, a forma de organização das palavras nas frases (sintaxe) e a proximidade geográfica e cronológica entre o texto investigado e os textos de referência.

Teatro romano de Mérida, Extremadura, Espanha. Fonte: Wikipedia.

Em ombros de gigantes

A bem da verdade, esse processo não é novo: ele é usado desde o século XVIII por epigrafistas – especialistas em escritas antigas – para supor com maior precisão quais seriam os textos faltantes e também elementos como a origem geográfica e cronológica de um dado documento.

Acontece, porém, que esse método, para ser realmente científico, demanda muito conhecimento e uma quantidade enorme de contextualizações – consulta a textos semelhantes, consideração de aspectos específicos da escrita na época e na região do achado etc. Um trabalho gigantesco que acaba revelando informações importantes, porém sempre em pequenas quantidades e com a possibilidade (ainda que remota) de erros.

Uma super-contextualização

E é aí que reside o diferencial do Aeneas: com os recursos de uma IA especificamente treinada para a epigrafia e com acesso a bancos de dados altamente especializados, os resultados vêm à tona em uma velocidade infinitamente maior e, em muitos casos, com ainda mais precisão.

Uma super-contextualização, enfim, que caminha para a perfeição quando o próprio epigrafista calibra os parâmetros de pesquisa da ferramenta e examina os resultados finais propostos pela máquina.

Diagrama da arquitetura do Aeneas mostrando como o modelo de IA usa informações de texto e imagem para gerar a provínicia romana de origem, o período de produção e as letras/palavras faltantes. Fonte: Aeneas/Google.

Organizando as letras

Se, por um lado, o Aeneas nasceu com a força da matemática aplicada às ferramentas de IA do Google, por outro ele só é possível graças à digitalização de bancos de dados construídos ao longo de décadas por pesquisadores humanos, como as bases de dados de pesquisadores de Roma, Heidelberg, Ingolstadt (Alemanha) e Zurique.

Esses dados foram compilados, organizados e normatizados para gerar um super-banco denominado Latin Epigraphic Dataset (LED), que reúne nada menos do que 176 mil inscrições coletadas por arqueólogos e epigrafistas em várias partes do antigo Império Romano. Essas inscrições e outras, incorporadas quase que diariamente, formam os “fios” da contextualização da máquina (tipo de documento; formato do texto; época da inscrição; local da inscrição; etc.).

Na província certa, no tempo certo!

Ao examinar inscrições danificadas, o Eneias é capaz de restaurar trechos perdidos de até dez caracteres com uma precisão de 73%, considerada muito alta. Essa precisão cai para 58% quando o número de caracteres perdidos é maior, um percentual ainda visto como excepcional pelos pesquisadores. Lembrando que, em um estudo como esse, uma única palavra recuperada pode ser uma chave que leva a outras descobertas!

Além de “reviver” as palavras, o modelo apresenta os caminhos que o levaram à sua conclusão. E, quando alimentado com dados visuais – uma foto da epígrafe em estudo – é capaz de atribuir sua localização em uma das 62 províncias romanas com uma precisão de 72% (lembrando que, em seu período de máxima expansão, o Império Romano chegou a ter cinco milhões de quilômetros quadrados, uma área maior que a da Comunidade Europeia). Quanto à datação de um texto, a margem de erro é de apenas 13 anos, considerada excelente para uma civilização que chegou a mais de mil e quinhentos anos.

Validando o “Divino Augusto”

O Aeneas foi colocado à prova ao analisar um texto famoso e muito conhecido dos epigrafistas, arqueólogos e historiadores: o “Res Gestae Divi Augusti” ­– “Os Atos do Divino Augusto”, registro em primeira pessoa feita pelo primeiro imperador romano, Augusto (63 a.C. – 19 d.C.), do qual restam vários fragmentos gravados em pedra distribuídos por várias regiões.

Ilustração de um dos painéis do “Res Gestae Divi Augusti” encontrado na atual Turquia. Fonte: Wikipedia.

Convidado a datar esses registros com base nos mecanismos de contextualização, o modelo de IA os situou entre o final do primeiro século a.C. e os primeiros anos da Era Cristã – e, de quebra, apontou diferenças na grafia dos fragmentos. Ao chegar a essa conclusão, validou e foi validado pelas conclusões dos melhores pesquisadores do campo!

Outro exemplo: ao analisar sem dados prévios o texto do chamado “Altar Votivo de Mogúncia”, monumento localizado em Mainz, na Alemanha, o Aeneas sugeriu uma data para a inscrição – o ano de 211 d.C., que bate totalmente com a datação oficial. Além disso, também identificou conexões linguísticas com outras epígrafes encontradas na mesma região, o que permitiu que o sistema também localizasse a inscrição no espaço geográfico com total precisão.

Conclusão: expansões, limites e outras possibilidades

Podemos afirmar que o sucesso de modelos de IA como o Aeneas parte de uma grande premissa: a da colaboração entre os pesquisadores. É ela que alimenta o sistema de informações e que, na interação constante com a máquina, possibilita o aprendizado, a construção de vieses e o refinamento das respostas.

A mesma colaboração que está fazendo com que seja possível pensar na expansão do Aeneas para suportes recentes da escrita latina, como pergaminhos medievais, peças religiosas e obras de arte. E, é claro, em outros modelos capazes de oferecer serviços semelhantes em relação a epígrafes chinesas, egípcias, etruscas, babilônicas e maias, por exemplo.

Em relação aos limites, eles são os aplicáveis às ferramentas atuais de IA: elas requerem, acima de tudo, validação humana, e não devem ter suas conclusões tomadas como a “resposta exata absoluta”. Como ferramentas auxiliares de pesquisadores humanos, esses modelos prometem ampliar e enriquecer muito as possibilidades de trabalho.

Em síntese: conectando um passado remoto e um presente futurista, estamos mais perto da leitura das “inscrições invisíveis” – isto é extraordinário!

P.S.: Há algum tempo, dentro da série #FuturoPresente, publicamos um artigo que tratou do “Desafio do Vesúvio” (“Vesuvius Challenge”), competição criada para desafiar pesquisadores a acessarem os conteúdos dos frágeis papiros carbonizados encontrados em Herculano (cidade destruída durante a erupção do Vesúvio no ano de 79 d.C.), usando ferramentas de tomografia digital e de IA. Os resultados são excepcionais! Assim, vale a pena conferir!

Para ir mais longe – links interessantes:

Aeneas transforms how historians connect the past” (“Aeneas transforma a forma como os historiadores se conectam ao passado”) – Google. Em inglês.

“Contextualizing ancient texts with generative neural networks” (“Contextualizando antigos textos com redes neurais generativas”) – Revista “Nature”. Em inglês.

#FuturoPresente: quando a tecnologia imita a magia: cientistas buscam o “manto da invisibilidade”!

Com a ciência, o sonho da invisibilidade está mais próximo. Fonte: Getty Images.

Você com certeza já ouviu falar na história do “manto da invisibilidade”, aquela peça mágica que, quando vestida ou colocada na cabeça, faz a pessoa desaparecer. Ela é um recurso de poder comum em jogos eletrônicos do gênero “Espada e Magia”, baseados no RPG, e apareceu até nos livros e filmes de Harry Potter. Também está no folclore celta e germânico e, provavelmente, se baseia em uma história ainda mais antiga, a do “Elmo de Hades”, do mito grego de Perseu.

O “Elmo de Hades”, de Perseu, é parte do mito mais antigo sobre invisibilidade. Fonte: Getty Images.

E ela apenas demonstra um antigo desejo: há milhares de anos sonhamos com a invisibilidade prática, capaz de nos colocar mais perto de uma presa, criar uma vantagem definitiva sobre um inimigo ou livrar-nos de uma situação de perigo. Entrar e sair de um lugar sem ser visto, enfim, com tudo de bom que isto implica!

As técnicas tradicionais de camuflagem, à sua maneira, são um método de invisibilidade. Da mesma forma, as tecnologias “stealth” que, nas últimas décadas, tornam aviões imperceptíveis aos sinais de radar – este “olho eletromagnético” que vê o que não vemos.

Bombardeiro B-2 Stealth. Formato do avião “dissipa” as ondas re radar, tornando-o invisível. Fonte: Getty Images.

Nesta edição de #FuturoPresente, não vamos falar nem de camuflagem clássica, nem de radar. Em um clima “mitotecnológico” – ou seja, de resgate de um sonho antigo usando tecnologia de ponta –, vamos investigar o que há de mais recente em relação às capas de invisibilidade. E você vem com a gente – mas, não vale desaparecer no meio do caminho!

Os desafios do processo

A ideia do “manto de invisibilidade” é simplesmente genial: você veste ou cobre a cabeça com ele e “plim!”, some do campo visual alheio. Se ficar bem quietinho, pode até sair de fininho de cena sem ser percebido.

O problema, aqui, reside justamente nesse “plim!”, que é a tecnologia capaz de redirecionar ou distorcer a trajetória da luz ao redor do objeto (como a água de um rio contornando uma pedra), fazendo-o “desaparecer”. E é justamente nisso que os cientistas estão mirando.

Aqui, é interessante esclarecer: as tecnologias de invisibilidade em estudo não alteram a matéria em si (o objeto ou o ser continua fisicamente presente), mas manipulam a percepção que se tem dela. Por meio da tecnologia, o objetivo é enganar os sentidos – especialmente, a visão – e até mascarar assinaturas térmicas deixadas por seres vivos de sangue quente. Um truque de alta magia, digo, de alta tecnologia! Que envolve a Física, a Química e a Eletrônica.

Sem “Predador” nesta hora…

Antes de seguir em frente, vale observar que, ao menos neste momento, não há uma tecnologia de invisibilidade 100% eficaz, ou seja, capaz de ocultar de fato e por tempo suficiente, mesmo com o “portador da capa” se movendo. Nada parecido, por exemplo, com o que vemos em filmes como os da série “Predador”. No momento, o único jeito de estar invisível de verdade é “não estar lá”! Brincadeiras à parte, o fato é que os desafios são gigantescos porque envolvem materiais, energia e escala de aplicação – mas, a coisa está caminhando.

A Quimera invisível

Um dos projetos aparentemente mais promissores – e o uso do “aparentemente”, aqui, não é gratuito, uma vez que toda a tecnologia é cercada de mistérios por seu possível uso militar – é o chamado Chimera, desenvolvido por pesquisadores das universidades chinesas de Jilin e Tsinghua. O nome do projeto remete à Quimera, criatura híbrida da mitologia grega (uma soma de leão, cabra e serpente), simbolizando a fusão de diferentes tecnologias.

E o projeto vai exatamente por aí, baseando-se em características de três animais – o camaleão, a rã-de-vidro e o lagarto dragão-barbudo – para “dobrar a luz” e produzir um material de camuflagem dinâmica, que os chineses chamam de “metassuperfície” capaz de adaptar-se em tempo real para pessoas e veículos em movimento. Uma metassuperfície, vale explicar, é uma superfície inteligente que combina nanoestruturas e eletrônica para controlar múltiplos tipos de onda simultaneamente. O “tecido maravilha” promete ser indetectável à luz visível, às micro-ondas e aos raios infravermelhos.

Capacidade de mimetismo do camaleão é uma das fontes de inspiração do Projeto Chimera. Fonte: Getty Images.

Cada bicho forneceu um tipo de inspiração: o camaleão, a capacidade de mudar de cor e “misturar-se ao ambiente”; a rã-de-vidro, a transparência; e o lagarto dragão-barbudo, o poder de regular a própria temperatura e apagar a “pegada térmica” em aparelhos medidores.

Na natureza, todos esses processos super especializados parecem “simples”, mas, em laboratório, os pesquisadores precisaram se desdobrar para encontrar tecnologias eletrônicas capazes de reproduzi-los.

O protótipo apresentado ao público, no início do ano passado, mostrou um tecido formado por várias camadas de plástico PET (tereftalato de polietileno – o mesmo das garrafas de refrigerante!) entre as quais estavam embutidos circuitos eletrônicos e vidro de quartzo (feito de dióxido de silício – SiO2 – puro). Os circuitos produzem e conduzem ondas eletromagnéticas pelos cristais de vidro de quartzo gerando uma superfície “intocável” pela luz, micro-ondas e raios infravermelhos.

Esquema de funcionamento da “metassuperfície” invisível apresentada pelos cientistas chineses do Projeto Quimera. Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences (2024).

O desafio do projeto, agora, é passar da fase de protótipo para a de produção em escala. Para chegar lá, porém, ainda vai um tempo: como se trata de um material de uso essencialmente militar, é necessário garantir total funcionalidade (imagine se o tecido “para de funcionar” no meio de uma missão!), valor sustentável e capacidade de entrega.

