Em menos de um ano, a pandemia da Covid-19 desencadeou uma verdadeira revolução na educação. Forçados a encontrar um modo de substituir as aulas presenciais, professores e gestores de escolas públicas e privadas descobriram um caminho nas ferramentas digitais, em novas formas de comunicação e, também, em plataformas de conteúdo – caso da plataforma educacional Opet INspira, da Editora Opet.
Para ter sucesso, porém, eles precisaram aprender e, principalmente, mudar a própria cultura em relação ao aprendizado. E foi exatamente isso o que aconteceu com a equipe de assessores e supervisores pedagógicos da Editora Opet. Com a diferença de que, como eles são formadores – isto é, participam diretamente da formação pedagógica de milhares de professores em todo o país –, precisaram se antecipar às mudanças. “Foi necessário correr ainda mais rápido. E eles correram!”, brinca a gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Élen Augusto.
Um processo que não foi fácil, mas gerou bons resultados. “Não apenas pudemos atender os nossos parceiros e aprender com eles, com suas dúvidas e conhecimentos, como também conseguimos transformar nossa própria cultura em relação ao aprendizado permanente”, observa. Uma dinâmica que caracteriza o que Cliciane chama de “Professor 5.0”: um profissional capaz de acompanhar os novos processos da educação e, ao mesmo tempo, cultivar valores socioemocionais. E, no caso dos formadores pedagógicos, auxiliar outros professores no mesmo caminho.
Para que essa transformação dentro da Editora fosse possível, porém, foi preciso planejar e agir rápido. “Logo no início da pandemia, em março, paramos, olhamos para o cenário e percebemos onde estávamos. E onde queríamos chegar. A partir daí, junto com os supervisores, lançamos o Projeto de Transformação Digital, que contempla uma série de formações e diálogos que são realizadas desde então”, explica Cliciane. O primeiro passo foi capacitar a equipe para que ela pudesse enxergar como todas as mudanças iriam transformar o futuro. “Não foi fácil, mas eles levantaram voo. E estão voando! Nossa dinâmica é de atualização constante.”
Entre os temas que serão trabalhados nos próximos meses estão “Produção Multimídia: HQs Digitais”, “Educação Midiática” e “Avaliação e aprendizagem significativa: propostas e estratégias”.
As formações acontecem e os conteúdos, devidamente trabalhados e refletidos, chegam aos professores das escolas públicas e privadas de todo o país. “Temos conseguido trazer esses conteúdos e essa forma de olhar a educação de modo significativo.” Cliciane observa que é preciso ‘começar do começo’, ou seja, auxiliar os docentes no estabelecimento do vínculo digital e socioemocional com os estudantes. Em seguida, trabalhar com os conteúdos, os objetos de conhecimento, as habilidades e as competências, algo que vem acontecendo desde o ano passado.
O melhor dos dois mundos – “O ensino híbrido, que é o modelo que está se instalando e que vai ficar, oferece muitas possibilidades”, avalia. “Mas a mistura, a soma, deve ser do melhor dos dois mundos.”
Cliciane dá como exemplo uma aula que tenha como objeto o arquipélago de Galápagos, que no século 19 inspirou Charles Darwin a formular a Teoria da Evolução das Espécies. “É possível, nesse caso, substituir uma aula expositiva simples por uma imersão digital encantadora, que contemple a viagem até lá, os mapas, as espécies e, até, um tour virtual pelas ilhas. Mas, para isso, o professor deve estar preparado, conhecer as ferramentas e os meios de comunicar. E é isso que buscamos nas nossas formações.”
Formadoras – A professora Dani Pires é assessora pedagógica da Editora Opet e vem participando das formações da equipe. Ao longo de 2020, ela também trabalhou muitas vezes com professores de escolas públicas e privadas parceiras em formações online.
Dani observa que, no início do trabalho, no primeiro semestre do ano passado, não acreditava que as formações online pudessem aproximar o assessor pedagógico dos professores. “Fui surpreendida porque percebi que sim, que essa conexão acontece, mas de uma maneira diferente. E a receptividade deles é excelente. Os grupos sempre acolhem o assessor com muita alegria e vontade de aprender.” Ela vê uma grande troca de experiências em todo o processo.
“As palavras que eu mais ouvi dos professores foram as de que eles se reinventaram, que se viram como ‘aprendentes’, que precisaram se reinventar, exercer a empatia e sair da zona de conforto em que viviam”, observa. Todas essas reflexões influenciam o momento presente da educação. “Agora, em 2021, os professores conseguem fazer essa retrospectiva e extrair muitas aprendizagens significativas. E isso só acontece porque eles estavam dispostos, abertos ao novo. Apesar do medo do novo e de se sentirem inseguros, buscaram se qualificar.”
Na avaliação de Dani Pires, o maior desafio docente, em tempos de aulas remotas e híbridas, é trabalhar a parte socioemocional das crianças, uma vez que estes aspectos são mais percebidos no contexto presencial. “Mas, os professores estão encontrando recursos e ferramentas para facilitar essa aproximação, e nós como Editora estamos colaborando para isso.”
Transformação digital – Assessora pedagógica da Editora Opet com um trabalho de muitos anos em educação, Karen Dias participa com entusiasmo do Projeto de Transformação Digital. E leva as discussões, aprendizados e avanços para as formações pedagógicas que realiza.
Em relação à importância de transmitir e vivenciar esses conhecimentos ao docentes, ela cita o professor José Moran: “A integração cada vez maior entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir a escola para o mundo e trazer o mundo para dentro da escola”.
Segundo Karen, as formações são fundamentais na sensibilização dos professores para a necessidade de trazer essa contemporaneidade ao próprio pensar e fazer. “É importante rever conceitos e superar paradigmas que fazem parte de uma cultura escolar muito forte, que norteia o trabalho na escola até hoje.”
Ela observa que, nos encontros pedagógicos, a maioria dos professores concorda com a importância de trabalhar com as novas tecnologias e ferramentas digitais. “Eles sentem a necessidade de ampliar suas competências digitais para ter mais familiaridade e segurança, o que demanda um esforço pessoal e, também, a superação de desafios como o gerenciamento do tempo, a infraestrutura e o acesso à internet”, avalia.
“É importante pensar sobre como os recursos digitais podem contribuir para o ensino remoto ou para o ensino híbrido, em momentos síncronos e assíncronos, possibilitando maior diversificação, interação, engajamento e dinamicidade ao processo de aprendizagem”, analisa.
Karen também destaca que pensar em uma educação contemporânea também requer um pensar em metodologias ativas. “E não apenas em – para citar a pensadora da educação Ana Pennido – ‘digitalizar processos tradicionais de educação, simplesmente substituindo a lousa pela lousa digital, ou o livro pelo livro digital ou mesmo a aula convencional por uma vídeo-aula’”, finaliza.