A “Constituição” do Enem: por dentro da Matriz de Referência

Já pensou em como seria conhecer a fundo as ideias que norteiam os organizadores do Enem? Mais exatamente, os princípios e fundamentos que regem a construção de todas as perguntas e do tema da redação? O que, enfim, os examinadores querem saber de fato, para além dos conteúdos?

Pois saiba que esses princípios e fundamentos estão disponíveis para consulta e para download por qualquer pessoa! Eles atendem pelo nome de “Matriz de Referência Enem”, documento que pode ser acessado e baixado no site do Inep, instituição que organiza a avaliação (sugestão: acesse usando o Microsoft Edge).

Conhecer a Matriz de Referência Enem é uma excelente ideia. Nela, está um “mapa” das competências e das habilidades exigidas dos participantes. A Matriz também mostra a seriedade da avaliação: afinal, toda a prova, assim como as áreas de conhecimento compreendidas, nasce de seus princípios e não da vontade dos organizadores. Eles têm, sim, liberdade para desenvolver as questões, mas sempre a partir desses referenciais.

Os Eixos Cognitivos

O primeiro elemento definido na Matriz de Referência é o dos Eixos Cognitivos. Por “cognitivo”, podemos entender algo que é ligado à expressão do conhecimento. Então, eixos cognitivos são princípios fundamentais a partir dos quais os organizadores da prova detectam o conhecimento e o nível de raciocínio dos candidatos. Considerados pelos especialistas o ponto de partida de todas as edições do Enem, eles estão em todas as questões, de todas as áreas do conhecimento, e também, é claro, na redação.

A Matriz define cinco Eixos Cognitivos. São eles:

  1. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.
  2. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

  1. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
  2. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

Em síntese, podemos dizer que um candidato domina os cinco eixos cognitivos quando é capaz de:

1) – Entender e fazer-se entender usando uma linguagem ou linguagens de domínio comum; 2) – Perceber os fenômenos a partir de conceitos previamente conhecidos; 3) – Lidar com questões e problemas, buscando soluções; 4) – Ser capaz de construir e apresentar um ponto de vista coerente; 5) – Elaborar propostas que contribuam para interferir positivamente sobre a realidade.

Matriz de Referência – as competências por área do conhecimento

A Matriz de Referência também estabelece as competências que os candidatos devem expressar ao responder às questões. Por “competência”, podemos compreender o conjunto de saberes que o estudante deve compreender e dominar para que possa ler o mundo e a si mesmo em diferentes contextos. Essas competências (chamadas de “competências de área”) se desdobram em 120 habilidades – um “saber fazer” mais prático, aplicado – também descritas no documento. Elas estão conectadas às quatro áreas do conhecimento que constituem a base da prova:

. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (30 habilidades);

. Matemática e suas Tecnologias (30 habilidades);

. Ciências da Natureza e suas Tecnologias (30 habilidades);

. Ciências Humanas e suas Tecnologias (30 habilidades).

(*) – A necessidade de se demonstrar competências e habilidades também aparece na redação, que exige dos candidatos uma capacidade de resposta ainda mais sofisticada.

As competências de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

Competência de área 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.

Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.

Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.

As competências de Matemática e suas Tecnologias

Competência de área 1 – Construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais.

Competência de área 2 – Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.

Competência de área 3 – Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

Competência de área 4 – Construir noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

Competência de área 5 – Modelar e resolver problemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas, usando representações algébricas.

Competência de área 6 – Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

Competência de área 7 – Compreender o caráter aleatório e não-determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.

As competências de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Competência de área 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.

Competência de área 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.

Competência de área 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações científico-tecnológicos.

Competência de área 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.

Competência de área 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.

Competência de área 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.

Competência de área 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.

Competência de área 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.

As competências de Ciências Humanas e suas Tecnologias

Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.

Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

O que fazer com esse conhecimento?

Como você percebeu, a Matriz é um documento importante. Ele, porém, traz muitas informações, o que pode dificultar sua compreensão, muito mais quando você está com a cabeça repleta de informações e conteúdos de sua jornada pessoal de preparação para o Enem!

No entanto, vale a pena ler cuidadosamente cada parte da Matriz, começando pelos eixos cognitivos. Se, após responder uma questão-teste do Enem, você for capaz de associar sua performance a cada um dos eixos, está no caminho certo!

Estude, também, as competências e habilidades associadas em cada área do conhecimento. Compare-as em relação às áreas do conhecimento em que você se sai melhor e, também, em relação àquelas em que você não está tão seguro.

O que vem por aí!

Na próxima edição do Opet Enem 2022, vamos avançar um pouco mais na Matriz do Enem, com foco nos Objetos de Conhecimento associados à Matriz de Referência do Enem. Confira!

Enquanto isso, deixamos uma sugestão para você se aprofundar no assunto:

GOMES, Raimundo. “Conhecendo a Matriz de Referência do Enem: os Eixos Cognitivos”, artigo publicado em Revista Docentes, da Secretaria de Estado de Educação do Ceará (SEDUC-CE).

TDAH, hiperatividade e escola: caminhos para acolher, aprender, ensinar e crescer

Dados médicos internacionais dão conta de que entre 3% e 5% da população global sofrem com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH. Um mal de origem neurobiológica, de causas genéticas, que surge na infância e, muitas vezes, afeta a pessoa ao longo de toda a vida. Felizmente, ao longo das últimas décadas, o TDAH se tornou mais conhecido pela sociedade, que passou a trabalhar no sentido de buscar tratamentos, inclusão, direitos e educação aos portadores.