Outras abordagens

Por suas características, o projeto Chimera se situa na vanguarda das pesquisas sobre invisibilidade. Ele produz o que os cientistas denominam “metamaterial de camuflagem dinâmica”, um material-matriz que comporta diferentes funcionalidades de invisibilidade e é capaz de se adaptar às mudanças do cenário. Para isso, usa e abusa de eletrônica embarcada – os circuitos embutidos nas camadas de PET.

Há, porém, outras linhas de pesquisa. Elas são mais antigas e tecnicamente mais limitadas (ainda que super-avançadas), mas podem vir a fazer parte, no futuro, de uma grande convergência para a camuflagem dinâmica. Vamos citar duas delas.

A primeira é a dos metamateriais tradicionais, que usam estruturas microscópicas artificiais para desviar as ondas luminosas – um pouco como a tecnologia Stealth em aviões, que usa superfícies angulares e materiais absorventes para redirecionar ou “cancelar” ondas de radar (o termo “metamaterial”, em termos simples, indica um material cujas propriedades são 100% artificiais).

A segunda é a da chamada “ótica transformacional”, que trabalha com materiais artificiais que possuem índices de refração negativos que fazem a luz se curvar em direções “impossíveis”, como se contornasse o objeto e o apagasse do campo visual. O principal expoente dessa linha de investigação é a chamada “capa de invisibilidade de micro-ondas”, desenvolvida por pesquisadores da universidade de Duke (Estados Unidos) em 2006 e aprimorada nos anos seguintes.

Conclusão: a invisibilidade vem aí. E o que vamos fazer com ela?

“Decalcomanie” (1966), de René Maigritte. Uma possível tecnologia de invisibilidade evoca mitos antigos e traz desafios éticos reais. Fonte: WikiArt.org.

Mais uma vez, a grande questão que se coloca é ética. De modo geral, materiais invisíveis são pensados e até têm suas pesquisas financiadas por sua aplicabilidade militar. De fato, transformar soldados e artefatos de guerra em elementos 100% invisíveis gera uma vantagem definitiva, que até implicaria o desenvolvimento de outras tecnologias para “ver o invisível”. E isso é algo com que os países, em seus esforços diplomáticos e pela paz global, devem lidar.

Tecnologias militares, porém, muitas vezes geram aplicações que podem ser extremamente úteis na vida das pessoas comuns. Pense, por exemplo, em tecnologias como a dos fornos de microondas e da internet, que saltaram de programas militares para o dia-a-dia. E há outras mais!

Mas, como a invisibilidade chegaria à sua e à minha vida? Excelente pergunta: os cientistas afirmam que essa tecnologia poderia ser levada, por exemplo, ao monitoramento de ambientes selvagens gerando menor interação com os animais e, consequentemente, menos estresse. Ela poderia ser levada, também, para a área médica, no desenvolvimento de aparelhos auditivos invisíveis – garantindo mais conforto aos usuários.

E é bem possível que também tenhamos ganhos indiretos, gerados pelas tecnologias desenvolvidas ao longo do processo de criação da tecnologia principal.

Nos próximos anos, certamente teremos novidades. E talvez consigamos realizar, enfim, o antigo sonho do “manto da invisibilidade”. Que seja com a responsabilidade necessária!

Isto é #FuturoPresente: porque a ciência e a tecnologia começam na escola!

EM PRIMEIRA MÃO: Confira os trabalhos aceitos para leitura e apreciação na primeira etapa do 15º Prêmio Ação Destaque!

A Editora Opet acaba de divulgar os projetos educacionais que tiveram a inscrição aceita para a primeira etapa, de leitura e apreciação, do 15º Prêmio Ação Destaque.

Ao todo, 154 projetos de 41 municípios parceiros tiveram a inscrição aceita. Agora, como explica a gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Élen Augusto, esses projetos passarão pela etapa de leitura. Ela envolve três leituras independentes feitas por pareceristas – professores especialistas nas etapas representadas em cada uma das 9 categorias do Prêmio.

“O próximo passo é a realização das três leituras críticas por projeto, que são realizadas por especialistas que avaliam os projetos conforme critérios estabelecidos no regulamento do Prêmio Ação Destaque”, explica Cliciane.

A previsão é de que a lista com os 28 trabalhos finalistas (três em cada categoria) seja divulgada até a segunda semana de setembro.

Prazo de recurso – A partir de hoje, dia 21 de julho, os participantes que não tiveram seus projetos aceitos e quiserem apresentar recurso têm 3 dias – até as 23h59 desta quinta-feira, dia 24 –  para fazê-lo. Os recursos com as razões da contestação devem ser enviados para o e-mail pedagogico@opet-sefe.com.br com o título “RECURSO – 15º PRÊMIO AÇÃO DESTAQUE”.

Os trabalhos inscritos – Confira a lista em ordem alfabética dos projetos aceitos para apreciação pelos pareceristas:

CATEGORIA 01 – EDUCAÇÃO INFANTIL – COLEÇÃO PRIMEIRA INFÂNCIA +0, COLEÇÃO ENTRELINHAS PARA VOCÊ! (INFANTIL 1, 2, 3) OU COLEÇÃO FEITO CRIANÇA (INFANTIL 1, 2, 3):

1. Adriana de Camargo Oliveira. Roncador (PR). “História Cantada: O Patinho Colorido”

2. Aline Maria do Nascimento Brito da Silva. Redenção (CE). “Mini Mundo Sustentável: Descobridores da Natureza”

3. Amanda Oliveira Guimarães. Santana de Parnaíba (SP). “Cozinha Experimental no Quintal”

4. Ana Carolina Ferreira Palko. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Gentileza gera Gentileza”

5. Andréia Balbino Alves Sampaio. Santo Antônio do Paraíso (PR). “Pequenos Cuidadores do Meio Ambiente”

6. Edileni Aparecida Rodrigues Mira. São Sebastião da Amoreira (PR). “Plantas em toda a parte: Semeando com Alegria”

7. Flaviana Magna. Itabirito (MG). “Hum… que Delícia!”

8. Leila Aparecida Silva Oliveira. São Lourenço (MG). “Minha Cidade”

9. Luana Pinheiro de Carvalho. Itabirito (MG). “Quem sou eu? Descobrindo minha identidade”

10. Lurdemila Veronezi. Ranchoi Queimado (SC) “Minha Casa, Meu Lar!”

11. Marilde Del Moro. Salto Veloso (SC). “Nas Entrelinhas, animais em todos os lugares: curiosidade, exploração e encantamento”

12. Mariluci Fátima da Silva. Itabirito (MG). “Fazendinha da reciclagem: festa e tradição feito à mão”

13. Marina Célia Vieira Carvalho. Outro Preto (MG). “Identidade”

14. Nauva de Souza. São Miguel do Guaporé (RO). “Da Fonte à Colheita: cultivando vida com a água da natureza. Sustentabilidade, alimentação e cidadania”

15. Paulo Cezar da Silva. Fiqueirópolis do Oeste (MT). “Família na Escola – ‘a casinha da vovó’”

16. Renata Aparecida Dezo Singulani. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Nossa escola, nossas vozes: trocando histórias e saberes”

17. Vera Lucia de Bonfim. Roncador (PR). “Chapeuzinho Vermelho: um caminho seguro para a Infância”

CATEGORIA 02 – EDUCAÇÃO INFANTIL – COLEÇÃO ENTRELINHAS PARA VOCÊ! (4 E 5) OU COLEÇÃO FEITO CRIANÇA (4 E 5):

1. Adriana Oliveira Vanzela Arraes. Ivaiporã (PR). “Descobrindo o Lugar onde Vivemos – Minha moradia, meu mundo!”

2. Ana Flavia Pereira Oliveira. Campo Novo dos Parecis (MT). “Palavras que contam, cantam e ensinam”

3. Anna Karla Pereira Viana. Redenção (CE). “Embarcando nas Páginas Mágicas: uma Aventura Literária”

4. Arethuza Antunes dos Santos. Itabirito (MG). “Juntos é Melhor: Aprendendo com as Diferenças na Educação Infantil”

5. Catarina Francisca Marques Fonseca. Pimenteiras do Oeste (RO). “A Educação, conexão com a Natureza: Horta e Jardinagem na prática”

6. Débora Fernandes da Silva. Ouro Preto (MG). “Comendo bem, cresço saudável! Somos o que comemos!”

7. Débora Stefany Dantas. Itabirito (MG). “Minha Mini Hortinha”

8. Eliete Ferreira Torres. São Miguel do Guaporé (RO). “Térreo Sustentável”

9. Elizangela Alves de Souza. Cerejeiras (RO). “Projeto raízes vivas: aprendendo com os povos indígenas”

10. Elizia Vicente da Silva. Campo Novo do Parecis (MT). “Sementes do Futuro”

11. Jaqueline Silva Sales. São Lourenço (MG). “Encontros inesperados no Mundo do Faz de Conta”

12. Joselâine Cristina Ribeiro de Matos. Campo Novo do Parecis (MT). “Dinheiro não dá em árvore… ou dá?”

13.  Josimara da Silva. São Lourenço (MG). “Leitura em família, um mundo de descobertas”

14. Laiane do Prado Rocha. São Lourenço (MG). “Pequenos no Volante da Cidadania”

15. Laiz Caroliny da Silva. Carlópolis (PR). “Eco Influencers: nosso papel é semear o Futuro”

16. Letícia Renata Verona. Arroio Trinta (SC). “Minha casa, um lugar para viver”

17. Luana de Castro Nogueira. Carlópolis (PR). “Gotinhas do Futuro: Pequenos Gestos, Grandes Mudanças”

18. Márcia Gabriela de Souza Tesch. São Lourenço (MG). “Arte e Cultura Popular – ‘Aqui pra nóis’”

19. Margarida Maria Barboza dos Anjos. Ouro Preto (MG). “Pelos olhos de uma criança”

20. Maria Boenno da Silva Abreu. São Lourenço (MG). “Pequenos Cuidadores: Descobrindo os Hábitos Saudáveis”

21. Núbia Gomes Luzia da Fonseca. Itabirito (MG). “Nossas Vivências – A cultura de Povos Originários descoberta em nós”

22. Priscila Mayra Teixeira Emilio de Araújo. Itabirito (MG). “Cartas que conectam: o carteiro chegou”

23. Sebastiana Gonçalves de Souza Theodoro. Novo São Joaquim (MT). “Descobrindo o Mundo das Emoções com Histórias”

24. Stela Gonçalves Paulino. São Lourenço (MG). “Descobrindo quem somos: Nossas cores, nossas raízes”

25. Tatiane Pinheiro Urbano. Ponte Serrada (SC). “Calminha no coração”

26. Tayla Jamaira de Aguiar Siqueira Osawa. Arapongas (PR). “Encantos Ancestrais: uma conexão profunda entre vivências, ancestralidade africana e saberes étnico-raciais”

27. Valdinei Backes da Silva. Colorado do Oeste (RO). “Nosso Amigo Chat: Criação de Histórias Infantis por meio da Inteligência Artificial na Educação Infantil”

28. Vanessa Maria Silva Lopes. Santana de Parnaíba (SP). “Passarinhar, casa dos passarinhos”

29. Viviane da Silva Ferreira. São Miguel do Guaporé (RO). “Brincar em família – conexões que transformam: diversidade, respeito e acolhimento”

CATEGORIA 03 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS 1º AO 3º ANO – COLEÇÃO CAMINHOS E VIVÊNCIAS, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Adriana Maria Zimmer Masson. Água Boa (MT). “Projeto Dindim”

2. Alan Alves Pereira. Fortaleza (CE). “Brincadeiras que Contam Histórias: Saberes e Vivências Populares na Infância”

3. Alexandra Maciente Silva. Varginha (MG). “De volta à Terra: o E.T. aprendiz e sua viagem literária”

4. Bárbara Maria Dias de Carvalho. São Lourenço (MG). “Matematicando – Aprendendo Matemática Brincando”

5. Cinara Rosa Galdino de Lima. Varginha (MG). “Navegando com Segurança: Aprendendo a usar a internet e os meios de comunicação com responsabilidade”

6. Emanuele Ketly de Freitas Silva. Fortaleza (CE). “Brincadeiras e Jogos Populares no Ensino da Matemática”

7. Fernanda Cristina Maciel de Almeida. São Lourenço (MG). “Trilhas do saber: do passado dos Bandeirantes às pegadas dos nossos alunos”

8. Genismeire Rocha da Conceição. Vilhena (RO). “Metodologias Ativas e Tecnologias Educacionais no 2º Ano do Ensino Fundamental I – Aprender Brincando com Wordwall e Opet Inspira”

