Sabemos o quanto pode ser difícil ter que mudar abruptamente os horários, estrutura, ambiente e modo de trabalho. A pandemia da COVID-19 exigiu que os profissionais da educação encontrassem maneiras rápidas e eficazes de adaptar suas metodologias ao ambiente virtual para dar seguimento ao ano letivo. Trabalhar em casa, porém, traz desafios que vão além da abordagem e método de ensino. São questões individuais e pessoais que influenciam diretamente no nosso desempenho, mas que podem ser trabalhadas a partir de uma reorganização da rotina e dos espaços.
Separamos 3 dicas básicas e cruciais para ajudar você a eliminar os fatores que causam desconcentração, dispersão, cansaço mental e improdutividade nesta quarentena.
1- Organize e defina seu espaço de trabalho
Estudos apontam que trabalhar em ambientes comuns de “descanso”, como o quarto, pode fazer com que nosso cérebro entre em um estado de confusão sobre quais impulsos deve enviar ao corpo. Isso acontece porque criamos associações mentais entre aquilo que estamos fazendo, o que deveríamos fazer e o lugar onde estamos.
Dessa forma, não só a produtividade é prejudicada, como também o nosso sono e, consequentemente, nossa saúde física e mental.
Por isso, é de extrema importância que as atividades do trabalho sejam realizadas fora do quarto, em um escritório ou mesmo em um outro cômodo que facilite o foco. A ideia é configurar a mente para um novo ambiente – nunca, o quarto – que seja associado ao trabalho. Assim, o sono e o relaxamento do corpo e da mente acontecerão com mais facilidade e qualidade.
Também é importante que o espaço seja organizado e sem muitos estímulos visuais e sonoros, para ajudar na concentração.
2- Gerencie seu tempo
Preparar as aulas virtuais pode demandar de mais tempo do que estamos acostumados. A maioria dos professores não tem experiência prévia com aulas remotas e acaba tendo dificuldades para desenvolver os conteúdos e atividades.
E está tudo bem! Esse formato é uma solução temporária, que tem exigido muito aprendizado por parte dos educadores. E aprendizado, como todos sabemos, não acontece de uma hora para outra.
Por isso, tenha como prioridade o bom gerenciamento do seu tempo. Divida sua rotina com horários estipulados para estudos e atualizações.
Se você destinar uma hora diária para pesquisar dicas de abordagens e atividades virtuais, em uma semana você terá desenvolvido inúmeras habilidades e aprendido coisas valiosas para ser mais ágil e assertivo no preparo das aulas.
Para isso, você vai precisar de disciplina e planejamento. Então, aposte em tabelas para que você possa visualizar melhor as horas do seu dia, organizando seus horários e eliminando a sensação de sobrecarga e falta de tempo.
3-Cuide da sua saúde mental
A ansiedade gerada pela instabilidade e vulnerabilidade que cerca nossas vidas pode fazer com que fiquemos estagnados, presos no medo e no sentimento de impotência. Ao organizar a sua rotina, não esqueça de destinar um tempo para realizar alguma atividade que traga a sensação de bem estar, seja envolvendo arte, cozinha, meditação, leitura, música ou qualquer outra coisa da sua preferência.
“Mas isso influencia no meu trabalho?”, você pode se pergunta. E a resposta é: sim, e de forma direta! Se você tem momentos de prazer e autocuidado, sua mente consegue se reabastecer de estímulos positivos, recuperar-se do cansaço e concentrar mais energia durante o trabalho.
Conte para a gente como tem sido sua rotina de trabalho em casa e se você tem encontrado dificuldades para se manter produtivo (a) nessa quarentena. Se sim, aplique essas dicas na sua rotina e depois nos conte os resultados. Se não, conte para a gente como você faz para aliviar essa pressão e se manter focado (a).
Ter uma rede de apoio e conversar sobre as experiências é excelente para saber que não estamos sozinhos – e que logo tudo isso vai passar, com boas lições!
Ludicidade é um termo que tem origem na palavra latina “ludus”, que significa jogo ou brincar. Na educação, usamos o conceito do lúdico para nos referir a jogos, brincadeiras e qualquer exercício que trabalhe a imaginação e a fantasia. A ludicidade é um instrumento potente para o processo de ensino-aprendizagem em qualquer nível de formação, mas está presente com mais frequência na Educação Infantil. Isso porque, na infância, a forma como a criança interpreta, conhece e opera sobre o mundo é, naturalmente, lúdica.
Falaremos hoje sobre a importância de valorizar e incentivar o uso da ludicidade na educação infantil, para que, por meio das brincadeiras, a criança desenvolva melhor suas habilidades cognitivas, sociais e psicomotoras.
Habilidades cognitivas
O brincar desempenha um papel extremamente importante na constituição do pensamento infantil. É através dele que se inicia uma relação cognitiva do indivíduo com o mundo de eventos, coisas, símbolos e pessoas que o rodeia. A partir da brincadeira, a criança reproduz o discurso externo, o internaliza, interpreta e constrói seu próprio pensamento. Essa acaba sendo a linguagem infantil, à qual Vygotsky (1984) atribui um importante papel para o desenvolvimento cognitivo à medida que sistematiza as experiências e colabora com a organização dos processos em andamento.
Por isso, devemos valorizar e direcionar a brincadeira, quando utilizada como instrumento pedagógico. Processos de pré-alfabetização, por exemplo, podem acontecer de forma natural e fluida quando realizados à partir da ludicidade.
Porém, é preciso tomar muito cuidado para não tirar a brincadeira dessa roupagem natural, pois o lúdico é uma metodologia pedagógica que ensina brincando e tem objetivos, mas nunca cobranças.
Habilidades Socioafetivas
Ao brincar, a criança desenvolve uma relação afetiva com o mundo, com os objetos e, principalmente, com as pessoas ao seu redor. Isso faz com que ela se depare com limites, vontades, desejos e interpretações diferentes das suas, havendo, então, uma troca valiosa que constrói suas habilidades sociais. Ao entrar em contato com diferentes perspectivas e personalidades enquanto brinca, a criança alinha suas capacidades emocionais à convivência e à coexistência.