No campo da educação, por exemplo, há todo um movimento no sentido de se incluir crianças e adolescentes portadores de TDAH. E um cuidado muito grande em relação a como atuar para garantir uma educação de qualidade, com reflexos positivos sobre o coletivo, isto é, sobre o conjunto de estudantes portadores e não portadores.

Pensemos, por exemplo, na hiperatividade que caracteriza muitas das crianças com TDAH. Vale observar que nem todas elas são hiperativas; este, porém, é um sintoma bastante comum, capaz de impactar o ambiente escolar.

Como fazer para que ele não prejudique o próprio estudante hiperativo?

Como fazer para que não afete a dinâmica de aprendizagem de toda a turma?

Como, enfim, encontrar o método adequado para o trabalho pedagógico?

É exatamente sobre isso que vamos tratar neste artigo, que é uma breve aproximação a um tema complexo e relevante.

O estudante hiperativo precisa se movimentar para aprender

Uma maneira intuitiva de se trabalhar com a hiperatividade é direcionar o trabalho para atividades educacionais, culturais e de aprendizagem que tenham a mesma dinâmica, o mesmo ritmo. É muito comum, inclusive, que as questões de comportamento com que os professores lidam ao ensinar as crianças com hiperatividade diminuam drasticamente quando as atividades propostas permitem que as crianças se mantenham em movimento.

Na medida em que a inquietude e a impulsividade não são apenas motoras, mas também verbais, é interessante trabalhar com atividades comunicacionais, com comunicação verbal.

Pensando em um padrão de atividades alinhadas ao comportamento dos estudantes que possuem o tipo de TDAH com hiperatividade, logo nos lembramos das metodologias ativas. Vamos a elas!

 

Metodologias ativas são grandes aliadas para a harmonia de uma sala diversa

Muito se tem falado a respeito dessas metodologias que, apesar de distintas no modo de estruturar as aulas, seguem o conceito de colocar o estudante no centro do seu processo de ensino-aprendizagem. O caminho é o de se priorizar a prática, o fazer, a ação, em uma abordagem ativa e protagonista diante do conhecimento.

Essas práticas de ensino são excelentes para garantir que tanto as crianças/estudantes com hiperatividade associada ao TDAH quanto os que não sofrem com o transtorno possam atuar juntos e se desenvolver plenamente. A ideia é fazer com que os modos distintos de funcionamento cerebral atuem juntos e não sejam prejudicados na educação.

 

Lembre-se: TDAH não é transtorno de aprendizagem

É importante destacar que o TDAH, seja ele do tipo predominantemente desatento, hiperativo ou misto, não é um transtorno de aprendizagem. Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento causado por uma menor produção de dopamina na região do córtex pré-frontal. Como consequência desse fenômeno, as funções executivas do indivíduo são prejudicadas – afinal, tais funções são justamente reguladas por essa área do cérebro.

Isso significa que habilidades de controle da impulsividade, planejamento em longo prazo, atenção em assuntos que não são de interesse pessoal, noção de tempo, entre outras, serão mais difíceis para esse estudante.

Não há, portanto, nenhuma relação com a capacidade de aprendizado. Pelo contrário: portadores de TDAH, normalmente, são pessoas com um grande potencial criativo.

A criatividade natural dos TDAHs também é fruto dessa menor produção de dopamina, pois, além das habilidades citadas acima, o controle de estímulos e de pensamentos é outra característica pela qual a região do córtex pré-frontal é responsável.

No entanto, como mencionamos, tudo que é de responsabilidade dessa região acaba funcionando de forma diferente, e com o fluxo de pensamentos não seria diferente.

 

Mais pensamentos, mais criatividade

O menor filtro de estímulos que resulta em um maior fluxo de pensamentos é um fator que implica – normalmente – um potencial criativo aumentado para esses indivíduos.

Inclusive, a metodologia ativa “Aprendizagem Baseada em Problemas” é uma ótima abordagem para as aulas: normalmente, as atividades desafiadoras captam a atenção desses estudantes. E, nesse caso, engajar aqueles com TDAH é fundamental, pois o fluxo de pensamentos que leva a ideias inovadoras é o mesmo que torna a atenção difusa, algo prejudicial quando é necessário focar em algo.

 

Um ambiente propício

Se, por um lado, os estudantes hiperativos são muito criativos em função do fluxo de pensamentos, por outro se distraem facilmente. Com vários pensamentos indo e vindo, podem acabar “perdidos” em um emaranhado de ideias.

Por isso, criar um ambiente propício para esse modo de funcionamento cerebral é essencial para o desenvolvimento e aprendizado. E nada melhor do que um ambiente em que a comunicação, a mão na massa e a colaboração mútua entre os colegas sejam estimulados para “fertilizar” essas ideias, colocando-as em prática.

Com a “Aprendizagem Baseada em Problemas”, assim como outras metodologias ativas, por exemplo, a “Aprendizagem Baseada em Projetos”, a “Educação Maker” e o “STEM”, é possível criar esse ambiente e ajudar o estudante hiperativo a sair do campo das ideias, transformando-as em soluções únicas.

 

Cuidados extras com estudantes que possuem comorbidades

Um adendo importante é em relação às possíveis comorbidades que os estudantes podem possuir com o TDAH. É muito comum, por exemplo, que o indivíduo com esse transtorno tenha também dislexia ou discalculia – estes, sim, transtornos de aprendizagem.