9. Jackline Folster Garcia Cogo. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Neurociência para crianças”

10. Janaína Aparecida de Paiva Lima. Varginha (MG). “Turma conectada: da sala de aula para a comunidade virtual”

11. Jenifer da Rosa Tavares. Cocal do Sul (SC). “Da Semente ao Prato – Horta Escolar e Agricultura de Subsistência”

12. Joelma Martins. Arapongas (PR). “De Coração para Coração”

13. Jones Francisco Viana. Astorga (PR). “Projeto de Leitura: ‘Caderno Literário’”

14. Katia da Silva Oliveira dos Santos. Arapongas (PR). “Descarte consciente: pilhas fora do ambiente!”

15. Lívia Cristina Mendes Cassimiro. Varginha (MG). “Cantigas do meu Brasil”

16. Magaly Kelly Oliveira Leonel. Fortaleza (CE). “Rir, Criar e Aprender com Tirinhas”

17. Mara Regina Batista da Silva Coppini. Ponte Serrada (SC). “Bullying não é brincadeira”

18. Márcia dos Santos Esser Pezzini. Vilhena (RO). “Resgatando as Raízes Históricas e Culturais de Vilhena”

19. Maria do Socorro Queiroz Sá. Aquiraz (CE). “Versos em Festa – Arraiá Literário”

20. Maria Madalena Trates. Ponte Serrada (SC). “Projeto Tropeiros”

21. Maria Salma Vieira de Sá. Fortaleza (CE). “Aprendendo a ler e criando memórias afetivas através das brincadeiras antigas”

22. Marina Mara Bosco. São Lourenço (MG). “Parede Literária”

23. Marinês de Souza Silva. Vilhena (RO). “Tabela: Produção, leitura e interpretação”

24. Neirí Davanso. Arapongas (PR). “Alfabetização nas Séries Iniciais: sob a perspectiva da Neurociência e Música”

25. Paulo Sérgio Oliveira de Melo. Fortaleza (CE). “Os movimentos corporais na construção do ser humano.”

26. Rejane Maria Leite da Silva. Aquiraz (CE). “Brincar, Descobrir e Aprender – Ludicidade no Ciclo de Alfabetização”

27. Rodrigo Gualberto da Costa. Lavras (MG). “Cidade, Infância e Educação: Leitura do Território e Protagonismo Infantil no Ensino Fundamental”

28. Rosângela de Fátima Natal Silva. Lavras (MG). “Retalhos de Vivências: Tecendo Saberes e Construíndo Histórias”

29. Samya Cristiane Alexandre Sales. Fortaleza (CE). “Explorando o Mundo dos Números”

30. Silvana Barros. Fortaleza (CE). “Mercearia Leia e Ganhe”

31. Silvani Kátia Nascimento Santos. Varginha (MG). “De Itabira de Drummond à Varginha do ET – Uma Jornada de Descobertas e Legados”

32. Sônia Patrícia Florentino da Silva Araújo. Fortaleza (CE). “Criança Cidadã: alfabetizando-se, além dos muros da escola”

33. Stefanie Aparecida Panigaz. Arroio Trinta (SC). “Exploradores da Galáxia”

34. Thaynara de Carvalho Guedes. Lavras (MG). “Lendo e Escrevendo a Diversidade – Uma alfabetização significativa”

35. Josy Mary da Rocha Golfetto. Vilhena (RO). “Vilhena, minha cidade tem história”

CATEGORIA 04 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS 4º E 5º ANO – COLEÇÃO CAMINHOS E VIVÊNCIAS, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Adriana Silva da Costa Maia. Vilhena (RO). “Literatura para quê?”

2. Ana Paula dos Santos Alves. Carlópolis (PR). “Águas Do Conhecimento: Aprender Para Preservar”

3. Angela Maria Pontin Isidoro. Arapongas (PR). “Minha História”

4. Arlei Leite Carvalho. Varginha (MG).“Dicionário de inglês ilustrativo”

5. César Augusto Cittadin Justi. Orleans (SC). “Ginástica Circense: O circo na escola”

6. Claudia de Araújo. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Todos somos um”

7. Denise Zimmermann Schuller. Arroio Trinta (SC). “Cuidando do Meio Ambiente, Cuidando do Futuro: eu fiz minha parte!”

8. Gabriela Favarin. Arroio Trinta (SC). “DigitalMentes Brilhantes. Um salto entre o passado e o futuro. Unindo criatividade, tecnologia e comunicação”

9. Janaína Daiane Fornari Forlin da Silva. Ponte Serrada (SC). “Consumo consciente: atitudes que transformam o mundo”

10. Jaqueline Chiconatto. Arapongas (PR). “Resíduos em Movimento: Protagonismo Infantil e Transformação Socioambiental – Uma experiência educativa entre escola, família e comunidade no município de Arapongas”

11. Josiane Rodrigues Alves. Santa Terezinha de Itaipu (PR). “Bússola – aprendendo a se localizar”

12. Luan José dos Santos Ferreira. Matos Costa (SC). “Pequenos Financeiros: aprendendo a lidar com dinheiro”

13. Luciane Scheffer Gomes. Matos Costa (SC). “Amigos do Meio Ambiente”

14. Lucilene Garcia de Oliveira. Novo São Joaquim (MT). “Leitura que Encanta, Escrita que Transforma: Meu Primeiro Livro”

15. Natália da Silva. Rancho Queimado (SC). “Contadores de histórias”

16. Raquel Silvia de Paula. Cerejeiras (RO). “Preservar, produzir e empreender”

17. Robiani Luci da Rosa Ayres. Andradas (MG). “Projeto Locadora de Gibis: Leitura, protagonismo e comunidade em movimento”

18. Roseli Rossi Saquet. Xaxim (SC). “Projeto Interdisciplinar: Ciências com Leitura”

19. Suelen Marques Oliveira Marrafon. Ivaiporã (PR). “Talento Economia Criativa”

20. Vanessa Aparecida Balbino. São Lourenço (MG). “Águas Que Curam, Histórias que Inspiram”

21. Zilda de Oliveira. Campos de Júlio (MT). “Estrelas que valem Ouro”

CATEGORIA 05 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO – COLEÇÃO SER E VIVER CIDADANIA, COLEÇÃO CIDADANIA, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Anderson Antonio Ferreira de Almeida. Santana de Parnaíba (SP). “Vidas Secas que permeiam as narrativas da nossa História”

2. Daiane Aparecida da Silva Barros. Santana de Parnaíba (SP). “Cápsula do Tempo: Raízes do presente, sonhos do amanhã”

3. Laesa Rodrigues Pinto Gliorsi. Santana de Parnaíba (SP). “Trabalho de Campo: Observação e Investigação do Meio Ambiente Natural”

4. Luciana Martines do Nascimento. Santana de Parnaíba (SP). “Sombras, medos e arrepios: contos de assombração e mistério como proposta pedagógica”

5. Magna Leite Carvalho Lima. Varginha (MG). “A escola vai ao cinema”

6. Mislaine do Carmo Cardoso. Varginha (MG). “Empreendedorismo e sociobiodiversidade: criando conexões para o futuro”

7. Tiago La Serra Boneberg. Santana de Parnaíba (SP). “Estudar, Criar, Jogar: O Egito!”

8. Valdirene Rotava Tomazelli Chitolina. Xaxim (SC). “Independência do Brasil: ChatGPT e a escola”

CATEGORIA 06 – AÇÕES COM FAMILIARES – COLEÇÃO FAMÍLIA PRESENTE E/OU COLEÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA E/OU ENCONTRO COM FAMILIARES:

1. Aline Araújo Martins. Campo Novo do Parecis (MT). “Vínculos que Transformam”

2. Cintia Norberto. Campos de Júlio (MT). “Conexão Família e Escola: Fortalecendo Juntos Competências Socioemocionais para Transformar Vidas”

3. Eliane Perez de Oliveira Galvão. Carlópolis (PR). “Laços que Cantam”

4. Fabiana Custódio da Silva. Santana de Parnaíba (SP). “Família e Escola em Diálogo: Reunião de pais como espaço formativo”

5. Fabíola Lourenço Doerner dos Reis. Ivaiporã (PR). “Maleta do Tempo da Infância – Brincar em Família com Afeto e Natureza”

6. Giovana Moreira Januário. Lavras (MG). “Festa da Família e Rua do Brincar”

7. Homero Lourenço Gomes. Itabirito (MG). “Sabores da nossa Infância”

8. Marcela Miranda Cavassini Selegato. Andradas (MG). “Vozes que Cuidam: O Extraordinário de Ser e Fazer na Escola”

9. Maria Angélica Rego. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Histórias que Transformam”

10. Marilene Madalena Ferreira. Novo São Joaquim (MT). “Projeto ‘Família e Escola’: Parceria para o Sucesso”

11. Thais Cunha Oliveira. Campo Novo do Parecis (MT). “Eu e minha Família na Construção da Paz”

CATEGORIA 07 – ESPECIALISTAS: ARTE, EDUCAÇÃO FÍSICA E LÍNGUA INGLESA – COLEÇÕES JOY, CAMINHOS E VIVÊNCIAS, SER E VIVER CIDADANIA OU ENGLISH PARTY:

1. Alessandro Marques Francisco. Varginha (MG). “Explorando a Língua Inglesa: Expressões, Vocabulário e Cultura dos Países de Língua Inglesa”

2. Andrieli Julia Brambila. Macieira (SC). “Different and Pround: Calebrating who we are!”

3. Carolina Rodrigues Moreira Sales. Varginha (MG). “Fazendo um Clipe”

4. Cristiana da Silva Norberto Domanski. Colombo (PR). “Projeto Equidade: ações que acolhem, impactos que transformam”

5. Hariane Penny De Lellis. Colombo (PR). “Projeto de Inglês: Sustentabilidade na Indústria Têxtil e Economia Circular”

6. Josafat Iszczuk. Roncador (PR). “Educação no trânsito começa na escola”

7. Maria Regina da Cruz. Guaraciama (MG). “Let’s talk”

8. Michelle Regina dos Santos Castro. Colombo (PR). “Nature and Sustainability: Taking care of the Earth with worms”

9. Renata Larissa Tozin. Colombo (PR). “Equidade e Sustentabilidade”

CATEGORIA 08 – GESTORES – DIRETORES ESCOLARES, COORDENADORES PEDAGÓGICOS OU SUPERVISORES PEDAGÓGICOS:   

1. Adelita Vulcano Finotti. Santana de Parnaíba (SP). “Arraiá da Inclusão: a Festa da Equidade”

2. Alcione de Almeida Carvalho. São Lourenço (MG). “Projeto de Tempo Integral: a ação com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável”

3. Ariane Cristine do Nascimento Barreiros Mantuano. Santana de Parnaíba (SP). “Aprimorando práticas educacionais para um Ensino de Excelência”

4. Bruno Melato. Santana de Parnaíba (SP). Interclasse no Leda: Formando Cidadãos, Construindo Legados”

5. Dione Pereira Bezerra. Campos de Júlio (MT). “Plataforma INspira – Transformando a Prática Docente com Inovação e Criatividade”

6. Erika Priscila de Lima Duarte. Santana de Parnaíba (SP). “Espaço de Acolhimento e Desenvolvimento: Manejo e Inclusão – Acolhendo Singularidades”

7. Giselle Rocha Cirino de Almeida. Santana de Parnaíba (SP). Fortalencendo Laços: a importância da Parceria Escola e Família no Desenvolvimento Infantil”

8. Gracilda da Silva. Santana de Parnaíba (SP). “Entre Brincadeiras e Histórias: O Mundo do Patinho Feio”

9. Ivany Araújo dos Santos Blau. Santana de Parnaíba (SP). “Caminhos para o pleno: Aprender, Crescer, Superar desafios e Construir Saberes”

10. Joana D’Ark da Silva Soares Mesquita. Aquiraz (CE). “EducAÇÃO Estratégica – Transformando Caminhos com Propósito”

11. Juliana Isabel Abreu Genesi. Lavras (MG). “Recreio com Sentido – Brincar é um Direito!”

12. Muana Biava. Salto Veloso (SC). “Tecendo Entrelinhas na Formação Docente”

13. Raphael Gomes Paes Leme Lôbo. Itabirito (MG). “Horta Suspensa ‘Verde Criança’”

14. Silvana Carnaúba dos Santos. Campos de Júlio (MT). “Projeto: ‘Agita SAEB’ – Aprender com Propósito”

15. Silvana Laurindo da Silva. Novo São Joaquim (MT). “Valorização do Aprendizado Bilíngue como Sabedoria na Língua Materna dos Povos Indígenas na Escola Volta Grande”

16. Tatiana Alvarenga Ribeiro. Lavras (MG). “Projeto Institucional de liderança de pais”

17. Wagner Murilo Maia Schuchardt. Ivaiporã (PR). “Cuidando de Quem Ensina – Inteligência Emocional e Bem-Estar Docente”

CATEGORIA 09 – SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – DIRETORES DE ENSINO, COORDENADORES DE ENSINO, GERENTES DE ENSINO, SUPERVISORES, COORDENADORES DE FORMAÇÃO, ARTICULADORES, ASSESSORES PEDAGÓGICOS OU SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO.

