Carmen Gabardo fala sobre diretrizes teórico-pedagógicas da Editora Opet

Ao longo dos anos, a professora Carmen Lucia Gabardo – pedagoga, mestre em Administração de Sistemas Educacionais pela PUCRS e doutora em Letras e Estudos Linguísticos pela UFPR – se destacou como pensadora e como defensora de uma educação mais cidadã, crítica e capaz de transformar a sociedade. Uma parte importante dessa trajetória foi feita em parceria conosco: primeiro, no início do século 21, com a Base Editorial, que daria origem ao Sefe; depois, com o próprio Sefe e, a partir de 2015, com a Editora Opet, que congrega os selos educacionais Sefe (para a área pública) e Opet Soluções Educacionais (para a área privada). Junto com os colaboradores dos setores pedagógico e editorial, Carmen participa ativamente da construção e da materialização dos princípios filosóficos que norteiam a assessoria pedagógica e os materiais didáticos e da Editora Opet. Uma profissional, enfim, que conhece como poucos os princípios que nos movem na educação.

Nesta entrevista exclusiva, ela falou sobre as Diretrizes Teórico-Metodológicas da Editora Opet e do trabalho de fazer com que essas regras norteiem as coleções utilizadas por professores de escolas públicas e privadas de todo o país.

 

Editora Opet – No ano passado, a gerência pedagógica da Editora se reuniu para debater e estabelecer as Diretrizes Teórico-Metodológicas que passaram a nortear o trabalho desenvolvido com os parceiros das escolas públicas e privadas. A senhora teve um papel importante nesse processo. O que são as Diretrizes? Qual seu papel?

Carmen Gabardo –  A nossa preocupação sempre foi a de desenvolver uma filosofia, a do compromisso com a educação. E, a partir do momento em que você explicita o tipo de formação que se quer, como se quer realmente atingir a população escolar e os professores, cria condições para que esse processo seja de boa qualidade. Entram aí as concepções de homem, sociedade e educação, assim como as questões da função da escola e da família – estes elementos, todos, nos conduzem a uma reflexão teórica.

Então se tem, realmente, uma política educacional que busca uma formação plena do nosso aluno para a cidadania, respeitando o que preceituam as leis maiores que regem a educação. E isso nos possibilita adequar a parte pedagógica, a tradução metodológica desses princípios, em livros para os alunos, no instrumental necessário para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

Assim, a partir dessa concepção, que nós já tínhamos – que a Editora Opet já possuía e que o Sefe já possuía -, fizemos um entrosamento, uma explicitação, que foi materializada nas Diretrizes Teórico-Metodológicas. E, a partir delas, estamos analisando todas as obras desenvolvidas pela Editora Opet.

Quais são os princípios que norteiam as Diretrizes?

Carmen – A concepção de que o aluno é sujeito da História, que ele produz cultura, de que o ser humano, a partir do momento em que se relaciona, na interação com o outro, se faz e se vê. Assim, a própria concepção linguística é a do outro, do diálogo. Para que a gente possa realmente entender e fazer entender. Ouvir o outro, entendê-lo e trabalhar com ele no desenvolvimento das suas habilidades – do instrumental de conhecimento de que o indivíduo precisa para poder interferir na sociedade, transformando-a, quiçá para num bem comum e justo.

Essa é uma concepção baseada em Vygotsky? [Lev Vygotsky, 1896-1934, psicólogo e teórico do desenvolvimento]

Carmen – Nós temos nossa perspectiva de desenvolvimento humano pautada em Vygotsky. Claro que não negamos outras contribuições de conhecimento, mas Vygotsky foi muito feliz quando falou dessa interação e dessa mediação. E, quando falamos do aspecto linguístico, estamos falando da própria concepção bakhtiniana, porque Bakhthin [Mikhail Bakhtin, 1895-1975, filósofo da linguagem] também vai por essa razão do diálogo, da enunciação, do perceber o outro. E que esse outro realmente é reflexo histórico das condições em que vive, do entorno e com a relação com o outro.

De que forma Paulo Freire entra no DNA do nosso olhar pedagógico?

Carmen – Paulo Freire fez todas as suas pesquisas demonstrando que é a partir da percepção do outro, do mundo do outro, da forma como este outro interpreta o mundo, que podemos fazer as análises, as sínteses, as trocas. Então, é a mesma percepção de um social que se quer participativo, que não tem tantas desigualdades e que permite às possam usufruir, de fato, os bens culturais.

Ou seja: as nossas fontes, os nossos referenciais teóricos, guardam uma coerência que se reflete nas Diretrizes Teórico-Metodológicas.

Carmen – Sem dúvida!

