Avaliação estratégica, ação docente: mobilizados pela recomposição da aprendizagem

O grande objetivo da recomposição da aprendizagem é garantir a aprendizagem plena, com a aquisição das habilidades previstas para cada etapa da educação.

Recomposição da aprendizagem. Essa expressão ganhou força após a pandemia de Covid-19, período em que a educação enfrentou um momento de grandes dificuldades, com resultados percebidos até hoje em sala de aula.

Como o próprio nome indica, o objetivo da recomposição é reparar, recuperar, reconstruir e acelerar a aprendizagem. O foco é o desenvolvimento das habilidades previstas e não totalmente alcançadas durante o período de pandemia, fazendo com que a aprendizagem:

1.  Corresponda ao período letivo dos estudantes.

2. Tenha qualidade.

3. Seja resiliente e sustentável.

A recomposição de aprendizagem visa diminuir o déficit educacional do estudante, não apenas o relacionado a conteúdos, mas, principalmente, em relação ao desenvolvimento de habilidades. Ela vem com uma proposta da melhoria, inclusive, da distorção ano/série, fenômeno que foi um dos destaques negativos do último Censo Escolar.

Uma equação de sucesso

A Recomposição se conecta diretamente ao Plano de Intervenção. Ele dá materialidade à recomposição por meio de ações e práticas estabelecidas em um Planejamento. E esse Planejamento é construído a partir de indicadores de qualidade da educação obtidos a partir da Avaliação Diagnóstica.

A recomposição da aprendizagem é resultado de um processo que envolve o plano de intervenção, o planejamento e a avaliação diagnóstica.

Mobilizados pela recomposição da aprendizagem

A coordenadora Silneia Chiquetto com professores e gestores de Pinhalzinho (SC) no processo formativo do Programa inDICA.

Por seu caráter estratégico, o tema está mobilizando professores e gestores em várias partes do país. Como, por exemplo, na rede municipal de ensino de Pinhalzinho – município parceiro da Editora Opet no Oeste de Santa Catarina, com os recursos Sefe -, que destacou professores especificamente para a recomposição da aprendizagem.

Desde março, quatro docentes atuam em escolas municipais com os estudantes do Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais. A recomposição acontece duas vezes por semana no horário do contraturno com os estudantes que não alcançaram as habilidades necessárias ao ano em que se encontram ou, mesmo, a habilidades de anos anteriores. E ela se articula com os planejamentos dos professores das aulas regulares, que também estão direcionados à recomposição e ao fortalecimento da aprendizagem.

“Com essa mobilização, queremos que todos os alunos alcancem a suficiência para que possamos ter equidade, superando disparidades de aprendizagem em uma mesma turma”, explica o professor Ederson Lauschner, diretor de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de Pinhalzinho.

Nesse processo, observa, o que se pretende é reduzir as disparidades entre os estudantes de melhor rendimento e os que apresentam as maiores dificuldades, fortalecendo todo o grupo.

Recomposição e Avaliação Diagnóstica

O trabalho de recomposição da aprendizagem em Pinhalzinho tem uma das suas bases na avaliação diagnóstica. Mais exatamente, o trabalho levado a cabo pelo município em parceria com o Programa inDICA de Gestão da Educação, da Editora Opet.

“Adotamos as avaliações do inDICA com os estudantes do 3º e 5º ano, dos Anos Iniciais, e com os estudantes do 7º e 9º ano, dos Anos Finais do Ensino Fundamental”, explica Ederson.

O Programa inDICA oferece instrumentos avaliativos – provas escritas – nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

“A avaliação diagnóstica colabora produzindo informações precisas sobre o nível de aprendizagem que vão auxiliar os professores em métodos de recomposição mais assertivos, em planejamentos mais efetivos e na construção de um plano de intervenção para cada nível de aprendizagem”, observa Ederson.

Os conteúdos em que há defasagem são trabalhados de forma articulada nas aulas regulares e nos períodos de recomposição. “Os professores podem focar e trabalhar. E é isso o mais interessante do inDICA: ele mostra onde devemos atuar para sanar a dificuldade do estudante.”

Intencionalidade

A secretária municipal de Educação de Pinhalzinho, Karen Cristina Bittarello Ecco, destaca a importância da recomposição da aprendizagem, do plano de intervenção e das avaliações diagnósticas a partir de uma palavra: intencionalidade.

“O maior objetivo é, de fato, buscar uma intencionalidade pedagógica para que o professor consiga enxergar as maiores carências e recompor a aprendizagem. Não se trata apenas de recuperar, mas de recompor, dando a todos os estudantes a oportunidade de desenvolver as habilidades prevista para o ano escolar”, observa.

Ela ressalta, nesse processo, a importância do Programa inDICA. “É uma solução incrível. Depois que adotamos as avaliações, tivemos um salto qualitativo, com resultados positivos na proficiência quando comparados os anos de 2023 e 2024”, avalia. “Com a formação pedagógica, a aplicação das provas e a devolutiva do Programa, conseguimos evoluir em todos os anos avaliados. O que mostra que o programa é efetivo. E os professores, com certeza, estão dando o seu melhor.”

Avaliação como balizador da recomposição

A transformação dos resultados da avaliação diagnóstica em balizadores das ações de recomposição está prevista nas ações do Programa inDICA.

“É isso que torna o inDICA relevante. Os dados alimentam planos de intervenção – e de recomposição da aprendizagem – que geram boas práticas pedagógicas, pautadas nas habilidades que ainda precisam ser desenvolvidas com os estudantes”, reforça Silneia Chiquetto, coordenadora do inDICA.

Pinhalzinho aplica as avaliações aos estudantes do 3º, 5º, 7º e 9º ano – momentos cruciais do Ensino Fundamental em relação à aprendizagem. “As avaliações fornecem informações para um leque de reflexões e ações em termos de recomposição. Além das informações de cada item, de cada habilidade estruturante avaliada, os professores e gestores recebem dados sobre as habilidades prévias e as relacionadas. Ou seja, subsídios para uma ação mais ampla e efetiva”, observa Silneia.

#parceirosOpet: Fortaleza celebra avanços históricos na alfabetização

Alfabetização na idade certa! Capital cearense, que utiliza os materiais didáticos e recursos educacionais digitais Sefe, comemorou duas conquistas importantes na área educacional.

Fortaleza se consolida como uma das cidades brasileiras com maiores avanços na alfabetização. O foco é a alfabetização na idade certa. (Crédito: Kiko Silva/SMCS Fortaleza).

A rede municipal de ensino ficou em primeiro lugar entre as capitais brasileiras em alfabetização na idade certa, segundo o indicador nacional do MEC divulgado no último dia 28. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o índice foi calculado a partir dos dados apurados pelas avaliações aplicadas pelos estados em 2023, tendo contado com a participação de 85% dos alunos das redes públicas brasileiras. Em Fortaleza, a participação foi de 93,9% dos estudantes, uma das maiores adesões do País.