Trabalhar os conceitos de cooperação, coletividade e trabalho em grupo através de brincadeiras com a turma, ou mesmo em casa com a família, desenvolve noções de respeito e igualdade em relação ao outro, valores que são extremamente importantes para a convivência em sociedade.
Habilidades Psicomotoras
Muito se fala dos efeitos alienadores do uso excessivo de tecnologias e jogos digitais na infância. Isso afeta, além das habilidades sociais, o desenvolvimento psicomotor da criança, pois limita os estímulos que ela recebe a uma fonte inorgânica e artificial de conteúdos. Isso não faz desse tipo de recurso algo a ser completamente negado – ele, por certo, também tem seu espaço. Porém, correr, pular, dançar, escalar e conhecer o mundo através dos instintos e dos sentidos fazem com que a criança explore melhor seu próprio corpo. Isso, atrelado à ludicidade, traz habilidades como autoconfiança, autoestima e superação, eliminando inseguranças em relação ao mundo externo e às limitações internas.
Na escola, as brincadeiras de corda, pega-pega, circuitos, gincanas, esportes e dança são atividades que devem ser frequentes, pois, além de trazer benefícios individuais, fazem com que o cotidiano seja mais dinâmico e atrativo, tanto para as crianças quanto para os professores.
Ludicidade como metodologia significa respeitar a interpretação da criança sobre o mundo e o lugar que ela ocupa nele. Através do lúdico, a criatividade, curiosidade e o desejo por saber acontecem de maneira natural, ampla e fluida, fazendo com que a educação aconteça de forma emancipadora, afetiva e plural.
Separamos dois artigos científicos que abordam o tema da ludicidade da educação infantil para que você possa continuar o estudo, se desejar.
Para mais conteúdos como esse, acompanhe o blog e as redes sociais da Editora Opet. Estamos sempre buscando melhorar o mundo e as relações através de uma educação que aproxima e liberta.
Sugestões de leitura:
A Importância do Lúdico na Educação Infantil – Fábio A. Porangaba, Sandra de Souza M. Porangaba e Silvane de Souza Meneses.
O distanciamento social, principal medida sugerida para a contenção do coronavírus, exigiu das instituições de ensino uma adaptação rápida ao ambiente virtual. As aulas remotas têm sido a única alternativa para milhões de educadores e estudantes continuarem as atividades escolares, na tentativa de mitigar a defasagem ensino-aprendizagem no contexto da pandemia.
Nos debates que ocorrem dentro desse processo, muitas vezes as aulas remotas – um recurso de emergência – são associadas à modalidade de ensino a distância (EAD), oferecida por diversas instituições de ensino no Brasil e no mundo.
Vale destacar que aulas remotas e EAD não são a mesma coisa. São bem distintas e não podem ser entendidas da mesma forma. Neste artigo, vamos apontar a diferença entre essas duas realidades, esclarecendo possíveis dúvidas e evitando confusões conceituais.
Um plano emergencial de ensino
Em sua primeira divulgação do Plano Emergencial de Ensino, em março deste ano, o MEC autorizou a substituição de aulas presenciais pelo formato remoto, no qual as instituições podem utilizar tecnologias da informação e comunicação – as chamadas TIC – para dar continuidade aos cursos durante a pandemia. A princípio, a pasta se referia apenas às instituições federais, universidades e institutos. Mas, logo, o recurso passou a ser utilizado também pelas instituições do ensino básico, tanto da rede pública quanto privada, devido ao agravamento do quadro da covid-19 no país.
Em abril, o Conselho Nacional de Educação autorizou a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas do ensino para que as instituições pudessem reorganizar o calendário escolar e dar continuidade, de forma adaptada, às atividades do ano letivo. Dessa forma, as aulas remotas passaram a ser uma solução temporária para dar seguimento ao trabalho com os estudantes de maneira segura.
O EAD
EAD, ou Educação a Distância, é uma modalidade de ensino antiga – ela existe desde o século XIX –, que possui diretrizes e pré-requisitos próprios, com estrutura e metodologia pensadas para promover educação à distância. É desenvolvida para prestar atendimento, aplicar atividades e avaliações, aulas e todas as demandas de um ambiente de aprendizado, com recursos tecnológicos e acadêmicos para promover o ensino.
Na modalidade EAD, a maioria das videoaulas são gravadas e dispostas em uma plataforma, na qual o estudante as assiste e avança conforme sua compreensão do assunto. O material didático é padronizado, assim como as atividades e avaliações. Geralmente, o conteúdo EAD é organizado por módulos, mas o seu calendário segue um padrão unificado.
O suporte acadêmico é feito por um tutor, que fica disponível para tirar dúvidas e passar orientações mais diretas sobre as atividades. Porém, o docente também mantém um contato com o estudante através de fóruns, avaliações e auxílio acadêmico propriamente dito.
Resumindo: o Ensino a Distância (EAD) foi desenvolvido e estruturado para acontecer, especificamente, no ambiente virtual, considerando todo aparato tecnológico e acadêmico para que isso seja possível. Diferente das aulas remotas, não é uma solução imediata para um problema que impossibilita as aulas presenciais. É uma concepção didático-pedagógica que promove o ensino a partir de estruturas e métodos específicos e que utilizam recursos digitais e audiovisuais para formação discente.
Aulas Remotas
Como já observamos, as aulas remotas são uma solução temporária para que as instituições continuem a promover o ensino mesmo durante a pandemia, mas não fazem parte de uma estrutura de ensino EAD.
Utilizando a plataforma de ensino à distância do MEC ou mesmo da própria instituição, os educadores conectam-se com os estudantes e promovem aulas em tempo real, com interação e comunicação direta. O material didático é customizado pelo próprio professor e as atividades são aplicadas de acordo com o desenvolvimento da disciplina, não são programadas e padronizadas como na EAD.