Se, por acaso, o TDAH tiver alguma participação no mau desempenho escolar, o problema pode ter relação com os sintomas de desatenção que fazem a criança muitas vezes “sonhar acordada” ou com a hiperatividade que a torna inquieta, impedindo-a de prestar atenção. No entanto, a dificuldade de aprender nunca está relacionada, de forma primária, ao transtorno.

E, claro, é ainda mais provável que a dificuldade de aprendizagem esteja relacionada a uma comorbidade. Mas, fique atento para não confundir erros de desatenção na escrita com a dislexia. A dislexia possui sintomas bem característicos e demanda intervenções específicas. Aqui, vale uma conversa com os familiares e com o psicopedagogo da escola para um trabalho específico.

 

Os recursos da plataforma educacional Opet INspira

Recursos educacionais de alta qualidade, capazes de fornecer elementos para o trabalho docente em diferentes contextos – inclusive, no do TDAH –, são fundamentais para o sucesso da educação.

No campo dos recursos digitais, a plataforma educacional digital Opet INspira, da Editora Opet, oferece um acervo extraordinário: são recursos como áudios, imagens, vídeos e histórias infantis ilustradas para trabalhar com contação de histórias, leitura e até teatro. Essas atividades lúdicas são excelentes para engajar e trabalhar a criatividade das crianças que possuem TDAH.

A plataforma também oferece jogos online, quizzes educacionais e ferramentas de gamificação – um estímulo fantástico para o professor criar projetos que estimulem a comunicação e o movimento dos estudantes hiperativos.

Sem contar que a plataforma Opet INspira possui um menu de acessibilidade que permite adaptar várias funções conforme a necessidade do estudante, algo fundamental se a criança ou adolescente com hiperatividade possui comorbidades. A plataforma, aliás, é uma das mais acessíveis do Brasil!

 

Para ir mais longe:

Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) – site oficial da instituição fundada em 1999 para divulgar informações, capacitar profissionais e colocar em discussão o TDAH.

Como aproximar família e escola?

Quando o assunto é promover educação de qualidade, família e escola caminham juntas. Essa frase é uma velha conhecida dos professores, estudantes, gestores e famílias parceiras da Editora Opet. Nós, da Editora Opet, acreditamos firmemente nisso e baseamos essa crença em estudos científicos internacionais que demonstram o sucesso da “dobradinha” família-escola.

Os ambientes da família e da escola, é claro, são distintos: cada um tem suas características e seus modos de interação. Eles, porém, são complementares e se reforçam mutuamente. Vamos saber mais a respeito.

 

O papel da escola na formação do estudante

O trabalho escolar é mais centrado na formação acadêmica, intelectual e cognitiva. Em resumo, o foco maior está na transmissão dos conhecimentos acumulados ao longo da história humana. Ainda sobre o foco educacional da escola, não podemos deixar de mencionar o foco na aplicação de atividades que ajudem o indivíduo no desenvolvimento de competências e habilidades cruciais para a vida em sociedade, ainda mais na sociedade atual, que está em constante mudança.

Além do conhecimento científico e desenvolvimento de habilidades e competências, há uma preocupação em suprir algumas necessidades do âmbito pessoal, especialmente aquelas relacionadas à socialização.

Nesse aspecto pessoal, podemos dizer que a escola amplia o que vem do ambiente domiciliar.

Na maioria dos casos, até o início da vida escolar, as crianças só tiveram contato com os membros da família e um grupo restrito que se estendia a familiares e amigos, a eventos sociais e à comunidade em torno do local de moradia – vizinhos, por exemplo.

Então, a escola representa um importante avanço no que se refere a experiências e habilidades sociais. Nesse espaço, as crianças começam a construir sua própria rede de amigos e comunidade.

Mas, é preciso mais do que isso para forjar a personalidade e garantir o desenvolvimento integral desse indivíduo. E o que falta na escola precisa ser complementado pela família.

 

O papel da família na formação do indivíduo

A família, além de anteceder e de dar continuidade ao trabalho dos educadores, atua no estabelecimento de valores e princípios. Também é no espaço familiar, o qual ainda é o local mais importante para criança, que o estudante deve receber segurança, acolhimento, orientação e apoio.

A compreensão do mundo, dos acontecimentos na escola, do valor do conhecimento também deve partir da família. A família tem um importante papel em auxiliar o indivíduo a fazer uma leitura correta do mundo, já que, no início da vida, tudo é muito novo para ele.

Isso vai desde trabalhar boas maneiras e respeito até dar assistência no desenvolvimento de habilidades socioemocionais que vão ajudá-lo a lidar com os demais, com os desafios e com as próprias emoções.

Em última instância, esse trabalho também é uma maneira de reforçar ensinamentos do professor, bem como o respeito e a admiração por ele.

 

Como fortalecer a parceria entre escola e família?

É papel dos professores e dos gestores incentivar e criar estratégias para encorajar a participação da família na educação das crianças e adolescentes. São eles que vão “quebrar o gelo”, abrir as portas, criar um fluxo de comunicação clara e contínua. Quanto mais acolherem, mais serão acolhidos e “integrados” pela família. Isso, aliás, gera pertencimento – temos, então, uma “comunidade escolar” na mais profunda acepção do termo! Mas, como chegar nesse grau de integração? Vamos descobrir:

 Ofereça dicas básicas para a participação ativa da família

Indique algumas ações que a família pode executar para participar da vida escolar. Esse é o primeiro passo, serve para começar a introduzir a ideia de educação compartilhada entre escola e família. A família deve ser estimulada a:

  • Perguntar sobre o dia na escola;
  • Auxiliar no dever de casa;
  • Transmitir segurança para que a criança informe possíveis problemas, bullying ou dificuldades com determinados conteúdos;
  • Incentivar o gosto pelo estudo, incorporando na criança ou adolescente um tom de curiosidade e espírito investigativo;
  • Elogiar as conquistas escolares;
  • Com respeito e carinho, mostrar o erro e o caminho para o estudante conseguir resolver determinada atividade;
  • Participar dos eventos escolares – reuniões, feiras, festas, apresentações.