Também na alfabetização, a capital cearense cresceu 32 pontos em relação à medição anterior (de 2022) no Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará – o Spaece Alfa. Os dados foram divulgados no dia 27. Foi o maior avanço dentro da série histórica da avaliação iniciada em 2012. Além disso, no ano passado 93,9% dos alunos matriculados no 2º ano da rede municipal de Fortaleza foram alfabetizados na idade certa – em 2022, a porcentagem era de 75,2%. Vale lembrar que, com o Spaece Alfa e outras ações, o Ceará se tornou um dos Estados brasileiros com maiores avanços educacionais na última década.

Envolvimento

Atualmente, a parceria da Editora Opet com Fortaleza abrange os materiais didáticos, formações pedagógicas e recursos da pré-escola e do 2º ano do Ensino Fundamental – momentos críticos no processo de alfabetização. “Esses resultados nos alegram e honram muito”, diz o supervisor regional da Editora para o Ceará, Glaylson Rodrigues.

Formação com as professoras do Distrito de Educação 3 de Fortaleza.

Glaylson destaca o grau de envolvimento da Editora no trabalho em Fortaleza. “Nosso trabalho está alinhado aos documentos legais da educação, ao programa de alfabetização do Ceará e à política educacional do Estado”, observa. “Além disso, também fazemos um trabalho especial de acompanhamento em escolas prioritárias, assessorando, dando suporte ao planejamento dos professores e acompanhando os resultados de cada unidade mês a mês.”

Indicadores fundamentais

O secretário municipal da Educação de Fortaleza, Jefferson Maia, explica que os indicadores são fundamentais para os parâmetros no desenvolvimento de políticas educacionais de fortalecimento da aprendizagem. “Os números indicam um crescimento dessa etapa fundamental da educação de uma criança, que é a alfabetização, mas, para além disso, nós celebramos o sucesso de todo um processo, toda uma política educacional de fortalecimento da aprendizagem”, avalia.

“Esta política é estruturada, primeiramente, para que as crianças aprendam e se alfabetizem na idade certa e, em seguida, possam desenvolver sua aprendizagem de forma significativa ao longo de toda a sua vida escolar”.

Formação com as professoras do Distrito de Educação 2 de Fortaleza, com foco na avaliação da aprendizagem.

De acordo com o Spaece 2023, 57.250 alunos do 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental de 312 escolas da rede municipal de Fortaleza participaram da avaliação externa da Seduc, que identifica e analisa o nível de desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática. No caso das crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, na vertente Spaece Alfa, a avaliação tem como base o nível de leitura e escrita.

Orientações para o trabalho Família x Escola.

Uma abordagem intergada

Na avaliação da gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Élen Augusto, os resultados alcançados por Fortaleza na alfabetização são um exemplo notável de como uma abordagem integrada – que combina materiais didáticos de qualidade, formações pedagógicas eficazes e acompanhamento contínuo -, pode transformar a educação.

“A parceria com a Editora Opet foi crucial para esse avanço, que é refletido no primeiro lugar entre as capitais brasileiras e no significativo crescimento no Spaece Alfa”, observa. “Esses indicadores não apenas celebram a alfabetização na idade certa, mas também ressaltam o sucesso de uma política educacional bem estruturada, que deve ser mantida e aprimorada para garantir a sustentabilidade dos resultados e a continuidade do progresso educacional na capital cearense.”

(*) – Com informações da SMCS/Fortaleza.

Segundo semestre à vista! Planejamento, alinhamento e propostas inovadoras

Pensar, construir, inovar, compartilhar, motivar somar, alinhar, oferecer… quando o tema é planejamento pedagógico, esses verbos estão muito presentes. Afinal, educar envolve tudo isso e mais! E eles assumem outra dimensão quando o planejamento diz respeito à formação de professores, mais exatamente dos professores parceiros Sefe e Ígnea.

Nesta semana, na terça-feira (28), o time do Pedagógico da Editora Opet – assessores, supervisão, coordenação e gerência pedagógica – esteve reunido para a primeira apresentação dos esboços dos planejamentos das formações pedagógicas do segundo semestre. É o primeiro resultado material de um trabalho iniciado há mais de um mês, e que envolve muito estudo. Foi um momento de exposição breve e objetiva das ideias de cada assessor pedagógico – responsável pela construção de um planejamento –, recepção crítica e construtiva destas ideias, alinhamento e troca de experiências.

Estratégico

“Essa apresentação é muito importante para que possamos chegar nas formações docentes do segundo semestre com um plano de trabalho alinhado e consistente. Um plano que atenda às demandas das escolas e enriqueça as possibilidades de trabalho com as coleções e ferramentas educacionais digitais”, observa Cliciane Élen Augusto, gerente pedagógica da Editora. Nas apresentações, os assessores pedagógicos mostram os temas dos planejamentos, suas ideias, os objetivos principais e os caminhos para alcançá-los.

O sucesso de um planejamento está na resposta do professor que participa da formação. Seja ela uma reflexão significativa, uma contribuição para a sua prática docente ou um questionamento no sentido de avançar no processo de ensino e aprendizagem, por exemplo. É isso que buscamos – e que começa em encontros como esse, na formação dos assessores pedagógicos”, destaca Cliciane.

Temas na vanguarda

Para Marina Cabral Rhinow, supervisora pedagógica da Educação Infantil e das Especialidades (Arte, Educação Física e Gestores), os temas trazidos pelos assessores pedagógicos nas apresentações – como o dos usos da Inteligência Artificial na educação, o reconhecimento da importância das interações, do brincar e da ludicidade e a utilização de diferentes metodologias ativas no cotidiano da escola, – mostram o compromisso da equipe em desenvolver uma educação que respeite os olhares dos estudantes de hoje.

“Nossas crianças, nossos estudantes, são personagens do século XXI, e nós devemos levar esses temas, essas questões e essas possibilidades para os professores. A ideia é motivá-los e inspirá-los”, observa.

Marina explica que, a partir das apresentações e do alinhamento, a equipe passará a produzir os recursos que serão utilizados nas formações pedagógicas.

A melhor preparação

Christiane Ribeiro Tavares (foto) é assessora pedagógica para o 2º ano do Ensino Fundamental. No planejamento que apresentou, ela trabalha com quatro momentos, começando pelos documentos oficiais da Educação para essa etapa de ensino – o Compromisso Nacional com a Criança Alfabetizada, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Nº 4, Educação de Qualidade – e sua relação com os materiais. No segundo, foca a importância das brincadeiras, do cuidado, do uso de materiais diversos e de olhares diferenciados para as crianças. No terceiro, a alfabetização matemática. E, no quarto, o brincar e sua proximidade em relação ao ensino-aprendizagem.