Um ponto importante a ser destacado é o da formação docente. Embora o uso da tecnologia como recurso didático seja uma pauta constante nos debates sobre educação, o conhecimento e formação de um docente que trabalha com EAD são muito mais direcionados e específicos. Isso porque, aqui, a tecnologia não aparece apenas como uma ferramenta, mas como o meio pelo qual o ensino deve ser desenvolvido. Por isso, não é coerente exigir que os educadores que normalmente atuam no ensino presencial tenham um desempenho semelhante aos professores do EAD.
Temos, hoje, milhares de professores que viram sua rotina profissional completamente transformada e que precisaram se adaptar rapidamente em termos de atuação, planejamento e recursos.
A todos, nesse momento, é necessário dedicação e esforço para que possamos reinventar nossos métodos e renovar nossas habilidades, mas isto é um processo. Por isso, a Editora Opet traz, diariamente, informações e debates em suas redes e plataformas digitais, além dos momentos formativos e dos recursos digitais aos nossos parceiros públicos e privados. Para que, juntos, possamos encontrar as melhores maneiras de garantir e zelar pela educação, neste que é um momento tão difícil para todos. Acompanhe e junte-se a nós nessa missão!
(*) – ATENÇÃO: As provas escritas do ENEM de 2020 foram remarcadas para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021 e as provas digitais para os dias 31 de janeiro e 07 de fevereiro.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) é responsável pela realização das provas do ENEM. Há alguns meses, junto com o MEC, o INEP anunciou uma mudança importante no ENEM, que passará a ter formato digital. A polêmica sobre o adiamento da prova tradicional, impressa, em função da pandemia do coronavírus, fomentou discussões e questionamentos sobre essa notícia. Por isso, vamos explorar o tema, esclarecer alguns pontos e orientar nossos leitores sobre as implicações dessa mudança. Quer saber mais sobre o ENEM digital? Então, continue lendo!
O que é o ENEM digital?
O ENEM Digital é uma proposta do INEP e do MEC para mudar o modelo do ENEM. De 2020/21 a 2025, a meta é aplicar a prova digital em paralelo à prova impressa e de forma escalonada, até que, em 2026, todo o processo seja digital. A principal justificativa do MEC para a mudança é de que o novo formato eliminaria questões logísticas de impressão, depósito, guarda, distribuição e recolhimento de milhões de provas, com uma grande economia de recursos. Além disso, o formato digital permite o fracionamento das provas, que poderiam ser feitas em vários momentos do ano e não em um único período.
Quem pode participar do ENEM Digital?
Podem realizar as provas digitais estudantes que já concluíram o Ensino Médio ou que concluirão até o final deste ano. A princípio, essa opção não estará disponível para treineiros e estudantes que necessitam de atendimento especial, como recursos de acessibilidade, por exemplo.
Neste ano, de acordo com o edital, 101,1 mil participantes realizarão a prova no formato digital. A ideia é que esse número aumente a cada ano, até que todos os participantes que se inscrevem anualmente façam a prova no computador.
Onde o ENEM Digital será realizado?
As provas serão aplicadas em locais com infraestrutura adequada para receber os computadores utilizados pelos participantes. Eles terão acesso apenas ao sistema da prova, sendo impedidos de acessar a internet ou quaisquer outros documentos ou equipamentos. Como já ocorre no ENEM em formato impresso, haverá fiscalização nos locais de prova.
Os estudantes que, no ato da inscrição deste ano, optaram pela prova digital, realizarão o exame em local determinado pelo INEP, que selecionará universidades e escolas que já contem com um centro de informática adequado.
É possível fazer a prova digital e impressa?
Não. No ato de inscrição, os participantes devem escolher apenas uma das opções. As duas provas terão o mesmo formato (180 questões + redação), mas com perguntas diferentes. O ENEM Digital será feito pelos primeiros 101,1 mil candidatos que se inscreverem optando pelo formato de prova. Esses candidatos devem atender os requisitos para a inscrição ao ENEM e residir em uma das 15 capitais selecionadas para a aplicação digital.
E O ENEM, acontece quando?
Segundo informações divulgadas pelo MEC nesta quarta-feira (08.07), as provas impressas serão aplicadas nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, enquanto a versão digital está marcada para 31 de janeiro e 07 de fevereiro. A reaplicação do ENEM será nos dias 24 e 25 de fevereiro, com resultados divulgados a partir de 29 de março.
É preciso valorizar o ENEM
Seja no formato digital, seja no formato impresso, o ENEM é um importante recurso para que milhões de estudantes brasileiros cheguem ao ensino superior. Ele também fortalece a educação, na medida em que avalia os estudantes e o próprio Ensino Médio.
No blog da Editora Opet, publicamos semanalmente conteúdos que abordam as melhorias, mudanças, necessidades, problemas, impactos e objetivos da educação. Acompanhe e participe!
Para a escolas, as festas juninas são um momento de integração da comunidade e de promoção da cultura brasileira. Neste ano, por conta da pandemia e do distanciamento social, os gestores tiveram um desafio enorme: sem “deixar a peteca cair”, realizar as festas no ambiente virtual, engajando e animando as famílias.
Francisco Glaylson Rodrigues, supervisor regional da Editora Opet para o Ceará, é apaixonado pelas festas juninas. “O mês de junho é o nosso mês mais alegre e colorido. É uma verdadeira celebração! O dia de São João, por exemplo, é como se fosse nosso Natal”, vibra. Apesar de tudo, em 2020 as festas aconteceram – adaptadas às novas circunstâncias, mas cheias de energia. “Não perdemos a alegria. Os gestores e as famílias criaram lives, videoconferências e festas online. Com direito a bolo de milho, pamonha, dança e confraternização em família.”
