Novos museus virtuais: uma jornada extraordinária!

As tecnologias digitais, quando direcionadas à educação e ao conhecimento, são um recurso fantástico de enriquecimento da aprendizagem, da experiência e de encantamento para temas como a Ciência, a História, a Arte e a Literatura. E mais: elas também ajudam a popularizar esses conhecimentos, como no caso dos museus virtuais, que oferecem acesso gratuito a conteúdos extraordinários. Imagine, por exemplo, acessar os acervos do Museu do Louvre, na França, ou do Museu do Prado, na Espanha, sem sair de casa. Graças aos museus virtuais, isto é possível!

Nesta reportagem, reservamos espaço para tratar de três museus virtuais recentes – dois brasileiros e um russo – que merecem ser conhecidos e que estão ali, a um toque em seu celular!

☎️ Musehum (Rio de Janeiro)

Nas últimas décadas, as sociedades viveram grandes transformações impulsionadas por avanços impressionantes nas comunicações. Do telégrafo aos aplicativos de mensagens, das tevês abertas aos canais em plataformas de vídeo, do rádio aos podcasts, as transformações foram gigantescas. Essa transformação é o tema do Musehum, o Museu das Comunicações e Humanidades – uma evolução do Museu das Telecomunicações, que funciona há 13 anos e que teve suas instalações totalmente transformadas para trazer a história do desenvolvimento tecnológico das comunicações a partir das relações humanas.

O site do museu oferece um tour virtual e, também, acesso digital a um fantástico acervo de peças do universo das telecomunicações. O Musehum é mantido pela Oi Futuro, o instituto de inovação e criatividade da empresa de telecomunicações Oi para impacto social. As instralações físicas do Musehum ficam no Futuros – Espaço de Arte e Tecnologia, na Rua Dois de Dezembro, 63, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

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👐 Museu da Pessoa (Virtual)

Criado em 1991 em São Paulo pela historiadora Karen Worcman, o Museu da Pessoa traz uma proposta ao mesmo tempo ousada, lógica e genial: contar a história do mundo, do nosso país e do nosso tempo, a partir das próprias pessoas, que assumem seu lugar de fato na História. E elas não apenas deixam seus registros e visões de mundo, como também podem atuar como produtoras e curadoras de conteúdos.

O fato é que o brasileiríssimo Museu da Pessoa – que possui um acervo de mais de 18 mil histórias em áudio, vídeo e texto, e cerca de 60 mil fotos e documentos digitalizados – inspirou museus semelhantes nos Estados Unidos, Canadá e Portugal. Pudera: a proposta é muito interessante! Suas coleções podem ser acessadas online – e os visitantes da versão digital já podem fazer suas contribuições ao acervo remotamente!

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🖼️ Museu Hermitage Virtual

Deixamos o Brasil para ganhar o mundo. Você sabia que o segundo maior museu do mundo fica na Rússia? Fundado em 1764 pela imperatriz Catarina II na cidade de São Petersburgo, o Museu Estatal Hermitage possui um dos maiores acervos de arte e arqueologia do mundo, com 3 milhões de peças de todas as épocas e todos os continentes – perde apenas para o Louvre, da França.

Recentemente, o Hermitage lançou um tour virtual impressionante, com nada menos do que 900 cenários de exploração virtual por vários ambientes. A navegabilidade pelos ambientes é muito interessante!

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Uma jornada de descoberta dos museus virtuais – e há muitos! – garante descobertas fantásticas.

Boa viagem!

O Programa inDICA e a evolução da aprendizagem na educação pública

Avaliações em formato digital, do Programa inDICA, realizadas pelos estudantes de Curitibanos (SC).

A avaliação diagnóstica da aprendizagem ganhou força na educação pública. Com recursos avançados, as avaliações oferecem aos gestores e aos professores uma imagem detalhada da aprendizagem de cada estudante. O que permite o desenvolvimento de planos de ação específicos, direcionados, com foco na recomposição e na evolução sustentada de todas as turmas.

Desde seu lançamento, há 5 anos, o Programa inDICA, da Editora Opet, é adotado por municípios de todas as regiões do país, para a avaliação de milhares de estudantes. Ao mesmo tempo em que soma a experiência desse trabalho, o inDICA é constantemente aprimorado pelo aporte de recursos digitais que aceleram o processamento dos dados, facilitam a realização das provas pelos estudantes, fortalecem a segurança da informação e promovem a sustentabilidade. E tudo isso por um valor compatível e adequado para municípios de todos os portes – um investimento técnico e criterioso feito pelos gestores municipais.

COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO

“A Editora Opet possui mais de 30 anos de experiência em parcerias com a área pública e faz parte do Grupo Educacional Opet, que atua há mais de meio século com educação. Isso produziu um olhar diferenciado para o trabalho das redes municipais”, avalia a coordenadora do Programa inDICA, Silneia Chiquetto.

“No caso do inDICA, a essa experiência se soma outra, a do trabalho com avaliação diagnóstica. Nós já avaliamos milhares de estudantes em todo o país e adquirimos um olhar especial para as demandas trazidas pelos gestores. Com isso, oferecemos um serviço exclusivo para cada município, com tudo o que ele necessita.”

➡️ INDICA: O EXEMPLO DE CURITIBANOS (SC)

CAPACIDADE DE ESCUTA E RESPOSTA

O primeiro diferencial do trabalho do inDICA é justamente a capacidade de escuta e resposta às demandas específicas de cada município. “Cada parceiro tem sua forma de ver e de trabalhar com a educação, e nós respeitamos isto. Ao fazer essa escuta, chegamos à melhor solução de avaliação para aquela rede em concreto. A partir daí é que entram em cena as formações pedagógicas e os recursos do Programa”, explica Silneia.

UM SISTEMA COMPLETO DE GESTÃO DA APRENDIZAGEM

O inDICA oferece recursos e instrumentos para que as escolas e as redes públicas de ensino levantem seus indicadores de qualidade na aprendizagem. Com as provas aplicadas aos estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, é possível levantar um conjunto de informações e avaliar o nível de aprendizagem em que eles se encontram.

➡️ INDICA: AVALIAÇÕES EM VARGINHA (MG)

ESCALA DA APRENDIZAGEM

O instrumento de avaliação do inDica possui uma escala de nível de aprendizagem construída a partir dos indicadores do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e dos fundamentos teóricos do professor José Francisco Soares, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e um dos maiores especialistas do mundo em avaliação.

Além de registrar os conhecimentos relacionados às habilidades e também aos conteúdos essenciais esperados para o ano escolar– o grau de proficiência –, as avaliações do inDICA também captam como os estudantes solucionam as questões, os caminhos e os raciocínios que eles seguem. Isso é possível graças ao uso da Teoria da Resposta ao Ítem (TRI) na construção das questões, que oferece um quadro mais amplo e preciso da aprendizagem. A TRI é utilizada, por exemplo, na construção das questões do Enem e do Saeb.