“Esse momento de apresentação faz toda a diferença para o nosso trabalho. As pessoas da equipe nos recebem com um olhar cuidadoso e com afetividade. E elas ajudam indicando os pontos em que podemos melhorar. Conhecer os demais planejamentos também ajuda – eu diria que é a melhor preparação para as formações do segundo semestre”, finaliza.

O time do Pedagógico da Editora Opet. Finalizando os detalhes dos planejamentos para as formações do segundo semestre.

Extra, Extra! Abertas as inscrições para o 14º Prêmio Ação Destaque!

A Editora Opet abriu o período de inscrições para o 14º Prêmio Ação Destaque, um dos mais importantes do país no segmento de sistemas de ensino. O  Ação Destaque é realizado dentro do Seminário de Gestores Municipais, que em 2024 está chegando à sua décima segunda edição. Neste ano, com explica a gerente pedagógica e organizadora do prêmio, Cliciane Élen Augusto, o tema articulador do Seminário é “Transformar, inovar e inspirar: o desafio de educar na rede pública” – e ele se conecta diretamente ao Prêmio Ação Destaque.

“A cada edição do Seminário e do Ação Destaque, dialogamos e estabelecemos um tema articulador que se conecta às questões, demandas e vivências dos nossos professores e gestores conveniados na educação pública. Neste ano, o foco é o desafio de cada profissional, de cada rede, e os caminhos encontrados para oferecer uma educação de qualidade”, observa. Os projetos inspiradores que participam do Ação Destaque são desenvolvidos a partir dos materiais didáticos Sefe, da Editora Opet.

Novidades

Neste ano, o prêmio traz algumas novidades que foram anunciadas no ano passado. A primeira delas é a criação de uma nona categoria – além das já existentes e consagradas – que tem como objeto os projetos desenvolvidos no âmbito das secretarias municipais de Educação.

Outra mudança, feita a partir da escuta dos educadores e dos gestores, é o desenvolvimento de uma trilha pedagógica – um passo a passo – para o desenvolvimento dos projetos. “Com essa trilha, que abrange desde a concepção até a percepção dos resultados finais do projeto, colaboramos para reforçar a qualidade desses trabalhos. Ela foca aspectos como a intencionalidade, o nascimento do projeto, seus desenvolvimento e impactos educacional e social”, observa Cliciane. A respeito dessa trilha pedagógica, nesta semana a Editora promoveu uma live, que pode ser conferida aqui.

Uma terceira mudança diz respeito ao número de projetos por município: neste ano, cada rede municipal parceira poderá inscrever até 20 projetos de seus professores e gestores. Outra regra, divulgada já no ano passado durante o Seminário de 2023, diz respeito à participação: finalistas de uma edição do Ação Destaque não podem participar a edição seguinte; eles podem, porém, participar normalmente da edição subsequente a esse ano (por exemplo: um finalista de 2023 poderá participar em 2025, um finalista de 2024 poderá participar em 2026).

“Com essas mudanças, estamos estimulando o desenvolvimento de projetos por outros profissionais das redes de ensino, que também merecem ser conhecidos. Nossos parceiros nas redes municipais têm muito a mostrar, muito com que inspirar outros educadores. Essa é a proposta do Prêmio Ação Destaque”, finaliza Cliciane.

Acesse o site, conheça o regulamento e faça a sua inscrição!

CLIQUE NA TELA:

Encantar para a História: 21 de abril, Dia de Tiradentes

“Tiradentes ante o Carrasco”, de Rafael Falco (1951). Centro Cultural da Câmara dos Deputados.

“Brasil, final do século XVIII. A maior colônia portuguesa era, também, uma das grandes produtoras mundiais de ouro, extraído principalmente nas terras da capitania de Minas Gerais. Um ambiente de imensa riqueza e de enormes tensões sociais, que ganharam força com as revoluções nos Estados Unidos e na França. O cenário perfeito para uma rebelião de consequências imprevisíveis…”.

Essa bem que poderia ser a narrativa de abertura de daqueles seriados históricos do streaming repletos de aventuras, heróis, vilões, tesouros, romances, traições e muitas reviravoltas. Poderia ser, mas é mais, muito mais: é História! A nossa história, que celebramos hoje, no Dia de Tiradentes – o “Mártir da Inconfidência”.

O primeiro Dia de Tiradentes

Tiradentes Alferes”, de
José Wasth Rodrigues (1940)
.

A data foi instituída como feriado no início da República, ainda no governo Deodoro da Fonseca (no Decreto 151-B), para marcar aquele que seria o primeiro movimento de independência da colônia em relação a Portugal – a Inconfidência ou Conjura Mineira. Um movimento que não tinha a pretensão de tornar independente todo o território nacional, mas que, isto sim, apontava para o futuro país e da própria América Latina.

E o 21 de abril passou a fazer parte do calendário cívico nacional – com paradas, fanfarras e estátuas. E Tiradentes, o único inconfidente executado pela Coroa Portuguesa, enforcado e esquartejado, entrou para o imaginário nacional – em filmes, pinturas, músicas e até em moedas e cédulas – como um personagem cabeludo e barbudo, semelhante às representações de Jesus Cristo.

Tiradentes… muito além de Tiradentes

Ouro Preto: monumento erigido na praça central da cidade, onde a cabeça de Tiradentes foi exposta como alerta à sociedade mineira.

A figura de Joaquim José da Silva Xavier – militar, tropeiro, mineiro e um cirurgião dentista competente para os padrões da época – pode ir muito além das representações que dele são feitas há mais de um século no Brasil. Na verdade, sua trágica história – ele foi o único a ser executado de um grupo de várias pessoas, muitas das quais acabaram condenadas ao desterro – evoca uma série de perguntas:

Como era o Brasil Colônia no final do século XVIII e qual o papel econômico das Minas Gerais neste período?

  • O que queriam, de fato, os inconfidentes?
  • Quem era, afinal, Tiradentes?
  • Por que ele foi o único a ser executado?
  • Quem foram os outros participantes da conjura e o que aconteceu com eles?
  • Qual o verdadeiro alcance territorial e social da Inconfidência Mineira?
  • E a sociedade colonial, como reagiu ao movimento?
  • Como os inconfidentes viam a escravidão?
  • Qual o papel das mulheres na Inconfidência?
  • Para Portugal – que havia sofrido com o catastrófico terremoto de Lisboa em 1755 -, qual a importância do Brasil em 1792?

Essas são algumas das perguntas que nascem de Tiradentes e de seu dia. E que podem ser o ponto de partida para uma aproximação de alto nível – em estudo e encantamento pelo tema –  da Inconfidência Mineira, da História brasileira do período colonial e da chamada “Era das Revoluções”, que começa no final do século XVIII e se estende até a primeira metade do século XIX (abrangidos pela habilidade EF08HI05 da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC).

