Livros são um caminho excepcional para se conhecer e ressignificar a Independência do Brasil – confira!
O Brasil celebra nesta quinta-feira, 07 de setembro, os 201 anos de sua independência de Portugal. A passagem, enfim, da condição de colônia à de um império que duraria pouco mais de 67 anos para, então, dar lugar à república e ao país que conhecemos, com suas muitas questões.
A Independência do Brasil é um grande tema de estudo da Educação Básica e do Ensino Superior, em componentes curriculares como o de História. Ela também pode (e bem que deveria!) ser lida a partir de outros componentes curriculares, e também ser trabalhada de forma transversal. As possibilidades são muitas, e abrangem desde a organização de desfiles – com todos os requisitos que eles têm – até de rodas de conversa, debates, apresentações, leituras e interpretações de peças como o “Hino da Independência” ou o quadro “Independência ou Morte” (de 1888), de Pedro Américo.
Um caminho especialmente interessante é o da leitura, que pode ser conectado a este momento específico do ano ou, então, a um programa extensivo de prática e incentivo. Ler é uma grande experiência, que deve ser agradável para atrair e fidelizar os jovens leitores.
E ler um bom livro de História do Brasil, com informações sérias e uma análise crítica bem fundamentada – e, principalmente, bem narrada -, é o que existe de melhor!
A boa notícia é que esses livros existem. E podem funcionar perfeitamente: 1) – para ajudar a formar novos leitores; e 2) – para ajudar os estudantes a compreenderem a História em toda a sua beleza e profundidade, para além de um ultrapassado modelo de “decoreba” de datas e nomes que, ao fim e ao cabo, pouco representam.
Nós selecionamos cinco livros interessantes sobre a Independência do Brasil. Leia, compartilhe e se apaixone pela nossa História!
(*) – Ilustrações: recortes de “Independência ou Morte”, de Pedro Américo. Ilustração em alta resolução AQUI (Google Arts & Culture)
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“Independência do Brasil” (2022), de João Paulo Pimenta. Escrito pelo professor João Paulo Garrido Pimenta, livre-docente do Departamento de História da USP, “Independência do Brasil” é uma obra voltada a diferentes perfis de leitores, dos conhecedores àqueles que querem se aproximar do tema a partir de um texto de boa qualidade. Muito além das fronteiras coloniais – do famoso grito de “Independência ou Morte!” e do quadro de Pedro Américo (de 1888) que o eternizou –, a obra conecta a nossa independência a outros movimentos da história no período que se seguiu ao fim das guerras napoleônicas, como a Revolução do Porto, em Portugal, e a Revolução Pernambucana de 1817. E vai além, ao examinar o jovem país em seu processo de autoconstrução.
Editora: Contexto, 160 páginas.
“1822 – Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado” (2010), de Laurentino Gomes. O jornalista Laurentino Gomes (1956) foi um dos iniciadores da “redescoberta” recente da História Brasileira. Vencedor do Prêmio Jabuti em 2008 com “1808” (em que narrava a transferência da família imperial ao Brasil por conta da invasão napoleônica de Portugal), Laurentino voltou aos livros-reportagens históricos em 2010 com “1822”, focado na Independência do Brasil. Leitura bem documentada e, principalmente, saborosa, que nos permite entender os desafios de se construir e manter a soberania em um país tão grande e diverso como o Brasil.
- Editora: Globo Livros, 376 páginas.
“A viajante inglesa, o senhor dos mares e o Imperador na Independência do Brasil” (2022), de Mary Del Priori. A boa História é construída a partir de diferentes perspectivas. Da dos “heróis”, das pessoas comuns e dos personagens que estiveram perto dos núcleos de poder. Essa é a linha de “A viajante inglesa…”, escrita por Mary Del Priori, escritora e pós-doutora pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. A personagem central, aqui, é Maria Graham (1785-1842) – pintora, desenhista, escritora e historiadora inglesa que viajou pelo Brasil entre os anos de 1821 e 1825, tendo sido indicada como preceptora de uma das princesas imperiais, D. Maria da Glória. Uma intelectual de olhar apurado para o cotidiano, a sociedade e a política – e uma crítica ferrenha de uma das grandes mazelas brasileiras, a escravidão.
Editora: Vestígio, 224 páginas.
“A Outra Independência – Pernambuco 1817-1824” (2004), do escritor, historiador e diplomata Evaldo Cabral de Mello – irmão do poeta João Cabral de Mello Neto. A obra, escrita por um grande especialista em História do Brasil, examina o processo da Independência a partir de uma perspectiva diferenciada – a do movimento revolucionário pernambucano de 1817, que trouxe grande preocupação à casa real portuguesa. Na época, Pernambuco era a capitania mais rica da colônia, e a insurreição, movida por fatores como a presença maciça de portugueses nos cargos administrativos, a cobrança de impostos vistos como injustos pela população e até uma grande seca que abalou a economia da região, acabou provocando uma violenta repressão por parte da coroa portuguesa.
Editora: Todavia, 288 p.
“O sequestro da Independência: Uma história da construção do mito do Sete de Setembro” (2022), de Lilia Schwarcz, Carlos Lima Junior e Lúcia Klück Stumpf. E se a Independência do Brasil que conhecemos – dos filmes e do quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo – não for, em termos históricos, exatamente assim? E se, no processo da nossa independência, houve outros sujeitos e outros processos que acabaram apagados ou “esquecidos”? Qual o papel das representações artísticas nessa construção? Quem, afinal, escreveu essa história e o que ficou de fora? Essas são algumas das questões que encontram resposta em “O Sequestro da Independência…”, dos pesquisadores Lilia Schwarcz, Carlos Lima Junior e Lúcia Klück Stumpf. Uma obra instigante, que lança um olhar inteligente sobre o tema da independência do Brasil.
Editora: Companhia das Letras, 577 páginas.