Em Fortaleza, a Escola Municipal Dois de Dezembro foi uma dentre muitas escolas que realizaram sua festa online. Sua coordenadora, professora Orlenilda de Souza, fala sobre a importância dessas festas. “Elas representam a cultura nordestina em seus diferentes aspectos: a comida, os trajes, a música, a dança, as parlendas, as brincadeiras”, explica. E aí reside sua importância em termos de educação. “Como toda essa tradição já faz parte do cotidiano da nossa gente nas diversas esferas, inclusive familiar, trabalhar as festas juninas torna os conteúdos curriculares mais significativos.Conhecer e valorizar o conhecimento de mundo do educando torna o processo de ensino e aprendizagem mais significativo.”
Normalmente, conta Orlenilda, as festas juninas são trabalhadas a partir de um projeto multidisciplinar que envolve toda a comunidade escolar em junho, culminando com um festival com quadrilhas e forró, barracas com comidas e bebidas típicas, além de muitas brincadeiras. “O papel das famílias é fundamental”, reforça.
Neste ano, esse projeto foi transposto para o ambiente virtual. “Todos participaram: alunos, professores e grupo gestor. E a culminância – o ‘forró virtual’ – foi construída a partir dos vídeos e fotos que os professores e os estudantes enviaram.”
Orlenilda ficou satisfeita. “Os desafios que esse momento nos trouxe fez com que agregássemos novas formas de pensar no processo ensino-aprendizagem. Esses conhecimentos, aliás, serão somados à nossa forma de ensino pós-pandemia.”
Angicos – O Plenitude Complexo Educacional, escola particular de Angicos (RN), também não deixou passar as festas juninas em branco, como conta a diretora Rosicleide Sebastiana de Melo. O fio condutor foi um poema escrito por um estudante do sétimo ano do Ensino Fundamental, que relembrou os festejos de anos anteriores. O poema foi recitado e gravado pelos docentes. Além disso, durante as aulas virtuais, estudantes e professores trabalharam juntos a cultura nordestina associada à época.
“Como substituir esse momento sem perder o encanto?”, pergunta Rosicleide. Segundo ela, a solução foi produzir e distribuir vídeos. “O auxílio da plataforma Gsuite e da ferramenta Google Meet, da Editora Opet, assim como dos familiares em casa, foram determinantes para o nosso ‘Arraiá Virtuá’”, conta. “Cada família caprichou na caracterização das crianças com as fantasias, cenários e preparação das comidas típicas. E os professores trabalharam para empolgar os alunos, organizando brincadeiras e as tradicionais quadrilhas juninas. Cada um na sua casa, mas com muito empenho e amor!”.
Afogados da Ingazeira – A professora Cláudia Barros é mantenedora do Colégio Dom Hélder Câmara, tradicional instituição de ensino de Afogados da Ingazeira (PE). Segundo ela, o engajamento dos gestores, professores, estudantes e famílias foi fundamental para o sucesso da festa de 2020, que teve brincadeiras, danças, jogos e muita comida. Em cada casa, uma festa – conectada às outras festas pela via digital.
“As festas juninas são um marco de preservação da nossa cultura”, explica Cláudia. Para “esquentar o clima” e matar saudades, o colégio produziu um vídeo com os melhores momentos da festa de 2019. E a festa deste ano também rendeu um belo vídeo, o que prova a animação, mesmo em tempos de distanciamento social.
“Arraiá Virtual” do Colégio Opet teve música, culinária, quadrilha, música, dança, brincadeiras e bingo!
Mosaico com momentos do “Arraiá Virtual” do Colégio Opet. Planejada com muito cuidado, a festa virtual foi um grande sucesso!Em Curitiba, o Colégio Opet planejou com muito carinho sua festa junina virtual deste ano, o “Arraiá Virtual”, realizada no último dia 27. Ela foi pensada para oferecer à comunidade escolar uma experiência que, neste momento tão peculiar, traduzisse a alegria e os saberes de uma celebração muito rica e querida pelas pessoas.
A diretora pedagógica do Colégio, professora Caren Helpa, explica que a festa virtual foi pensada em três momentos: primeiro, foi feita uma live com os estudantes e suas famílias sobre a preparação dos enfeites e adornos juninos; a seguir, foi feita a entrega, em um drive-thru às famílias, de “kits juninos”, com doces, materiais para a confecção de um jogo de “pescaria” e uma cartela do bingo virtual; por fim, a coroação com a festa virtual, que aconteceu no ambiente digital, com atrações transmitidas (com todos os cuidados sanitários) diretamente do Colégio Opet.
“Com o ‘Arraiá Virtual’, tivemos como grande objetivo oferecer às famílias um momento cultural em contato com a arte, a dança, a culinária e a cultura juninas. Mas, principalmente, quisemos oferecer um momento de alegria na casa das pessoas”, conta Caren. O trabalho começou quarenta dias antes da festa. Nesse período, os professores se reuniram virtualmente para discutir como seria a festa e como seriam inseridos os elementos juninos trabalhados nas aulas remotas pelos professores com os estudantes. “Nessas reuniões semanais, fomos desenhando a festa e elaborando os roteiros até chegar à versão final, do sábado, dia 27”, explica a diretora.
Caren destaca o trabalho dos professores de Educação Física e Música e das professoras regentes, que ao longo do período, fizeram pesquisas, lives, videoaulas e leituras com suas turmas. “Enquanto, em uma instância, uma equipe planejava a festa junina para a comunidade, nessa instância os professores trabalharam os conteúdos com muito cuidado”, explica.
Ferramentas digitais – A realização dos encontros preparatórios e da própria festa virtual foi possível, também, graças ao suporte da Editora Opet, que forneceu e-mails “@souopet” para os estudantes e “@opeteducation” para os professores.
A partir do cadastro desses e-mails, dentro da ferramenta Google Meet, foi possível realizar os encontros virtuais e a própria festa. “É uma ferramenta importante porque fornece recursos que garantem segurança e grande interação no período de distanciamento”, observa a gerente pedagógica da Editora, Cliciane Élen Augusto. “Os encontros no Google Meet permitem reunir, por exemplo, até 250 pessoas simultaneamente, e oferecem a interação com vídeos, áudios e chat. Uma grande interação, enfim, necessária à educação e, é claro, a uma boa festa virtual.”