Exemplo de tela da avaliação digital do Programa inDICA do sétimo ano do Ensino Fundamental.

A FORMAÇÃO DAS EQUIPES DE APLICAÇÃO

Ao aderir ao inDICA, as equipes aplicadoras da avaliação nos municípios recebem todo o suporte na forma de orientações detalhadas para os dias da aplicação por meio de reunião, documento escrito e vídeo. E total apoio para as ações – da chegada das provas ao município à entrega dos resultados na plataforma inDICA. “Os professores e gestores recebem uma formação específica para a utilização dos recursos, a interpretação dos dados e a construção do plano de intervenção que vai permitir o ajuste da aprendizagem”, conta Silneia.

“O foco é trabalhar com o levantamento dos dados, a leitura técnica e crítica destas informações, o planejamento e a intervenção a partir dos resultados”.

TUDO O QUE O INDICA OFERECE

O Programa inDICA de Gestão da Educação oferece:

. A plataforma digital inDICA, que disponibiliza os resultados da avaliação diagnóstica para os gestores e os professores cadastrados.

. Formação pedagógica para os professores que irão trabalhar com as turmas avaliadas.

. Provas escritas nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais).

. Provas digitais – por opção do município – para estudantes do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

. Um aplicativo exclusivo para a leitura dos cartões-resposta utilizados nas avaliações escritas.

. Um material de atividades avaliativas, com questões de vários exames nacionais e questões inéditas baseadas nas habilidades preceituadas pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.

Na avaliação em formato digital do inDICA, os professores podem acompanhar o desenvolvimento das provas pelos estudantes em tempo real.

ACESSO DIGITAL

Uma das facilidades do inDICA reside no acesso às informações. Elas estão disponíveis para os profissionais de educação previamente cadastrados pela secretaria por meio de login e senha. “A equipe envolvida na avaliação tem acesso hierárquico a todos resultados da rede”, explica Silneia. A partir da tabulação dos dados, são oferecidos relatórios que abrangem desde os resultados macro, de todo o universo avaliado, até as informações em nível individual, de cada estudante participante.

A própria plataforma traz, ainda, cada item da avaliação com seu descritivo, com o comentário pedagógico. “É uma explanação com os descritores e os distratores, para que o professor entenda o trajeto que o estudante percorreu em sua resposta, esteja ela certa ou errada. Até mesmo porque, no erro, é possível identificar elementos que vão ajudar na correção de rumos para o acerto futuro”.

Fácil e rápido: escaneamento dos cartões-resposta das avaliações físicas do inDICA com uso do aplicativo do Programa.

ENGAJAMENTO E RETORNO

As avaliações do Programa inDICA possuem, ainda, um efeito social importante, de engajamento da comunidade escolar – e de aumento da percepção positiva das pessoas sobre o trabalho educacional desenvolvido pelos municípios. “Em todas as ações do inDICA, graças à mobilização realizada pelas equipes municipais, as famílias estão sempre muito presentes. Elas entendem claramente a importância da avaliação, engajam-se e ficam atentas aos resultados. O que é muito bom, porque mostra o cuidado dos gestores com a educação e eleva o nível de expectativa das pessoas em relação a ela”, avalia Silneia.

“Ho, ho, ho!” – Educação Financeira e as festas de fim de ano!

Árvore de Natal montada, aquela vontade de reunir todo mundo… para muitos brasileiros, esta é a hora de sair a campo em busca dos melhores preços nos presentes e nos ingredientes para a ceia. Então: que tal envolver os jovens nesse processo? Eles podem aprender dicas e conceitos importantes de economia enquanto ajudam a escolher os melhores preços… e sem perder a magia do Natal! Isso tem nome: educação financeira!

Vamos dar algumas dicas:

1. Planejar é muito mais sábio do que comprar por impulso. Assim, converse antes sobre os presentes tão desejados… e vamos pesquisar!

2. Natal é tempo de encantamento… o que não significa jogar dinheiro fora! Envolva os jovens nas pesquisas de preços. Peça a ajuda deles para pesquisas de internet em sites confiáveis de compras. Esse é um bom momento, também, para aprender sobre golpes na internet envolvendo ofertas “mirabolantes” e outros truques. A SERASA produziu um material muito interessante a respeito – Confira!

3. Eles vão auxiliar você nas compras gerais (até mesmo nas dos presentes que vão ganhar!) e, provavelmente, também vão comprar seus próprios presentes para amigos e família; estas compras feitas com “dinheiro próprio” são especialmente interessantes para torná-los conscientes do valor de pesquisar preços.

4. Presentes são ótimos, dívidas nem tanto… sensibilize-os para a importância da sustentabilidade financeira das compras feitas neste momento. Elas comprometem o orçamento do ano que vem?  

5. Peça ajuda deles, também, para o planejamento da ceia de Natal. Quanta gente vem, o que comprar, onde comprar e em que quantidades para a festa não acabar em desperdício! Em todo o país, nesta época do ano os Procons lançam pesquisas com o comparativo dos preços nos mercados locais.

6. Uma compra online é uma oportunidade de saber “para onde vai o dinheiro”: conhecer as ofertas, pesquisar preços e condições de pagamento, verificar o peso do frete no valor total da compra etc. De repente, uma compra que parece mais barata fica mais cara por causa do frete – eis aí uma boa lição, que pode ser aprendida sem perder dinheiro!

7. Estamos vivendo em uma época de emergência climática. Examinar a sustentabilidade dos produtos que se quer comprar – sejam eles um presente ou um ingrediente para a festa – demonstra inteligência e consciência. Um exemplo é o da preferência por embalagens retornáveis, que são mais econômicas no médio prazo e muito menos impactantes em termos ambientais.

8. Mostre aos jovens a importância da educação financeira em termos práticos. O dinheiro economizado em compras feitas de forma inteligente pode ser aplicado em outras coisas: uma doação para uma instituição filantrópica, uma viagem breve, uma atividade extra, um investimento…

9. É sempre legal reforçar o valor do dinheiro, que não “vem fácil”. E a importância de uma boa gestão financeira, que pode permitir até a compra de presentes mais caros… mas, sempre, com inteligência!

10. Por fim, mas não menos importante: nunca é demais frisar aos mais jovens que, na origem, as festas de fim de ano não são festas de consumo, mas festas de encontro, de congraçamento. Os presentes, é claro, são muito legais, mas não devem ser o mais importante. Importantes, mesmo, são as pessoas!

Declaração Universal dos Direitos Humanos: os 76 anos de um documento fundamental

No próximo dia 10 de dezembro, o mundo comemora os 76 anos da promulgação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um documento que, em especial nos dias que estamos vivendo – em meio a guerras, aumento da intolerância e a uma emergência climática com graves efeitos sociais – merece ser resgatado, conhecido, destacado, respeitado e colocado em prática.