Para isso, é importante estabelecer um bom planejamento e, principalmente, fazer uma curadoria educacional de qualidade, integrada aos materiais didáticos e recursos digitais. E que dê ao tema – e ao processo de ensino-aprendizagem – toda a cor que ele merece. Um tema fantástico, que merece ser conhecido e vivenciado pelos estudantes.

Deixamos aqui algumas sugestões para incrementar o trabalho docente – são recursos que podem inspirar ainda mais as aulas de História:

Multimídia:

Museu da Inconfidência Mineira – O portal oficial do Museu da Inconfidência, instalado na antiga Casa de Câmara e Cadeia de Ouro Preto (MG), traz vídeos, fotos, notícias e um campo virtual de pesquisa do acervo da instituição.

“Impressões Rebeldes – Inconfidência Mineira” Plataforma colaborativa coordenada por Luciano Figueiredo, professor do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresenta a Inconfidência Mineira (e outras rebeliões brasileiras entre 1500 e 1825) a partir de seu enredo e de seus personagens.

“Série Inconfidência Mineira – Rádio UFOP Série de cinco podcasts sobre a Inconfidência Mineira, com duração de seis minutos cada, desenvolvida pela Fundação Educativa de Rádio e TV Ouro Preto e Universidade Federal de Ouro Preto. Aborda temas importantes e interessantes como a participação das mulheres na Inconfidência, o envolvimento da maçonaria e as lendas que surgiram a partir do movimento e das condenações.

Conjuração Mineira: a conspiração – Conteúdo especial sobre a Inconfidência Mineira produzido pela Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio de Janeiro – MultiRio.

“De lá para cá – Tiradentes – Programa desenvolvido pela Tevê Brasil em 2012, vai entender como Tiradentes se tornou o maior herói brasileiro e como a história dele ajudou a moldar o ideal brasileiro de República. Com os historiadores José Murilo de Carvalho e Mary Del Priore, o advogado Paulo Guilherme Mendonça, autor do livro “O Processo de Tiradentes”, e o poeta Domingos Guimaraens.

Livros:

“A devassa da devassa – A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808”, de Kenneth Maxwell. Publicado em 1977, tornou-se um clássico dos estudos da Inconfidência. Focaliza o episódio a partir do ponto de vista dos movimentos sociais e econômicos do século XVIII.

“O Tiradentes: uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier”, de Lucas Figueiredo. Escrito por um jornalista consagrado pelos prêmios Esso e Jabuti, traz a vida do “mártir da Inconfidência” a partir de um olhar contemporâneo, mais próximo do cotidiano e afastado das representações de Tiradentes como herói.

“Tiradentes e a Inconfidência Mineira”, de Carlos Guilherme Mota. Escrito por um dos principais historiadores brasileiros, traz uma visão ampla da Inconfidência e de seu personagem-símbolo, com foco em leitores mais jovens.

#especial – Interculturalidade: desafios e descobertas do trabalho com a Educação Indígena

Menina do povo Tupi-Guarani.

Aikanã, Akuntsu, Araweté, Guajajara, Guarani, Pano, Xetá, Xokleng, Tucano, Yanomami… o Brasil possui 266 etnias indígenas (dados do Instituto Socioambiental, 2024), cujos ancestrais habitavam o atual território nacional há, pelo menos, 12 mil anos. Uma comunidade de 1,7 milhão de pessoas (Censo, 2022) distribuídas por todo o país, que compartilham nada menos do que 160 línguas.

Povos que desenvolveram cosmovisões, crenças, relações com o meio ambiente e soluções sofisticados e valiosos. E que, nos últimos 524 anos – desde o primeiro contato oficial dos portugueses com os tupiniquins no sul da Bahia –, contribuem para a construção da sociedade brasileira. Em muitos aspectos: das técnicas agrícolas aos hábitos alimentares, do vocabulário ao imaginário nacional, as culturas indígenas estão lá!

Estudantes indígenas da Amazônia brasileira.

Parceria

Com o Sistema Educacional Família e Escola – Sefe, a Editora Opet atua em parceria com redes municipais públicas de ensino de todo o país, construindo uma educação cidadã e de alta qualidade na Educação Básica. Nesse processo, tem o privilégio de atuar com professores e estudantes indígenas.

É o caso de Campo Novo do Parecis, município do leste de Mato Grosso situado a 385 quilômetros de Cuiabá e território dos Háliti-Paresi, etnia que estabeleceu contato com os colonizadores portugueses há pelo menos 300 anos. Desde então, esse povo trabalha para preservar e transmitir seus valores culturais, visão de mundo e idioma em uma região que é uma das principais fronteiras agrícolas do país. Nesse processo, a educação tem cumprido um papel central, inclusive e especialmente na construção de pontes interculturais.

Professora Valdirene Avelino Zakenaezokero com alunos da etnia Háliti-Paresi em Campo Novo dos Parecis, Mato Grosso.

Na rede municipal

Ao todo, os Háliti-Paresi estão distribuídos em 79 aldeias, das quais nove são atendidas pela Editora Opet em Campo Novo do Parecis. Na rede municipal de ensino são 97 os estudantes indígenas, entre crianças da Educação Infantil e estudantes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, e 11 professores Háliti-Paresi – entre eles, um agente educacional para a Educação Especial. O trabalho é desenvolvido em três escolas – a Escola Indígena Sacoré Kase Weteko (aldeias Morrinho, Otyhaliti, Bacaiuval e Sace II), a Escola Municipal de Educação Indígena Seringal (aldeias Chapada Azul, Seringal e Quatro Cachoeiras) e a Escola Municipal Indígena Bacaval (aldeias Bacaval e Wazare). 

“A educação é importante para todos, indígenas ou não”, sintetiza Valdirene Avelino Zakenaezokero, professora na Escola Municipal Indígena Bacaval, na aldeia Wazare, e líder em sua comunidade. 

Ela destaca a ancestralidade de seu povo, sua presença na região há séculos, e a importância que a educação assumiu para a manutenção e o crescimento do grupo. “Por meio da educação, oferecemos mais qualidade de vida para os nossos pais e para os nossos filhos. Podemos lutar por uma vida melhor e por melhores empregos”, observa. Hoje, explica, os Háliti-Paresi contam com agrônomos, veterinários, farmacêuticos, engenheiros e com uma médica da etnia – profissionais cuja educação formal começou nas escolas das aldeias.

A vivência da cultura na educação é um dos elementos fundamentais entre os Háliti-Paresi.

Valdirene explica que, nessas escolas, as aulas são ministradas nos dois idiomas, o aruak-háliti e o português, e que o processo de ensino-aprendizagem tem o apoio de materiais didáticos na língua materna e em português – os mesmos utilizados por todos os alunos da rede municipal.