1. Denise Bernucci Gozzo. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “3ª Mostra Literária e Cultural do Ensino Fundamental”

2. Patrícia de Souza Silva. Ivaiporã (PR). “Pequenos e Grandes Brincantes: Incentivando o Brincar Como Ferramenta de União Familiar”

3. Polliana Rodrigues Coelho. Novo São Joaquim (MT). “Pequenos Engenheiros – Construindo com a Matemática”

4. Rosangela Alvarenga Morassutti. Arapongas (PR). “Projetos Brinquedos que contam História: integrando Tradição, Tecnologia e Sustentabilidade”

5. Sabrina Felipe Costa de Mattos. São Sebastião da Amoreira (PR). “Leitura, literaturas e vivências”

6. Secretaria Municipal de Educação. Curitibanos (SC). “Contação de História na Construção da Escrita 2025”

7. Valéria Nunes de Jesus. Astorga (PR). “Música que transforma – som, criatividade e sustentabilidade na Educação Infantil”

De Ícaro ao ornitóptero: uma nova fronteira tecnológica do voo

Em 2025, é raro encontrar quem se surpreenda com aviões ou com o próprio voar usando uma tecnologia motorizada. Afinal, as aeronaves e sua capacidade de conectar lugares distantes a partir do céu fazem parte da vida humana há cerca de 120 anos, desde os voos pioneiros de Santos Dumont, Gustav Weisskopf, Orville e Wilbur Wright, entre outros. Os aviões, enfim, chegaram e somaram todo um universo cultural ao nosso tempo.

Réplica do “Deomiselle”, aeronave de uma série projetada por Alberto Santos-Dumont. Fonte: Wikipedia.

Em tempos mais recentes, os céus também foram invadidos por outras tecnologias aéreas. Por helicópteros já nos anos 1940 e, especialmente, pelos drones nos últimos anos, que, aliás, ganharam enorme popularidade. E já circulam por aqui e por ali protótipos de “carros voadores”, inclusive um brasileiro, desenvolvido pela Embraer!, que sinalizam o início de uma nova era de circulação pelos céus, baseada nas chamadas “asas rotativas”, em que rotores poderosos, hélices e controles precisos vencem a força da gravidade e conduzem os voos.

Há, porém, um outro tipo de tecnologia de voo na mira dos cientistas, baseada no voar de aves e insetos. A do chamado “ornitóptero” – do grego “asa de ave” ou “máquina com asas de ave” –, que busca replicar o bater das asas.

Nesta edição “voadora” de #FuturoPresente, vamos investigar essa nova e surpreendente fronteira do voo. E você vem com a gente!

Asa de coruja: um dos sonhos da engenharia é reproduzir as asas das aves de modo plenamente funcional. Fonte: Getty Images.

A asa e a gota

Antes de explorarmos essas inovações, vale entender como o voo “tradicional” funciona, e por que a natureza ainda pode nos dar lições preciosas sobre outras formas de voar.

A grande “sacada” dos primeiros teóricos do voo, figuras como Isaac Newton, Daniel Bernoulli e George Cayley, foi compreender o princípio de sustentação em asa fixa, que faz com que planadores e aviões permaneçam no ar e não caiam. Esse princípio gera o que, em ciência, chama-se planagem.

O princípio começa no perfil aerodinâmico da asa; é o do aerofólio, que, em grande medida, vale também para as hélices.

Para entender, imagine uma gota de água deitada, com a parte inferior reta e a superior arredondada. Incline essa gota levemente para cima, como se estivesse subindo uma rampa. Pronto: você tem o formato básico de uma asa e de uma hélice! Mas como ele permite o voo?

Perfil de asa: observe o formato de “gota d’água deitada” com a base achatada. Fonte: Wikipedia.

Boa pergunta! Pense, então, que a asa ligeiramente inclinada para cima está em um avião que corta o ar. A divisão desse ar não é igual em ambos os lados: o que passa por cima é “esticado”, acelera e reduz a pressão devido ao caminho mais longo do ar pela superfície superior. Já o que passa por baixo, pelo lado mais reto, mantém a pressão constante. Essa diferença de pressões cria uma força para cima — a sustentação. E a inclinação? Ela direciona ainda mais ar para baixo, reforçando o efeito!

O princípio de sustentação em asas fixas e das hélices é soberbo! Tanto, que permanece em uso pelos aviões, helicópteros e drones, inclusive em projetos recentes. Na natureza, o mesmo princípio é utilizado por animais, insetos e até por sementes que planam.

Nesses seres, porém, normalmente não há uma diferença entre asa e propulsão. Ou melhor: neles, as asas são usadas também como elementos de propulsão quando agitadas, enquanto que, nos aviões, as asas são fixas e os motores é que geram a propulsão. Já nos helicópteros e nos drones, as asas conectadas a um eixo são giradas em alta velocidade, fazendo com que as pás “cortem” e “escalem” o ar.

Onde estão os “aviões que batem asas”?

Mas, afinal, por que não temos aviões que “batem asas”? Ou será que eles já estão por aí? E eles poderiam receber o nome de “avião”?

Antes de responder a essas perguntas, é interessante observar a curiosidade humana e sua busca permanente por opções tecnológicas mais eficientes – hoje em dia, acrescida de elementos ligados à sustentabilidade.

As asas fixas e os motores a pistão, a jato e elétricos são altamente eficientes e parecem ter chegado ao que, em ciência, se chama “estabilidade tecnológica”, um estado de perfeição em que já não há muito para onde avançar. É possível, sim, melhorar os combustíveis, os materiais e até os cálculos estruturais, mas não os princípios de funcionamento.

Isso, por um lado, é algo muito bom porque aumenta a segurança no uso da tecnologia. Por outro, pode despertar a curiosidade e inspirar a disrupção, ou seja, uma ruptura com o conhecido em busca de uma solução totalmente diferente. E é justamente aí que mora o interesse dos cientistas da chamada Biomimética (do grego “imitação da vida”), que estão de olho no voo das aves e insetos. Mas, será que é um interesse tão novo assim?

Na verdade, a busca pelo ornitóptero resgata um dos mitos mais antigos do Ocidente, o de Ícaro, que descreve um “humano voador” dotado de asas de cera de formato semelhante às dos pássaros. Em seus voos, Ícaro planava e também batia as asas, gerando propulsão. Ele acabou caindo, porém, justamente porque suas asas, coladas com cera, derreteram sob o sol e perderam capacidade de sustentação.

Podemos pensar, também, em Leonardo da Vinci e em seus geniais estudos sobre a anatomia das asas das aves e sobre uma máquina voadora de asas móveis, expressos no “Códice Atlântico” e no “Códice Sobre o Voo dos Pássaros” (1505–1506). Em síntese: a busca pelo ornitóptero é algo ao mesmo tempo novo… e eterno! Mas, por que será que a máquina voadora de Da Vinci não voou? Vamos descobrir.

Estudo de Da Vinci para a asa do primeiro “ornitóptero”. Fonte: Wikipedia.

Questão de motor

Pode reparar: quando o assunto é avião, normalmente os motores, sejam eles a jato ou hélice, com pistão, são grandões e demandam grandes quantidades de combustível, que fica armazenado em reservatórios sob as asas. Um Boeing 747, por exemplo, consome entre 4 e 10 litros de combustível por segundo! Esse volume todo aponta para a enorme dificuldade que é vencer a gravidade, manter a aeronave no ar e deslocá-la de um ponto a outro.

Agora, imagine um pássaro. Uma águia ou, para usar um exemplo ainda mais radical, um beija-flor, que produz entre 50 e 80 batidas de asa por segundo. Batendo asas, voando, movido exclusivamente por seu sistema neuromuscular e pela energia obtida dos alimentos. Uma “solução” muito mais leve e, aparentemente, menos custosa em termos energéticos que a dos aviões.

Beija-flor: frequência de 50 a 80 batidas de asa por segundo. Fonte: Getty Images.

Como esses bichos conseguem? Seria possível criar rapidamente tecnologias semelhantes a essa configuração biológica aprimorada ao longo de milhões de anos?

Perguntas como essas animam os engenheiros que buscam “copiar” a natureza. E é justamente aí que reside a falha no projeto de Da Vinci: batendo as asas com os próprios braços, o operador de seu ornitóptero simplesmente não conseguiria gerar a força necessária para voar. E olhe que não entramos no mérito do planar, que talvez também fosse complicado pela flexibilidade extrema das asas do engenho, que se assemelham às de um morcego. Os princípios do projeto, porém, são geniais. O que falta é motor!

Os novos ornitópteros

Os grandes desafios no campo das “aves artificiais” são: 1) – Obter sistemas de energia compactos e leves, que possam ser embarcados e sustentados sem problemas, como acontece com o organismo das aves; 2) – Fazer com que esses sistemas gerem energia suficiente para sustentar batidas de asas lentas e rápidas por muito tempo; 3) – Dispor de controles eficientes de estabilidade em um mecanismo totalmente diferente dos que já conhecemos; 4) – Dispor de materiais que permitam a oscilação das asas em maior frequência sem riscos de fratura por fadiga.

E é por aí que caminham os novos projetos, que já envolvem inteligência artificial associada e investigações sobre fontes de energia e materiais.

O desafio, porém, é gigantesco. E é justamente por isso que, hoje, ainda não encontramos ornitópteros semelhantes aos mostrados em séries como “Duna” – estruturas massivas e impressionantes que parecem o cruzamento entre um helicóptero militar e uma libélula.

Prodígios em pequena escala

Enquanto os desafios são monumentais, os avanços em microescala já impressionam. Há vários protótipos promissores, voltados a estudos de aerodinâmica e, também, a tarefas de vigilância.

É o caso dos ornitópteros não tripulados DelFly modelos “Micro”, “Delfly II”, “Explorer” e “Nimble”, desenvolvidos desde 2005 pelo laboratório de micro-veículos aéreos da Universidade de Tecnologia Delft, dos Países Baixos, um dos maiores centros de pesquisa em tecnologia da Europa.

Delfly Nimble em ação, em vídeo da Universidade de Tecnologia Delft. Fonte: MAVLab TU Delft

O sistema de voo dessas máquinas de asas superflexíveis com e sem cauda se baseia, principalmente, no voo de insetos como as moscas da fruta. Elas são capazes de decolar e pousar verticalmente e, o mais impressionante, realizar mudanças de direção como as executadas normalmente e em milissegundos pelas moscas. Agora, imagine esta habilidade em uma aeronave militar…

Outro projeto de destaque é o SmartBird, ornitóptero desenvolvido pela Festo, gigante alemã da automação. O “bicho”, produzido em fibra de carbono, fibra de vidro e espuma de poliuretano, tem como modelo a gaivota prateada. A envergadura de asas é de quase dois metros por um metro de comprimento – e massa de 450 gramas.

Performance de voo do SmartBird, da Festo. Fonte: Festo.

A grande sacada do projeto, segundo os especialistas na matéria, reside na capacidade de torção direcionada das asas, que se soma aos movimentos padrão de subida e descida. Esse movimento de “remada no espaço”, gerado por um pequeno motor elétrico de 23 W, imita perfeitamente o voo da gaivota e gera uma eficiência aerodinâmica de mais de 80%, muito semelhante à das aves reais!

Por fim, mas não menos importante é o “Raven” – Veículo Robótico Inspirado em Aves para Múltiplos Ambientes –, um pássaro-robô desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Sistemas Inteligentes (LIS) da Escola de Engenharia da Escola Politécnica Federal de Lausana, Suíça. Seu diferencial? Além de voar como os pássaros gastando o mesmo de energia que uma lâmpada de LED, ele também é capaz de pousar em galhos e outras superfícies instáveis – o que representa um passo a mais em termos de biomimética.

Raven, o ornitóptero que, além de voar, também caminha como os pássaros. Fonte: Nature Vídeo.

Conclusão – desafios de peso, tamanho e embarque

Ao longo do século XX, a aeronáutica registrou alguns experimentos com ornitópteros de maior envergadura, como os de Alexander Lippisch, Edward Frost e Percival Spencer. Esses projetos, porém, partiam do desenho dos próprios aviões, ou seja, adotavam a mesma estrutura, com a diferença de mover as asas para cima e para baixo em alguns momentos. Mas, não se mostraram tão eficientes ou economicamente interessantes, algo que pode ser comprovado pelo fato de terem sido descontinuados.