No início, uma luta por direitos

A partir da segunda metade do século XVIII e pelo século XIX, com as chamadas “Revoluções Liberais” impulsionadas pelo Iluminismo – cujas expressões de maior impacto são as revoluções francesa e americana –, cresceu o anseio de grupos da população por uma “isonomia dentro do humano”, ou seja, pelo desejo de igualdade de direitos entre as pessoas.

“A Liberdade guia o povo”, pintura de  Eugène Delacroix em comemoração à Revolução de Julho de 1830 na França. A personagem central porta a bandeira tricolor da Revolução Francesa – que evoca os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Ao mesmo tempo em que esse movimento se processava (neste contexto, vieram muitas independências, em especial nas Américas), porém, o mundo experimentava o aprofundamento de um modelo colonial pautado na exploração extensiva de recursos naturais de e pessoas e a aceleração das revoluções industrial e científico-tecnológica. Que implicaram grandes avanços e, também, enormes desigualdades; acumulações extraordinárias de recursos e miséria extrema, além do crescimento das capacidades militares – e da sanha expansionista – de muitos países. Ou seja: se havia uma “igualdade de direitos”, ela não se estendia a todas as pessoas. As consequências disso, como mostrou a própria História, foi terrível.

Uma era de conflitos

A partir da segunda metade do século XIX, esse “cadinho” gerou consequências ainda mais profundas, que acabaram por desaguar nas revoluções russa (1917) e chinesa (1949), no surgimento de regimes totalitários (nazismo, fascismo, franquismo, estalinismo, maoísmo) e, especialmente, nas duas grandes guerras mundiais (1914-1918 – 1939-1945). Juntos, esses dois conflitos assassinaram mais de 100 milhões de pessoas, entre militares e civis (mortos em bombardeios ou operações de extermínio motivadas pelas ideias de raça, religião, gênero e nacionalidade).

Fim do Terceiro Reich: conquista de Berlim pelas tropas soviéticas. Foto de Yevgeny Khaldei.

Nasce a Declaração

Ao final da Segunda Guerra Mundial, com a reorganização geopolítica global – que estabeleceu dois blocos ideológicos e acelerou a descolonização e a independência de países na África e na Ásia -, estabeleceu-se um consenso no sentido de proteger as pessoas. E é justamente aí que nasce a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral.  

Vale observar que todos os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram a Declaração. O Brasil, que em 1948 havia acabado de sair de uma ditadura (de Getúlio Vargas), foi um dos 48 países que votaram a favor da aprovação da DUDH e um dos primeiros a ratificá-la.

A Declaração – que, pela primeira vez, estabeleceu a proteção universal dos direitos humanos – surgiu com a proposta de ser uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. E, efetivamente, influenciou as constituições nacionais e muitas legislações construídas depois de 1948 – entre elas, a Constituição Federal brasileira de 1988.

Crianças com a recém-promulgada Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Foto: Arquivo ONU.

E o que ela afirma?

Antes de relacionar seus pontos principais, é importante observar que a Declaração não é uma “lei global” adotada obrigatoriamente por todos os países. Ela é uma resolução – seu conteúdo funciona como uma recomendação e um ideal a ser seguido, mas não é juridicamente vinculante (ou seja, não gera consequências jurídicas). Ela, porém, possui uma força institucional e moral inegável, e influenciou o pensamento jurídico global ao longo das últimas décadas em relação ao tema dos direitos humanos.

Chegamos, então, ao conteúdo da Declaração. Ela possui 30 artigos que estabelecem direitos em quatro esferas: civis e políticos; econômicos; sociais e culturais; e relativos à liberdade e à segurança. AO FINAL DESTE ARTIGO, VOCÊ PODE CONFERIR O TEXTO COMPLETO DA DECLARAÇÃO. Para baixá-lo, acesse no portal da ONU.

A DUDH não é um “documento solitário”

Não mesmo! Junto com outros documentos, ela forma um conjunto de normas que buscam salvaguardar direitos e proteger pessoas. Em conjunto com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento de queixa e sobre pena de morte) e com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu Protocolo Opcional, formam a chamada Carta Internacional dos Direitos Humanos.

Além disso, uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos. Eles incluem a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), entre outras.

Em síntese

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) nasceu com a missão de promover e de proteger os direitos naturais de todas as pessoas. À cultura, ao trabalho, à religião, à educação, às escolhas sexuais e políticas – pela igualdade de direitos e contra a discriminação. Por um mundo mais pacífico, enfim. Na medida em que muitas populações humanas ainda são afligidas por um claro desrespeito a esses direitos, podemos afirmar que a importância da DUDH segue sendo muito grande. É preciso fazer valer o que está lá!

O texto da Declaração

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8

Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10

Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11

1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12

Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

Artigo 14

1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15

1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17

1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

Artigo 19

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21

1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26

1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27

1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.

2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29

1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Livros para conhecer e curtir a Proclamação da República

“Proclamação da República” (1893), obra de Benedito Calixto pertencente ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Na sexta-feira, 15 de novembro, o Brasil comemora os 135 anos de Proclamação da República. Uma data fundamental para todos os brasileiros, que marca o terceiro grande momento de nossa jornada histórica (os demais são o Brasil Colônia, de 1500 a 1822, e o Brasil Império, de 1822 a 1889). O fato é que grande parte do que somos hoje – das instituições às fronteiras geográficas, das leis à própria democracia – está diretamente conectado à instituição, naquele 15 de novembro de 1889, da República Federativa do Brasil.

LIVROS, LIVROS!

Uma notícia fantástica é a de que, nos últimos anos, o mercado editorial brasileiro redescobriu os temas históricos do nosso próprio país. Além das obras acadêmicas – que são muitas e de excelente qualidade, nascidas nas universidades –, há vários livros que abordam os grandes temas da nossa história – dentre eles, a Proclamação e os primeiros dias da República.

Normalmente escritos em estilo jornalístico, fluido e instigante, esses trabalhos aproximam o público e geram interesse. E, no caso da educação, podem funcionar como um apoio importante na construção do conhecimento e na preparação para avaliações como o Enem e os vestibulares. Como mínimo, são leitura boa, informativa e agradável – e que nos conecta com nossa própria História!

E VAMOS LER

Relacionamos cinco obras que fazem muita gente “se amarrar” na história da Proclamação da República. Vamos lá – e boa leitura!

“1889: Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”, de Laurentino Gomes – Começamos por uma obra escrita por um dos responsáveis pela renovação do interesse popular na História do Brasil, o jornalista e escritor Laurentino Gomes. “1889” encerra a trilogia que teve como outros títulos “1808” e “1822” – abrangendo o período da chegada da família imperial portuguesa ao Brasil ao fim da monarquia. Nesse trabalho, Laurentino traz os momentos finais do Império brasileiro, descrevendo acontecimentos e personagens com muita cor e riqueza de detalhes. O ritmo é jornalístico, e prende a atenção! Globo Livros, 416 p.