  Informe sobre estruturas básicas de ensino e ambiente físico da escola

  • Mantenha a família informada sobre o conteúdo do Projeto Político Pedagógico (PPP), os objetivos e em qual etapa dele o ensino das crianças está.
  • Apresente o espaço físico da instituição onde ocorre cada atividade para que a família se sinta parte do processo. Dessa forma, ela passa a ter ainda mais zelo e vontade de participar.
  • Torne a família parte ativa dos processos de ensino da sala de aula.
  • Faça reuniões para apresentar feedbacks e, em caso de o estudante apresentar dificuldade no desempenho escolar, informar a situação, o que está sendo feito e como a família pode contribuir para ajudar.
  • Marque encontros individuais quando houver a necessidade de abordar assuntos relacionados a dúvidas por parte da família. Esse contato mais próximo e personalizado ajuda a aumentar a confiança na escola e fortalecer vínculos.

Comunique-se bem!

Facilite a comunicação e o acesso da família aos professores e gestores, sob pena de “desistência” da família. A comunicação deve ser rápida, assertiva e ajustada aos referenciais culturais das famílias. Há diversas formas de estabelecer uma comunicação. Por exemplo:

  • Recados em agendas;
  • Blogs e sites;
  • E-mail;
  • Redes sociais.

Por meio desses recursos, é possível informar, comunicar e aproximar das diferentes formas apresentadas a seguir.

Aproxime, encante e instigue!

O povo brasileiro é, por excelência, um apaixonado pela aproximação, pelo contato social. E é justamente aí que reside uma excelente tática de aproximação. Com um bom planejamento, a escola poder transformar encontros que normalmente são vistos como “burocráticos” ou “aborrecidos” em eventos de que as pessoas querem participar – momentos de comunhão pela educação. Vamos pensar em alguns tipos de eventos que podem ser promovidos na escola:

  • Encontros, palestras e seminários: além de repassar informações e conhecimentos importantes sobre educação, desenvolvimento infantil e temas relacionados, esse tipo de encontro permite um contato com todo o corpo docente e demais responsáveis. Cria-se, assim, um senso de comunidade.
  • Festas típicas: Festa Junina, eventos folclóricos, Carnaval, Natal e demais datas comemorativas não podem faltar. Além de serem datas que todos amam, são bons momentos para o engajamento e a valorização das pessoas e de suas habilidades.
  • Feiras: Feiras do Livro e de Ciências, por exemplo, são maneiras de ampliar a interação e de fazer os estudantes brilharem em apresentações e rodas de conversa.
  • Festivais: estruturar festivais também contribui para aproximar, ao mesmo tempo em que garante diversão e conhecimento. Podemos citar vários temas, mas o Festival Cultural é uma temática poderosa para que os participantes possam se conhecer em um nível diferente. É um momento que se pode propor que cada criança fale um pouco sobre a origem da família, em qual Estado os familiares nasceram, quais hábitos culturais fazem parte dessa região do país, entre outros aspectos.

 

Use a tecnologia para aproximar

A tecnologia é uma das ferramentas-chave para a estruturação de um arsenal de ações de aproximação entre escola e família. Além dos canais de mensagens instantânea, das redes sociais, sites, blogs e aplicativos, também é possível criar um ambiente virtual de ensino para organizar e disponibilizar tudo o que envolve as atividades escolares.

Com recursos como a Opet INspira, plataforma educacional de recursos digitais desenvolvida pela Editora Opet, por exemplo, esse ambiente pode ser acessado pelos professores, estudantes e famílias. Entre os conteúdos disponibilizados estão atividades para casa, projetos em andamento e documentos institucionais de interesse da família.

Tem ainda como criar roteiro de estudos e trilhas de aprendizagem para orientar e guiar o discente na execução de trabalhos, atividades, projetos e apresentação.

Outro recurso tecnológico que pode ser utilizado no ensino e disponibilizado nesse espaço são os jogos educativos, livros de histórias e qualquer material de apoio.

Tudo isso pode ser acessado pelos estudantes na hora de realizar as atividades e pelos responsáveis para acompanharem o desempenho e organizarem a rotina dos pequenos.

Fato é que como a tecnologia possui “vários braços”, é possível utilizá-la para se fazer presente e estabelecer um relacionamento com a família de diversas formas.

Para saber mais: Educação Montessoriana

Para muita gente, a primeira imagem que vem à mente quando falamos em Educação Montessoriana é a de móveis feitos sob medida para as crianças, assim como brinquedos e materiais para atividades. E essa é uma associação perfeitamente válida: afinal, o ambiente é um fator fundamental para esse método educacional criado pela médica e educadora italiana Maria Montessori (1870-1952) e seus colaboradores. Neste artigo, vamos trazer algumas informações sobre esse importante e revolucionário método de ensino. O tema, evidentemente, vai bem mais longe e pode ser conhecido em detalhes – no final, selecionamos algumas sugestões de leitura.

Para começar, poderíamos pensar na educação da segunda metade do século XIX, quando Maria Montessori começou a trabalhar com crianças. Naquela época, quase um século após a Revolução Francesa, a educação havia avançado bastante em relação aos séculos anteriores. Ainda assim, havia muito por descobrir e por avançar, e Maria Montessori contribuiu muito para este processo.