“É essencial trabalhar o nosso idioma dentro da educação, assim como é essencial que os estudantes aprendam e dominem o português para evitar dificuldades mais à frente. E, inclusive, para combater o preconceito que existe contra os indígenas que se comunicam apenas na língua materna”, observa. Ainda sobre a aprendizagem do português, Valdirene observa que a língua é estratégica para a sobrevivência do grupo. “Nossa língua materna nós falamos aqui, usamos nas aldeias. Já o português você aprende e utiliza para falar fora, na cidade, e lutar pelos seus direitos. É um conhecimento que melhora o diálogo e aumenta o respeito”, explica.

A professora também destaca o papel da educação no conhecimento, celebração e afirmação da identidade de seu grupo. “No contexto da educação, nós trabalhamos registrando tudo. Nossos mitos, nossos cantos… não só por escrito, mas com as tecnologias digitais também”.

Os Háliti-Paresi desenvolveram seu próprio material didático, usado em articulação com os materiais didáticos em língua portuguesa.

Nas formações

Valdirene conta que os professores da Educação Indígena participam regularmente das formações pedagógicas oferecidas pelo município – um pleito que eles levaram à administração municipal e foi atendido. E eles fazem questão de estar lá sempre. “Participamos de todos os momentos, ainda mais quando têm a participação dos formadores da Editora Opet”, conta. 

“Eu fico até emocionada porque os formadores trabalham muito bem. E porque os livros trazem elementos da nossa realidade. Nas aldeias, temos muitos materiais com que trabalhar, e os livros complementam as nossas abordagens.”  Ela destaca a consistência dos conteúdos. “Eles trazem questões da nossa realidade, a realidade dos povos indígenas brasileiros, e vão além dos conteúdos associados às grandes etnias, como os Guarani. Nós nos sentimos representados e ficamos felizes com isso.” 

O processo educacional, analisa, é parte de algo maior: o futuro de seu povo. “Nossa realidade mudou muito nas últimas décadas. Lutamos por direitos e estamos avançando, inclusive com parlamentares indígenas que trabalham pela demarcação de terras. Mas, ainda há muito a fazer. Reduzir a burocracia e melhorar a possibilidades econômicas de trabalho dentro dos territórios, por exemplo.”

Um trabalho com a Educação Indígena

Daniele Pires Dias é a assessora pedagógica na Editora Opet e realizou a mais recente formação em Campo Novo do Parecis. Além dos Háliti-Paresi, porém, ela também já trabalhou com professores de outras etnias indígenas, como os Kuikuro em Água Boa (MT), os Xavante em Campinápolis (MT) e os Kaingang em Chapecó (SC). Segundo ela, a ação com os professores da Educação Indígena é uma oportunidade de compartilhar conhecimentos e, especialmente, de aprender conteúdos muito ricos, que abrangem dos mitos à arquitetura, da religiosidade aos hábitos alimentares.

Professores Háliti-Paresi em formação pedagógica com a professora Daniele Pires Dias.

Focando especificamente os Háliti-Paresi, ela destaca o compromisso do grupo com a própria cultura. “É um compromisso de cultivá-la e inseri-la dentro da cultura mais ampla do nosso país, para que os estudantes consigam dominar os conteúdos dos dois mundos, o indígena e o não indígena. E isso é feito com inteligência e sensibilidade”, observa.

Daniele sinaliza o fato de os indígenas de Campo Novo do Parecis terem desenvolvido um material didático próprio, escrito em aruak-háliti, e integrá-lo aos conteúdos educacionais comuns a toda a rede. “Eu percebo que, nesse contexto de interculturalidade, tudo é feito de uma maneira leve, com muita investigação e usando os recursos locais, que eles conhecem e dominam como ninguém, como sementes, frutas, plantas e penas, por exemplo. Isso enriquece enormemente o trabalho educacional.”

O mesmo caminho de interculturalidade é percebido nas formações pedagógicas, que envolvem todos os professores da rede municipal de ensino, indígenas e não indígenas. “São momentos de troca e escuta. Temos muitas contribuições dos professores das aldeias e um interesse muito grande da parte deles – e de todos os docentes, na verdade – por temas como o das tecnologias educacionais digitais”, observa. Ela lembra, por exemplo, o trabalho com a tecnologia Google 3D (realidade aumentada), que foi desenvolvido com os professores e levado às aldeias, onde foi incorporado ao processo de ensino-aprendizagem.

Valorizar e promover a identidade cultural

A professora Marilei Aparecida Bahnert é coordenadora de Educação da rede municipal de Campo Novo do Parecis, e trabalha junto com os professores da Educação Indígena. “Certamente, nosso maior desafio é proporcionar educação formal sem comprometer a identidade cultural e, principalmente, sem gerar conflito cultural ou crises de identidade no momento de transição da escola indígena para a escola regular”, observa. 

As escolas de Educação Indígena de Campo Novo do Parecis oferecem a Educação Infantil e o Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Nesses dois segmentos, há a inserção da Língua Portuguesa até o quinto ano. O objetivo é minimizar as dificuldades de comunicação e aprendizagem dos estudantes quando de seu ingresso nos Anos Finais, em escolas de ensino regular do município.

Em um cenário ao mesmo tempo generoso e desafiador, Campo Novo do Parecis trabalha pela construção conjunta de um ambiente educacional intercultural. “A aprendizagem é bilateral. Assim, sempre que possível, promovemos momentos em que os alunos visitam as aldeias e, também, momentos em que os alunos da aldeia vêm fazer apresentações culturais nas escolas da cidade”, conta. 

“Na visita à aldeia, os alunos aprendem muito sobre liberdade e conexão com a natureza. Na cidade, os alunos da aldeia têm mais contato com espaços mais emparedados e tecnológicos.” Esse intercâmbio cultural, explica Marilei, promove ampliação de visão de mundo e também o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, além de desenvolver a consciência acerca das diferenças.

“Nosso foco reside, sempre, em valorizar e promover a identidade cultural dos Háliti-Paresi, que é um componente importante da nossa própria cultura, da região e do país”, conclui.

Crianças da etnia Xavante.

Atendimento Educacional Especializado (AEE): diversidade e conhecimento em Lavras (MG)

Professor Maikon Richardson Ferreira Leite com a professora formadora Janice Mendes da Silva.