Em nossa época, como vimos, os objetivos são mais ousados. Eles começam a se materializar em pequena escala, em máquinas não tripuladas que caminham mais para o nicho dos drones do que para o dos aviões. Os desafios, então, residem em aprimorar os modelos e aumentar suas dimensões, o que, em tese, permitiria transportar cargas e pessoas em segurança, de forma sustentável em termos econômicos.

E é aí que está o “pulo do gato”. É possível que, com apoio da IA em todas as áreas envolvidas no desenvolvimento de ornitópteros – biomimética, aerodinâmica, materiais, energia e controle -, seja possível, enfim, voar presencialmente (ou seja, com pilotos embarcados) como os pássaros e os insetos. Esse futuro, porém, já começou. É #FuturoPresente!

RO: escolas parceiras Opet são destaque em sistema estadual de avaliação da Educação

Escolas de Corumbiara e Cerejeiras se destacaram no SAERO, sistema de avaliação educacional do Estado

Resultados do SAERO 2024 foram divulgados em seminário promovido pelo governo de Rondônia. Fonte: SEDUC-RO.

Três escolas das redes municipais de ensino de Corumbiara e Cerejeiras, municípios parceiros da Editora Opet em Rondônia, foram destaque no Sistema de Avaliação Educacional de Rondônia – SAERO.

Em Corumbiara, a Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental (EMEIEF) Domingos Pereira Rocha (rural) e a Escola Mundo Mágico (Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano – urbana) apareceram entre as 30 melhores do Estado de Rondônia na faixa avaliativa do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. No caso de Cerejeiras, foi destaque a EMEIEF Professora Maria Helena Barreiros, 2ª colocada no quesito desempenho dos estudantes.

O SAERO

Criado pelo governo do Estado de Rondônia em 2012 para auxiliar no planejamento e desenvolvimento da educação pública, o SAERO é realizado em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).

A edição que reconheceu os municípios parceiros da Editora Opet foi realizada entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024 e abrangeu 123 mil estudantes de todas as escolas públicas estaduais e municipais de Rondônia. A avaliação contemplou os estudantes do 2º, 3º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 2º ano do Ensino Médio. Os resultados da avaliação foram divulgados no último dia 11 em Porto Velho, durante o Seminário de Resultados Saero 2024: Painel de Indicadores e Perspectivas.

Ao todo, 96 escolas públicas foram homenageadas pelos resultados, com premiações financiadas com recursos próprios do Estado.

Trabalho permanente

A secretária municipal de Educação de Corumbiara, Fátima Notaro, destaca o trabalho desenvolvido em conjunto pelas escolas que se destacaram, pela rede municipal de ensino e pelos gestores municipais.

“Nossos resultados são a soma de muitas mãos que trabalham incansavelmente pela melhoria do ensino. Os professores são realmente comprometidos com as nossas crianças”, avalia. Ela destaca a importância dos esforços municipais de reforço estruturado e recomposição da aprendizagem no pós-pandemia, que vêm mostrando resultados importantes.

“Além disso, contamos com os materiais da Editora Opet em todos os seguimentos da Educação, da creche ao 5º ano do Ensino Fundamental”, observa.

“Quando falamos em Opet, falamos de um material riquíssimo em conteúdos, que trabalha na mesma linha de que necessitamos para complementar nossa aprendizagem. É um material de ponta! Também contamos com um pessoal especializado da Editora, dando total apoio, presencial e online, ao município.”

O diretor da EMEIEF Professor Domingos Pereira da Rocha, professor Reinaldo Nascimento da Silva, acredita que o bom resultado de sua instituição esteja relacionado a uma série de fatores, começando pelo engajamento dos professores e da coordenação, e também pelo reforço e recomposição da aprendizagem. Ele acredita que os materiais da Editora Opet utilizados na Educação Infantil podem ter participado do resultado.

“Sabemos que o trabalho nessa etapa, quando bem feito e estruturado, tem reflexos sobre o Ensino Fundamental. Ele é a base de tudo. Se a base é bem-feita, é possível estruturar melhor o trabalho que vem a seguir”, observa.

A diretora Claudinéia Vicente de Lima Martins, da EMEF Mundo Mágico, diz que o resultado do SAERO foi emocionante. “Esse resultado representa o esforço coletivo, o compromisso diário e a dedicação de toda a comunidade escolar”, observa. Ela atribui o sucesso da escola na aprendizagem a um conjunto de elementos como a recomposição da aprendizagem, o reforço escolar estruturado, o atendimento educacional especializado, o acompanhamento psicopedagógico e psicológico, bem como práticas pedagógicas que respeitam o ritmo de cada estudante. “Além disso, o engajamento dos professores é notável. Eles atuam verdadeiramente como agentes de transformação!”, destaca.

A diretora Claudinéia Martins com o prefeito de Corumbiara, Leandro Vieira (à direita na foto), e sua equipe durante a premiação das escolas de destaque no SAERO. Fonte: Divulgação.

Para a diretora, os materiais e formações pedagógicas da Editora Opet também desempenham um papel importante. “Eles têm contribuído significativamente para o fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem na nossa escola. Os recursos oferecidos são alinhados às diretrizes curriculares e favorecem uma prática pedagógica mais intencional, contextualizada e efetiva.”

Fortalecimento

Formação pedagógica de professores da rede municipal de ensino de Corumbiara. Fonte: Editora Opet.

“Os resultados das escolas parceiras da Editora em Rondônia mostram que existe um processo estruturado de fortalecimento da aprendizagem”, avalia Cliciane Élen Augusto, gerente pedagógica da Editora Opet.

“E isso é significativo, especialmente, porque não são resultados pontuais. A partir deles é possível avançar ainda mais, recompondo as aprendizagens que ainda estiverem defasadas e ir além, construindo uma aprendizagem adequada nas próximas etapas da educação.” Nesse processo, Corumbiara, Cerejeiras e todos os municípios parceiros contam com os recursos e o apoio da Editora Opet.

A redescoberta da escrita à mão na era digital

Neurocientistas estão descobrindo efeitos importantes da escrita à mão sobre a cognição. Foto: Getty Images.

Há algumas décadas, pessoas em todo o mundo substituíram as canetas pelos teclados. Primeiro, adotaram as máquinas de escrever, grandonas e geniais. Depois, assumiram os teclados dos computadores e, mais recentemente, chegaram aos celulares, que acabaram abolindo as teclas físicas pelas telas touch screen.

Nesse processo, elas mudaram o método de escrita. O uso do cérebro e dos olhos se manteve; já o uso da mão se transformou totalmente: em vez de envolver o instrumento de escrita e “desenhar” as letras, os dedos passaram a “disparar” suas pontas contra teclas reais e virtuais. Além disso, diante do teclado, a condição de escritor “destro” ou “canhoto” desapareceu, assim como a caligrafia e seu resultado material, o papel escrito à mão.

Em tempos mais recentes, as tecnologias digitais foram colocadas em cheque por educadores de todo o mundo, o que gerou um movimento de proibição dos celulares no ambiente escolar em vários países (inclusive no Brasil).

Esse processo, que mirou elementos como a desatenção, o estresse e a dificuldade nas interações sociais presenciais entre crianças e jovens, trouxe um elemento extra muito bem-vindo: o retorno da escrita à mão com lápis ou caneta, que também passou a ser percebida por outras vantagens. Mas, por que ela é importante? O que dizem as pesquisas mais recentes? Este é o tema desta edição de #FuturoPresente. Confira!

O início da escrita

“Cilindro de Ciro”, exemplo de escrita cuneiforme. Fonte: Wikimedia.

O início da escrita, há cerca de 5.500 anos na Suméria (império situado no sul do atual Iraque), coroou um período de milhares de anos de organização neurológica para a representação gráfica de símbolos. Apenas para se ter uma ideia, as pinturas rupestres mais antigas conhecidas datam do Paleolítico Superior, há cerca de 45 mil anos (como as de El Castillo, na Espanha, e Sulawesi, na Indonésia).

Mamute desenhado na caverna de El Castillo, na Espanha. Fonte: Wikimedia.

Já naquela época, nossos antepassados conectavam cérebro, olhos, mãos e ferramentas de escrita (dedos, pedras de riscar, gravetos, carvões, conchas, cânulas de soprar) para representar o mundo em que viviam e seu próprio mundo interior. Com os sistemas de escrita, porém, começava algo diferente.

Por um lado, estavam dadas as bases do que, no futuro, seria a pintura; por outro, as civilizações ganhavam sistemas de registro de informações altamente eficientes e que podiam ser ensinados. Esses sistemas permitiam o armazenamento e compartilhamento externo de informações. Com isso, o cérebro ganhou condições de se especializar e os processos educativos avançaram para um outro nível. E a humanidade deixou a Pré-História para ingressar na História!

Quando a caneta gerou o teclado

Uma coisa curiosa, aqui, é perceber que, ao longo do tempo, os sistemas de escrita permitiram o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, que, por sua vez, possibilitou o surgimento dos meios digitais. Ou seja: ao fim e ao cabo, a escrita tradicional e sua materialidade – ou seja, o escrever a carvão, pena, lápis ou caneta – acabaram gerando a escrita digital, que, agora, está sendo colocada em cheque em relação às suas vantagens ou desvantagens em termos de conhecimento! Esta ironia histórica nos leva a uma questão fundamental: o que perdemos ao abandonar milênios de relação íntima entre mão e escrita? E o que podemos voltar a ganhar?

As lições de uma antiga relação

Agora, imagine: o uso de “ferramentas de pegar” para desenhar e escrever se desenrolou ao longo de pelo menos 50 mil anos. E foi só há pouquíssimo tempo (cerca de 160 anos, quando surgiram as primeiras máquinas datilográficas), que ele acabou sendo parcialmente substituído pelo uso de “ferramentas de teclar” que unificaram ainda mais os registros escritos e deram muito mais velocidade ao processo.

Essa enorme diferença de tempo – 160 anos equivalem a apenas 0,3% de todo o nosso tempo de relação com as representações gráficas – indica que, por mais que o teclar nos “domine” hoje em dia, a relação mão-caneta-lápis possui uma importância muito grande, que vai além, mesmo, do próprio ato de escrita em si.

Efeitos do novo, lembranças do eterno

A pandemia da Covid-19 e a onda digital que ela gerou em todo o mundo – de alto impacto na educação – levaram neurocientistas e pesquisadores de educação a investigarem os efeitos da substituição da escrita tradicional à mão pela escrita digital teclada. E eles chegaram a algumas conclusões importantes, que vêm sendo complementadas por novos estudos.

Por exemplo: eles observaram que a prática da escrita com lápis e caneta fortalece a precisão na escrita das palavras, a construção da memória e o acesso a recordações; além disso, ela também facilita o reconhecimento e a compreensão de letras.

Motricidade fina e ação cerebral: a escrita cursiva mobiliza dezenas de músculos e vários neurocircuitos. Fonte: Getty Images.

Faz sentido. Basta imaginar alguém teclando uma letra (um “f”, por exemplo) e, depois, grafando esta mesma letra em um papel. Quando comparamos o teclar ao escrever, percebemos que, neste segundo caso, há uma exigência muito maior em relação à motricidade fina; os movimentos são mais complexos e, necessariamente, mais cuidadosos para dar conta de “desenhar” a letra, um processo que envolve ao menos 40 músculos e circuitos neurais bem específicos. A coisa, porém, não para na complexidade da relação neuromecânica.

Uma orquestra cognitiva

Uma pesquisa recente envolvendo eletroencefalografia (EEG) realizada pelos neurocientistas Ruud Van der Weel e Audrey Van der Meer, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Trondheim, Noruega, mostrou que escrever à mão e teclar palavras ativam o cérebro de formas diferentes.

Na escrita à mão, mais áreas do cérebro são ativadas, o que, segundo os pesquisadores, pode favorecer a aprendizagem geral. É como se escrever à mão, enfim, não fosse apenas escrever, mas reger um conjunto mais complexo de habilidades que são treinadas e fortalecidas – uma orquestra cognitiva!

Em países como a China e o Japão, a caligrafia é considerada uma forma de arte. E tem um efeito importante em relação à tranquilização do cérebro. Fonte: Getty Images.

A caneta e as ondas theta

Outra investigação EEG, realizada em 2020 pelos mesmos pesquisadores, mostrou algo especialmente interessante em tempos de “alta ansiedade” como os que vivemos: a escrita à mão também pode estar relacionada ao aparecimento de estados de relaxamento mental. Isso porque, em crianças e adultos, escrever com lápis ou caneta promove uma sincronização na faixa de frequência theta nas regiões parietais e centrais do cérebro. A frequência theta de ondas cerebrais (que variam entre 4 e 7,5 Hz) é a associada a estados mentais de relaxamento profundo, meditação, sonho REM, devaneio e intuição, e também podem ser encontradas durante o sono e no período de adormecimento. Ou seja, escrever à mão estimula não apenas o relaxamento, mas a criatividade!