No método montessoriano, tudo é pensado com foco na autonomia do indivíduo. Desde os conceitos fundamentais até a maneira como o ambiente é preparado, os brinquedos e as práticas educacionais devem contribuir para um ensino autodirigido, a aprendizagem prática e o jogo colaborativo. O foco não é apenas transmitir conhecimentos, mas guiar o aprendizado e nutrir na criança o desejo natural que ela tem por conhecimento, compreensão e respeito.

Sala de aula montessoriana: em cada canto, um aprendizado 

No método montessoriano, toda intenção de ensino deve ser traduzida nos móveis, brinquedos, jogos e demais elementos que compõem o ambiente. Tanto a atuação do professor quanto a disposição dos objetos precisam direcionar as crianças para a aprendizagem.

Em uma sala de aula montessoriana, veremos pouca interferência do professor. Nela, as crianças têm total liberdade para fazer escolhas criativas no seu processo de aprendizado. Isso não quer dizer que o educador não tenha um papel ativo no ensino das crianças, mas apenas que isto é feito de maneira intencional e estratégica. 

A criança e sua habilidade natural de identificar o conhecimento 

Para ficar mais fácil de compreender, pense em um videogame. Quando estamos jogando, boa parte das ações e decisões que tomamos são baseadas nos elementos que estão na tela, certo? Na Educação Montessoriana, ocorre algo semelhante: como o ambiente não é um mero coadjuvante, o docente deve construí-lo para oferecer pistas aos estudantes sobre o que deve ser feito. 

Segundo Maria Montessori, o desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem por fases. Então, considerando cada fase e o que a criança precisa em cada uma delas, o professor deve criar um cenário com as atividades adequadas à idade. E por que isso? Nesse método, a menor intervenção do educador ocorre em função da ideia de que, sendo cada fase naturalmente propícia para aprendizados específicos, a busca por eles é igualmente natural. 

Então, quando inseridas no ambiente adequado, as crianças são levadas a fazer as escolhas inerentes à fase em que estão. 

Interesses naturais das crianças alinhados à proposta de ensino 

É por isso que cada material de uma sala de aula montessoriana precisa estar relacionado a um aspecto do desenvolvimento infantil. A disposição dos elementos deve criar uma combinação entre os interesses naturais da criança e o conhecimento que o professor quer compartilhar/estimular. 

O impulso de investigar o ambiente é despertado quando a criança se depara com atividades práticas e multissensoriais que estimulam a exploração do mundo e priorizam a experiência própria, tudo no seu ritmo. 

Fases do desenvolvimento e prática montessoriana 

Mas, afinal, como se aplica todo esse conceito? 

O método criado por Maria Montessori está ancorado nas fases de desenvolvimento, que ela chamou de “Planos de Desenvolvimento”. Segundo a sua pedagogia, a cada plano as crianças buscam naturalmente por uma nova fase de independência em relação aos adultos.

Primeiro Plano de Desenvolvimento e a Primeira Infância (0 a 6 anos) 

Aprender como o mundo funciona para entender como funcionar nele e, assim, alcançar independência física em relação aos adulto. Esses são os dois objetivos que as crianças têm na primeira fase de vida. 

Estímulos diversos são experimentados pela primeira vez nesse período. Tudo é novo e as crianças tentam absorver essa “enormidade” de coisas. Maria Montessori, percebendo a capacidade que o cérebro infantil tem de se transformar a cada informação, chamou a mente dos pequenos de “mente absorvente”. 

O desenvolvimento físico também ocorre de forma intensa aqui. Mas, considerando a tendência natural para se tornar independente, uma frase que traduz bem a necessidade do indivíduo é algo comumente dito pelas crianças: “Me ajuda a fazer sozinho”. Ou seja: elas querem aprender – e não que alguém faça – e “aprenda” – por elas. 

Os chamados “períodos sensíveis” – ciclos em que a criança direciona seus interesses, atenção e esforços para uma área do desenvolvimento – guiam esse plano. Existem ciclos para os sentidos, o movimento, a linguagem, a escrita e a matemática. E tudo isso será melhor vivenciado se o indivíduo puder explorar cada um deles com liberdade.

Como criar um ambiente adequado para o desenvolvimento na Primeira Infância 

Considerando a fase da Primeira Infância, a sala de aula montessoriana deve: 

● apresentar materiais montessorianos;

● favorecer que as crianças escolham o que e como estudar;

● trabalhar currículo multidisciplinar, ou seja, vários temas e disciplinas por diferentes perspectivas ao mesmo tempo;

● propiciar liberdade para que escolham onde desejam ficar;

● não diferenciar momentos de estudo de momentos de lazer;

● permitir a avaliação por meio da observação e de registros.

Materiais montessorianos para a sala de aula 

Para que o docente consiga estimular os sentidos, habilidades e aprendizados dessa fase da vida, é fundamental escolher os materiais adequados. Os estímulos sensoriais são elementos muito importantes no método montessoriano. 

Os jogos e as brincadeiras, assim como os livros e tudo que envolve imaginação, criatividade e investigação, também são fundamentais para promover esse tipo de ensino. 

Além dos objetos físicos, os recursos digitais podem ser utilizados e adaptados ao método. A Opet INspira, plataforma de objetos educacionais da Editora Opet, por exemplo, disponibiliza uma variedade de ferramentas e recursos educacionais digitais que podem ajudar muito. 