A festa – No dia 27, o “Arraiá Virtual” foi aberto oficialmente de dentro do Colégio Opet, pelo professor atelierista Guga Cidral. Acompanhado do professor de Educação Física Rafael Racciope e de dois músicos, ele explicou o porquê da festa em todos os seus elementos, da religiosidade às comidas, trajes, música e danças. Ao mesmo tempo, remotamente, os professores colaboraram com informações e atividades relacionadas à comemoração. E, é claro, aconteceu o famoso bingo, uma tradição junina do Colégio Opet.
As famílias, conta Caren, se engajaram fortemente. “Essa participação foi uma grande alegria. Antes da festa, fizemos uma live com dicas sobre a produção de bandeirinhas e adereços juninos. E, nas transmissões, vimos as casas decoradas e as pessoas com os trajes típicos. Foi uma emoção singular”, comemora. “Recebemos muitas mensagens de agradecimento pelo momento de alegria, leveza e interação que o Colégio proporcionou.”
Cientes da responsabilidade de oferecer uma educação que aproxima e emancipa, ainda no início do período de distanciamento social desenvolvemos materiais para orientar e inspirar professores no planejamento de suas aulas remotas. As Sequências Didáticas da Editora Opet foram elaboradas por nossa equipe de especialistas, associando-as também aos materiais didáticos e explorando recursos alternativos para que os educadores pudessem manter a qualidade das suas aulas, mesmo remotamente.
O objetivo deste artigo é fazer uma breve apresentação desse material, que está disponível em PDF para consulta ou download aqui mesmo, no nosso site. São sequências que abrangem desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, com conteúdos, sugestões de atividades, reflexões e orientações de planejamento e uso das ferramentas digitais.
Educação Infantil
O material da Educação Infantil está divido pelas faixas etárias de 01 a 03, 04 e 05 anos. As orientações e enunciados contam com a ajuda de um mediador (um familiar da criança), que auxilia na condução das atividades.
As primeiras propostas, tanto para crianças de um a 03 anos quanto para as de 04 e 05 anos, abordam o tema do coronavírus, sugerindo uma conversa inicial sobre a doença e conscientizando-as sobre a importância dos hábitos de higiene e também para novas posturas sociais.
Ensino Fundamental
Considerando que os estudantes do 1º a 9º ano (Anos Iniciais e Anos Finais) do Ensino Fundamental têm maior autonomia para acompanhar as atividades virtuais, os enunciados já trazem orientações direcionadas ao seu entendimento. As sequências foram desenvolvidas para cada ano dos Anos Iniciais e, de modo interdisciplinar, para os Anos Finais, além de atividades para os componentes de Arte e Educação Física.
Ensino Médio
Em função do calendário de provas e exames para o ingresso no Ensino Superior, os estudantes do Ensino Médio se mostraram aflitos em relação à suspensão das aulas presenciais. Sabendo disso, utilizamos, nesse material, uma linguagem mais instigante, convidando-os a refletirem criticamente sobre todo o contexto atual, a relação da nossa realidade com os acontecimentos históricos e a importância da ciência para evolução do indivíduo e da sociedade, entre outras questões. Aqui, o conteúdo de Arte também está separado, trazendo uma abordagem mais cultural e expressiva, extremamente importante para que possamos atravessar momentos como este.
As sugestões de atividades também incluem a família e também trazem os amigos para a roda, uma vez que os adolescentes valorizam bastante a interação com seu ciclo social, o que influencia diretamente no seu desenvolvimento intelectual.
Todo o conteúdo das sequências didáticas está em consonância com as Diretrizes Básicas da Educação e foi desenvolvido por uma equipe pedagógica que trabalha diariamente com soluções educacionais. É um material preparado com propriedade, carinho e dedicação para educadores, familiares e estudantes, que, assim como nós, estão se reinventando a cada dia para superar as dificuldades deste contexto.
Vale observar que as sequências trazem orientações para os gestores, professores e mediadores (familiares dos estudantes). São as chamadas “Cartas de Orientação”, que abrangem todas as etapas, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Nosso objetivo é valorizar e expandir o conhecimento, consolidando uma educação que aproxima, mesmo no isolamento.
A sociedade está vivendo um momento desafiador devido à pandemia. Os educadores têm se dedicado diariamente para que os estudantes recebam, ainda que à distância, as explicações, atividades e avaliações dos conteúdos escolares. Nesse processo, a preocupação com o rendimento, o engajamento dos estudantes e a qualidade do ensino nas aulas online é constante. Nessa busca por novos recursos didáticos para qualificar e aproximar as relações ensino-aprendizagem, os educadores chegaram à maior febre da internet no momento, em especial entre os jovens: a rede social TikTok.
Reinventar-se e explorar novas ferramentas permite que o professor estabeleça uma comunicação assertiva e eficaz com os estudantes. Utilizar as redes sociais, tão constantes e importantes no dia a dia dos adolescentes, pode trazer resultados não só em relação ao domínio dos conteúdos ensinados, mas também no sentido de como o discente interpreta o ato de estudar.
Esse tal TikTok
Criada por uma startup chinesa em 2016, o TikTok é uma rede social que viralizou no início deste ano. Nela, os usuários podem assistir e criar vídeos de até 15 segundos, utilizando filtros, efeitos e edições de áudios e imagens, para compartilhar e recriar memes, vídeos virais e conteúdos de humor e entretenimento.
Atualmente, é a quarta maior rede social do mundo, com 800 milhões de contas. E, apesar de ter usuários de todas as idades, grande parte dos perfis são de pessoas entre 13 e 24 anos – um público de grande interesse para a educação. A rede social tem uma política de segurança que filtra conteúdos inapropriados, impede a manifestação de mensagens de ódio e cyberbullying e permite que a família controle o tempo de acesso, caso julgue que os adolescentes estão passando muito tempo na plataforma.