Usando a técnica de eletroencefalografia, os neurocientistas descobrem as partes do cérebro acionadas nas escritas cursiva e teclada. E elas são diferentes! Fonte: Getty Images.

A educação… de lápis na mão!

A educação, vale reforçar, nunca abandonou a escrita cursiva, e também está se colocando na vanguarda de seu processo de resgate. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a indica como uma habilidade a ser adquirida nos primeiros anos do Ensino Fundamental, dentro do processo de alfabetização.

Outros sistemas educacionais, como os dos Estados Unidos (em vários Estados) e do Canadá, que haviam “trocado os lápis pelos teclados”, voltaram a considerar a escrita à mão relevante. Em muitos países da Europa – como Reino Unido, Espanha, Itália, Portugal e França –, ela nunca deixou os currículos. E, no Extremo Oriente, especialmente na China e no Japão, a caligrafia possui um status de arte que vai além de seu caráter comunicacional essencial.

O trabalho com a escrita cursiva está previsto nas normas que regem a educação brasileira, e esta é uma excelente notícia. Fonte: Getty Images.

Conclusão

Em um tempo de telas e de estresse digital, a redescoberta da escrita à mão e de seus efeitos cognitivos é uma notícia excepcional. Ela também abre espaço para novos conhecimentos sobre esse bem cultural tão antigo e importante, ao mesmo tempo em que nos convida a cultivar um olhar mais amplo sobre o mundo. Um mundo onde mãos, lápis, canetas e folhas de papel escrevem uma bela história!

Exoesqueletos: das armaduras… ao futuro!

Vamos fazer um exercício de imaginação: você está prestes a vestir uma armadura. Pode até pensar naqueles torneios da Idade Média ou, então, em samurais ou soldados romanos marchando com suas couraças e elmos. Acontece que o que você vai vestir não é bem uma armadura… mas um exoesqueleto! Isso mesmo: um “esqueleto de fora para dentro”, se vale a brincadeira, com características e aplicações que já estão revolucionando os campos da indústria, da medicina e até das guerras. E é sobre esse fantástico avanço científico que nós vamos conversar nesta edição de #FuturoPresente. Venha com a gente!

No início, eram as armaduras

Fonte: Getty Images.

No parágrafo anterior, associamos armaduras a exoesqueletos. Mas, fora o “jeitão”, no que elas se assemelham? Boa pergunta! Armaduras e exoesqueletos partem de um mesmo princípio: ambos são wearable tech, tecnologia vestível, e buscam modificar uma ou mais características de quem os porta.

No caso da armadura, a mudança busca proteger o corpo do usuário contra pancadas, golpes de lâmina e perfurações. No caso do exoesqueleto, as possibilidades vão além. Ele pode proteger o corpo, aumentar a força física, recuperar e reabilitar movimentos ou amplificar os sentidos físicos do usuário. Ou seja: há semelhanças importantes, mas os exoesqueletos “navegam por mares mais distantes” – eles são mais sutis e complexos, e podem interagir profundamente com o corpo e o cérebro de seu portador.

Mas, afinal, por que “exoesqueleto”?

A palavra “exoesqueleto” é uma velha conhecida dos biólogos. Ela surge da soma entre o prefixo grego “exo”, que significa “fora” ou “externo”, e a palavra “esqueleto”, também de origem grega, que indica a estrutura óssea de sustentação nos indivíduos de muitas espécies. Neles, o esqueleto está situado “dentro”, e os órgãos e músculos se constroem, via de regra, “ao redor”, especialmente da coluna vertebral. Duas exceções são as costelas e o crânio, que se sobrepõem aos órgãos internos (pulmões e coração, cérebro), protegendo-os.

Fonte: Getty Images.

No caso do exoesqueleto, a estrutura de sustentação está fora e as partes moles estão dentro – e ficam especialmente protegidas. Isso faz com que os espécimes dotados dessa estrutura sejam naturalmente blindados. E quem são esses espécimes?

Se você pensou em formigas, besouros, baratas, aranhas, escorpiões, caranguejos, lagostas e siris, pensou certo! Os exoesqueletos são comuns entre os artrópodes, animais invertebrados que possuem um exoesqueleto rígido, corpo segmentado e apêndices – como pernas e antenas – articulados. Vale observar que esses “bichos” não são exceção. Eles formam o maior filo do reino animal, com mais de um milhão de espécies descritas – cerca de 80% de todos os animais conhecidos!

Fora isso, é importante observar – falando rapidamente – que esqueletos e exoesqueletos têm diferenças marcantes em relação à composição e à biologia: enquanto os ossos são estruturas vivas (com células e vasos sanguíneos), os exoesqueletos são formados por tecidos inertes (construído com substâncias como a queratina); enquanto os ossos crescem junto com o indivíduo até a idade adulta (e seus tecidos se renovam de forma permanente), os exoesqueletos são trocados de forma periódica, literalmente descartados (a chamada ecdise) para acompanhar o crescimento de seu portador.

Uma comparação interessante

Fonte: Getty Images.

Essa diferença entre ossos e carapaças, tecido vivo e tecido inerte, talvez possa ilustrar bem uma diferença essencial entre armaduras e exoesqueletos de alta tecnologia. Enquanto as armaduras são “inertes” – isto é, elas se restringem a proteger o corpo –, os exoesqueletos são “vivos”, ou seja, eles interagem com seu portador para aumentar capacidades e oferecer um suporte vital altamente diferenciado. Para isso, integram várias tecnologias – mecânica, eletrônica, de materiais e biomateriais, médica… – e alcançam resultados fantásticos. Que vamos conhecer daqui a pouco!

Antes de vestir o “exo”…

Fonte: Wikimedia Commons.

Exoesqueletos de alta tecnologia são instrumentos fascinantes. Mas, por que eles nos fascinam? E como, na verdade, ficamos sabendo a respeito deles, uma vez que – ao menos, até o momento – ainda não são produzidos em grande quantidade?

A resposta pode estar na cultura, mais exatamente nos quadrinhos e no cinema, com seus super-heróis, vilões, uniformes extraordinários e, é claro, super-poderes. Como, por exemplo, os garantidos pelas armaduras exoesqueléticas usadas por Tony Stark como “Homem de Ferro” ou pelo “P-5000 Powered Work Loader”, exoesqueleto de carga vestido pela personagem Ellen Ripley em “Aliens: o Resgate”, filme de 1986 (curiosidade: esse exoesqueleto foi inspirado em protótipos criados pela empresa GE nos anos 1960).

Ambas peças cumprem funções totalmente previstas pelos cientistas para a nova tecnologia. E, de quebra, ainda alimentam o sonho ancestral humano de ter poderes que os coloquem no topo da natureza (algo que se relaciona aos mitos e aos deuses). O resultado: sucesso no imaginário – e inspiração para a ciência!

Mas, quando surgiram os exoesqueletos modernos?

As armaduras, como já vimos, são “antepassados” dos exoesqueletos baseados em tecnologia. Olhando para a história desses equipamentos, porém, percebemos que eles estão muito mais próximos do que poderíamos imaginar. Eles podem não ter as mesmas funções, mas nasceram em contextos semelhantes: a guerra e a necessidade de aumentar o desempenho humano.

Fonte: Wikimidia Commons

Isso porque os primeiros exoesqueletos, que surgiram há cerca de setenta anos, foram criados nos Estados Unidos para atender a uma necessidade das forças armadas – exatamente como acontecia por milênios com as armaduras, inventadas para proteger seus portadores, os guerreiros.

Pense, por exemplo, na necessidade que os militares têm de transportar grandes cargas, de munições a peças de reposição, ou de cavar trincheiras rapidamente. Esse era o objetivo do Hardiman, exoesqueleto motorizado de braços e pernas vestíveis desenvolvido pela General Electric (GE) em parceria com o Exército dos EUA (imagem ao lado). O nome Hardiman é o acrônimo de “Human Augmentation Research and Development Investigation” (HARDI) + “MANipulator” (MAN), expressão que pode ser traduzida como “Investigação para pesquisa e desenvolvimento do aumento da capacidade de manipulação humana”.

O criador do projeto, o engenheiro Ralph Mosher, buscou produzir um aparato capaz de multiplicar a força humana. A ideia era a de que, ao vesti-lo, a pessoa pudesse levantar facilmente cargas de 1500 libras (cerca de 680 kg), sem qualquer esforço muscular maior que o associado aos movimentos normais de braços e pernas.

O projeto era visualmente fascinante. Na época, porém, não havia tecnologia capaz de garantir sua estabilidade, por exemplo, por meio de sensores eletrônicos. A máquina era pesadíssima, dava trancos perigosos e apenas uma de suas partes, um braço mecânico colossal, funcionava, e ainda por cima de forma limitada. Resultado: não chegou a ser testada por seres humanos diretamente e acabou arquivada – mas, definitivamente, abriu uma porta para outras tentativas.

O ponto de virada

Os anos 1990 foram marcados pela chegada de tecnologias altamente impactantes. Foi o tempo de popularização dos computadores pessoais, de grandes avanços na microeletrônica, da chegada da internet às casas das pessoas, de novos materiais (como ligas especiais e cerâmicos) e de avanços na área de automação industrial. Um conjunto de soluções que, muito provavelmente, “daria conta” de todos os problemas percebidos no projeto Hardiman. Ele, porém, não voltou à cena.

Fonte: Getty Images.

Para o universo dos exoesqueletos, o período marcou um aporte tecnológico essencial: sensores digitais biométricos, giroscópios, estruturas mais leves e motores elétricos mais compactos e eficientes. Os aparatos “brutamontes”, enfim, saíam de cena para dar lugar a equipamentos elegantes e “cirúrgicos” em termos de desempenho. As possibilidades eram muitas! Foi nessa época que o foco das pesquisas foi dividido em três grandes áreas: militar, médica (de reabilitação) e industrial.

Chegamos, então, ao nosso tempo e aos “exos” que estão saindo dos laboratórios para dar suporte à vida real. Vamos conhecê-los!

Os exoesqueletos da nossa época

Hoje em dia, o “sonho de superpoderes” prometido pelos exoesqueletos está cada vez mais próximo. Esses aparatos ainda não chegaram ao cotidiano da maioria das pessoas, o que pode estar relacionado ao seu alto custo e, também, às suas finalidades muito específicas. Sem contar o fato de que, até o momento (a não ser, nos filmes e na literatura), eles não encontram finalidades estéticas ou recreativas.

Para os fins a que se destinam, porém, os novos “exos” – que contam com aportes tecnológicos recentes, como os da IA – se mostram transformadores. Como no caso da medicina de reabilitação, em que exoesqueletos de empresas como ReWalk e Ekso Bionics estão devolvendo a mobilidade a pessoas afetadas por lesões medulares.

Fonte: Wikimedia Commons.

Nesse campo, aliás, um brasileiro possui grande destaque: é Miguel Nicolelis (foto ao lado), médico e neurocientista brasileiro que lidera um time de pesquisadores na Universidade Duke, nos Estados Unidos. Em 2014, na abertura da Copa do Mundo do Brasil, ele apresentou um exoesqueleto cujos movimentos eram comandados diretamente pelo cérebro do usuário – no caso, Juliano Pinto, um paraplégico do tronco e dos membros inferiores que chutou uma bola.

No campo da indústria, exoesqueletos vêm sendo utilizados especialmente no suporte físico de operários, em plantas como as da Huyndai (Coreia) e Panasonic (Japão). Com os equipamentos – que, externamente, se assemelham em certa medida aos “exos” de reabilitação –, esses funcionários podem levantar cargas mais pesadas e se manter por mais tempo em posições que, normalmente, exigiriam um esforço físico muito maior.

Por fim, mas não menos importantes, são os exoesqueletos de aplicação militar, que, aos poucos, também começam a “dar as caras” nos quartéis. Não pense, porém (pelo menos, ainda), em equipamentos como o do Homem de Ferro, com capacidade de voo e armas integradas. Na verdade, eles se assemelham muito aos exoesqueletos de uso industrial. Sua meta é resolver um dos problemas mais antigos do universo militar: o da capacidade individual, de cada soldado, de transportar peso por longas distâncias sem se cansar. Nessa área, o principal projeto em andamento é o Human Universal Load Carrier (Transportador Humano Universal de Cargas), HULC, desenvolvido pela Lockheed Martin nos Estados Unidos.

E o que vem por aí…

Exoesqueleto: representação artística feita por IA. Geração: Freepik.

É bem possível que, em algumas décadas, este artigo seja lido como uma curiosidade de um tempo antigo. Afinal, com os avanços tecnológicos que estamos vendo, é provável que os exoesqueletos acabem “mergulhando” em suas três áreas de desenvolvimento: teremos mais pessoas reabilitadas (e reabilitações mais sofisticadas), trabalhadores mais confortáveis em suas árduas missões e soldados marchando por mais tempo com mochilas super-pesadas.