Para ir mais longe

As indicações de leitura a seguir não pretendem fazer um aprofundamento acadêmico em relação ao método montessoriano, mas aproximar ainda mais o leitor do tema e inspirá-lo a outras pesquisas.

“Montessori: o que ler e em que ordem” – artigo de Gabriel Salomão (doutor em Letras pela USP e especialista no método montessoriano) sobre as obras da educadora italiana. Uma introdução interessante à leitura de Maria Montessori.

“Maria Montessori: feminista, cientista e educadora” – Biografia de Maria Montessori no portal MultiRio, da Prefeitura do Rio de Janeiro.

“O método de ensino com o qual estudaram os criadores da Amazon, do Google e da Wikipedia” – Matéria da rede britânica BBC, em português, que aborda o êxito da Educação Montessoriana.

“Não, o método Montessori não é ‘aprender brincando’” – Matéria do jornal espanhol El País, em português, sobre os diferenciais do método montessoriano.

Uma introdução à Educação Midiática

Quando falamos em Educação Midiática, é comum que o termo seja associado aos canais digitais, que estão tão presentes em nossa vida. No entanto, a educação midiática não se limita à internet e às mídias eletrônicas. O termo “mídia”, no sentido de meio de comunicação, é anterior às tecnologias digitais, e se refere a todas as plataformas comunicacionais – o que inclui livros, transmissões radiofônicas e jornais, por exemplo.

Vale observar que a expressão “Educação Midiática” não aparece nas normas da educação brasileira. O termo, porém, é muito útil em termos instrumentais, para a compreensão de um campo de conhecimentos cada vez mais importante e necessário.

É fato que a ampliação dos canais de comunicação no meio digital acelerou o debate e até mesmo a aplicação escolar da Educação Midiática. Porém, é importante ter em mente que o assunto aqui não tem a ver apenas com a mídia de onde vem a informação, mas, também, com a natureza dessa informação e a fala em si. Esse, aliás, é o grande objetivo da Educação Midiática: formar pessoas capazes de lidar não apenas com as tecnologias de comunicação, mas de perceber a qualidade, o sentido e o objetivo das informações transmitidas. Algo que é muito importante, especialmente em um tempo em que há tantas informações disponíveis.

Assim, a Educação Midiática deve abranger todos os aspectos da vida. Tem a ver com analisar tudo o que é dito. Isso pode incluir desde o grupo de WhatsApp da família até as notícias da TV, os artigos de jornais e posts em uma página do Instagram. 

Importância da Educação Midiática 

O objetivo da Educação Midiática é educar cidadãos capazes de analisar, interpretar e compreender o que está sendo dito. O olhar crítico é fundamental: afinal, as pessoas não podem se deixar levar por informações falsas ou discursos de ódio, por exemplo. 

Olhar crítico é a base da Educação Midiática 

A criticidade está diretamente ligada ao sucesso, às capacidades cognitivas e a ações assertivas. Essa é uma habilidade que pode e deve ser aprendida, exercitada e utilizada em qualquer situação. 

A democratização dos canais de comunicação exige atenção redobrada a respeito do conteúdo 

A democratização e a acessibilidade ampla aos canais de comunicação – algo positivo – permitiram que as pessoas pudessem criar e compartilhar informações. Se, antes, era preciso dispor de muitos recursos para criar um meio de comunicação – como um jornal ou uma rádio, por exemplo –, hoje qualquer pessoa que tenha acesso às tecnologias digitais pode criar seu próprio canal de vídeo, podcasts, blog, rede social, site ou livro digital. Um poder gigantesco!

Não podemos fechar os olhos, no entanto, para os riscos associados a essa conquista. E o maior deles reside, justamente, no poder de manipulação da informação: as novas mídias também são responsáveis pela disseminação de notícias falsas, distorcidas ou mal intencionadas, que podem gerar danos a pessoas e à sociedade. Como resolver esse problema? Por meio da educação midiática, que permite ao receptor da informação avaliar a sua confiabilidade. O tema é amplo, mas permite alguns recortes.

Fato ou opinião? É preciso saber diferenciar 

Muitas pessoas estão apenas opinando sobre algo, com base apenas na parte que elas conhecem ou com base na própria experiência. Há, ainda, as tão faladas “Fake News”, que são notícias falsas criadas para prejudicar alguém ou manipular as pessoas a pensarem sobre algo. Algumas fake news são facilmente detectáveis – outras, porém, são mais sofisticadas e merecem ainda mais cuidado.

A situação se complica diante da velocidade da informação, característica desse tipo de mídia. A informação é produzida, publicada e, em poucos instantes, acaba disseminada por pessoas que leram o conteúdo. Sem nem checar o dado, muitas pessoas o compartilham em suas redes e grupos – disseminando uma informação falsa e, muitas vezes, potencialmente perigosa! 

Como a Educação Midiática pode ser trabalhada na escola 

Primeiro, é importante destacar que esse tema pode ser abordado em qualquer idade. Esse processo tem início a partir do momento em que a criança sai para o mundo e inicia o contato com os colegas, os professores, recursos audiovisuais e midiáticos. 

Educação Midiática desde sempre

A Educação Midiática é fundamental para a alfabetização, mas deve vir antes da alfabetização, já na Educação Infantil. E isso porque, em nossa época, as crianças pequenas já são expostas a milhões de informações. Associadas, por exemplo, ao consumo, na publicidade. Cada faixa etária, por certo, deve merecer uma abordagem compatível ao seu grau de desenvolvimento cognitivo.