TikTok na educação e o conceito de transdisciplinaridade
A utilização de recursos digitais e elementos do cotidiano dos estudantes nas aulas, sejam elas presenciais ou virtuais, aproxima a prática docente da transdisciplinaridade, que compreende o conhecimento de forma plural. Além de abordar a contextualização entre as diferentes áreas de conhecimento, esse conceito refere-se à uma prática de ensino que reconheça os diversos meios de estímulo e desenvolvimento cognitivo, para além dos recursos tradicionais (livros, textos, questionários, etc.).
Criado por Jean Piaget, o termo transdisciplinaridade sugere que a aquisição do conhecimento acontece de forma holística e contextualizada. Ou seja, é necessário que se crie uma conexão entre o assunto abordado e elementos de sentido e familiaridade com a realidade do indivíduo.
Aproximar a sua didática do universo do estudantes fará com que eles percebam o conteúdo de forma mais natural e prazerosa, sendo conquistados e engajados pelo ensino.
Para fazer isso utilizando o TikTok, ou qualquer outra rede social, é preciso criatividade e aproximação. Por isso, antes de sugerir o uso à turma, estude a ferramenta. Passe um tempo entendendo como ela funciona e qual o “tom” das postagens. Aproveite para “inverter a sala de aula” e aprender com seus estudantes – isto, inclusive, vai “legitimar” seu conhecimento junto ao seu público, o que aumenta o engajamento.
Você pode pedir que os estudantes criem vídeos relacionados aos conteúdos, associem os padrões de linguagem e interpretação de texto, equacionem as visualizações, sugestões do feed, alcance e demais logaritmos, comparem e identifiquem as diferenças culturais manifestadas… enfim, as possibilidades são infinitas. Use a sua criatividade!
Para compreender melhor como o TikTok funciona, separamos uma matéria do site Canal Tech com todos os detalhes da ferramenta. Além disso, sugerimos dois artigos que exploram a questão da transdisciplinaridade e do uso de recursos digitais e redes sociais na educação. Não deixe de conferir!
Redes Sociais na Educação – Jaime Miranda Junior (IFSC)
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No dia 19 de junho é comemorado o Dia Nacional do Cinema Brasileiro. A data marca o primeiro registro de imagens em movimento do país, feitas pelo cinegrafista e diretor Afonso Segreto em 1898. A obra foi um documentário sobre a Baia de Guanabara, exibido na inauguração do Salão Novidades de Paris, no Rio de Janeiro. Desde então, o cinema brasileiro construiu um conjunto de obras rico e original, reconhecido e prestigiado mundialmente.
Fases e interfaces do cinema brasileiro – Os documentários foram as primeiras produções brasileiras. Compostos por imagens fotográficas em movimento e seguindo boa parte do que vinha sendo feito em outros países, eles registravam acontecimentos históricos, atos oficiais e cerimônias. Eram apresentados em sessões “mudas” – o cinema, então, não tinha som – ou, então, com o acompanhamento de músicos.
A partir da década de 1920, as obras de ficção “Na primavera da Vida” e “Os Três Irmãos”, de Humberto Mauro, inauguraram uma leva de produções nacionais pautadas em histórias. Em 1929, “Limite”, filmado por Mário Peixoto, foi o primeiro filme brasileiro totalmente sonorizado.
Em 1930 é instalado o primeiro estúdio de cinema do Brasil, o Cinédia. Criado por Adhemar Gonzaga, produzia comédias musicais e dramas populares. Em 1941, a produtora Atlântida, fundada por Moacir Fenelon e José Carlos Burle, fez sucesso com o gênero chanchada – histórias engraçadas, com tipos bem brasileiros. Em 1949, nascia a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, fundada pelos amigos Franco Zampari e Francisco Matarazzo para trazer ao cinema brasileiro um padrão de produção hollywoodiano, de grandes estúdios e uma cenografia mais elaborada e grandiosa.
Por volta de 1960, inspirado no Neorrealismo italiano e na Nouvelle Vague (Nova Onda) francesa, surgiu o Cinema Novo. Os “veteranos” Nelson Pereira dos Santos e Roberto dos Santos e os iniciantes Glauber Rocha, Arnaldo Jabor e Joaquim Pedro de Andrade, entre outros, foram os principais nomes desse movi-mento. Com histórias intensas e uma estética ao mesmo tempo crua e requintada, o Cinema Novo tinha como temas preferido o Nordeste e as favelas do Rio de Janeiro, o que chocava (e atraía) a classe média brasileira e o público estrangeiro. Em 1964, ano do golpe militar, o Cinema Novo muda seu foco mas continua falando sobre o Brasil.
Em setembro de 1969 era criada a Empresa Brasileira de Filmes – Embrafilme, que teve extrema importância para o cinema nacional. Durante toda a década de 1970, a Embrafilme realizou produções que fizeram a história da cinematografia brasileira. Mas, na década de 1980, a empresa começa a declinar até sua total queda e fechamento, em 1990. Com isso, a produção cinematográfica se estagnou até 1995, ano que marca uma retomada do cinema brasileiro.
Carlota Joaquina: Princesa do Brasil”, dirigido por Carla Camurati, é o ponto inicial desse período. O filme abriu caminho para uma série de produções que conquistaram não só o público, mas também reconhecimento e prêmios internacionais.
Desde então, o cinema brasileiro seguiu produzindo bastante e bem. Comédias leves ambientadas no meio urbano, por exemplo, são um grande sucesso de público, assim como produções intimistas, animações e, mais recentemente, filmes policiais e de ficção científica financiados e difundidos por plataformas de streaming como a Netflix.
A sétima arte na sala de aula – A produção artística de um país é a expressão das angústias, alegrias e histórias de seu povo. Muito mais do que imagens em movimento, o cinema pode representar a reconstrução subjetiva de uma realidade, a exaltação de elementos e significados culturais ou a verbalização artística de discursos e debates sociais.