“Essa tal Proclamação da República”, de Edison Veiga –  Nesta obra, do jornalista e escritor Edison Veiga (com trabalhos realizados para veículos como Deutsche Welle, BBC e “O Estado de S. Paulo”), os fatos que desembocaram na Proclamação da República são tratados com uma linguagem irreverente, mas com grande precisão. Ela aborda uma série de fatos e configurações do período pré-republicano, da Guerra do Paraguai (que deu início a um forte movimento militar republicano e abolicionista) à briga entre maçonaria e igreja católica. Uma obra interessante, de leitura rápida!  Panda Books, 84 p.

“A construção das Almas – O imaginário da República no Brasil”, de José Murilo de Carvalho – Aqui, a pegada é um pouco diferente: o livro é mais denso, mas, mesmo assim, não menos interessante. Na verdade, é interessantíssimo! Em “A Construção das Almas”, o mineiro José Murilo de Carvalho (1939-2023) – historiador e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) – aborda os símbolos e imagens que fizeram com que a sociedade “virasse a chave” da monarquia para a República. Os hinos, as bandeiras, as charges, as estátuas e outros elementos que, em relativamente pouco tempo, consolidaram o novo regime no imaginário da sociedade. Instigante! Companhia das Letras, 174 p.

“Os Militares e a República”, de Celso Castro – A presença militar na política é um dado absolutamente relevante da História Brasileira. Uma relação que se estabeleceu ainda no Brasil Império, ganhou força na Guerra do Paraguai e chegou a um ponto fundamental na Proclamação da República – golpe contra a monarquia aplicado por oficiais. Em “Os Militares e a República”, o professor e pesquisador Celso Castro (professor da FGV e um dos maiores especialistas brasileiros em História Militar) vai além dos personagens mais conhecidos, como Deodoro da Fonseca, examinando a vida e as ideias de jovens oficiais que foram essenciais para a mudança de regime político. Um trabalho precioso! Zahar, 208 p.

“Triste República: a Primeira República comentada por Lima Barreto”, de Lília Schwarcz e Spacca – Hora dos quadrinhos! Reúna uma historiadora e antropóloga renomada, autora de best-sellers de História (como “As Barbas do Imperador” e “A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis”), e um dos mais reconhecidos cartunistas brasileiros. Faça com que a inspiração dessa parceria seja o carioca Lima Barreto (1881-1922), um dos principais escritores brasileiros da passagem dos séculos XIX para XX. Pronto! Você tem “Triste República”, HQ cujo foco reside no nascimento e nas contradições da República – e como elas se projetam até os dias de hoje. Fantástico! Companhia das Letras, 196 p.  

PARA GOSTAR DE LER

A Proclamação da República é muito mais do que uma data comemorativa. Conhecê-la a partir dos livros é uma boa forma de compreender criticamente as raízes do Brasil moderno e as questões que moldam nossa identidade nacional. Conhecer a nossa história, como você sabe, nos aproxima de quem realmente somos – passado, presente e perspectivas de futuro em um país repleto de desafios e de possibilidades!

Então, aproveite a leitura e descubra o que esses autores têm a dizer sobre nossa República!

De Ruy a Rui… a dinâmica e a força do português brasileiro!

Nesta terça-feira, dia 05 de novembro, o Brasil comemora em alto e bom som o Dia Nacional da Língua Portuguesa. A data, instituída pela Lei Nº 11.310/2006, faz referência ao nascimento de Rui Barbosa (1849-1923), intelectual, político, jurista e escritor baiano que se tornou conhecido por seus amplos conhecimentos do nosso idioma.

Rui, aliás, foi fundador, junto com Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de Sousa, Olavo Bilac, Afonso Celso, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo e Visconde de Taunay, da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1897. Um verdadeiro mestre do idioma, que o conhecia profundamente e manifestava este conhecimento – e também um profundo amor à língua portuguesa – em discursos, documentos oficiais, obras literárias e traduções (você pode conhecer alguns de seus principais textos no site da Casa de Rui Barbosa). 

Uma língua dinâmica

A língua portuguesa falada e escrita por Rui Barbosa (foto) há mais de cem anos não é exatamente a mesma que falamos e escrevemos hoje em dia. Quer um exemplo? O próprio nome de Rui, que, de batismo, era Ruy e teve a grafia alterada por mudanças legais associadas à regulação do idioma. O resultado é que, hoje, o nome aparece nas duas formas: Ruy e Rui!

Ou seja: a língua se transforma, ganha e perde elementos, é influenciada por milhões de falantes, pela mídia e até por outros idiomas e culturas. E também é percebida de formas diferentes: o que, antes, era desprezado, hoje é devidamente estudado e reconhecido em seu valor.

E tudo isso só acontece porque a língua portuguesa é dinâmica – é língua viva!

🇧🇷 A força do português brasileiro

Nossa língua é o português (a quinta língua mais falada no mundo), e o português que falamos e em que escrevemos é tecnicamente reconhecido como “Português Brasileiro”. Ou seja, ele tem características próprias, que o diferenciam das variedades faladas em Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e também em comunidades menores de outros países.

Mapa-mundi com os países pertencentes à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Os países membros estão marcados em azul e os associados – que possuem grandes comunidades de falantes do português – em verde. Fonte: Wikipedia.

Em cada país, na verdade, a língua assume características próprias, que se conectam a fatores históricos e socioculturais. Tecnicamente, essas outras variedades do português, como explica o professor e linguista Ataliba de Castilho, são classificadas como “Português Europeu” e “Português Brasileiro”.

O português brasileiro, porém, é majoritário em termos numéricos. Somos 210 milhões de falantes, o que equivale a 80,7% do total de falantes de português; o segundo maior país, nesta contagem, é Angola 🇦🇴, com 29,3 milhões de falantes (cerca de 85% da população do país).

Por sua ampla base de falantes e pelo peso geopolítico e cultural do Brasil no contexto internacional, a variante brasileira do português é muito influente dentro do mundo lusofalante. E ela chega aos demais países lusófonos graças à televisão, ao cinema, aos livros (apenas em 2023, foram 45 mil títulos e 320 milhões de exemplares, segundo a Câmara Brasileira do Livro – CBL) e, muito fortemente, ao universo digital e às redes sociais.

Mas, é claro, também o nosso português foi e é influenciado pelos idiomas e culturas de outros países.

Juntos, Brasil e Angola agregam mais de 90% dos falantes de português do mundo.

Um português de muitas origens

Agora, imagine uma língua portuguesa chegando assim, “de supetão” (estamos em 1500) em um território onde havia cerca de 300 línguas (organizadas em dois grandes grupos, Jê e Tupi-Guarani) que davam nomes a tudo o que existia naquela terra imensa. Um idioma que, pelos séculos seguintes, recebeu influências poderosas de muitas línguas dos povos e culturas da África (em especial, dos sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e dos bantos do Congo, Angola e Moçambique) e, também, das línguas de imigrantes vindos da Itália, Alemanha, Espanha, Japão, Síria-Líbano, Polônia, Ucrânia, França e mais. E que, nos últimos cem anos, foi permeada por influências da língua inglesa na música, no cinema e nas tecnologias digitais.