Hoje em dia, ser alfabetizado envolve, mais do que ler e interpretar. É preciso saber encontrar uma informação, decodificar os textos em vários formatos e linguagens e ter senso crítico para buscar a origem, a natureza e a intenção de qualquer publicação. Só assim é possível saber se o conteúdo é confiável e pode ser reproduzido. 

A abordagem deve ser interdisciplinar 

Além disso, é um assunto interdisciplinar, visto que o aprendizado adquirido aqui pode e deve ser aplicado em todas as áreas da vida. Como já citamos, isso tem a ver com a análise crítica da informação. Isso quer dizer que não basta abordar elementos específicos das mídias, como os recursos, verbetes e outros. 

Quando falamos de ela ser interdisciplinar, estamos nos referindo à necessidade de ser abordada em todos os componentes curriculares. É possível combater fake News, por exemplo, em aulas de Química, Biologia, Matemática e História. Da mesma forma, todas essas componentes curriculares possuem métodos e caminhos que ensinam uma pessoa a ser mais crítica, atenta e metódica na análise de qualquer informação.

Propor atividades em que o estudante possa produzir conteúdo, entrar em contato com as mídias e pesquisar, ou seja, ministrar aulas utilizando os recursos de mídias, é crucial para a Educação Midiática. 

Educação Midiática no Brasil 

O programa Educamídia, do Instituto Palavra Aberta, é uma das principais iniciativas voltadas para professores no campo da Educação Midiática. Ele possui três pilares – ler, escrever e participar. Trata-se de um excelente guia para implantar os elementos da Educação Midiática na escola. 

1 – Ler, o primeiro pilar, é a habilidade que deve ser trabalhada para estimular no discente a capacidade de filtrar, ler de forma crítica e dar sentido ao grande fluxo de informações que chegam todos os dias. 

Aqui entra leitura crítica de absolutamente todo tipo de informação, como imagens, posts, vídeos, memes, rótulos, notícias e artigos. 

A ideia é garantir que o indivíduo seja capaz de distinguir fato de opinião. Entender a intenção por trás da notícia, reconhecer os clickbaits (títulos polêmicos, criados apenas para chamar a atenção) e outros. 

2 – Escrever é o segundo pilar. Ele é a etapa que prevê atividades em que o estudante será o produtor do conteúdo. A ideia é garantir que ele saiba utilizar e se comunicar por meio de diversas linguagens. 

3 – Já no terceiro pilar, o “participar”, o foco está em entender temas como inclusão, empatia, diálogo, discriminação, discurso de ódio e outros. Sempre considerando o contexto midiático. 

Nesse pilar entram os temas relacionados à cidadania digital. O papel da Educação Midiática é justamente formar um cidadão capaz de analisar de forma crítica tudo o que chega até ele.

É necessário saber de onde vem, no que está embasado, qual objetivo de uma manchete, o motivo de um assunto ter sido abordado de determinada maneira.

Educação Midiática na BNCC 

Na BNCC, a “Cultura Digital” é apresentada como uma das competências gerais. Então, para trabalhar a Educação Midiática nesse contexto tecnológico, a BNCC propõe que o professor aplique atividades, utilizando as ferramentas digitais, de modo que os estudantes sejam capazes de: “Compreender, utilizar e criar tecnologias de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e receber exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” (BNCC, 2018).

Opet INspira e os recursos para a Educação Midiática

Além de utilizar os conteúdos presentes na BNCC e no programa Educamídia, o professor também precisa de ferramentas, especialmente as digitais, para implementar esse tema em sala de aula. 

Por isso, na Opet INspira, plataforma educacional de objetos educacionais da Editora Opet, há diversos recursos tecnológicos e conteúdos disponíveis aos educadores – eles são objeto de uma curadoria cuidadosa que garante a veracidade das informações. 

Há ferramentas para que os estudantes possam produzir o próprio podcasts, por exemplo. Vídeos, áudios, jogos e livros também são recursos que possibilitam a aplicação de atividades em que é necessário ter criticidade para receber as informações. 

E, para facilitar as aulas, o professor encontra na plataforma Opet INspira, ferramentas como roteiros de estudos e trilhas de aprendizagem. Dessa forma, fica muito mais fácil criar e disponibilizar as atividades. 

Quer saber mais sobre Educação Midiática? Então, assista agora a live que realizamos em parceria com o Instituto Palavra Viva! Acesse: 

“Que livro incrível!”: como estimular a leitura entre crianças e adolescentes?

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a habilidade de leitura é definida como a “capacidade de entender, usar e refletir sobre textos escritos de modo a conquistar objetivos, desenvolver conhecimento e potencial e participar da sociedade”. 

No Brasil, segundo uma pesquisa da própria OCDE, existe uma diferença gritante em relação ao nível de leitura entre pessoas de diferentes classes sociais – quanto menos favorecida é a família, menor o acesso aos livros e à leitura. Um problema estrutural dos mais sérios, que prejudica o desenvolvimento social do Brasil há muito tempo. Uma das formas de reverter esse quadro está no estímulo à leitura – e a escola pode desempenhar um papel-chave neste contexto.

Como melhorar os hábitos e habilidades relacionadas à leitura 

Neste artigo, vamos focar em coisas que podemos fazer na sala de aula para melhorar fortalecer os hábitos e a cultura leitora em nosso país. Essas práticas também podem ser colocadas em prática pelas famílias!

Como estimular o hábito da leitura em crianças e adolescentes?