Um dos maiores ganhos do trabalho com educação reside na capacidade de ensinar e aprender ao mesmo tempo. Ou, melhor, de construir a educação – e a cidadania – de forma conjunta, no diálogo e na aprendizagem com outras pessoas. Como aconteceu em Lavras, município do sul de Minas Gerais onde há alguns dias a equipe da Editora Opet esteve para uma formação pedagógica com os professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Lá, no contexto da formação para o uso da coleção “Caminhos e Vivências”, a assessora pedagógica Janice Mendes da Silva teve a oportunidade de trabalhar com os professores cegos Enio Naves Silveira e Maikon Richardson Ferreira Leite, docentes da rede municipal de ensino que atuam no Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Enio, engenheiro agrônomo, perdeu a visão em um acidente automobilístico há 34 anos. Desde sua recuperação, dedica-se à educação especial de cegos, estando especialmente focado nas tecnologias computacionais voltadas à educação deste público. Maycon, há um ano no quadro docente da rede municipal de ensino de Lavras, perdeu a visão por conta de uma retinose pigmentar. Ele é professor pós-graduado em Educação Física Adaptada e atleta de elite de corrida.

Professor Enio Naves Silveira durante a formação.

Participação

Janice, que é pós-graduada em Educação Especial, explica que os dois professores fizeram questão de participar da formação pedagógica do 2º ano para o uso da coleção “Caminhos e Vivências”, ainda que não utilizem esse material em sua prática pedagógica.

“Eles trabalham com materiais didáticos específicos para o AEE, mas, como haviam participado das atividades formativas da manhã, pediram à sua coordenadora para seguir participando. Eles queriam conhecer a coleção Caminhos e Vivências e as abordagens possíveis”, explica Janice.

Janice, então, fez uma abordagem detalhada das páginas trabalhadas (no caso, uma história em quadrinhos), transcrevendo verbalmente os conteúdos e abordando outros elementos, como a textura do papel. “Nessa formação, propusemos uma reflexão sobre a alfabetização, colocando-a no contexto de cada criança, em seu cotidiano, o repertório que ela traz e que pode ser aproveitado na aprendizagem”, explica.

Ela também perguntou aos professores se a abordagem que estava fazendo, a forma de trabalho com eles, estava atendendo às expectativas. “Fiquei feliz de saber que sim, que estava de acordo, e que eles estavam satisfeitos”, conclui Janice.

“Mesmo sem ser um trabalho formativo específico, voltado diretamente ao meu trabalho docente, foi muito válido. Sinto que posso utilizar nas minhas aulas as estratégias pedagógicas inovadoras trazidas pela professora Janice”, observa o professor Enio Silveira, que ministra aulas no Centro de Educação e Apoio às Necessidades Auditivas e Visuais – CENAV em Lavras para estudantes cegos. Ele considerou a formação dinâmica e envolvente.

Para o professor Maikon Leite, um destaque da formação foi a capacidade de engajamento da formadora, que fez com que os professores participantes interagissem. “A professora Janice foi muito bem na audiodescrição. Ela esteve o tempo todo focada e promoveu o contato entre os professores.”

Ele reforça que essa interação, essa aproximação entre professores e estudantes com e sem deficiências é essencial para o sucesso da educação. “O principal é promover a interação social. Além disso, é fundamental ter foco e adaptar-se sempre. Fácil, não é. Mas, com força e coragem, é possível vencer os obstáculos”, analisa.

Diversidade

Para a coordenadora pedagógica da Editora Opet, Rúbia Cristina da Costa, formações como a desenvolvida pela professora Janice com os professores Enio e Maikon são uma oportunidade de trabalhar com a diversidade.

“Levamos para as formações estratégias e recursos para que os professores possam pensar em adaptações e personalizar o ensino de forma a atender todas as crianças, todos os estudantes”, observa. “Quando encontramos essa diversidade na formação, isso nos dá a possibilidade de não apenas falar sobre, mas de vivenciar estratégias que incluam toda e todos nas propostas e reflexões. Essa aprendizagem é riquíssima!”, destaca.

Formação permanente

Rúbia destaca o aperfeiçoamento constante dos formadores da equipe pedagógica da Editora Opet. Isso porque, para além da diversidade de pessoas e contextos da educação – o Brasil, afinal, é imenso -, a educação exige inquietação e novos conhecimentos.

“Atuar como formador exige pesquisa e leitura, além de conhecimentos sobre a legislação educacional. Temos momentos específicos para as nossas formações internas e reuniões de alinhamento, e momentos em que pensamos sobre todas as necessidades. Juntos, construímos as melhores estratégias para atender todos os nossos parceiros com qualidade.”

Segundo Rúbia, momentos como os vivenciados com os professores de Lavras mostram que não há limites para as aprendizagens. “Como educadores, nós aprendemos que todos podemos ensinar e aprender. Isso nos realiza e nos faz felizes!”. E conclui: “como dizia Cora Coralina: ‘feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina’”.

O professor curador e o sucesso na escolha de recursos educacionais digitais

Você sabia que, na origem, a palavra “curadoria” significava “olhar com cuidado” ou “zelar”? Pois é: em Roma, o curator – curador – era o responsável por cuidar de um patrimônio ou de alguém. Em tempos recentes, ela passou a indicar a seleção dos trabalhos de um artista, feita por um especialista, para oferecer uma experiência impactante e interessante ao público.

Na medida em que o professor é responsável pela mediação entre o estudante e o mundo, ele também é um curador. Uma missão que, a cada dia, se torna mais complexa. Isso porque, com a revolução digital, a quantidade de informações e recursos disponíveis para a educação se tornou praticamente infinita. Uma fonte extraordinária, mas que só se converte em ganho para a educação quando acessada a partir de critérios – isto mesmo, de curadoria!

🙌 Quem é o curador?

Matheus Alves de Paula é licenciado em Ciências Biológicas e doutorando em Educação pela PUCPR. Na Editora Opet, atua como assessor pedagógico e desenvolve um trabalho consistente em relação à curadoria de conteúdos impressos e digitais em educação, com foco nos planejamentos e na utilização efetiva destes recursos pelos professores parceiros.

Ele observa que, antes de olhar para o “oceano de informações” da internet e para a curadoria, é interessante perceber os professores a partir de certos recortes, sem generalizações.

“Nas nossas formações pedagógicas, percebemos que há interesse e esforço de integrar os recursos digitais às aulas. Os professores querem acessar esses recursos e percebem que isto é o esperado pelos estudantes, que são nativos digitais. Mas, que professores são esses?”.

Em termos sistemáticos, as perguntas são:

  • Com que nível de ensino eles trabalham?
  • Com que infraestrutura contam?
  • Qual seu grau de formação e sua familiaridade com os meios digitais? 

Cada professor busca recursos de acordo com a idade e interesses do seu público. Os do Ensino Médio, por exemplo, geralmente acham mais fácil incorporar tecnologia, já que os estudantes dessa faixa etária costumam estar mais ligados no digital”, observa Matheus.

“Mas, quando você olha para a Educação Infantil, a história muda porque há a questão da idade das crianças. Elas estão cada vez mais em contato com as telas e com o digital, e precisamos pensar, primeiro, em desenvolver suas habilidades analógicas. Já os professores do Ensino Fundamental têm um leque mais amplo de tecnologias que podem usar, levando em conta tanto a facilidade de uso quanto os objetivos educacionais por trás da escolha de cada ferramenta.”