Esse é o português brasileiro, que soma todas essas influências e, no dia-a-dia, se transforma ainda mais, dando origem a novas palavras, expressões e formas de falar. Palavras nascem, palavras caem no esquecimento, palavras voltam, palavras se rearranjam… é assim!

Um idioma rico e compreensível

O Brasil é um dos maiores países do mundo. Maior, em extensão, do que a Europa Ocidental, que é berço de muitos idiomas e dialetos. Um país gigantesco, com uma história multissecular e uma presença humana absolutamente diversa, inclusive em termos sociais. E que também mantém um patrimônio linguístico invejável, de mais de 250 línguas (entre indígenas, de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras) além do português!

De acordo com o IBGE, cerca de 2,5% das pessoas com algum grau de surdez no Brasil utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como principal meio de comunicação.

Diante disso, não poderíamos esperar que o nosso português brasileiro fosse, assim, “homogêneo”. Não é!

Ataliba de Castilho propõe alguns parâmetros (que, vale observar, não são absolutos): em termos geográficos, seria possível dividi-lo nas variedades do Norte, do Nordeste, do Sudeste e do Sul; em termos socioculturais, em português popular e português culto; variedades sexuais: português de homens e português de mulheres; variedades etárias: português das crianças, dos jovens e dos idosos; e variedades de registro (a forma de falar): português informal/coloquial, português formal/tenso.

Temos, evidentemente, um sem número de dialetos – que são as variantes de uma língua caracterizadas por peculiaridades de pronúncia, vocabulário e gramática –, com a fantástica vantagem de que eles se deixam compreender por “falantes de fora”. Salvo por termos e expressões muito específicas, é possível afirmar que um paulistano de Heliópolis entenderia o que um marajoara fala, se ele está falando português, e vice-versa. Em países como a Itália, que também possui muitos dialetos, essa compreensão, em muitos casos, é simplesmente impossível.

Para conhecer e festejar

Sala do Real Gabinete Português de Leitura (RGPL), fundado em 1837 no Rio de Janeiro por imigrantes portugueses.

Como vimos, o português brasileiro fornece motivos de sobra para o conhecimento e para a comemoração deste 05 de novembro. Em todos os seus falares e em suas expressões e, é claro, na literatura, que oferece ao mundo lusófono – e a todo o mundo, na verdade – autores do calibre de Machado de Assis, Euclides da Cunha, Clarisse Lispector, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Carolina Maria de Jesus e Paulo Leminski, entre outros.

Conhecer mais sobre esse idioma equivale, enfim, a uma viagem e a uma oportunidade de crescimento. O português brasileiro é um tesouro que oferece muitas riquezas… e que está sempre aberto a contribuições!

Novembro Azul: pela saúde do Homem!

Há anos, novembro ganhou a fama de ser o mês em que se fala da saúde do homem e, mais especificamente, da prevenção e tratamento do câncer de próstata. Uma fama justificada e bem-vinda, que veio com o “Novembro Azul”, campanha nascida em Melbourne, Austrália, em 2003.

A cada ano, o Novembro Azul ganha mais adesões. A causa é das mais nobres e seus efeitos valem para todo o ano. Pela saúde e contra um preconceito que, muitas vezes, é auto-imposto pelos próprios homens. Nesta reportagem especial, vamos falar sobre o Novembro Azul e os cuidados da saúde do homem. Leia e compartilhe!

🩵 No início, era o bigode

O Novembro Azul nasceu da iniciativa de dois australianos, Travis Garone e Luke Slattery, de Melbourne, ao perceberem o quanto, para muitos homens, a própria saúde era um tabu. O câncer de próstata e seu principal exame preventivo, o famoso “exame de toque”, então, estavam no topo dos temas “banidos” da mente masculina!

Inspirados pelo Outubro Rosa, eles resolveram agir. E, no dia 17 de novembro de 2003 – no Dia Mundial da Prevenção ao Câncer de Próstata, iniciaram os primeiros movimentos do que viria a ser o Novembro Azul.

Tudo, na verdade, começou como um desafio, coisa típica do universo masculino. Eles se propuseram a cultivar os próprios bigodes e a convencer outros homens, um grupo de 30 amigos seus, a cultivá-los também – e não é que eles toparam participar? Na época, vale observar, os bigodes andavam um tanto fora de moda.

A proposta passava, ainda, pela oferta, da parte de cada um dos participantes, de uma pequena quantia em dinheiro para uma iniciativa pró-sociedade. Mas, qual iniciativa seria? Apoiar e promover a saúde masculina! Foi quando a campanha ganhou seu primeiro símbolo, o bigode (é claro!) e seu primeiro nome: “Movember” (de “moustache” + “november”), que hoje dá nome a uma fundação internacional que coordena ações de prevenção.

Garone, Slattery e os amigos foram se envolvendo mais e mais com a saúde masculina, apoiando iniciativas, grupos da sociedade civil e instituições de saúde. Com o tempo, a campanha chegou a outras cidades da Austrália e, logo depois, ganhou o mundo! O resto… é Novembro Azul!

🚹 Os homens morrem mais do que as mulheres?

As estatísticas não mentem: em todo o mundo, as mulheres vivem mais do que os homens. Em termos médios globais, essa diferença é de cerca de 7 anos; no Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida média das mulheres é de 79 anos e, a dos homens, de 72 anos. Mas, por que isso acontece?

Segundo os cientistas, haveria razões biológicas, cerebrais e culturais para isso. Em tese – estamos falando de hipóteses bem construídas –, os homens tenderiam a se arriscar mais e a ingressar em profissões de maior risco; por questões hormonais, tenderiam a morrer mais por doenças cardiovasculares; sofreriam mais com dificuldades de inserção social; seriam mais afetados pelo suicídio; e, por fim, mas não menos importante, seriam menos propensos a fazer exames médicos regularmente e a buscar auxílio em caso de problemas – a famosa “teimosia” masculina!

Em nossa época tão agitada, muitas dessas desvantagens também começam a aparecer com força entre as mulheres – ou seja, já não há tantas diferenças entre os gêneros. Mesmo assim, as estatísticas mostram que os homens se cuidam menos e vivem menos – e este é um dado relevante.

🧫 Que doença é essa?

Imagine uma doença que mata, em média, 44 homens por dia no Brasil (16 mil por ano), número que vem se mantendo constante nos últimos anos. Que é silenciosa, cercada de receios e de questões culturais, e potencialmente letal. Mas que, quando detectada a tempo – isto é, nos exames preventivos – tem 90% de chance de cura.

Essa doença é o câncer de próstata, que, segundo estimativas internacionais (do World Cancer Research Fund International e da American Cancer Society), deve registrar 1,5 milhão de casos no mundo e cerca de 100 mil no Brasil.

Mas, se a chance de cura é tão grande quando a detecção é precoce, onde está o “nó” da questão? O problema é cultural.