Com tantos elementos e tanta riqueza, o cinema pode ser utilizado como uma poderosa ferramenta didática. Os filmes atraem a atenção e, ao mesmo tempo, podem fomentar reflexões essenciais para o desenvolvimento cidadão dos estudantes, além de explorar conteúdos contemplados pelo currículo de forma mais dinâmica e interativa.
A arte reúne expressão criativa, política, social e emocional. O cinema traz todos esses aspectos em narrativas audiovisuais que são recebidas com simpatia e identificação pelas pessoas. Por isso, ao lado da música, é uma expressão artística popular capaz de comunicar-se amplamente com diversos públicos.
Levar o cinema para a sala de aula – seja ela presencial ou digital – pode engajar os estudantes em relação aos conteúdos e às discussões, estimulando seu desenvolvimento intelectual, aguçando sua criatividade e aumentando sua consciência em relação aos temas de estudo.
Listamos 5 produções brasileiras que trazem debates relevantes em relação à conteúdos curriculares. As sugestões de abordagens são mais genéricas, para que o professor se sinta livre para desenvolver as atividades de acordo com as especificidades de sua turma.
1 – “Olga” (Drama, 2004) – Baseado na obra de Fernando Morais, dirigido por Jayme Monjardim.
Conteúdos: Brasil do século XX, Alemanha nazista, governo Vargas, Coluna Prestes.
2 – “Saneamento Básico” (Comédia, 2007) – De Jorge Furtado.
Conteúdos: Brasil contemporâneo, organização do Estado Brasileiro, relações Estado-sociedade.
3 – “Auto da Compadecida” (Aventura, 2000) – Baseado na obra de Ariano Suassuna, dirigido por Guel Arraes
Conteúdos: tradições brasileiras, religiosidade popular, organização da sociedade brasileira, Brasil rural.
4 – “O Cangaceiro” (Aventura, 1953) – De Lima Barreto, com diálogos criados por Rachel de Queiroz.
Conteúdos: Cangaço, cultura nordestina, relações de poder.
5 – “Edifício Master” (Documentário, 2002) – De Eduardo Coutinho.
Conteúdos: Brasil urbano, sociabilidades, conflitos sociais, moradia.
Sugestões de leitura:
Cinema como proposta educativa – Lúcia Fernanda da Silva Prado.
Um pequeno país cheio de histórias e um idioma que ganhou o mundo! Estamos falando, é claro, de Portugal e de sua língua, o nosso amado português. Pois hoje o mundo celebra o Dia da Língua Portuguesa, que é falada por 250 milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo. A data lembra a morte de Luís Vaz de Camões (1524-1580), autor dos “Lusíadas”, poema épico que inaugurou a literatura portuguesa e ajudou a estruturar nosso idioma para além da forma falada. Um idioma tão importante também é comemorado em outras duas datas: 5 de maio e, no caso do Brasil, 5 de novembro.
Rico, complexo, hermético e diverso, o português é a quinta língua mais falada do planeta e a terceira entre as ocidentais (depois do inglês e do espanhol) e, em suas várias formas, é considerada a língua mais sonora do mundo.
Quem fala português?
Povos da Europa, África, América, Ásia e Oceania. A língua portuguesa acompanha a presença portuguesa no mundo a partir do século XVI. Assim, temos como países em que a língua portuguesa é o idioma oficial, além de Portugal, o Brasil (que responde por 80% dos falantes), Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial. Até na China fala-se o português! Mais exatamente em Macau, ilha vizinha a Hong Kong que foi possessão portuguesa por séculos. E há, também, muitos falantes de português entre imigrantes, em países como os Estados Unidos, a França e o Japão.
Vale ressaltar que, ao nos referirmos ao português como idioma desses países, estamos falando de um código linguístico comum, mas que tem variações vocabulares, fonéticas e gramaticais de acordo com as particularidades geográficas e culturais de cada país. Essa diversidade pode ser ilustrada pela frase do escritor português José Saramago: “Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”.
Origem
De onde veio o português? Misture romanos, fenícios, celtas, árabes e outros povos que circularam pela Península Ibérica e pronto! Eis aí a origem da língua portuguesa. Mas, claro, não é tão simples assim.
Estima-se que o português surgiu entre os séculos IX e XII, no período de estruturação do reino de Portugal. Assim como o catalão e o castelhano, o galaico-português, que resultou na língua portuguesa, tem sua origem no latim vulgar, idioma falado pelas classes baixas do Império Romano (o atual galego, um dos idiomas oficiais da Espanha, é bem parecido com o português).
As chamadas línguas neolatinas se difundiram pela Península Ibérica durante todo o período de dominação romana, sofrendo influência dos povos árabes e germânicos que também dominaram a região. Mas, somente por volta do século XI é que o galaico-português passou a ser falado e escrito livremente na Lusitânia (nome pelo qual a região de Portugal era conhecida pelos romanos).
Alguns séculos depois, a partir do século XV, a língua portuguesa foi estendida para regiões da África, América e Ásia, através dos movimentos colonizadores de Portugal.
Língua Portuguesa no Brasil
É impossível falar sobre o português no Brasil sem considerar a riqueza da contribuição dos povos originários. O contato e a mistura entre a língua portuguesa e as muitas línguas indígenas no período colonial contribuíram para um enriquecimento extraordinário do nosso idioma. De acordo com a pesquisadora Ana Suelly Cabral, mais de 80% das palavras que nomeiam plantas e animais brasileiros são oriundas do tupinambá.
Os povos africanos trazidos pelo tráfico de escravos também contribuíram muito para a formação do idioma brasileiro. Embora tivessem sua cultura reprimida violentamente, os africanos escravizados não abandonaram sua herança e fizeram dela uma parte valiosa da nossa história. Dentre os diversos dialetos da África, os que tiveram maior impacto no Brasil foram o quimbundo, quicongo e umbundo, do grupo bantu. Isso representa grande parte do nosso dicionário, retratando uma miscigenação linguística cheia de história e valor.