👩🏻‍💻 Desafios e como enfrentá-los

Em relação às limitações – e aqui, a observação vale para professores e gestores responsáveis pelas formações –, é preciso observar a realidade desses docentes. “Em minha jornada como assessor pedagógico, percebo que o desafio está nas formações inicial e continuada desses professores. A formação continuada, aliás, é algo com que trabalhamos diretamente em nosso trabalho na Editora Opet”, explica Matheus.

No caso da formação inicial, analisa, de modo geral as graduações precisam ampliar suas práticas para o uso das tecnologias digitais em sala de aula. Uma situação que, em termos estruturais, poderia ser reduzido pelo fortalecimento dos currículos.

E que, em temos individuais, pode ser minorada a partir de especializações ou cursos de curta duração. E, também, nas formações pedagógicas realizadas na parceria com o sistema de ensino – algo que a Editora Opet oferece.

👩🏻‍🏫 O professor curador

Na medida em que, na educação, a curadoria antecede o universo digital – “o professor sempre foi um curador”, reforça Matheus –, é importante que os docentes a encarem como um processo associado ao planejamento e à intencionalidade, que são componentes centrais da docência.

Todo professor precisa planejar sua prática, além de observar as habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos estudantes, e pensar nos objetivos da aula. E, como estratégia, começar pelo material didático, expandindo para os recursos analógicos e digitais. A escolha criteriosa das ferramentas para ajudar os estudantes a crescerem, dentro e fora da sala de aula é, efetivamente, a curadoria.”

📏 O que vem primeiro, planejamento ou curadoria?

Tecnicamente, o planejamento viria primeiro. Mas, não é o que muitas vezes acontece na prática – quando, por exemplo, o professor se depara com um recurso fantástico que “sabe” que vai utilizar na próxima aula. “O importante é observar se o recurso é acessível para o estudante, e se o professor possui habilidade para utilizá-lo e as condições necessárias para aplicá-lo em sala.”

Além disso, o essencial é a intencionalidade, a clareza de objetivos em relação às ferramentas ou recursos digitais. “Usar um monte de ferramentas legais em situações que não se conectam estraga o planejamento e, pior, pode matar o interesse dos estudantes naquilo que se quer destacar. Sem planejamento e intencionalidade pedagógica, ou o recurso será mal explorado, ou não fará sentido para o estudante.” 

🚀 Por onde começar a curadoria?

Pelo planejamento, sempre. Matheus dá duas dicas preciosas para uma boa curadoria:

  • O recurso, digital ou não, deve substituir uma atividade tradicional. E o estudante precisa ser protagonista na utilização desse recurso. Ao planejar, é preciso ter em mente que é o aluno que vai usar aquilo para construir seu conhecimento, e não ficar só assistindo passivamente. 
  • O uso do recurso deve ser planejado. Pode ser no começo, no meio ou no fim da aula, ou até misturando esses momentos. Cada recurso precisar de um tempo específico durante a aula – e planejar isto é essencial.

🧑🏽‍💻 E a curadoria dos estudantes?

Esta é uma grande “sacada”: o professor curador trocar informações com os estudantes, que possuem conhecimentos importantes sobre as tecnologias e recursos digitais. “Eles estão sempre explorando e consumindo informações. Então, quando um estudante consegue relacionar a minha fala com alguma situação cotidiana, trazendo isso para sala de aula, seja na forma de exemplo, como sugestão, é preciso escutar e valorizar essa contribuição.”

Nesses momentos, o estudante vira um co-curador do aprendizado, junto com o professor – uma parceria preciosa, que também tem a ver com protagonismo.

📲 A curadoria e a plataforma Educacional Opet INspira

Na plataforma educacional digital Opet INspira, os professores encontram milhares de objetos, de arquivos em áudio a simuladores, que podem ser objeto de curadoria. Eles estão integrados aos materiais didáticos impressos, o que facilita muito processo, e são abordados nas formações pedagógicas.

“Uma das nossas intenções, nas formações, é mostrar que a plataforma é como uma grande biblioteca, pensada para enriquecer a prática pedagógica”, reforça Matheus. “Professores de Inglês, por exemplo, adoram a plataforma por conta dos áudios e vídeos que podem utilizar com os estudantes. E as professoras da Educação Infantil ficam encantadas com as narrações de histórias disponíveis.”

🧩 Para ir além

Matheus sugere alguns objetos e recursos que podem ser objeto da curadoria pelos professores:

  • Spotify – aplicativo para podcasts e músicas
  • Flippity.net – para criação de scape room (site);
  • Netflix – documentários e filmes (plataforma);
  • Pinterest – para modelos de atividades (pesquisar em inglês e traduzir é uma excelente opção – site);
  • Autodesk instructables – para atividades práticas, invenções, experimentos (site);
  • Sketchfab – para objetos 3D (site);
  • Youtube – para vídeos de curta duração (site);
  • Teachers pay teachers – para atividades lúdicas, com bastante mão na massa, com recursos gratuitos e pagos (site);
  • Wikimedia Commons – para imagens livres de direitos autorais, com creative commons (site);
  • Youtube Audio Library – para áudios (site)
  • Mentimeter – permite a criação de slides interativos com perguntas de variados tipos (nuvem de palavras, questões abertas, pesquisas, enquetes);
  • World Wall – para criação de jogos (site)
  • ChatGPT – mecanismo de inteligência artificial que permite ao professor realizar a curadoria e adaptação de práticas para suas aulas.

Redes sociais também são uma boa opção para o professor realizar curadoria de conteúdos e outros perfis de professores para compartilharem práticas e materiais que poderão ser adaptados às suas salas de aula.

  • Instagram – diversos professores compartilham práticas e relatos de experiências (app);
  • Tiktok – para vídeos curtos e divulgação científica (não só ciências – app)
  • Twitter (X) – para informações e resumos de conteúdos, quando consultados os profissionais das áreas (app)

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Vêm aí os Novos Parâmetros de Qualidade da Educação Infantil

Mudanças, que devem fortalecer a Educação Infantil, afetam a organização, a gestão e o funcionamento das escolas e redes de ensino

Em março, a Educação Infantil (0 a 5 anos) vai ganhar Novos Parâmetros de Qualidade, que passarão a orientar os sistemas de ensino com padrões de referência de organização, gestão e funcionamento das escolas e redes de ensino. O documento está sendo organizado em cinco dimensões:

Gestão da Educação Infantil
Identidade e Formação Profissional
Projeto Político Pedagógico
Avaliação da Educação Infantil e Infraestrutura
Edificações e Materiais

A mudança, que será regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), é  resultado de um processo iniciado no ano passado que envolveu especialistas, universidades, grupos de pesquisa e representantes da sociedade civil. E que tem como objetivo garantir qualidade e humanidade em uma etapa delicada da educação, que, no caso brasileiro, envolve múltiplas infâncias, cenários, realidades locais e contextos socioeconômicos desafiadores.