. Em primeiro lugar, por ser um “câncer”, nome que apavora muitas pessoas.

. Em segundo lugar, por afetar uma região do corpo masculino – a próstata – que se conecta ao sistema reprodutor, o que tem um peso simbólico e psicológico importante para muitos homens.

. E, em terceiro lugar, porque um dos principais meios de detecção de anomalias na próstata é o chamado “exame de toque”, visto com restrições por muitos homens.

Todos esses fatores, evidentemente, devem ser examinados e tratados com respeito, até para que se possa desconstruir os preconceitos um a um.

🩲 Vamos falar da próstata

A próstata é uma glândula do sistema genital masculino, localizada na frente do reto e embaixo da bexiga urinária. Ela envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. A próstata tem como função produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido.

O tamanho da próstata varia com a idade. Em homens mais jovens, tem aproximadamente o tamanho de uma noz, mas pode ser muito maior em homens mais velhos.

🩺 O câncer de próstata

O câncer de próstata, que é detectado a partir de exames médicos, se caracteriza pelo surgimento de um tumor na própria glândula. Ele é o segundo mais frequente entre os homens, ficando atrás, apenas, do câncer de pele.

Esse tipo de câncer, na maioria dos casos, cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Em outros casos, porém, pode crescer rapidamente, espalhar-se para outros órgãos e causar a morte – e é justamente por isto que ele merece atenção!

🔎 Quando falamos em câncer…

…estamos falando de um termo genérico que engloba mais de cem tipos de doenças associadas ao crescimento desordenado – e, muitas vezes, acelerado – de células. Nesse processo reprodutivo, essas células podem formar tumores (massas celulares anômalas, ou seja, que não seguem as regras normais) que, por sua vez, podem invadir tecidos adjacentes ou mesmo outros órgãos do corpo.

Quando os tumores têm uma taxa de crescimento persistente e que ultrapassa a taxa de crescimento dos tecidos normais, eles são chamados de “neoplasias”.

🛡️ Neoplasias: benignas e malignas

As neoplasias benignas tendem a se desenvolver como massas teciduais de crescimento lento e expansivo; elas normalmente comprimem os tecidos adjacentes, sem infiltrá-los. São “fechadas”, isto é, circunscritas e com limites bem definidos.

Já as neoplasias malignas se caracterizam pelo crescimento rápido e invasivo; elas também por se disseminar para outras regiões do corpo por meio de vasos sanguíneos ou linfáticos, surgindo como novas lesões em outras partes do corpo – um processo conhecido como metástase.

🧊 Esse tipo de neoplasia é chamado de câncer

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos tipos de células que podem ser afetados pela doença – carcinomas, por exemplo, estão associados aos tecidos epiteliais, como a pele e as mucosas; se surgem em tecidos conjuntivos (como ossos, músculos e cartilagens), são chamados sarcomas.

⚕️Quais as causas do câncer?

Os mecanismos que “disparam” a reprodução desordenada de células no organismo de mulheres e homens são estudados há décadas por cientistas em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Hoje, sabe-se que há uma série de fatores envolvidos, como os genéticos, os ambientais e os associados aos hábitos. Esses fatores podem interagir, determinando o aparecimento da doença. Os cientistas perceberam, porém, que entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas – mudanças ambientais, poluição, hábitos e comportamentos. Esses fatores modificam a estrutura genética (DNA) das células, “redesenhando” seu metabolismo.

🥶 Fatores de Risco

O câncer de próstata pode atingir qualquer homem. No entanto, há alguns fatores de risco que devem ser conhecidos. O primeiro  é a idade: o risco de se ter a doença aumenta com o passar do tempo. Em nosso país, de cada dez casos, nove são registrados em homens com mais de 55 anos. Um segundo fator de risco é a presença de casos de câncer de próstata na família: homens cujo pai, avô ou irmãos desenvolveram a doença antes dos 60 anos fazem parte do grupo de risco. Um terceiro fator de risco é o sobrepeso ou a obesidade – o peso corporal extra aumenta o risco de aparecimento do câncer e, também, de outras doenças graves, como as cardiovasculares.

💉Formas de Prevenção

A primeira forma de prevenção é o autocuidado, que começa com um olhar mais cuidadoso e até mais carinhoso dos homens para a própria saúde. É preciso se cuidar! Fazer exercícios físicos regularmente e manter uma alimentação saudável, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, buscar formas de cultivar a saúde mental e buscar apoio médico sempre que necessário são medidas mais do que adequadas.

E, é claro, fazer exames médicos preventivos regularmente, em especial a partir dos 50 anos. No caso da próstata, esses exames incluem o chamado “PSA”, que é um exame obtido pela coleta de sangue (para verificação de uma proteína, o Antígeno Prostático Específico), e o “exame de toque” ou “exame de toque retal”, que é feito pelo médico urologista.

O exame de toque – que “apavora” muitos homens – é feito para perceber o tamanho, a forma e a textura da próstata. Para isso, o médico introduz um dedo protegido por uma luva lubrificada no reto do paciente. É um exame muito rápido (dura alguns segundos, na verdade) e permite palpar as partes posterior e lateral da próstata.

O principal, aqui, nem é o exame, mas a importância de se superar o preconceito em relação a ele. Em primeiro lugar, porque o “toque” não desafia a sexualidade do homem – isso é algo que está na sua cabeça!; em segundo lugar, porque ele pode ser decisivo para a detecção de uma doença que, se for descoberta tardiamente, muitas vezes é letal. Enfim: não vale a pena arriscar a vida por uma bobagem como essa!

Lembrando que nem sempre alterações do tamanho da próstata, que são comuns com o aumento da idade, significam câncer. Há, por exemplo, muitos casos de hiperplasia benigna da próstata, que afeta mais da metade dos homens com mais de 50 anos; e há, também, muitos casos de prostatite, inflamação na próstata geralmente causada por bactérias.

Para que o câncer seja detectado ou não, após os exames é necessário fazer uma biopsia, que é a retirada de células da próstata para análise pelo especialista.

🔵 Sinais e sintomas

Em sua fase inicial, o câncer de próstata possui alguns sintomas que devem ser observados. Os mais comuns são dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Esses sintomas não são uma confirmação da doença, mas, se aparecerem, devem acender o “alerta médico” imediatamente. Sem protelação!

🩹 O câncer de próstata tem cura?

Sim. Nos casos de detecção precoce, ou seja, quando a doença está em estágio inicial, as possibilidades de cura são de mais de 90%.

📘 Onde encontrar mais informações?

Indicamos alguns sites com informações de qualidade sobre o câncer de próstata e a campanha do Novembro Azul. Assim, vai lá!

Fundação Movember – Portal oficial, internacional, da Fundação Movember, que deu início ao Novembro Azul.

Instituto Lado a Lado pela Vida – Portal do Instituto Lado a Lado pela Vida, que lançou a campanha do Novembro Azul no Brasil em 2011.

Instituto Nacional do Câncer (INCA) – Site oficial da principal instituição brasileira de pesquisas do câncer.