O processo de um sistema de ensino contempla a necessidade de renovar coleções existentes e de se criar coleções novas, que atendam às mudanças no mundo. Como as Diretrizes Teórico-Metodológicas  participam desse processo?

Carmen – Você tem os conceitos estruturantes de cada disciplina, de cada área do conhecimento, e tem esses princípios filosóficos, que indicam como desenvolver determinadas formas de raciocínio e determinadas formas de aprender. Por exemplo: considere um especialista do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, por exemplo, com conhecimento em si da disciplina. Você vai trabalhar com ele didaticamente, e essa didática é que vai se prender à Psicologia, às teorias do desenvolvimento humano, para dizer que ele precisa ter determinadas atividades que desenvolvam as formas de pensar, que estabeleçam certas relações de compreensão crítica, a própria percepção de que esse conhecimento foi construído na História pelos próprios homens e que ele está se refazendo a cada momento. Que a ciência, apesar de estar falando “cientificamente”, também passa por modificações ao longo do tempo. Então, reunimos esses elementos. Por quê? Acreditamos que o indivíduo, quando se apropria do conhecimento, consegue interpretá-lo, perceber as diferentes visões de mundo e atuar em função do bem comum.

Como se coloca uma proposta de viés humanista quanto essa em coleções que são levadas ao mercado?

Carmen – Independente de se trabalhar para escolas públicas ou privadas, o educador, que se diz e se sabe educador, tem um compromisso com o desenvolvimento humano. Então, independente do lugar de onde se vem, quando você produz um livro, este livro deve contribuir para o desenvolvimento do aluno para o bem, seja ele da escola pública ou privada. Consequentemente, o trato que se tem é absolutamente o mesmo. Os profissionais que atuam tanto na escola pública quanto na escola privada (e muitos deles ocupam as duas posições) têm um compromisso com a ciência e com a educação. Eles vão utilizar instrumentos, sejam eles produzidos por uma empresa ou não, da melhor forma. No caso de uma obra que já existia e que está sendo atualizada, como é feito o trabalho de reestruturação? Fazendo-se a análise dela em função, até, das normas educacionais que estão sendo discutidas agora, que é o caso da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelecem tantos conteúdos e tantas metodologias, tantas competências e tantas habilidades. Então, você pega uma obra e a analisa esta obra em função dos princípios filosóficos, psicológicos, pedagógicos, e daí a complementa. Porque o conteúdo está aí, mesmo com a possibilidade de alterações e mudanças que são naturais.

Como você avalia as nossas coleções hoje. E para onde caminhamos?

Carmen – As percepções são feitas partindo do que os usuários dizem, do que apontam. Então, você tem proposições de quem usa, da base. E, como tem percepções dessa base, o que é o fundamental – até mesmo porque, se oferecer a obra e não oferecer o assessoramento, a discussão e o diálogo, estará pecando –, quando você tem esse vínculo, vai vendo que as nossas obras têm tudo para chegar lá. Porque elas provocam. E o profissional arejado, crítico, consegue pegar essas obras, esses elementos, e transformá-los naquilo que é necessário. As obras, enfim, são instrumentos. As obras são vivas porque são utilizadas, e a mediação é feita pelo professor.

Palestra com Marcos Meier movimenta 1200 professores em Paranaguá

Os professores da rede municipal de ensino de Paranaguá, município parceiro da Editora Opet no litoral do Paraná, começaram oficialmente o ano letivo de 2018 em grande estilo, com uma palestra ministrada pelo psicopedagogo e escritor Marcos Meier. Em três sessões realizadas pela manhã, à tarde e à noite no Teatro Municipal Rachel Costa, todos os cerca de 1.200 professores da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental da rede municipal ouviram Meier falar sobre o tema “Gestão Emocional – o papel da liderança no desafio de fazer acontecer”. A palestra foi promovida pela Editora Opet dentro da parceria com Paranaguá e está relacionada ao trabalho que o município desenvolve com as coleções, materiais e formações do selo educacional Sefe. O foco, nesse caso, foram os professores e seu papel na gestão e na liderança de pessoas.

Além de ser um dos palestrantes mais respeitados do Paraná em áreas como educação, criação de filhos e relações entre gerações, Marcos Meier também é coautor, junto com a professora Oralda Adur de Souza, da Coleção “Encontro com Familiares”, do Sefe. O prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque, participou da palestra e falou sobre a importância das ações desenvolvidas pelo município para oferecer uma educação pública humana e cidadã.

Formação de professores em Juazeiro do Norte movimenta mais de 300 pessoas.

A formação de professores promovida pela equipe da área pedagógica da Editora Opet movimentou a cidade de Juazeiro do Norte. Foram mais de 200 professores e diversos gestores educacionais que presenciaram um novo modelo de educação.