A autoestima é um elemento muito importante para o desenvolvimento e para a qualidade de vida de todas as pessoas. E ela é construída a partir da vivência, na família e no convívio – e, é claro, deve ser levada muito a sério pela educação. O grau de autoestima das crianças impacta significativamente todos os aspectos de sua vida escolar, desde o desempenho nas avaliações até a maneira como elas se envolvem nas atividades, socializam com os colegas e lidam com desafios.
O impacto da baixa autoestima também é profundo. Ela diminui a vontade do estudante de aprender, prejudica sua relação com os colegas e a disposição para participar de atividades. E, por certo, tem efeitos sobre sua saúde mental e sobre a forma como ele vê e se vê no mundo.
Autoestima x baixa autoestima
A boa autoestima é um nível saudável de autoconfiança; a baixa autoestima é a atribuição constante de um “desvalor” – uma avaliação negativa – a si mesmo. Basicamente, a pessoa com baixa autoestima possui uma percepção distorcida sobre si mesma, do que é capaz de fazer e de seu papel no mundo.
Como a baixa autoestima se desenvolve e quais seus prejuízos
As experiências que a criança vive ao longo da infância resultam em crenças centrais que influenciarão o resto de sua vida. Quando a criança é exposta a experiências negativas durante esse período, as crenças geradas são disfuncionais e alteram de forma negativa a percepção que ela terá de si mesma. Dentre as experiências negativas, destacam-se crescer em uma família que possui um padrão de exigência muito alto, estar perto de pessoas que desvalorizam outras pessoas, sofrer bullying etc. O resultado das ações citadas são sentimento de insuficiência, sensação de não pertencimento a determinado ambiente, timidez, passividade, tendência de agradar os outros, relacionamentos disfuncionais e até transtornos mentais como ansiedade e depressão.
Comportamentos que estudantes com baixa autoestima podem apresentar na escola
O trabalho com crianças que possuem a autoestima baixa é especialmente desafiador. Muitas delas já passaram por experiências negativas em casa e precisam de atenção redobrada para que perseverem diante dos desafios envolvidos no processo de aprendizagem.
Esses estudantes possuem pouca crença em si mesmos e esboçam alguns comportamentos que podem ser facilmente identificados por um olhar mais atento:
1. Em razão da timidez, da passividade e da tendência de querer agradar aos outros, é comum que as crianças com baixa autoestima acabem levando a culpa por atos que não cometeram.
2. É comum também que, por se sentir incapazes, esses estudantes desistam das atividades na metade ou evitem assumir desafios, como apresentações escolares e projetos semestrais.
3. Geralmente, muitos acabam fazendo comentários autodepreciativos, como: “sou burro”, “não consigo fazer isso” ou “sempre faço tudo errado, mesmo”.
Como a escola pode contribuir com o desenvolvimento de uma boa autoestima nas crianças?
Os professores e demais profissionais da instituição de ensino são responsáveis por planejar, criar e manter um ambiente escolar no qual a criança se sinta segura para aprender e se desenvolver.
Existem diversas ações que podem ser feitas em sala de aula para manter a autoestima daqueles estudantes que já são confiantes e ajudar os que são mais inseguros.
Algumas atitudes podem ajudar nesse processo:
1. Feedbacks assertivos
Quando a criança obtém êxito em alguma tarefa, é importante elogiá-la. Mas, lembre-se de que isso deve ser feito corretamente. Não basta elogiar de forma vaga ou falar frases como “nossa, você é muito inteligente” ou “você é muito esperta”.
O elogio deve ser focado no esforço que a criança realizou para chegar ao resultado. Por exemplo, “você produziu muito em apenas uma hora” ou “essa frase do seu texto é muito legal”. Para ser significativo, o comentário deve mostrar que o professor avaliou o trabalho de forma cuidadosa. Por isso, precisa ser específico. Além disso, se o professor perceber que a criança fica desconfortável em ser elogiada na frente da turma, ele deve conversar com ela em particular ou deixar um bilhete no caderno.
2. Mostre evidências concretas da evolução da criança
Em alguns casos, quando a criança possui uma autoestima mais baixa, o professor perceberá que só os elogios sinceros não são suficientes. Nesse caso, deve mostrar a ela evidências tangíveis do seu progresso. Uma boa tática é gravar a leitura oral no início do processo e alguns meses depois ou relembrar problemas de matemática que foram grandes desafios num bimestre anterior, mas agora são facilmente resolvidos.
Além disso, é importante ter em mente que o elogio deve considerar mesmo os “pequenos progressos”, especialmente daqueles que possuem mais dificuldades em acompanhar a turma. Não se trata de uma comparação com o desempenho dos demais colegas, mas uma análise da evolução que a criança teve entre a semana passada e a atual, por exemplo.
3. Torne públicas as realizações das crianças
Expor trabalhos artísticos em um mural, ler as redações ou pedir que o estudante explique como conseguiu chegar ao resultado correto de um problema matemático são formas de contribuir com a autoestima das crianças. Elas se sentirão capazes e realizadas. Também é importante incluir a participação dos pais e mães no sucesso de seus filhos. Considere escrever um bilhete para informar quando a criança realizar algo notável.
4. Ajude a criança a se sentir importante na aula
Pedir que a criança faça uma anotação na lousa, leia um enunciado ou o trecho de um texto, distribua atividades ou incentivá-la a ensinar algo que ela domina a outro colega a ajuda a se sentir útil e ainda contribui com seu senso de responsabilidade. E lembre-se: se sentir útil é fundamental para a autoestima.
Outra prática interessante é propor um dia para elas apresentarem aos colegas seus hobbies ou interesses específicos. Envolver-se em atividades e socializar ajudam o estudante a obter senso de pertencimento, outra ação que é fundamental para a autoestima.
5. Combata o bullying
Bullying é um ato de violência intencional e repetido que pode ser físico ou psicológico, praticado por um indivíduo com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa que é, ou se sente, incapaz de se defender.
É fundamental que o corpo escolar atente para esse tipo de situação, pois trata-se de uma experiência que destrói a autoestima da vítima. Além disso, a criança que pratica o bullying, na maioria das vezes, também precisa de ajuda, uma vez que tal comportamento é fruto de experiências negativas em casa, por exemplo.
O bullying escolar é um tema tão preocupante que originou o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Lei 13185/15), que visa transformar um ambiente hostil em um ambiente mais leve e promover uma cultura de paz e educação mais empática.
Opet INspira: ferramentas digitais e inclusivas
A Opet INspira é uma plataforma educacional de recursos digitais desenvolvida pela Editora Opet. Nela o docente encontrará diversas ferramentas para promover um ensino que trabalhe a autoestima das crianças.
É possível, por exemplo, utilizar ferramentas de gamificação para estimular a socialização ou os quizzes para demonstrar às crianças como elas evoluíram de um bimestre para o outro. Mas, se a ideia é pedir que cada um leia sua história favorita para a turma, a Opet INspira possui diversas histórias infantis.
Sem contar que há também os recursos de tecnologia assistiva que permitem a elaboração de aulas inclusivas. Já os objetos educacionais como banco de imagem, vídeos e áudios são excelentes maneiras de propor projetos desafiadores em grupos, além de trabalhar a socialização, ajudará cada criança a se superar diante dos desafios do trabalho.
Tudo isso para garantir um ensino que contribua para a construção de uma boa autoestima nas crianças!