Instituto Vencer o Câncer – Portal informativo mantido pelos médicos Antonio Buzaid, Fernando Maluf e Drauzio Varella.

Milton, Enedina, Carolina, Abdias… inspirações negras para os jovens brasileiros

No próximo dia 20 de novembro, o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra e o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares. Em 2024, aliás, a data está sendo vivenciada pela primeira vez como feriado nacional (em muitos lugares, já era feriado municipal), estabelecido pela Lei Nº 14.759/2023.

O momento é de olhar para dentro e examinar como, em 330 anos da morte de Zumbi, a sociedade brasileira trabalhou e trabalha com as questões associadas à escravidão e ao período pós-escravidão, ao preconceito racial e religioso, à violência e à desigualdade de condições historicamente impostos às pessoas negras e pardas na sociedade brasileira. Claramente ainda há muito por fazer, e o Dia da Consciência Negra/Dia Nacional de Zumbi dos Palmares é um marcador importante de todas essas demandas.

👉🏾 MUITAS CONTRIBUIÇÕES

É momento, também, de refletir sobre os valores, conhecimentos e contribuições trazidos e construídos pelos negros em nosso país – e reconhecê-los devidamente. No protagonismo, no idioma, na ciência, na participação histórica, nas religiões e na religiosidade, na alimentação, nas técnicas agrícolas, na arte, na educação. Isso tem nome: Consciência Negra. Consciência de um Brasil mais justo e mais decente!

👨🏿‍👩🏿‍👦🏿‍👦🏿 PESSOAS INSPIRADORAS

A seguir, trazemos quatro referências de homens e mulheres negros brasileiros transformadores e inspiradores, que merecem ser mais conhecidos a partir do contexto escolar:

Milton Santos (1926-2001)

Geógrafo, jornalista e escritor, é considerado um dos maiores pensadores globais da Geografia no século XX. Destacou a importância de se trabalhar com a disciplina para além de seu caráter descritivo, incorporando aspectos sociais e políticos; em seus trabalhos, também focou o tema da globalização. Foi professor convidado nas universidades de Caracas (Venezuela), Dar-es-Salam (Tanzânia), Toulouse, Bordeaux e Paris-Sorbonne (França), MIT e Columbia (EUA), e Toronto (Canadá). Foi, também, professor concursado e emérito da Universidade de São Paulo (USP). Em 1994, recebeu o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, o mais importante desta ciência. Algumas obras: “Por uma Geografia Nova, da crítica da geografia a uma geografia crítica” (1978), “Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional” (1994), “Da totalidade ao lugar” (1996), “Metamorfose do espaço habitado” (1997), “A Natureza do Espaço” (1996) e “Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal” (2000).

SAIBA MAIS

Enedina Alves Marques (1913-1981)

Engenheira civil formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945. Foi a primeira mulher a se formar em Engenharia no Estado do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil. Lutou duplamente, contra o machismo e contra o racismo, e foi reconhecida por seu talento profissional e capacidade de liderança.

Trabalhou no Plano Hidrelétrico do Paraná – em um momento em que o Estado se industrializava – e nos projetos de aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu. Atuou no projeto da Usina Capivari-Cachoeira. Também participou, chefiando equipes de técnicos e operários, nas obras do Colégio Estadual do Paraná (CEP) e da Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).

SAIBA MAIS

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

Mulher, negra, nascida na pobreza, Carolina Maria de Jesus brilhou em um meio – a literatura – historicamente dominado por homens brancos. E fez isso com obras como “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada” (de 1960), em que se apresenta e apresenta um Brasil até então oprimido e silenciado. O livro, um grande sucesso de vendas (e que foi traduzido para 13 idiomas), traz um olhar sensível e crítico de sua autora a respeito de sua própria vida e da vida de milhões de brasileiros. As frases são curtas, telegráficas e repletas de significado, como neste excerto de “Quarto de Despejo”:

“Antigamente era a macarronada o prato mais caro. Agora é o arroz e feijão que suplanta a macarronada. São os novos ricos. Passou para o lado dos fidalgos. Até vocês, feijão e arroz, nos abandona! Vocês que eram os amigos dos marginais, dos favelados, dos indigentes. Vejam só. Até o feijão nos esqueceu. Não está ao alcance dos infelizes que estão no quarto de despejo. Quem não nos despresou [sic] foi o fubá. Mas as crianças não gostam de fubá”.

SAIBA MAIS

Abdias do Nascimento (1914-2011)

Poeta, escritor, dramaturgo, artista visual, político, ativista da causa negra e africanista, Abdias do Nascimento foi um dos mais completos intelectuais brasileiros – e globais – de seu tempo. Em 1944, fundou o Teatro Experimental do Negro e o projeto Museu de Arte Negra no Rio de Janeiro. Expôs suas obras em museus de várias partes do mundo, destacando a luta dos negros brasileiros por seus direitos e contra o racismo. Foi professor Emérito da Universidade do Estado de Nova Iorque – onde fundou a cátedra de Culturas Africanas no Novo Mundo do Centro de Estudos Portorriquenhos, do Departamento de Estudos Americanos – e professor visitante na Escola de Artes Dramáticas da Universidade Yale (1969-70). Também levou a luta antirracista à política, como deputado federal, senador e secretário do governo do Estado do Rio de Janeiro.

SAIBA MAIS

✌🏿 CONTRIBUIÇÕES DE MILHÕES

Milton, Enedina, Carolina e Abdias são representantes importantes da população negra brasileira, personagens verdadeiramente inspiradores. Mas, não são os únicos! Neste exato momento, milhões de brasileiras e brasileiros, negras e negros, estão ajudando a construir o nosso país – e lutando para que nossa sociedade evolua para o devido reconhecimento de sua contribuição, para a eliminação do racismo e de todas as formas de preconceito. Essa luta é de toda a sociedade!

👍🏿 PARA IR ALÉM

Fontes de Referência

Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO), fundado por Abdias do Nascimento em 1981.

O que é educação antirracista, publicação do Projeto Criança Livre de Trabalho Infantil, do Ministério Público do Trabalho (MPT-SP)

PIA – Primeira Infância Antirracista, estratégia da Unesco para a educação antirracista desde os primeiros anos de vida da criança.

Literafro – Portal de literatura afro-brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Plataforma Ancestralidades Plataforma com conteúdos derivados de processos investigativos para evidenciar as criações dos diversos Brasis baseados em saberes, histórias e culturas da população negra. Itaú Cultural/Fundação Tide Setúbal

Preta Cientista – Biografias de cientistas negras brasileiras. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco.

Biografias:

André Rebouças, Arquivo Nacional do Brasil

José do Patrocínio, Academia Brasileira de Letras (ABL)

Luiz Gama, BBC Brasil

Lima Barreto, El País Brasil

Luiza Mahin, DW Brasil

Maria Firmina dos Reis, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Zumbi dos Palmares, Brasiliana Fotográfica (Biblioteca Nacional)

Halloween: uma oportunidade intercultural!