Além disso, há uma diversidade vocabular regional no Brasil que acentua a pluralidade do idioma. Um mesmo pão, por exemplo, pode ter mais de cinco nomes de norte a sul do país! Na raiz de toda essa riqueza estão as invasões no período colonial e, especialmente, a presença dos imigrantes a partir de meados do século XIX.
Se há uma palavra que pode ilustrar a língua portuguesa, é esta: diversidade*.
Uma diversidade que se manifesta todos os dias na dinâmica do idioma, nos livros, notícias, gírias e falares. E que também está na história, no contato, na tensão e na composição dos olhares europeu, indígena e africano.
A língua portuguesa é nosso grande patrimônio. É a matéria-prima da nossa literatura e a verbalização da nossa história. Comemorar essa data é reconhecer e valorizar a expressão de um povo, é zelar pela nossa poesia e fortalecer a nossa fala.
Selecionamos 10 grandes obras da língua portuguesa, além de dois documentários, para celebrar o Dia da Língua Portuguesa com nossos leitores.
Aproveite!
1 – O quarto de despejo – Carolina de Jesus
2 – Dom Casmurro – Machado de Assis
3 – Ensaio sobre a cegueira – José Saramago
4 – Sepé Tiaraju: romance dos sete povos da missões – Alcy Cheuiche
A leitura é capaz de transformar o ser humano e, por consequência, o mundo. Ao ler, desenvolvemos habilidades linguísticas, interpretativas, de raciocínio, concentração, expressão e criatividade, entre outras. Paulo Freire vai além e diz que “ler é tomar consciência, é interpretar o mundo” e que todos queremos e precisamos ser capazes disso. Por isso é tão importante que nós, familiares e educadores, façamos com que nossas crianças tenham acesso a essa porta de entrada para os infinitos saberes do mundo e possam, através da leitura, identificar e valorizar sua potência humana.Falaremos aqui sobre como a prática da leitura atua no desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança. E como os adultos podem incentivá-la.
Leitura e infância – A infância é um período de buscas e descobertas. É nesse momento da vida que nossa mente inicia os processos psíquicos para o desenvolvimento da consciência. Para isso, a criança precisa receber estímulos e referências de seu meio para, então, poder interpretá-lo e se reconhecer nele. Isso significa que, na infância, a maior parte das ações e conteúdos acontecem de forma reflexiva, ou seja, na relação entre o ser e o mundo. Daí vem a máxima de que a melhor instrução que um adulto pode dar é o exemplo. No caso da leitura, isso é absolutamente válido: se a criança vê o adulto lendo, se percebe o afeto e o interesse do outro pelo livro e pela leitura, se tem livros por perto, cria uma referência de hábito e interesse.Além disso, a leitura é um exercício cognitivo que traz consigo estímulos sensoriais, linguísticos e sociais que são fundamentais para o desenvolvimento intelectual do indivíduo.
A literatura infantil, através da ludicidade, contribui para interpretação de conteúdos emocionais, valores culturais, ensinamentos éticos e sociais. É extremamente importante que ela faça parte do cotidiano da criança para que todas essas questões sejam exploradas de forma natural e fluida.
O Ato de ler e o Hábito da leitura – Para valorizar a prática da leitura e incentivar sua transformação em hábito, é necessário colocá-la como algo comum e agradável para as crianças. Muitas pessoas afirmam que não gostam ou não conseguem ler porque acham chato e cansativo. Isso acontece porque elas tendem a colocar os livros como uma obrigação e não como um costume ou divertimento. Por isso, uma dica é associar a leitura para momentos de lazer, sem cobranças ou imposições. Assim, o ato de ler será associado ao prazer, e torná-lo um hábito será muito mais fácil.
Na escola, é interessante que a criança tenha certa autonomia sobre a leitura, podendo associá-la para além das atividades regulamentares de ensino-aprendizagem. Por isso, na “hora da leitura”, deixe que os estudantes escolham o livro e assegure-se de que eles estejam fisicamente confortáveis, pois a postura do corpo também influencia na capacidade de concentração.
O mesmo vale para a casa. Certifique-se de que seu filho interpreta o momento da leitura como algo prazeroso, divertido, encantador e proveitoso. Além disso, como já observamos, ter o hábito de ler, ou buscar desenvolvê-lo, incentiva seus filhos a fazerem o mesmo.
Uma pequena lista de clássicos – Selecionamos 5 clássicos da literatura infantil brasileira que são excelentes para despertar o desejo pela leitura. São livros com histórias emocionantes e divertidas, adequados para crianças de 3 a 10 anos, e que envolvem os adultos também.
1- “Meu pé de laranja lima” – José Mauro de Vasconcelos
2– “A bolsa amarela” – Lygia Bojunga
3- “Marcelo, marmelo, martelo” – Ruth Rocha
4- “O menino maluquinho” – Ziraldo
5- “Chapeuzinho amarelo” – Chico Buarque
Existem muitos portais e também aplicativos que oferecem obras literárias em formato digital, para acesso pelo smartphone ou pelo computador. Um desses aplicativos é o Curitiba App, da prefeitura de Curitiba. Dentro dele, há uma seção chamada “Curitiba Lê Digital”, com centenas de obras da literatura universal. O aplicativo é gratuito e as obras, muito interessantes!
(*) – Esta lista é um bom começo, mas a oferta editorial brasileira é muito maior. Temos milhares títulos que merecem ser lidos!
Transformar a leitura em um hábito requer dedicação e frequência, mas também precisa ser feito de forma leve e com significado para as crianças. Por isso, pesquise por temas interessantes, jogos associados a livros e, assim que as condições sanitárias permitirem, faça passeios em bibliotecas e livrarias. Atentando para os livros adequados a cada faixa etária, mostre para as crianças que e ler é conhecer, conectar e viajar, e que, através da leitura, o conhecimento se multiplica e o pensamento se eleva.