É possível, também, que aplicações “exo” estejam disponíveis em trajes do cotidiano, funcionando como interfaces entre o corpo humano e outras máquinas. E, quem sabe, no espaço sideral, garantindo suporte à vida e força em ambientes hostis e de muita ou pouca ação gravitacional.

E isso só será possível graças a avanços em áreas que já apontamos, como a dos materiais, que deverão ser cada vez mais leves e flexíveis – muito mais “vestíveis”, enfim. E das neurociências, que devem garantir avanços acelerados na conexão entre o cérebro e as máquinas. Nesse caso, aliás, o tema chega quase a ser outro: saem os exoesqueletos, entram os biônicos! Essa, porém, é outra história…

Para ir mais longe…

Uma seleção de links interessantes sobre exoesqueletos e suas aplicações:

ReWalk Robotics – Fabricante de exoesqueletos para pessoas com lesões medulares.
🌐 https://rewalk.com/

Ekso Bionics – Desenvolve exoesqueletos para reabilitação e uso industrial.
🌐 https://eksobionics.com/

Miguel Nicolelis (Nicolelis Lab – Duke University) – Laboratório do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.
🌐 https://www.nicolelislab.net/

Portal G1 – “Pesquisadores brasileiros avançam nos estudos sobre uso de exoesqueletos e IA na reabilitação física e neurológica”

🌐 https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/01/19/pesquisadores-brasileiros-avancam-nos-estudos-sobre-uso-de-exoesqueletos-e-ia-na-reabilitacao-fisica-e-neurologica.ghtml

Jornal da USP – Exoesqueleto robótico: desafio é diminuir custo e trazer maior portabilidade ao paciente

🌐 https://jornal.usp.br/atualidades/exoesqueleto-robotico-desafio-e-diminuir-custo-e-trazer-maior-portabilidade-ao-paciente/

BBC Brasil – Pai cientista constrói exoesqueleto para filho com paralisia andar

🌐 https://www.bbc.com/portuguese/geral-58033087

Futuro Presente: o mistério das “invenções independentes”

Nesta edição de #FuturoPresente, vamos conhecer um fenômeno que fascina e desafia os cientistas há muito tempo: a chamada “invenção independente” ou “descoberta múltipla”. Você imagina o que seja isso? Se nunca ouviu falar, comece a ler este texto: você vai se surpreender!

Vamos viajar no tempo e na tecnologia

Para e, por um instante, imagine a situação. Estamos na China, no século XI. Lá, depois de examinar folhas de papel e estudar longamente as técnicas de impressão de gravura, um jovem inventor chamado Bi Sheng desenvolve a impressão com uso de tipos móveis. Uma revolução na comunicação! Corte de cena: agora, avançamos 400 anos e viajamos para o oeste, para a cidade alemã de Mainz. Ali, depois de muito trabalhar com mecanismos de relógio e artes gráficas, outro inventor, chamado Johannes Gutenberg, cria… a impressão com uso de tipos móveis. Outra revolução comunicacional!

Bi Sheng e Johannes Gutenberg, os inventores da impressão com tipos móveis. Fontes: Baidu e Wikipedia.

🚀 Como assim?! Dois inventores da mesma coisa?

Isso mesmo! E o pior: os dois com a mesma titularidade sobre a invenção! O caso de Bi Sheng e Johannes Gutenberg ilustra perfeitamente o tema deste artigo, a invenção independente ou descoberta múltipla (em inglês, “multiple discovery” ou “simultaneous invention”).

Algo que, esclarecemos neste momento inicial, é totalmente diferente de uma única invenção replicada ao longo do tempo (difusão cultural) ou, então, da cópia descarada e da atribuição de autoria, a alguém, de uma invenção que já existia (plágio).

Exemplos de impressões de Bi Sheng e de Gutenberg. Fonte: Wikipedia e Europeana.

🧠 Um negócio fantástico

Como você já deve ter imaginado, as expressões “invenção independente” e “descoberta múltipla” identificam um fenômeno raro, porém altamente impactante: o nascimento de uma mesma tecnologia, feita para solucionar o mesmo problema, em duas culturas distantes entre si no espaço e no tempo. Os inventores, no caso, sequer imaginam a existência de sua “contraparte criadora”, e agem na mais absoluta boa fé. Com seus próprios esforços, usando os próprios métodos, atacam o problema, constroem caminhos e… chegam à mesma solução!

➡️⬅️ Tecnologias que convergem

As tecnologias de Bi Sheng e Gutenberg, evidentemente, tinham suas próprias características: o inventor chinês usava tipos construídos em porcelana, enquanto o alemão apelava a uma liga de metais “moles” (dúcteis, como estanho, chumbo e antimônio) para construí-los; além disto, eles usavam tintas diferentes, e o papel chinês provavelmente era mais sofisticado que o de Gutemberg.

Acontece, porém, que ambos os inventores possuíam o mesmo objetivo, que era o de produzir páginas impressas sem a necessidade de criar as matrizes de impressão página a página, mas apenas compondo ideogramas ou letras – o que tornaria o trabalho muito mais rápido e econômico.

Um objetivo nascido de uma necessidade comum, naquele momento, às culturas de origem – a China da Dinastia Song e a Europa da Reforma Protestante: livros! “À mancheia”, como diria Castro Alves, em maior número e mais baratos, para difundir conhecimentos.

🛞 Vários exemplos

“Ah, mas isso só aconteceu uma vez”, você pode estar pensando. O caso da impressão com tipos móveis é, de fato, emblemático – ela pertence àquela lista de invenções que mudam os rumos da civilização, como a roda, a escrita, as tecnologias nucleares e a internet –, mas nem de longe é único. Ao longo da história são muitos os casos e é bem possível que o fenômeno esteja acontecendo neste exato momento, enquanto você lê este artigo. Em nossa época, evidentemente, a possibilidade é muito menor por conta do alto grau de conexão entre as pessoas. Mas, ainda assim, ela existe.

Quer outro exemplo muito poderoso? A escrita, que ao longo de algumas centenas de anos surgiu de forma independente e se difundiu a partir de diferentes regiões – Mesopotâmia, Egito, China e México.

Mais um exemplo “das antigas”? As pirâmides, que despontaram em vários lugares do mundo, do Egito ao México, passando pela China. E o que dizer da roda, então? Vixi!

Escrita cuneiforme, da Mesopotâmia, e hieroglífica, do Egito. Fonte: Europeana.

⚔️ Uma batalha (não percebida) entre criadores

A distância cronológica e geográfica entre Bi Sheng e Gutemberg fez com que eles não se conhecessem e nem aos respectivos inventos, o que afasta qualquer possibilidade de disputa, a não ser, talvez, entre seus compatriotas mais nacionalistas em nossa época. Há, porém, casos de invenção independente/ descoberta múltipla em que os inventores poderiam ter se conhecido… e até se conheciam!

O caso clássico, nesse contexto, é o dos filósofos Issac Newton (1643-1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), que desenvolveram – cada um, com seus próprios cérebros, penas, tinteiros e cadernos – o cálculo diferencial e integral, que contribuiu de forma extraordinária para a evolução humana em áreas que vão da música à eletrônica, da climatologia ao GPS.

Newton e Leibnitz, criadores do cálculo diferencial e integral – eles se conheciam e viviam na mesma época. Fonte: Wikipedia.

Esse, caso, vale observar, gerou polêmica entre os historiadores da ciência por muito tempo – afinal, será que um não sabia, mesmo, sobre as ideias do outro? Na verdade, o próprio Newton acusou seu colega alemão de plágio (em 1716), mas investigações posteriores, pautadas na leitura cuidadosa dos documentos e da correspondência trocada entre eles, mostraram que ambos desenvolveram o cálculo de forma independente. Newton teve a ideia primeiro, mas a manteve em segredo, tornando-a pública apenas depois de Leibniz publicar seu próprio trabalho a respeito.

🔬🔬 Casos recentes

E para mostrar que casos semelhantes não se limitam a tempos em que a comunicação científica é muito ruim – e em que, por conta disto, os pensadores “dão conta do recado” sozinhos –, é possível citar algumas descobertas mais recentes que entram na categoria de invenção independente/descoberta múltipla.

Vamos ficar em duas delas: 1) – a técnica de Edição Genética CRISPR-Cas9, adotada para o tratamento de doenças e até para a “desextinção” de espécies (que vimos em um artigo anterior), desenvolvida simultaneamente pelos cientistas Jennifer Doudna & Emmanuelle Charpentier (EUA/França) e Feng Zhang (EUA/China); e 2) – as Redes Neurais Artificiais, utilizadas em IA, desenvolvidas simultaneamente por Geoffrey Hinton (Reino Unido/Canadá), Yann LeCun (França/EUA) e Yoshua Bengio (Canadá).

Nesses e em outros casos recentes, é possível pensar em razões para o fenômeno. A primeira delas é uma base compartilhada de conhecimentos e uma demanda bem específica. E a segunda é o desejo de exclusividade em relação ao conhecimento ou tecnologia, que faz com que – sonhando com Nobel e com milhões de dólares do mercado – os cientistas trabalhem “na moita” e tentem chegar primeiro ao objetivo.

🎯 Mas, o que explica o fenômeno?

Essa é uma pergunta fantástica. É possível pensar em vários fatores que contribuem para que, vez por outra, uma mesma invenção genial “pipoque” aqui e/ou acolá.

O primeiro deles é bem conhecido e atende pelo nome de “ser humano”. Ou seja, pessoas dotadas de cérebros e de um sistema cognitivo avançado tendem a “brincar com os mesmos brinquedos” – ou seja, buscar soluções usando o raciocínio comum à espécie.

Um dos motivos para o nascimento de ideias iguais em contextos distintos seria o próprio cérebro humano – um sistema cognitivo que capta a realidade e suas questões a partir de padrões similares. Fonte: Getty Images.

O segundo fator é a necessidade. Problemas universais – como a necessidade da escrita – geram respostas que podem ser diferentes, mas que têm uma mesma finalidade.

Um terceiro fator é o da chamada pressão evolutiva: na medida em que as civilizações foram se desenvolvendo, acabaram sujeitas a novos desafios que, muitas vezes, eram semelhantes (como o de armazenar ou transportar safras, por exemplo).

Um quarto fator é o conhecimento prévio compartilhado por mais de uma civilização, o que pode fazer com que os criativos busquem inovar em espectros de ação semelhantes. Por exemplo: não haveria impressão com tipos móveis se não houvesse papel, tecnologia chinesa compartilhada com os europeus da época de Gutenberg.

Um quinto fator, por estranho que possa parecer, reside no isolamento civilizacional: em alguns casos, uma descoberta nasce de uma necessidade somada à falta de conhecimento sobre a mesma descoberta feita por outra pessoa ou cultura.

Por fim – esta lista, vale observar, não é definitiva – está o que em alemão se chama “Zeitgeist”, o famoso “Espírito do Tempo”. Certas eras da humanidade – como o Renascimento, a Revolução Industrial ou a Dinastia Shang, na China – expandiram certos campos do conhecimento, o que, por sua vez, levou pensadores e cientistas a “ciscarem” em áreas semelhantes, podendo obter resultados semelhantes.

🌍 Conclusão: e por falar em “Zeitgeist”…

Ou melhor, no “espírito do tempo” e na ênfase ao estudo, construção conjunta e compartilhamento de conhecimentos, ela combina muito bem com a escola e com a educação. E, no caso mais específico das invenções independentes, combina até mesmo com algumas metodologias educacionais recentes, como a da pedagogia por projetos.

Explicamos: nesse caso, os estudantes recebem o mesmo problema e são levados a desenvolver caminhos independentes para a sua solução. Neles, explicitam seus conhecimentos e, na comparação com os outros projetos, também, as vantagens e deficiências de sua própria estratégia. Então: que tal propor um desafio assim em sua sala de aula e observar se soluções paralelas emergem? Pense nisso!

#FuturoPresente – Desextinção de espécies: uma conquista… ou um perigo?

Em 1916, Charles Knight pintou o que seria uma manada de mamutes-lanosos. Cientistas querem transformar essa representação em realidade por meio da desextinção. Fonte: Wikipedia.

Você já ouviu falar em “desextinção”? A palavra ainda não chegou ao dicionário, mas já faz parte das conversas e estudos de um grupo de cientistas ligados à área biológica. E, nos próximos anos, ela pode fazer parte da realidade – com consequências que ainda estão sendo avaliadas. Vamos explorar mais o assunto? Siga conosco!

Desextinção

Como o próprio nome indica, a palavra desextinção se refere ao processo artificial de produzir organismos que se assemelham a espécies extintas naturalmente ou pela ação humana, por meio de técnicas como clonagem, edição genética (CRISPR) ou seleção genética.  

