Você já ouviu falar a respeito da Teoria de Resposta ao Item, ou TRI? Se nunca ouviu falar, fique atento porque ela tem tudo a ver com o Enem… e, especialmente, com a nota da sua prova!
O que é?
A Teoria de Resposta ao Item é um modelo matemático – e uma metodologia de correção de provas – desenvolvido para tornar o processo de correção de provas mais justo e preciso. Ele é usado em exames importantes em vários lugares do mundo e foi adotado pelos organizadores do Enem a partir de 2009 em substituição à Teoria Clássica dos Testes (TCT), em que o que valia, para efeito de nota, era a soma total dos acertos, independentemente dos “chutes” bem-sucedidos.
A premissa da TRI é interessante: a partir de uma análise do desempenho do candidato no conjunto da prova, é possível verificar se ele demonstrou seus conhecimentos de forma coerente e consistente – o que é decisivo para a nota final.
E essa “firmeza de conhecimentos” é construída com a colocação, nas avaliações, de questões fáceis, médias e difíceis sobre um determinado assunto, que permitem detectar com precisão o verdadeiro grau de conhecimento do candidato sobre um tema. Vamos saber mais a esse respeito.
Como funciona o TRI?
Como observamos, a TRI é um modelo matemático. E é bem sofisticado, na verdade, uma vez que permite avaliar o grau de proficiência do candidato em um ou mais temas. E tudo se baseia na ideia de coerência, que é a chave para se entender a avaliação.
A nota ou pontuação final é atribuída a partir do conjunto de três elementos:
. A capacidade de discriminação da proficiência dos candidatos em um ou mais temas;
. O grau de dificuldade das questões (fácil, médio ou difícil);
. O controle sobre os “chutes” (tecnicamente chamados de “acertos casuais”).
Parte-se do princípio lógico segundo o qual o candidato que consegue acertar as questões mais difíceis sobre um determinado tema ou componente naturalmente saberá responder também as questões médias ou fáceis, enquanto que o mesmo não acontece com aquele que não tem um domínio profundo do assunto.
Se o estudante, por exemplo, acertar apenas as questões mais difíceis sobre um tema e errar as mais fáceis, isso indica uma alta probabilidade de o sucesso ser decorrente de “chutes” ou acertos casuais.
Se, por outro lado, ele acertar apenas as questões fáceis e/ou medianas, mostrará um conhecimento menos profundo, porém mais coerente em relação ao seu domínio do assunto.
E essa coerência, essa solidez em relação aos conhecimentos, tem um peso importante na nota! Em síntese:
• Chute = pontuação mais baixa para o acerto;
• Resposta certa consciente = pontuação padrão para o acerto.
Isso significa que, se eu não souber a resposta, não devo “chutar”? Não! Significa apenas que, se você “chutar” e acertar, receberá uma pontuação menor na questão – e, isso, porque não tem o mesmo domínio sobre o assunto que aquele candidato que respondeu a questão de forma correta e com conhecimento. O que é justo!
E é por isso que, no Enem, há candidatos que têm o mesmo número de acertos, mas notas diferentes – o que acontece porque as notas não nascem da soma das respostas individualmente contempladas, mas sim do padrão de respostas detectado em toda a prova.
Vale lembrar que, se você deixar a questão em branco, não receberá pontos por ela – assim, entre o “zero” e um possível acerto, mesmo com a nota menor… chute!
Mas, por onde começar?
Na hora da prova, comece respondendo as questões que considerar mais fáceis, sem “se enroscar” nas mais difíceis. Trabalhe em camadas, das questões mais fáceis às mais difíceis. Com isso, você não apenas ajusta seu tempo de prova, como também pode mostrar coerência em relação à execução da avaliação e, especialmente, aos seus conhecimentos – o que, como vimos, conta pontos na nota final!
Quer saber mais?
Se você é professor, gestor, familiar ou candidato ao Enem e quer saber mais sobre a Teoria da Resposta ao Item (TRI) – incluindo, avançando em relação aos elementos de estatística associados ao modelo –, indicamos duas publicações:
• “Teoria da Resposta ao Item – Conceitos e Aplicações”, de Dalton Francisco de Andrade, Heliton Ribeiro Tavares e Raquel da Cunha Valle, SINAPE, 2000, disponível em https://docs.ufpr.br/~aanjos/CE095/LivroTRI_DALTON.pdf
• “Tri – teoria de resposta ao item: teoria, procedimentos e aplicações”, de Luiz Pasquali, Appris, 2018.