Um documento essencial

“Os Parâmetros são um documento essencial para que não tenhamos retrocessos na primeira etapa da Educação”, avalia Marina Cabral Rhinow, supervisora pedagógica da Editora Opet para a Educação Infantil. “Além de garantir o acesso dos bebês e das crianças bem pequenas às instituições da Educação Infantil, eles garantem a qualidade na educação e nos cuidados.”

Marina observa que a construção de padrões referenciais é fundamental, inclusive por questões de segurança e continuidade. “O conceito de qualidade é subjetivo. Ele é construído historicamente e, por isto mesmo, está sujeito a negociações e ao tempo em que se vive. Daí porque essa discussão ser tão importante. Uma vez que sejam estabelecidos, os parâmetros vão estruturar o gerenciamento das instituições da Educação Infantil.”

O que esperar dos Novos Parâmetros?

Essencialmente, uma evolução em relação aos cuidados e à educação na infância, que contemple aspectos cognitivos, afetivos e psicossociais. Os Novos Parâmetros de Qualidade devem fortalecer os princípios já estabelecidos em outros documentos legais direta ou indiretamente ligados à Educação Infantil, como:

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC
A Constituição Federal de 1988 
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB

E devem fortalecer, também, as ações pedagógicas na escola, sua gestão e organização.

“Alguns exemplos são a garantia dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento, o entendimento da concepção da criança como protagonista e centro do planejamento, assim como as interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, entre outros aspectos”, observa Marina.

Pontos de interesse especial 

Para a supervisora da Editora Opet, é importante que os novos parâmetros reforcem a visibilidade e a importância da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, em todas as suas especificidades. “Como eles podem fazer isso? Garantindo o acesso de todas as crianças às creches. Observando a laicidade da escola pública e respeitando a diversidade, por exemplo, dos povos originários e dos quilombolas. E também a importância da formação inicial e continuada dos professores, gestores e demais colaboradores que atuam na Educação Infantil.”

Um processo que desagua em uma mudança de cultura, de fortalecimento da intencionalidade da Educação Infantil, que deve ser vista como uma etapa da Educação Básica – e não mais como uma “etapa preparatória” para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Na Editora Opet

Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil são um norteador do trabalho da Editora Opet com os parceiros das redes pública e privada. Eles fazem parte da organização das formações dos professores da Educação Infantil e dos gestores. Fazem parte, também, das reflexões para a construção de uma educação de qualidade.

“Quando discutimos, por exemplo, as especificidades dessa etapa de ensino, como a organização de materiais e espaços que oportunizem às crianças investigar, descobrir e exercer seu protagonismo”, explica Marina. “Ou, então, quando orientamos os professores para que utilizem as soluções educacionais Opet a partir dos Parâmetros, localizando-os, relacionando-os e fortalecendo o trabalho.”

Assim que os novos parâmetros forem regulamentados pelo CNE e publicados na área pareceres oficiais do Portal do MEC, eles serão estudados pelos especialistas da Editora, e passarão a ser utilizados na organização das formações pedagógicas da Educação Infantil.

“Ao conhecer, utilizar e dar publicidade aos Novos Parâmetros, nós ajudamos a fazer com que estes parâmetros sejam reconhecidos como documento oficial e balizador da estruturação da Educação Infantil”, destaca Marina. “Além disso, também faz parte do que organizamos para as formações pedagógicas pensar e perceber como as Soluções Educacionais da Editora Opet estão em consonância com as orientações do documento, e como são efetivadas no cotidiano das instituições que atendem os bebês, as crianças bem pequenas e as crianças pequenas.”

Redes sociais e educação: uma parceria possível?

Facebook, Tik-Tok, Instagram, Whatsapp, Youtube… até recentemente, estes nomes não significavam nada. Hoje, estão na boca de 5 bilhões de pessoas – 62,3% da população mundial (We Are Social, 2023). No ano em que o Facebook completa 20 anos, as redes sociais digitais afetam e fascinam porque somos seres sociais: amamos nos comunicar, ver, curtir, compartilhar, conhecer coisas e nos distrair.

As décadas do Facebook também apontam para gerações que frequentaram e frequentam a escola com os smartphones e as redes sociais ali, pertinho. O que gera questões:

👉 Afinal, as redes sociais ajudam ou atrapalham a educação?

👉 Seu potencial de construção do conhecimento é maior ou menor que sua capacidade de distrair e dispersar os estudantes?

Para redes de ensino do Brasil e de países como França, Itália, Finlândia, Países Baixos e Estados Unidos, o uso dos celulares e de redes sociais é prejudicial nos contextos escolares e, portanto, está proibido ou limitado. Outras redes e outros países, porém, não colocam restrições ou não definiram uma regra.

Afinal, que orientação seguir?

“A resposta pede cautela dos educadores e da sociedade. Ela passa por assumir critérios e pela intencionalidade pedagógica”, observa Cliciane Élen Augusto, gerente pedagógica da Editora Opet e educadora Google Nível 2.

Os critérios são os preceituados por leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente. “O ECA oferece um arcabouço fundamental de proteção que também vale para o contexto digital. Afinal, acessar uma rede é acessar um mundo de possibilidades – imagens, áudios, textos e, inclusive, coisas perigosas”, observa Cliciane.

É importante que familiares e professores tenham em mente que o acesso deve estar disponível a partir de uma certa idade, e que esta disponibilidade não gera autonomia total. “O uso deve ser autorizado com critérios, normas e restrições. Com a supervisão de um adulto responsável e o consentimento da família”, destaca Cliciane. Em relação às redes sociais, Cliciane observa que elas não são indicadas para crianças, que não têm noção do impacto deste recurso em suas vidas.

Mas, e os usos puramente educacionais?

As redes sociais podem ser um recurso educacional valioso. Para isso, pedem do professor o respeito aos critérios já referidos e a intencionalidade pedagógica. O que ele quer construir e como vai engajar seus estudantes a partir do meio digital? Nada impede, por exemplo, que os temas tratados envolvam, também, conteúdos de educação midiática, que auxiliem o estudante a transitar pelas redes sociais com ética e segurança.

“No entanto, é interessante observar que há uma evolução muito grande das ferramentas tecnológicas para a educação. Que, por sua qualidade, desviam o foco de interesse das redes sociais no contexto da sala de aula. Enfim, há recursos educacionais digitais muito bons, que podem engajar e encantar tanto quanto as redes sociais, sem os problemas e os riscos associados às próprias redes”, conclui Cliciane.