A cada ano, as celebrações de Halloween são mais comuns no Brasil. Com fantasias, histórias, brincadeiras, doces, travessuras… e possibilidades de conhecimento!

O Halloween é uma festa intercultural – ou seja, ela nasce da articulação de conhecimentos de diferentes culturas. No passado e nos dias de hoje!

Com o passar do tempo, especialmente nas últimas décadas, muitos países passaram a celebrá-la, o que faz com que, em cada lugar, o Halloween seja um pouco diferente. Do México ao Japão, da China ao Brasil, com muitas coisas em comum – e com coisas muito diferentes, próprias, também! Essa, aliás, é a grande “sacada” da festa, que pode ser trabalhada no contexto educacional.

🎃 Os componentes do Halloween

No Brasil, como aconteceu com outros países, nós conhecemos o Halloween a partir da cultura dos Estados Unidos. Pelo cinema, séries, quadrinhos, animações e redes sociais.

Os principais componentes da festa, porém, são bem mais antigos. Eles chegaram à América do Norte com os imigrantes irlandeses, que no século 19 trouxeram elementos da tradição celta (o Samhain, festival que marcava o fim do verão) e do cristianismo medieval (a vigília que antecedia o Dia de Todos os Santos).

A eles foram se somando outros conhecimentos, como a das lanternas de abóbora e as piñatas (indígenas), e, também, as histórias de fantasmas da tradição alemã.

👻 Possibilidades em Educação

O Halloween é aberto a muitas possibilidades na educação, em temas que vão da Arte à Língua Inglesa, da História ao Folclore. É possível trabalhar, por exemplo, com investigações, rodas de leitura, contação de histórias, debates, desfiles, peças, construção de fantasias, podcasts, etc.

A intenção é conhecer as origens de uma rica tradição, analisando seus componentes e verificando o caráter intercultural da festa. Vale observar que o Halloween permite a incorporação de elementos do nosso próprio folclore, que tornam a festa ainda mais colorida e cheia de significado. Por falar nisso, no Brasil, o 31 de outubro também marca o Dia do Saci, que pode ser comemorado junto (com direito a Cuca, Curupira, Iara e muito mais!).

O Halloween também permite exercitar a sociabilidade dos estudantes, assim como sua capacidade de planejamento e organização para a realização de um evento.

🪅 No mais, é festejar! E que o seu Halloween seja muito animado!

Programa inDICA: avaliação e avanços na Educação!

O Programa inDICA de Gestão da Educação, da Editora Opet, oferece aos municípios e às redes privadas de ensino um dos mais completos sistemas de avaliação diagnóstica da aprendizagem do Brasil, com metodologia, recursos e profissionais de alta qualidade. O programa permite construir uma parceria de avaliação que produz informações precisas e detalhadas sobre a aprendizagem. São dados estratégicos que, por sua vez, vão alimentar os planejamentos e os planos de intervenção – e transformar a educação!

✔️ CONSOLIDAR E AVANÇAR NA EDUCAÇÃO

O inDICA nasceu da experiência de mais de 30 anos da Editora Opet nas áreas pública e privada. Nasceu, também, do desejo de oferecer às escolas e redes de ensino ferramentas e metodologias capazes de fortalecer, consolidar e de impulsionar a aprendizagem. O diagnóstico, com metodologias e ferramentas avançadas (em provas escritas e digitais), é feito nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, e tem como foco os estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O programa oferece avaliação diagnóstica, formação pedagógica para professores e gestores, e também apoio à recomposição da aprendizagem.

CONHEÇA EM DETALHES OS DIFERENCIAIS DO PROGRAMA INDICA

✔️ O EXEMPLO DE CURITIBANOS (SC)

Curitibanos, município situado na região central de Santa Catarina, é um bom exemplo do trabalho do inDICA na área pública. Parceira desde 2023, nos dias 08 e 09 de outubro a rede municipal de ensino realizou a quarta etapa avaliativa com 4 mil estudantes do 1º ao 9º ano Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais). A avaliação envolveu a realização de provas em formatos impresso e digital, e, também, a leitura dos cartões-resposta com o aplicativo do programa.

“Curitibanos é um excelente exemplo do trabalho do inDICA”, avalia Silneia Chiquetto, coordenadora do programa na Editora Opet, que esteve em Curitibanos acompanhando a avaliação. “No município, nos últimos dois anos, estamos desenvolvendo um trabalho que mostra, ponto a ponto, a importância da avaliação diagnóstica para o fortalecimento e para a recomposição da aprendizagem.

RECUPERAR, REFORÇAR OU RECOMPOR A APRENDIZAGEM: DIFERENÇAS E CAMINHOS

✔️ EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM

Para Andressa Boscari de Farias (foto), secretária municipal de Educação de Curitibanos, a chegada do inDICA transformou a educação. “Podemos afirmar que, nos últimos anos, nossa rede municipal vem numa crescente em relação aos índices de aprendizagem.”

Ela conta que a questão da aprendizagem ganhou ainda mais importância no pós-pandemia, quando ficaram evidentes os efeitos negativos do período de distanciamento e aulas remotas. “Nós pensamos em várias estratégias e possibilidades. E foi então que, a partir de um estudo técnico, o inDICA tornou-se parceiro da rede municipal de ensino.”

Segundo a secretária, o programa trouxe um diferencial para as escolas. “O inDICA trouxe essa mudança na qualidade do ensino de todos os nossos estudantes. As avaliações nos permitem pensar e traçar estratégias para recuperar a aprendizagem, o que é fundamental em termos de uma evolução sustentada da educação.”

✔️ UMA PERCEPÇÃO AMPLA E DETALHADA

A professora Larissa Mantovani é gestora do Núcleo Municipal Getúlio Vargas, de Curitibanos, que oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental. “Com as avaliações, os materiais e as devolutivas do Programa inDICA, conseguimos perceber o nível de desenvolvimento dos nossos estudantes e, também, o que é preciso retomar nas habilidades e competências. O que deve ser aprofundado e, também, o nível de aprendizado de cada estudante”, observa.

✔️ SUCESSO NA EDUCAÇÃO

Na avaliação do prefeito de Curitibanos, Kleberson Luciano Lima (na foto, com a diretora de Ensino de Curitibanos, Patrícia Maciel Bastos, a coordenadora do inDICA, Silneia Chiquetto, e a secretária Andressa Boscari de Farias) , o inDICA trouxe elementos para a construção do sucesso da educação municipal. “Além de prefeito, também sou professor da rede municipal de ensino e conheço de perto as questões da educação. Sobre o Programa inDICA, posso afirmar que ele vem dando muito certo. Por meio dos indicadores, por meio das informações colhidas nas avaliações, nós podemos nos planejar para o futuro”, observa. E complementa: “com os dados do inDICA, temos todas as condições de fazer esse planejamento e melhorar naquelas situações específicas que são detectadas pela avaliação.”