A seguir, trazemos algumas sugestões de como professores podem estimular os estudantes a amar a leitura e como os familiares podem ajudar no processo. Tudo começa na associação da leitura com algo especial: agradável, divertido, enriquecedor e precioso!

Estimule a socialização por meio da leitura

Crie clubes do livro, grupos de leitura e círculos de literatura presenciais e no ambiente digital. A interação a partir da leitura aumenta muito a compreensão em relação às histórias e torna o processo mais agradável, especialmente entre leitores recentes. 

Conhecendo as bibliotecas locais

Levar os estudantes até as bibliotecas públicas da cidade, mostrando a riqueza dos acervos e dos lugares, é uma excelente maneira de estimular neles o gosto pela leitura. 

As crianças vão se encantar, por exemplo, com livros repletos de imagens e com gibis. Já os mais velhos podem se interessar por gêneros específicos e próprios para a sua faixa etária, como romances policiais, contos, crônicas ou ficção científica. 

Vamos ao teatro?

Que tal transformar os livros em roteiros de peças teatrais? Essa é uma maneira divertida e inteligente de unir a sala toda em um projeto. Cada um fica responsável por uma parte: alguns estudantes podem cuidar do próprio roteiro, com a supervisão do professor, enquanto outros ficam responsáveis pelos cenários, iluminação, guarda-roupa e interpretação.  

Leia para as crianças antes de dormir 

As crianças adoram histórias! Por meio delas, podem adentrar um mundo mágico onde tudo é possível. Então, que tal ler uma história antes de as crianças dormirem? O Brasil tem uma tradição fantástica de autores de livros infantis, com nomes como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo e Lygia Bojunga. Isso, sem contar as fábulas, histórias do folclore e até textos sobre a nossa História adaptados ao público infanto-juvenil. Há muitas opções!

Proponha debates em sala de aula

Para os estudantes mais velhos, também é possível inserir os livros em discussões sobre temas atuais. Ao associar os assuntos da vida cotidiana às histórias, os discentes se identificam com os personagens e passam a se interessar cada vez mais pela leitura. 

Filmes e livros 

Estimular o hábito da leitura em adolescentes que nunca tiveram contato com o universo dos livros é desafiador. Uma maneira de fazer isso é propor a leitura de livros que viraram filmes. Como citamos, todos gostam de boas histórias, mas conhecer histórias por meio da leitura é mais desafiador do que por meio de filmes. Os filmes são mais fáceis de acompanhar e exigem menos capacidade de interpretar textos. Então, é comum que muitos jovens prefiram essa linguagem. 

Ao propor a leitura de um livro associado a um filme de que os estudantes já gostam, a resistência pode ser menor. Após a leitura, converse, por exemplo, sobre as semelhanças e diferenças entre a história do filme e do livro. Tente abordar o porquê das diferenças e até mesmo as alterações na personalidade e características dos personagens.

Opet INspira e o compromisso com a qualidade do nível de leitura 

A Opet INspira, plataforma digital de objetos educacionais da Editora Opet, disponibiliza uma variedade de ferramentas e recursos que contribuem para o estímulo dos hábitos de leitura. 

A partir dela, os professores podem fazer trilhas de aprendizagem e roteiros de estudos que podem ser compartilhados inclusive com as famílias para que estas possam acompanhar a evolução dos pequenos.

Há opções de histórias infantis e também de livros paradidáticos sobre muitos temas que, além de estimular a leitura e ensinar sobre assuntos relacionados à fase atual da criança, contam com ideias de atividades que podem ser executadas a partir das histórias lidas. 

Livros e ferramentas digitais: integração e transformação

Nos últimos meses, a educação digital cresceu de uma forma impressionante. Hoje, ela é utilizada por milhões de estudantes, e vai crescer cada vez mais. Nesse processo, qual o lugar dos livros? Como integrar o ensino digital aos volumes impressos? É possível, a partir dos avanços tecnológicos, pensar no surgimento de “super livros”?

Essas são algumas das perguntas que fizemos a Luciano Rocha, coordenador de Tecnologias Educacionais da Editora Opet e da plataforma educacional Opet INspira, na mais nova edição do OpetCast, o podcast de educação da Editora Opet. Clique e escute agora! Editora Opet: educação que aproxima!

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Uma reflexão sobre as novas formas de educar

O OpetCast desta semana está tratando de um tema muito importante: a necessidade de se repensar as formas de educar. As aulas remotas nos fizeram ver que antigas práticas educacionais podem e devem dar lugar a um mundo mais dinâmico e digital. Para falar a respeito, chamamos a gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Élen Augusto, uma especialista em educação!

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Tudo sobre a Plataforma Inspira!

Você conhece a Plataforma Inspira? Ela foi especialmente criada pela Editora Opet para oferecer conteúdos digitais, componentes curriculares e conexões com o conhecimento para milhares de estudantes e professores em todo o país. Uma ferramenta educacional poderosa, que está transformando a educação. Quer saber mais? Então, escute a edição especial do OpetCast sobre a Plataforma Inspira, com Luciano Rocha, coordenador de tecnologia educacional da Editora Opet.

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Desafios e aprendizados.

Nos últimos meses, a Editora Opet se reorganizou para atender as demandas da pandemia. Esse processo gerou muitos conhecimentos e muitas novidades para os nossos parceiros. Um dos setores mais envolvidos foi o Editorial, que mergulhou no universo da educação digital. Na edição desta semana do OpetCast, conversamos com o diretor de produto da Editora Opet, Gilberto Soares dos Santos, sobre essas transformações e também sobre o futuro do livro impresso. Uma conversa esclarecedora!

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