O Brasil celebra hoje o Dia Nacional da Consciência Negra. A data se conecta à morte de Zumbi, líder negro do Quilombo de Palmares (no atual Estado do Alagoas), no ano de 1695.
Mas, por que ela foi escolhida? O Brasil, afinal, já não comemorava o 13 de Maio, dia da abolição da escravatura (1888)?
A origem do Dia Nacional da Consciência Negra está relacionada com uma tomada de posição de uma geração de brasileiros. Isso aconteceu no ano de 1971, durante o regime militar.
Foi na cidade de Porto Alegre, quando um grupo de jovens negros – que formavam o Grupo Palmares – se reuniu para pesquisar a luta de seus antepassados e questionar a legitimidade do 13 de Maio. A data, até então promovida pelas autoridades como sendo a da libertação de todo um povo escravizado pela benevolência de uma princesa não negra, foi, então, colocada em questão.
No dia 20 de novembro daquele ano, no Clube Social Negro Marcílio Dias, eles realizaram um ato para destacar a luta contra o preconceito racial, colocando a figura de Zumbi como modelo de resistência do povo negro. E propuseram a data da morte do líder dos Palmares como sendo a legítima para destacar as lutas dos próprios escravizados e de seus descendentes por liberdade, justiça e reconhecimento. E, é claro, gerar reflexões sobre o papel de todo esse povo para a identidade e a cultura do Brasil antigo e atual.
Sete anos mais tarde, em 1978, na cidade de São Paulo, partindo da iniciativa dos jovens de Porto Alegre, o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCRD) realizou várias manifestações pelos direitos dos negros e dos afrodescendentes, nomeando o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra.
Nos anos seguintes, graças aos esforços do movimento negro, a sociedade brasileira celebrou várias conquistas legais importantes, como a institucionalização da Lei de Preconceito de Raça ou Cor (Lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989). Nesse momento, o Dia Nacional da Consciência Negra entrou para o calendário nacional como data comemorativa.
Além disso, a partir de 2003, com a Lei nº 10.639, de 09 de janeiro, o estudo da história e da cultura negra passou a ser obrigatório nos currículos e nas escolas. Um passo fundamental para a mudança civilizatória em relação ao tema em nosso país.
Por fim, mas não menos importante, o Dia Nacional da Consciência Negra ou o Dia de Zumbi foi institucionalizado em 10 de novembro de 2011, por meio da Lei nº 12.519.
Hoje, os negros – grupo de pessoas que soma pretos e pardos, segundo os critérios de classificação do IBGE – representam 56% da população brasileira. São extremamente importantes para o desenvolvimento do país, mas, ainda assim, seguem sub-representados entre os grupos de poder, sofrem mais com a pobreza, a violência e a falta de acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho na comparação com os não negros.
Ou seja: a luta continua, pleiteando tanto os direitos mais imediatos, do agora, quanto a transformação civilizacional tão necessária ao futuro do nosso país. Nós, da Editora Opet, apoiamos essa luta – e fazemos isso a partir da escola. Venha conosco!