De dinossauros a mamutes, de aves como o pássaro dodô a mamíferos como o tigre dente-de-sabre, todas essas espécies, EM TESE, poderiam ser “revividas” e até mesmo reintroduzidas na natureza. E essa possibilidade só passou a ser considerada porque, nas últimas décadas, houve avanços muito importantes nas áreas da genética, da paleontologia e das biotecnologias. Mas, será que é uma boa ideia?

O Velociraptor e o sonho da desextinção

Fonte: Wikipedia.

Em 1993, pessoas em todo o mundo passaram a conhecer um novo tipo de dinossauro, que, de certa forma, substituiu o Tiranossauro Rex (Tyrannosaurus rex) no imaginário dos monstros do passado: o Velociraptor (Velociraptor antirrhopus), fera do período Cretáceo que literalmente “apavorou” as plateias do filme “Jurassic Park”, dirigido por Steven Spielberg (pôster ao lado).

Muito mais do que apresentar um novo dinossauro (e outros mais), porém, o filme fez chegar ao grande público uma ideia que já rondava os cérebros de um grupo de cientistas: ressuscitar espécies extintas usando elementos biológicos e alta tecnologia.

A película, é claro, exagerava bastante as possibilidades e as conquistas científicas (a clonagem de dinossauros ainda é praticamente impossível por motivos que veremos à frente), mas, em certa medida, deixou antever um futuro razoavelmente possível. Com a melhoria das técnicas, novas tecnologias e até com mudanças legais, é válido pensar que, em algumas décadas, teremos, de fato, animais e até mesmo espécies inteiras “renascidas”. Para algumas delas, as possibilidades são maiores; para outras, menores. Vamos saber mais.

Quando tudo começou

Falar sobre as possibilidades de desextinção de espécies só é possível graças à descoberta da chamada estrutura de dupla hélice do DNA, em 1953 pelos cientistas Francis Crick (Inglaterra) e James Watson (Estados Unidos). Eles, aliás, receberam o Prêmio Nobel de 1962, em Medicina e Fisiologia, graças a este estudo – um reconhecimento 100% merecido! Outra cientista essencial nessa descoberta foi a química inglesa Rosalind Elsie Franklin, cujos estudos sobre estruturas moleculares ajudaram muito na compreensão da “molécula da vida”.

Rosalind Franklin, Francis Crick e James Watson: os “pais da matéria” no campo dos estudos genéticos. Fonte: Wikipedia.

Conhecer o DNA ou ácido desoxirribonucleico – molécula que contém as informações genéticas de todos os seres vivos e é responsável por determinar as características individuais de cada espécie – abriu um campo de pesquisas gigantesco, das doenças genéticas e sua cura à criminologia. Hoje, graças à genética, as pessoas podem conhecer suas origens mais remotas e também algumas doenças de que poderão vir a sofrer no futuro. As aplicações desse novo campo da ciência, porém, vão muito mais longe!

O “segredo” da desextinção reside na manipulação genética com técnicas de “editam”, “costuram” ou “somam” genes ao DNA. Fonte: Getty Images.

Trabalhando com o DNA

Depois de conhecer o DNA – e o DNA da nossa própria espécie, que foi inteiramente sequenciado no ano de 2003, pelo Projeto Genoma Humano –, os cientistas passaram a buscar formas de chegar até ele para corrigir eventuais configurações responsáveis pelas doenças genéticas. Entre essas doenças estão a anemia falciforme, a fibrose cística, a fenilcetonúria e a hemofilia tipo A, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

Nesse processo surgiram as duas principais técnicas utilizadas atualmente: a terapia genética e a edição de genes.

Representação artística da edição genômica. Fonte: Programa de Educação Genômica, Departamento de Saúde do Reino Unido.

Em termos simples, a terapia genética envolve a inserção de genes funcionais em um organismo para substituir ou complementar genes defeituosos – isto pode ser feito por meio de vírus modificados, que funcionam como vetores para “entregar” o DNA.

E a edição de genes envolve a modificação direta do DNA existente, que é seccionado e tem sequências específicas corrigidas. O chamado CRISPR-Cas9 é a técnica mais conhecida e precisa.

Embora essas técnicas sejam amplamente utilizadas na medicina, elas também estão sendo estudadas como ferramentas para um objetivo ainda mais ousado: trazer de volta espécies extintas.

Desafio de Costura”

“Operar” genes adicionando peças ao quebra-cabeça ou editando sequências não é uma tarefa fácil, simples ou barata. No caso dos projetos de desextinção, há, ainda, um complicador: o fato de que, com o passar do tempo, as estruturas genéticas – o DNA – também se alteram e decaem.

Em termos figurativos, seria algo como recortar ou remendar uma peça de tecido. Se ela está inteira e forte, é possível costurar sem grandes problemas; se, porém, está fragilizada – rasgada ou apodrecida –, é muito mais difícil! Como incorporar remendos, por exemplo? Como costurar um tecido que está se quase desmanchando?

Agora, imagine um “tecido” – uma sequência de DNA – que tenha 80 milhões de anos (como a de um velociraptor) ou “apenas” seis mil anos (como a de um mamute-lanoso). Ambos um dia estiveram intactos, mas, ao longo do tempo, sofreram um lento e contínuo processo de degradação que envolve fatores ambientais. Será que, com as tecnologias e as metodologias disponíveis atualmente, é possível “costurá-las” para recuperar o “tecido” original – o ser vivo extinto? Essa é a grande questão que intriga os cientistas da desextinção até hoje!

Projetos em andamento

Como vimos, a integridade do DNA – do “tecido da vida” a que nos referimos – é fundamental para o eventual sucesso dos projetos de desextinção. O que implica afirmar que, quanto mais antiga a amostra, ou quanto menos disponível ela estiver, mais difícil será ter sucesso no processo. O que, pensando nos dinossauros ferozes de “Jurassic Park”, talvez seja uma boa notícia…

Observado esse ponto, chegamos aos projetos que estão em andamento. Vamos focar em um deles que é emblemático porque se liga tanto à pré-história quanto ao papel humano na extinção.

Antes, porém…

Vamos responder a uma pergunta-central: algum animal já foi desextinto? Sim. Em 2003, utilizando técnicas semelhantes às usadas para a clonagem da ovelha Dolly, cientistas espanhóis e franceses conseguiram reproduzir um íbex-dos-pirineus ou bucardo (Capra pyrenaica pyrenaica), espécie extinta havia muito pouco tempo. Em virtude de problemas pulmonares, porém, o filhote sobreviveu por apenas algumas horas.

Íbex-dos-pirineus, primeiro animal a ser desextinto. O sucesso do projeto, porém, foi relativo. Fonte: Wikipedia.

A volta do mamute-lanoso

Voltemos ao projeto em andamento: ele é desenvolvido por cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e quer reviver o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), extinto há cerca de 4 mil anos pela ação dos nossos antepassados.

A técnica utilizada, nesse caso, se baseia na edição genética de células do elefante asiático, que é muito semelhante aos ancestrais peludos. Na medida em que existem muitos restos de mamutes-lanosos – descobertos na tundra, inclusive em virtude do aquecimento global –, as chances de se encontrar de DNA preservado são grandes. Esse DNA, ao ser sequenciado, oferecerá um “mapa” para a edição genética do DNA dos elefantes asiáticos.

“Rato-lanoso”, criado em laboratório pela manipulação de genes para torná-lo semelhante, em pelagem, aos mamutes-lanosos. Fonte: Wikipedia/Nature.

A pesquisa está caminhando bem. O maior desafio está na produção de um útero artificial que possa receber os embriões da “nova-velha” espécie.

Mas, por que clonar o mamute-lanoso? Os cientistas apontam dois motivos: 1) – ao ser reintroduzidos na natureza, os animais poderiam ajudar a proteger um bioma, a tundra, muito fragilizado atualmente; e 2) – a pesquisa também ajuda a fornecer dados sobre o elefante asiático, espécie que intriga os cientistas por apresentar uma baixíssima incidência de câncer – ao conhecer os fatores por trás desta resistência, seria possível descobrir caminhos para prevenir e tratar o câncer entre os seres humanos.

Possibilidades e desafios éticos

Não há dúvida de que a desextinção é um tema científico fascinante. Ao mesmo tempo, porém, ele gera dúvidas, apreensões e questões éticas. Isso porque, em certa medida, a possibilidade de fazer espécies voltarem à vida coloca a nossa própria espécie na condição de criadora, de “divindade”, algo que foi explorado magistralmente em obras literárias como “Frankenstein”, de Mary Sheeley, e “A Ilha do Dr. Moreau”, de H. G. Wells. Uma condição de enorme poder – e enorme responsabilidade também!

Cuidando do mundo que existe

Se, por um lado, o sucesso em processos de desextinção pode levar ao repovoamento de biomas onde as espécies foram extintas pela ação humana, mais recentemente – o que é positivo, inclusive pela recomposição das cadeias que formam a “teia da vida” nestes ambientes –, por outro ele pode levar, também, a um desleixo da nossa espécie em relação às espécies existentes. Se elas podem ser recriadas a qualquer momento, por que se preocupar em mantê-las?

O mundo possui milhões de espécies, muitas das quais em risco de extinção pela ação humana. Fonte: Getty Images.

É preciso considerar, também, os custos envolvidos nos processos de desextinção, que se mostram muito altos nos projetos em andamento atualmente. Não seria mais inteligente utilizar esses recursos para preservar e promover espécies em risco de extinção pela ação humana?

E as extinções naturais?

É preciso pensar, ainda, no fato de que a extinção de espécies também é um processo natural, estabelecido ao longo de milhões de anos sem a interferência humana. Em outras palavras: o ser humano é um agente importante de extinção, mas não é o único. Apenas para se ter uma ideia, os cientistas estimam que, das 4 bilhões de espécies que passaram pelo nosso planeta ao longo dos últimos 500 milhões de anos, 99% (3,96 bilhões) foram naturalmente extintas!

Fóssil de um arqueoptérix (Archaeopteryx lithographica), dinossauro voador que viveu há 150 milhões de anos. Fonte: Getty Images.

Na medida em que esse processo também implica modificações nos biomas e nas próprias relações entre espécies, pode ser muito arriscado reintroduzir espécies desaparecidas, em especial as que viviam em outras eras geológicas. O melhor aviso a esse respeito, vindo do campo da arte, é dado pelos dinossauros de “Jurassic Park”, que fogem ao controle de seus criadores e geram um caos total. Bem observado!

Responsabilidade pelas espécies

Por fim, mas não menos importante, é a percepção da nossa responsabilidade. Na medida em que a espécie humana consiga ressuscitar espécies, ela se tornará automaticamente responsável por elas, por sua presença no mundo e por seu bem-estar. Criar espécies por mero desejo de conhecimento, por exemplo, seria um erro extraordinário.

Conclusão: desextinção, sim ou não?

Ao olhar para as ideias e para os projetos que focam no “renascimento” de espécies, podemos pensar em um tema que é muito importante para a educação: o letramento, que é a capacidade de “ler o mundo”, criticamente, a partir de um conhecimento prévio – da alfabetização. O domínio das técnicas de modificação genética, como vimos, é cada vez maior e pode levar a grandes conquistas, das desextinção de espécies à cura de muitas doenças. Isso, aliás, já está acontecendo. Com um grande conhecimento, porém, nasce um grande poder – e uma responsabilidade equivalente! E é aí que entram em cena o letramento, a ética e uma percepção mais profunda da realidade e das consequências do que se está produzindo.

Na sua opinião, as pesquisas focadas na desextinção de espécies são mais benéficas ou mais prejudiciais ao mundo? Pense nisso!

Para ir mais longe – links e notícias interessantes

Programa de Educação Genômica, Departamento de Saúde do Reino Unido – “O que são edição genômica e terapia genética? (em inglês)

Portal G1, Ciência“Cientistas querem trazer espécies extintas de volta ainda nesta década; veja as promessas e entenda críticas”

Portal G1, Ciência – “‘Camundongo-lanoso’: empresa diz ter criado animal peludo com genes dos mamutes que quer ‘ressuscitar'”

CNN Brasil“‘Ciência da ressurreição’ ganha força: será que vamos reviver espécies?”

Veja“Mamute e Dodô: Empresa que pretende reviver animais extintos recebe aporte milionário”

Site oficial da Colossal Laboratories e Biosciences, empresa responsável pelo processo de desextinção do mamute-lanoso (em inglês)

Yale Environment 360, revista da Universidade de Yale (EUA) – “Apesar dos esforços para reviver espécies, a extinção ainda é para sempre” (em inglês)

Revista Nature “Desextinção: tecnologia de laboratório digital dá suporte a um ‘projeto mamute’” (em inglês)